sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Índice dos títulos

Títulos dos artigos publicados neste blog

  1. O dedo na ferida - (2008)
  2. Setembro nem chegou e a porrada já começou - (Opinião, 2008)
  3. Matateu jogou para quebrar - (2008)
  4. Oportunidade de empregos para angolanos residentes no Brasil - (2008)
  5. Qual é o problema com as monografias? - (2008)
  6. Cidadão angolano, Martinho da Vila será homenageado no carnaval de São Paulo - (Opinião, 2008)
  7. Prêmio dardos - (2008)
  8. CPLP começa a brilhar - (Opinião, 2008)
  9. New York transferir-se-á para Luanda - (2008)
  10. Madiba faz 90 anos - (Opinião, 2008)
  11. Os corruptos insubstituíveis - (2008)
  12. O povo caboverdeano é mais feliz - (Netinho, 2008)
  13. Angola possui o "know how" em currupção ativa - (2008)
  14. Angolanos não têm memória curta - (Lourenço Bento, 2008)
  15. O professor Adriano Parreira associa-se à UNITA - (2008)
  16. Rabelais não quer saber da liberdade da imprensa - (2008)
  17. Lista dos Deputados à Assembléia Nacional pela UNITA (2008)
  18. Olimpíada na pela (2008)
  19. Imprensa "mata" Teta Lando - (2008)
  20. Lançada Frente Parlamentar de apóio aos países africanos (2008)
  21. As eleições em Angola não deverão ser justas - (2008)
  22. Rádio despertar suspensa por 180 dias - (2008)
  23. Comissão Nacional Eleitoral defende as eleições num só dia (2007)
  24. Chefe da secreta angolana compra quintas no douro - (2008)
  25. Uma curisosa carta de amor - ( Resenha: 2008)
  26. Mugabe e José Eduardo dos Santos amigos para sempre - (2008)
  27. Constituição da República de Angola - (2008)
  28. Lista dos deputados à Assembléia Nacional pelo MPLA - (2008)
  29. A longa marcha de Jonas Savimbi - ( Fred Bridgland, 2008)
  30. Os filhos darão continuidade ao inacabado - P.Garcia (2008)
  31. A jogada que a política precisa aprender - (2008)
  32. Orações em favor de Angola em várias cidades brasileiras - (2008)
  33. Entre família - (2008)
  34. Votar com sorriso da mudança - (2008)
  35. Quando teremos assistência ao desempregado? - (Opinião, 2008)
  36. Estudante malha "lusíada" angolana - (2008)
  37. Imagens de Angola antes de 23 de abril de 1974 - (2008)
  38. Os caminhas da fraude nas eleições legislativas - (2008)
  39. Eleições: debates directos durante a campanha eleitoral - (J&J, 2008)
  40. Os negros na imprensa brasileira (2008)
  41. Os Lundas querem autonomia (2008)
  42. As prostitutas da minha terra - (Opinião: Fafa Varanda, 2008)
  43. A Juventude é incompreendida, e agora? - (José Gama, 2008)
  44. Angola deve repudiar publicamente os atos de violência no Zimbábue - (2008)
  45. Queremos fazer de Angola uma terra de sexo? - ( Opinião: Frederico Batalha, 2008)
  46. Só por causa da mulher (2007)
  47. Eleições presidenciais em Angola só em 2010 - (2008)
  48. O Povo Tchokwe é tribalista? - ( Resenha: 2008)
  49. Silêncio da Vozes em Angola - (Opinião: Feliciano Filho, 2008)
  50. Viaturas desafiam poços de Luanda e tomam banho - (2008)
  51. Ou agora ou nunca - ( Opinião: Club-k.net, Angola24horas, AngolaXiami, 2008)
  52. Associação 27 de maio faz carta aberta ao Presidente - (2008)
  53. Ernesto Bartolomeu quebra o silêncio - (2008)
  54. Treinadora com bebé às costas - (2008)
  55. Os meus abraços - (2008)
  56. Evolução da moeda angolana desde Reis ao Kwanza - (2008)
  57. Mandato de captura - (2008)
  58. Mais um candidato às presidenciais angolanas 2009 - (2008)
  59. Por que razão você não é do MPLA? - (2008)
  60. Ernesto Bartolomeu agradeço ao apoio que recebeu - (2008)
  61. Angolanos na diáspora condenam linguagem de José Ribeiro Director do Jornal de Angola - (2008)
  62. Tenham coragem ( Kashuna André - gifted) - (2008)
  63. O governo é cremoso - (2008
  64. Colhemos aquilo que plantamos - (2008)
  65. As hienas estão soltas - (2008)
  66. Prometer e cumprir - (2008)
  67. Pelos resultados os conhecereis - (2008)
  68. Ninguém escuta o clamor dos vivos - (2008)
  69. Imprensa oficial ou bajuladores oficiais - (2008)
  70. Filas nas bilheterias do comboio do trecho Luanda-Viana - (2008)
  71. História e cultura afro-brasileira e africana nos currículos da educação básica brasileira - (2008)
  72. A arca pode afundar - (2008)
  73. Conheça o blog " O diário de um sociológo" - (2008)
  74. O mapa da criminlidade em Luanda - (2008)
  75. Eixo viário de Luanda está mal - (2008)
  76. Dirigente tem refletir sobre tudo que diz - (club-k-angola.com) (2008)
  77. Dirigente tem refletir sobre tudo que diz - (2008)
  78. OcenAir lança ponte aérea Luanda-São Paulo - (2008)
  79. Partidos que participarão das eleições legislativas de 2008 - (2008)
  80. A picada do mosquito aedes aegypti - (2008)
  81. O grande conflito da pós-modernidade - (2008)
  82. Desaba o prédio da DNIC em Luanda - (2008)
  83. Censura cubana dificulta acesso ao "geração Y" - (2008)
  84. O problema da FNLA só se resolve na sessão do descarrego" - (2008)
  85. História da I.A.S.D em Angola - (2008)
  86. Novo assalto em Luanda - (2008)
  87. Club-k-angola.com" pede passagem - (Club-k-angola.com, 2008)
  88. Incêndio no posto de combustível de Luanda destrói "Quinquengo" - (2008)
  89. Angola, refén do petróleo - (Feliciano Filho) (Angola24horas, 2008)
  90. Revista Kuia é o meu novo espaço - (2008)
  91. Estamos ficando pobres? - (2008)
  92. Prêmios do Hukalilile - (2008)
  93. A grande renúncia - (2008)
  94. Blogueiros de Angola, levantemos nossas vozes - (2008)
  95. Memórias de um grão de joio - (2008)
  96. Cultura africana - (2008)
  97. Deus, salva Angola - (Club-k.net, 2008)
  98. Universidade que mais acolhe angolanos no Brasil pega fogo - (2008)
  99. Dog Murras mordeu a cara da opulência e arrogância - (2008)
  100. Cartão vermelho para a Igreja Maná em Angola - (2008)
  101. Estou de volta, amigos - (2008)
  102. A mansão do bispo Edir Macedo da Igreja Universal do reino de Deus -(2007)
  103. Por que indicar Reitor para a Universidade pública angolana? - (2007)
  104. Perdão aos políticos corruptos angolanos antes das eleições - (2008)
  105. Em 2008 o bicho vai pegar - (2008)
  106. Blogs, sites e portais de Notícias de Angola - ( 2008)
  107. Luanda ontem, hoje e amanhã - (2007)
  108. A pobreza das nações - (2007)
  109. Por que não te calas? - ( 2007)
  110. Um debate saudável - (Nelo de Carvalho - Club.net, 2007)
  111. Faltam mulheres e homem casa com cadela - (2007)
  112. Parabéns I de Maio de Benguela - ( 2007)
  113. O valor da crítica (parte II) - (José Kosciureski Ticonenco - (Club-k.net, 2007)
  114. Como acordar o turismo angolano? - (Hukalilile, 2007)
  115. Olhe para frente e esqueça as tristezas do passado (I) - (Club-k.net, 2007)
  116. Olhe para frente e esqueça as tristezas do passado (II) - (Club-k.net, 2007)
  117. O Dois desfios a sí, mestre Cangüe - (José Kosciureski Ticonenco - (Club-k.net, 2007)
  118. Coisas do Brasil - (2007)
  119. Jogar fora os fardos - (2007)
  120. Evolucionismo: o início da ignorância - (Club-k.net, 2007)
  121. Como proteger as crianças do abuso - (2007)
  122. Renovar é preciso - (Club-k.net, 2007)
  123. Por que meus artigos são extensos - (Club-k.net2007)
  124. Carta aberta ao cidadão Tchipilica - (Club-k.net, 2007)
  125. Exemplo que vem de Benguela - (Club-k.net, 2007)
  126. Cientistas que criam em Deus - (2007)
  127. Educação à distância é a luta do momento - (Club-k.net, 2007)
  128. Miala é jóio ou trigo? (III) - ( Club-k.net, 2007)
  129. Miala é jóio ou trigo? (II) - (Club-k.net, 2007)
  130. Graças a Deus - e não a Darwin - (Marcos Todeschini, 2007)
  131. Blog angolano Pululu entre os 50 melhores - (2007)
  132. Graças a Deus, até que enfim (Club-k.net, 2007)
  133. Manifesto futurista da Universidade de Angola (I) - (2007)
  134. Manifesto futurista da Universidade de Angola (II) - (2007)
  135. Manifesto futurista da Universidade de Angola (III) - (2007)
  136. Menos hipocrisia, meus irmãos! - (2007)
  137. O enigma Hélder - (2007)
  138. Que lição podemos tirar do Pululu - (2007)
  139. Quando o governo faz alguma coisa - (Club-k.net, 2007)
  140. O complexo de Mutaípi Vene - (Club-k.net, 2007)
  141. País de bananas - (Club-k.net, 2007)
  142. Miala é jóio ou trigo? (I) - (Club-k.net, 2007)
  143. O mundo vai de mal a pior - (Club-k.net, 2007)
  144. Herança maldita de inquisição - (Club-k.net, 2007)
  145. As fotos da obra heróica - (Club-k.net, 2007)
  146. A diáspora angolana não votará - (Terras angolanas, 2007)
  147. Pacto com leitor - (Club-k.net, 2007)
  148. A formação de bibliotecários em Angola - (Club-k.net, 2007)
  149. Não assuma o título de Doutor em vão - (Club-k.net, 2007, Revista Kuia (2008))
  150. Ainda que tarde, liberdade - (Club-k.net, 2007)
  151. Síndrome de Estocolmo em Angola - (Club-k.net, 2007)
  152. Havemos de votar - ( Club-k.net, 2007)
  153. Não inclusão é (des)culpa da Escola - (Club-k.net, 2006)
  154. Como curar as feridas? - (Club-k.net, 2006)
  155. Quando você acha que está por cima, tome cuidado - (Club-k.net, 2006)
  156. Eleições à vista, até que enfim - (Club-k.net 2006)
  157. Lula lá, com ajuda do povo (II) - (Club-k.net, 2006)
  158. Lula lá, com ajuda do povo (I) - (Club-k.net, 2006)
  159. Tudo é vaidade - (Club-k.net, 2006)
  160. Liberdade de escolha - (Club-k.net , 2006)
  161. Em favor da biblioteca e da educação - (Club-k.net, 2006)
  162. O poder e o saber - (Club-k.net, 2006)
  163. Deus dirige a Fesa - (Club-k.net , 2006)
  164. Telenovela é o "crack" da nossa sociedade (II) - (Club-k.net, 2006)
  165. Telenovela é o "crack" da nossa sociedadE (I) - (Club-k.net, 2006)
  166. Tolerância Zero - (AngoNotícias, 2006)
  167. Ide e espalhai-vos - (AngoNotícias, 2006)
  168. Que droga é essa? - (AngoNotícias, 2006)
  169. Notícia de aço - (Angola Acontece, 2005)


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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Manifesto futurista da Universidade de Angola (II)


Esta é a segunda parte do manifesto. Na primeira parte apresentamos o quadro atual da Universidade de Angola. Nesta segunda, definiremos o que é a Universidade e os seus principais pilares. Na terceira e última parte apresentaremos as características principais da Universidade necessária para Angola

Na definição de Universidade quase sempre se encontra os seguintes elementos: 1) espaço físico, cultural, pedagógico e político no qual, à luz de uma pluralidade de visões do homem e do mundo, se processa um constante diálogo com a realidade natural e social; 2) instituição que atende a necessidade de emancipação do homem e de sua sociedade, tendo como finalidade gerar, conservar e transmitir novos conhecimentos (científicos e tecnológicos); 3) funciona a serviço de toda a sociedade, apresentando-se como instrumento privilegiado de modernização e de progresso intelectual, esfera da formação de sujeitos críticos e criativos dispostos a assumir o risco, revestindo-se dos atributos de agente impulsionador do desenvolvimento científico e da geração de tecnologia; 4) é o mais alto órgão do sistema de ensino educacional de um país.

No entanto, quando se analisa concretamente a universidade existente, esta conceituação abstrata sofre profundas alterações.

A universidade que temos não é digna desse nome, uma vez que ela ainda segue a filosofia medieval. Na Idade Média, a forma típica de educação superior, era a escola entendida como agrupamento de discípulos em volta de um mestre. Na Universidade “provinciana” a filosofia e os clássicos eram partes fundamentais dos estudos. Era uma universidade elitista. Durante séculos esta foi a função básica do ensino universitário.

Além disso, até onde podemos remontar a história, ao contrário do que geralmente se pensa, a Universidade raramente foi uma instituição autônoma e independente. Em alguns momentos ela foi duramente maltratada. Quase sempre esteve ligada a outras instituições mais poderosas, como Igreja, Nobreza, famílias feudais, corporações profissionais ou comerciais, ou mais modernamente, o Estado, Fundações, organizações industriais e financeiras. A história mostra que quando os setores dominantes se sentem ameaçados, diminuem a autonomia da Universidade, muitas vezes vindo a mesquinhar a função da instituição.

Sobre isso, Helmholtz (1809) advertiu que “nas suas relações com a Universidade, o Estado não deveria tomar qualquer decisão que implicasse perda da liberdade universitária”. Ele reconhecia que a Universidade deveria permitir que o Estado participasse de sua administração, como contrapartida ao dinheiro que recebia, mas nunca a ponto de perder sua autonomia. Livre e autônoma, a Universidade se ajustaria melhor aos interesses do Estado.

Em nossos dias, a universidade, que deve ser entendida como um ativo social de valor inestimável o qual precisa ser defendido, aperfeiçoado, modernizado e protegido pelos cidadãos, é convidada a enfrentar os desafios da pós-modernidade. Deve conquistar seu lugar de destaque na sociedade, difundindo o conhecimento para quebrar as barreiras da ignorância. A realidade impõe à Universidade reflexões e atitudes decididas com relação à sua inserção na contemporaneidade da vida científica, econômica, social, artística e cultural da humanidade.

Nos países de longa tradição universitária e acadêmica, as funções da Universidade se assentam sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão, todos com mesmo teor de importância. No entanto, são desiguais no que se refere ao seu desenvolvimento.

O primeiro pilar, o ensino que deu origem ao próprio nome de Universidade, é a função fundamental que a instituição vem desempenhando através dos tempos e tem recebido maior atenção. O ensino participa na formação do espírito, da sensibilidade e do caráter. O ensino coloca as inteligências em condições de aceitar razões ou de realizar descobrimentos; destina-se a obrigar a pensar.

As mudanças advindas nos séculos XIV e XV, como, por exemplo, a quebra da unidade religiosa resultante da reforma protestante, o desenvolvimento do capitalismo comercial com as grandes conquistas marítimas, a aceitação social da nova ordem política baseada nas monarquias absolutas e a instituição das ciências exatas como instrumento de pesquisa empírica favoreceram a transformação da universidade e fizeram aparecer o interesse científico, como principal meta da educação superior. Todavia, nos países do terceiro mundo que estão acabrunhados com o desafio de realizar o seu próprio desenvolvimento econômico, as Universidades têm se limitado a fazer do ensino uma atividade de preparação profissional.

O segundo pilar é a pesquisa, que pode ser fundamental ou aplicada. É indissociável do ensino e tem como função básica gerar e promover conhecimentos.

A Universidade como é conhecida hoje só mudou realmente com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra. Ela modificou a economia, transformando-a de agrícola para manufatureira, o que acarretou na exigência de um novo sistema de conhecimentos. Tal sistema implicava uma educação voltada para o enriquecimento intelectual sem perder de vista o progresso material.

Dessa maneira, a Revolução Industrial em sua última fase incentivou a pesquisa aplicada, que teve na Universidade seu locus privilegiado. A criação de institutos exclusivamente voltados para a pesquisa veio corroborar com a idéia da sua vital importância para a cultura e moral de uma nação. A partir daí, as Universidades passaram a incorporar a pesquisa como uma das suas funções-fim, aumentando o conceito que se tinha sobre o termo.

Assim, a pesquisa universitária, indissociável do ensino, tem como função básica gerar e difundir o saber que possa servir à população deixando que o conhecimento resultante da mesma ultrapasse os muros da Universidade. Polichuk considera a “a pesquisa como o centro nervoso da Universidade. Sem a pesquisa, o próprio ensino é enfraquecido, uma vez que ela serve para alimentar a sua agilização”.

Historicamente, a primeira idéia sobre pesquisa universitária “surgiu em 1760 na Lunar Society of Birminghan”. Em termos mundiais, os primeiros passos nesse sentido foram dados em 1809-1810, durante o Iluminismo, com o seu espírito renovador e humanista, na Universidade de Berlim (Alemanha), com a famosa reforma promovida por Wilhelm von Humboldt (1767-1835) e seus colaboradores. A Universidade passou então a ser conceituada como uma comunidade de pesquisadores, cuidando da educação e, com maior ênfase, da criação e organização do saber, principalmente através da pesquisa científica. Tratou-se, na época, de um tipo revolucionário de Universidade.

Essencialmente, em nossos dias, a pesquisa pode ser entendida, como: (i) pura e (ii) aplicada. A pesquisa é pura ou fundamental quando é desvinculada de objetivos práticos e a pesquisa pode ser chamada de aplicada quando visa a determinadas conseqüências. Mesmo não possuindo a preocupação da prática, a pesquisa pura não é totalmente livre e tampouco feita de maneira aleatória. Existe certa seletividade, forçada por fatores econômicos, sociais, culturais e políticos. A pesquisa que mais interessa à Universidade é a fundamental, pois tem como objetivo aumentar os conhecimentos científicos, sem necessariamente ter em vista alguma aplicação prática. Ela não é preciso que tenha compromissos com a resolução de problemas, mas deve contribuir com algo novo ao acervo de conhecimentos acumulados sobre fenômenos de qualquer natureza.

A pesquisa aplicada, ao contrário, busca soluções para problemas objetivos e contemporâneos. Usualmente, é de responsabilidade de institutos e empresas, contudo sem ficar descartada a possibilidade de também ser desenvolvida pela Universidade.

O terceiro pilar da Universidade é a extensão universitária. A extensão universitária (extension services) é o elemento que foi incluído entre os objetivos da Universidade, no sentido de levá-la a participar dos problemas comunitários.

A extensão universitária traz no seu bojo o compromisso de educação à comunidade e a possibilidade de co-participação na formulação e execução dos próprios conteúdos de educação. É com a extensão, por exemplo, que se poderá aproveitar a sabedoria do povo e colocá-la dentro da realidade da comunidade acadêmica.

Ela apresenta-se, hoje, como um desafio à comunidade acadêmica, configurando-se como uma atividade de mão dupla: procura levar à comunidade os benefícios do trabalho universitário, ao mesmo tempo em que aproveita o saber popular para trazê-lo para dentro da instituição. O povo sabe de uma forma não elaborada e difusa, uma série de coisas que podem ser úteis à ciência se sistematizadas.

A extensão nasceu no interior dos movimentos educacionais históricos que coincidiu com o fechamento dos canais de participação da sociedade civil. Sendo assim, ela foi recebida sem muitas discussões, inclusive legitimando a vontade governamental em atender às demandas sociais.

Desse modo, ela encontrou solo fértil para desenvolver-se como uma instância que, historicamente, vem fortalecendo sua autonomia. Nas comunidades subdesenvolvidas, a extensão universitária é um recurso para “queimar etapas” na luta pelo desenvolvimento, otimizando o investimento que se faz em educação universitária. A extensão universitária, que é uma atividade que sai de dentro para fora da Universidade é dirigida a universitários e não universitários, colocando-a em contato com o meio em que se insere. Deve ser encarada como parte integrante do ensino e a ele ligada.



Manifesto futurista da Universidade de Angola (I)
Manifesto futurista da universidade de Angola (III)
Matéria relacionada
Não assuma o título de Doutor em vão
Terça-feira, Abril 17, 2007

Manifesto futurista da Universidade de Angola (I)


O presente manifesto está sendo publicado em três partes. Na primeira, apresentamos o quadro atual da Universidade de Angola. Na segunda, definimos o que é a Universidade e os seus principais pilares. Na terceira e última parte apresentamos as características principais da Universidade necessária para Angola.

O que é uma universidade? O que a Universidade acrescenta ou retira do indivíduo? Por que as pessoas procuram a Universidade? Ela é importante? Qual é a sua função? Para quem se destina? O melhor professor universitário é aquele que reprova a todos os alunos ou aquele que aprova a todos? Que Universidade procuramos? Perguntas como essas, com freqüência, surgem em nossas mentes e muitas vezes não encontramos respostas mais apropriadas para respondê-las.

A sociedade deposita grandes expectativas aos universitários, uma vez que vivemos um momento de profundas transformações e novos caminhos precisam ser encontrados. Infelizmente, essas expectativas nem sempre são correspondidas por vários motivos.

Primeiro, fazendo uma breve descrição intuitiva, a Universidade angolana é uma instituição social que surgiu com a finalidade de formar quadros para a administração pública. Nos seus primórdios, alguns dos alunos que a freqüentavam eram, essencialmente, os membros do partido e seus dependentes, os ex-combatentes, os Zés, os Franciscos, os da Silva etc. Alguns desses Franciscos da Silva, nem mesmo tinham concluído o ensino médio. Assim, supõe-se que conseguiram certificados de conclusão "por encomenda". Dessa maneira, deparamos-nos com um problema sério.

Deduz-se, então, que nessa Universidade, praticamente, os alunos tenham recebido “papinhas” sem coerência, ou seja, textos no nível dos alunos, ou seja, pouco consistentes. Isso pode ter dificultado o desenvolvimento mental de muitos. Dessa maneira, a Universidade durante muitos anos, deve ter formado verdadeiros “déspotas esclarecidos”.

Na verdade foram muitos os fatores que tolheram a possibilidade de efervescência cultural. Podemos aqui destacar o fato do país não ter vivido momento de plena liberdade de expressão. Em algumas escolas, por exemplo, constatou-se, a presença de censores dentro das salas de aulas. A grande mídia já chegou a noticiar a expulsão de professores, não por incompetência, ao contrário. A Universidade, praticamente, preserva esses princípios até hoje, embora, nos últimos anos, tenha havido uma tendência de massificação do ensino superior (intoxicação teórica), todavia, ela não foi acompanhada com a sua democratização.

Há um outro aspecto que merece realce. A Universidade, em linhas gerais, reprime, controla, classifica (o melhor ou o pior aluno ou outorga prêmios e estágios fora de Angola ao melhor estudante, por exemplo, de engenharia) homogeneíza, doutrina, discrimina, vigia (big brother), segrega, silencia, subestima, enclausura, ordena, individualiza e exclui, ou seja, trucida o aluno.

Ela exclui, por exemplo, quando não democratiza o acesso e a permanência no seu interior, ou quando se omite em exercer a sua função institucional e responsabilidades sociais, mantendo-se alheia às necessidades da maior parte da população, além de não incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico.

Ainda, ela exclui quando reproduz e amplia os perversos mecanismos de exclusão social e péssima distribuição de renda na medida em que todas as dificuldades econômicas das famílias e da sociedade entram nas universidades com os alunos.

Também exclui pela escassez dos recursos humanos qualificados, recursos materiais inadequados e insuficientes, grandes distâncias entre residências e escolas, má localização e muitas vezes de acesso difícil, precariedades dos prédios, altas taxas de reprovação e repetência.

Não podemos pensar em conquistar o desenvolvimento com um quadro como esse. Não é a vontade política que irá desenvolver o nosso país, mas o preparo adequado dos nossos jovens. Preparar adequadamente o angolano será um diferencial decisivo para delimitar o grau de independência que tanto aspiramos.

O nosso país é culturalmente rico e também rico em riquezas naturais. Mesmo com tudo isso, ainda vivemos numa miséria. A independência só promoveu determinados grupos. Apesar de independente, desde 11 de Novembro de 1975, ainda não conhecemos a real e efetiva independência. Até hoje, somos um país periférico do terceiro ou quarto grau, porque sempre dependemos de países como a Rússia, Estados Unidos, Portugal, São Tomé e Príncipe, China, entre outros.

Outro aspecto, o país ainda não se recuperou dos efeitos nefastos de anos de ditadura, quando se faculta(va) roubar a vontade e não se pode fazer nada. Tudo (é) era enxovalhado de forma medieval. Subversão de notícias que proíbem que a nação fique sabendo, por exemplo, se o presidente está com gripe.

É verdade que nenhum país, que lidou com a ditadura de anos, passou a ser saudável de um dia para o outro. Várias vozes já se levantaram contra o ensino superior angolano. Esse é caso do professor Dr. Fernando Mourão ou como também reconheceu, recentemente, o professor universitário Carlos Zassala de que "o ensino em Angola ia mal". Por isso, a busca de uma proposta para a Universidade é um desafio coletivo de toda sociedade angolana. É chegado, portanto, o momento de desenvolvermos um novo paradigma para o ensino superior angolano.

Na segunda parte deste trabalho definiremos o que é a Universidade e os seus pilares principais. Na terceira parte mostraremos as características principais da Universidade necessária para Angola.


Manifesto futurista da Universidade de Angola (II)


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Não assuma o título de Doutor em vão
Terça-feira, Abril 17, 2007


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terça-feira, 28 de agosto de 2007

Manifesto futurista da universidade de Angola (III)


Na primeira parte deste manifesto apresentamos o quadro atual da Universidade de Angola. Na segunda parte definimos o que é a Universidade e os seus pilares principais. Nesta terceira e última parte mostraremos as características principais da Universidade necessária para Angola.

Atualmente, a Universidade se encontra em meio a uma revolução tecnológica, necessitando fazer a sua própria insurreição. Ela precisa deixar de ser guardiã das tradições e privilégios das classes abastadas.

Na minha perspectiva, a Universidade (pública) não pode somente ser freqüentada pelos filhos de classes altas e, quando conseguem, nas particulares, os demais, mas em cursos de menor prestígio social. O “povão” deve ter acesso ao saber mais elaborado para que tenha condições de se proteger contra a exploração das classes dominantes (muitas vezes nojentas) e se organizar para construção de uma sociedade menos excludente e realmente democrática.

Dessa forma, o que se espera da Universidade futurista de Angola:

1) Uma universidade sustentável, autônoma, administrativa, financeiramente e independente frente a partidos ou organizações políticas e não submissa aos governos Central, Provincial e Municipal. Vários estudiosos houve que mostraram que ela não pode cumprir suas finalidades, se os regimes políticos cercearem sua liberdade.

2) Uma Universidade aberta. Aulas transmitidas pela televisão, rádio, internet, ou outros meios similares, tornando desnecessário que os alunos estejam presentes nas salas de aula, sem fazer distinção entre esses diplomas e os obtidos por meio de presença às aulas. Além disso, com a flexibilização do tempo de duração dos cursos. Uma Universidade que mantenha cursos noturnos e por correspondência a todos os trabalhadores capazes de freqüentá-los com vista a sua formação ou aperfeiçoamento.

3) Uma Universidade para todos. Criar cursos superiores de curta duração, com foco no mercado, para tender i) profissionais diversos; ii) profissionais que desejam ingressar rapidamente no mercado de trabalho ou fazer reorientação profissional e iii) aos pobres que estão distantes da universidade. O acesso da população pobre ao ensino superior é um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento sustentável do país.

4) Uma universidade que reúna as melhores condições intelectuais e técnicas para resolver os problemas do povo angolano.

5) Uma Universidade cujos universitários se aventurem na criação de novos conhecimentos, ou seja, com a criação de nova Universidade. Todo universitário angolano do futuro deve ser empreendedor, com espírito de liderança, criativo (não no sentido esperado pelas empresas). Em vez de perder tempo enviando currículos para todos os lados, deverão ser eles a recebê-los.

6) Universidade que adote o conhecido “sistema francês de ensino”, no qual são criadas faculdades isoladas em todas as cidades do país. Para tal pode-se conceber uma universidade itinerante ou volante, ou seja, os professores periodicamente mudam de cidade para cidade até que elas ganhem autonomia. Vale lembrar que, o surgimento da Universidade não decorreu da existência de instituições de ensino médio, mas foi a pré-condição para o surgimento das demais escolas (principalmente as técnicas).

7) Uma Universidade que defenda a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

8) Uma Universidade dinâmica cujo diploma deve ter prazo de validade, como acontece com os documentos de identificação. É sabido que o conhecimento não é absoluto. Na Universidade não se adquire um estoque de conhecimento que o graduado pode usar por toda vida. Hoje, o conhecimento está em fluxo contínuo e tem de ser constantemente atualizado pelo ex-aluno, ou seja, conhecimento científico e técnico se transforma rapidamente. Muito daquilo que o universitário aprende não lhe servirá alguns anos mais tarde. Na Universidade Angolana do futuro, os professores devem ser submetidos a concursos públicos periódicos. Por outro lado, a universidade deverá criar mecanismos de aperfeiçoamento contínuo dos professores.

9) Universidades unificadas sem fronteiras entre elas.

10) Uma universidade que prime pelo ensino superior próximo da realidade;

11) Uma universidade que congregue à sua incumbência a formação e desenvolvimento do ser humano comprometido pelos princípios de justiça social, respeito ao meio ambiente, superação das desigualdades, promoção da saúde, respeito e às diferenças.

12) Uma Universidade que não crie barreiras aos estudantes interessando nela ingressar. O ingresso deve ser livre. As vagas dos cursos superiores não devem ser limitadas. É errado o pensamento segundo o qual há necessidade para regular as vagas de cursos superiores devido à supersaturação de profissionais. Emprego é política do Governo e do Estado. Não é preocupação da Universidade se o aluno terá emprego ou não depois de formado. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. “A prosperidade de um país não depende de da abundância das suas rendas, nem da pugnacidade potencial das suas riquezas, nem ainda da beleza e imponência dos seus edifícios públicos. A prosperidade de um país consiste no número dos cidadãos cultos, na quantidade de seus homens educados”. Martinho Lutero

13) Uma Universidade que não monopolize o conhecimento. Deve ser divulgado de todas as formas, meios e recursos disponíveis; Deverá criar e fortalecer as editoras, televisões e rádios universitárias com o objetivo de promover diálogos com a sociedade por meio de amplo programa de divulgação científica; Além disso, deverá construir, de modo sistemático, de convênios, programas e redes comuns de comunicação com as instituições de ensino superior de outros países, estabelecendo consórcios que possam assegurar intercâmbio de professores, técnicos, estudantes, projetos comuns de pesquisa, publicações, etc.

14) Uma Universidade que não se orgulhe em ter, entre seus professores cínicos, arrogantes e usurpadores de títulos. Assim, professor universitário da Universidade de Angola sem o Doutorado não deverá exigir que seus colegas e alunos o tratem de ‘doutorzinho”. Mestre para aquele que tiver mestrado e título profissional (Professor engenheiro, Psicólogo, Médico, Fisioterapeuta etc.) para aquele que tiver a simples graduação. Humildade, acima de tudo, como fazem os verdadeiros sábios.

15) Uma Universidade que acabe com a tendência de cada professor achar que sua área de especialidade é fundamental para a formação do aluno; Uma universidade que promova flexibilidade curricular e não sobrecarregue o aluno com créditos do próprio curso. Isso é a severa restrição, a que o aluno curso disciplinas de cursos fora de origem.

16) Uma Universidade que se apresente como instituição pública, gratuita, autônoma, democrática e socialmente referenciada;

17) Uma Universidade que valorize a produção acadêmica de qualidade, apoiando institucionalmente projetos de ensino, de pesquisa e de extensão;

18) Uma Universidade que respeite às opiniões, valores, idéias e posições políticas da comunidade; repúdio a qualquer tipo de discriminação; garantia permanente de espaço democrático nas avaliações críticas, nas discussões e na tomada de decisões; respeito ao corpo docente, técnico-administrativo e discente, valorizando os talentos, atuando sem perseguições e preconceitos de qualquer natureza e apoio às atividades estudantis; e levar em conta recomendações do professor Buarque “para que tenhamos uma educação de qualidade, será preciso mudar três imagens que integram uma única: a formação, a remuneração e a dedicação - a cabeça, o bolso e coração - do professor”.

19) Uma Universidade em que o professor deverá criar procedimentos didáticos compatíveis com as necessidades das disciplinas e ministrar, pelo menos, uma aula fora do ambiente escolar, como em jardins, praia ou até num “barzinho”.

20) Uma Universidade que avalie o desempenho didático e pedagógico do professor e sendo reprovado num determinado número de vezes, ele deverá ser convidado a abandonar a Universidade. Uma Universidade que bana os mestres que não querem ensinar (quando sabem) e alunos que não fazem esforço para aprender.

21) Uma Universidade que incorpore a utilização dos modernos meios de ensino à distância, sintonizada com a sociedade, mais comprometida com o desenvolvimento nacional e regional, fortemente irmanada ao setor produtivo, mais comprometida com a qualidade, etc. fortalecer e melhorar a articulação entre as editoras universitárias, as redes de TV e as rádios universitárias com o objetivo de promover diálogos com a sociedade por meio de amplo programa de divulgação científica; constituir, de modo sistemático, convênios, programas e redes comuns de comunicação com as instituições de ensino superior de outros países, estabelecendo consórcios que possam assegurar intercâmbio de professores, técnicos e estudantes, projetos comuns de pesquisa, publicações, etc.

22) Uma Universidade que estimule a expansão e consolidação da pós-graduação no país, promova congressos nacionais que reúnam os pesquisadores do país para a troca de experiências.

Esses pontos são essenciais para que possamos socializar, sociabilizar, difundir a cultura, harmonizar e enriquecer culturalmente o povo angolano. Para além disso, fomentar a capacidade crítica e o comportamento cético, atenuar as desigualdades e termos um povo feliz e país mais próspero.

Com suas idéias, colaboram com este manifesto: A. M.BURMESTER (2002); Adriana Aparecida Guimarães (2002); Conrado VASSELAI (2001); Cristovam Buarque (1994; 2003); Darcy Ribeiro et al. (1962); David Carneiro (1972); Dermeval Saviani (1986); Feliciano J.R. Cangüe (2006); Fragoso Filho (1984); James Marcovitch (1998); Luiz Davidovich (2005); Maristela D. Fração (2006), Méri de Oliveira Polichuk (1995); Polichuk (1995). R. Barbosa E A. A. P Videira ( 2005).Silva Neto, (1999); Khôi, (1970).



Manifesto futurista da Universidade de Angola (I)
Manifesto futurista da Universidade de Angola (II)

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