Foi um debate nada saudável. Hugo Chávez acha que sabe tudo. Só ele se considera certo. O salvador da América latina. Esquece de que a sociedade é um conglomerado de discursos. Ninguém tem a verdade pronta. A falta de respeito dele, não tem mais cura. Chega a ser abominável. É uma serpente que quer picar a todos. Distribui, de graça, adjetivos a torto e a direito. Nos encontros com outros chefes de Estados sul-americanos, diz o que quer e de maneira que lhe convém. É o apóstolo Jorge Tadeu, que certo dia mandou calar a boca do Ministro da Cultura de Angola.
Há poucos meses, por exemplo, chamou Jorge W. Bush de “El Diablo”, em plena sessão das Nações Unidas. Eu já contei isso. Pensando bem, até que o presidente estadunidense merece. Só vive derrubando ditaduras que não se ajoelham diante dele para pedir bênçãos. O problema é que deveria respeitar, pelo menos aquele lugar, a ONU. A paciência, portanto, tem limites.
Um monarca parece que faz muita falta. Países de "línguas" que têm reis andam mais na linha. Até Mugabe, o Robert Mugabe, zimbabweano, na presidência desde 1986 e como primeiro Ministro desde 1980, dinossauro em tempo de permanência no poder, quando participa, fica um pombinho.
Como seria tão bom se o português também tivesse rei! Voltemos um pouco no tempo. D. Manuel II é rei de Portugal. Há um encontro de países de expressão Portuguesa, no Timor Leste. Feliciano Loa (só para fazer justiça, porque não o citei quando falei dos presidenciáveis) eleito presidente de Angola, com 65% de votos, ainda no primeiro turno. Eleição sem fraude. Também, Moçambique, de Chissano, ajudou a organizar a eleição.
O Reverendo e poliglota, para mostrar trabalho, trocou a moeda nacional e, em vez de mandar colocar a sua face no Kwanza, para a nossa felicidade, homenageou heróis mortos que são uma unamidade nacional.
Então, o rei (tradicional) de Angola solicita ao Presidente de Angola para não ir a Dili devido às condições climáticas. A época é de chuvas dos regimes das monções. Viaja, então, o seu Ministro da Educação e, posto lá, na presença dos demais chefes de Estado, faz o seguinte discurso:
- A nossa administração encontrou problemas sérios. Muita corrupção. Dos quatros dólares provenientes do petróleo, cuja produção é de dois milhões de barris/dia, hum era desviado. Falta água no Namibe e Tômbwa e outras partes. Luz, nem se fala. Se providências não forem tomadas, a situação pode ser catastrófica. A todo momento uma doença estranha aparece. Lamentamos o fato de termos sido abandonados. Os países que ajudaram a destruir o país agora deveriam nos ajudar a reconstruí-lo, senão muitos irão achar que o problema foi só entre angolanos. (- porque aceitaram a ajuda para a destruição do vosso próprio país? - pensa o Rei).
- Tudo nos foi imposto - continua o Ministro. - Tudo que é imposto não é fácil. O socialismo nos foi imposto. A guerra nos foi imposta. A democracia nos foi imposta. A corrupção nos foi imposta. A eleição nos foi imposta. A ditadura nos foi imposta. A obediência ao ditador nos foi imposta. Os dirigentes nos foram impostos. Sistema que não permite renovação, também nos foi imposto. A educação, que é condição básica para a cidadania, foi negligenciada. Hoje está doente. Faltam hospitais. Nos faltam pesquisadores. O nosso país não possui política para integrar os profissionais formados no exterior. Internamente, há poucos anos foram construídas, somente, 112 escolas primárias. Tudo porque Portugal não formou quadros angolanos. Portugal...
- Por que não te calas?
O (fascista) Chávez é a charge ridícula, mas perfeita de países atrasados. Em Caracas, ele criou uma burguesia bolivariana. A própria elite. Novos ricos criados entre amigos. Para fazer parte desse grupo, só apontado, com o dedo em riste, pelo todo poderoso. Os comunas, de uma hora para outra, tornaram-se milionários e, pior, dependentes do governo. Sempre que há comício é essa elite que vai para lá, toda de vermelho, para ovacionar o novo Fidel. Essa corja, normalmente, faz parte daquilo que lá é conhecido comp "comité especializado" do partido, o "Movimiento V República (MVR)" ou, mais recentemente, Partido Socialista Unido da Venezuela - (PSUV)". No natal, oferecem comida aos pobres. Chávez criou uma burguesia que consome produtos de luxo. Essa burguesia entende que os móveis e imóveis precisam e devem ser trocados, mas homens do governo não. Ninguém aceita andar de carro antigo, mas ideologia antiga, sim. Falar em renovação de quadros, nem pensar.
Até na constituição está tentando mexer, o apóstolo Hugo, para tentar múltiplas reeleições. Qualquer dúvida, levaria o assunto ao Supremo Tribunal de Justiça, cujos membros são do seu partido. Para não correr risco, antes da análise da consulta, compraria um helicóptero para o Tribunal.
Não adianta a imprensa publicar reportagens de casos de enriquecimento ilícito frutos de desvios milionários de verbas públicas. Aí do coitado que fizer isso!. Vai parar no “cuzú” e ver o dia nascer quadrado, isso quando não apanha algumas bofetadas, ao vivo, das mãos de uma deputada, prefencialmente diante de lentes da TV. Deputados da situação batem mesmo, ainda que seja na noitada. Hoje as coisas são assim: o certo é errado e o errado é o certo.
Países que passaram por situações semelhantes resolveram de maneira criativa. Começaram tudo do zero, para fazerem recuar a tirania. Primeiramente, os regimes, os donos da bola, foram desmascarados.
A ditadura atua como um oleiro. Molda o barro conforme seus caprichos. Começa criando uma moleza, um molengalenga, na sociedade civil. Parece com aquelas sessões de relaxamento ou psicanálise. As pessoas percebem que está tudo errado, mas fica o espírito de “não adianta reclamar, não adianta fazer artigo de opinião não vou mudar o mundo”, ou “ele já roubou muito, agora não vai roubar mais”, ou “não adianta reclamar, aqui é assim mesmo”.
Dessa forma, a sociedade é anestesiada. A ditadura é misturada com presidencialismo ou com parlamentarismo só para confundir as pessoas. Assim, tem-se um governo cameleão. Muda de cores. Parece ser como outros governos, mas não é.
As notícias são passadas aos poucos, só para criar confusão. Assim, ninguém ou poucos sabem a real situação do país. Nada é explicado ao povo. Lula, por exemplo, quando está com dor no dedo do pé, todo país fica sabendo.
Quando o povo começa a resmungar, aparece um ministro para falar alguma coisa de eleição ou anunciar obras em áreas sensíveis, numa linguagem e números que o povo não entende. Fazer mesmo, nada! Mesmo assim, o povo se anima com o parlapatês oficial. Um sarapatel de conversa. O povo se acomoda de novo e volta a dormir. E depois nada acontece. Escuta a mesma canção de ninar a vida toda. E o tempo não espera. Atinge os 45 anos, é o final da expectativa de vida e morre. Acabou. E aind deixa um herança cruel aos filhos que, sem acesso à cultura formal, serão ainda mais explorados. Assim, nunca exercerão a cidadania plena.
O regime primitivo, dirigido por psicopatas, só tem fome de poder. A intriga é incentivada. Tudo é feito de propósito, só para se criar um ambiente misterioso e confuso. Para se fazer acreditar que o sistema é muito complexo. Não é para qualquer um. Só o Chávez ou o seu partido está preparado. Se não for o “Chávez” tudo vai virar uma salada. E se a chave perder...
Decididos, sob a bandeira do progresso, o povo que anelou pelo crescimento qualitativo de todos, unidos mudou as velhas estruturas apodrecidas. Afastou os mortos que dirigiam os vivos. Construiu nova capital, em vez que ficar remendando uma cidade. Ninguém morreu com a mudança da capital. Os seres humanos não foram feitos só para viverem num só lugar, em latinhas umas sobre as outras. Há um limite suportável. Tudo chega à exaustão. Acima disso, só fome, desemprego, doenças, criminalidades, falta de lazer e outros tipos de males, como desaparecimentos de crianças. Tudo isso compromete a qualidade de vida de todos.
Novas cidades foram fundadas. Investimentos foram feitos em todos os lugares. Na educação, fizeram investimentos massivos durante décadas, fazendo os jovens serem competitivos nos mercados de trabalho. Jovens passaram a ler mais e a publicar mais suas idéias. Assim se minimizou movimentos migratórios que só causam problemas para grandes centros.
Dessa forma, os Chávez precisam entender que a política é para a vida assim como a leitura é para escola, só para não fugir da minha área preferida. Precisa ser bem pensada. Não se pode padronizar o processo de leitura. Não se pode produzir pessoas em série. Não se pode tratar pessoas diferentes de forma igual. Não se pode exigir que todos leiam o mesmo livro. Não se pode tratar a pessoa que possui conta bancária na Suíça, Portugal, Brasil, Estados Unidos da mesma forma com o camponês, que ainda guarda seus trocados embaixo do colchão. Essas pessoas não têm tempo para esperar.
A leitura não é questão de hábito nem gosto. É uma prática social, econômica etc. que leva em consideração todas as circunstâncias do quotidiano do indivíduo. É o todo. O holístico. O burguês e um indivíduo não assistido pela mão amiga do governo têm expectativas diferentes. Não adianta nivelá-los pela idade. Cada um deve ler textos relacionados com o mundo em que vive ou que abordem temas de seu interesse. Que sirvam de ponte ou descobertas.
Um excelente professor entrega, normalmente, aos alunos uma lista com um bom número de livros, para que cada um escolha aquele de seu interesse. O aluno se apropria, assim dessa prática, vindo-lhe a ser sedutor. Outro aspecto é apresentar uma lista de livros que abordem o mesmo tema, mas de pontos de vista e com discursos diferentes. Sem imposição. Tudo que é imposto é ruim. Normalmente, alguns professores são chaves que leram um livro e é esse que enfiam gula abaixo em seus “pupilos”. Muitas vezes ainda nos deparamos com alguém que diz que os alunos não gostam de ler livros. Qualquer um anelaria falar: “- Por que não te calas?”
http://www.youtube.com/watch?v=VBGHer3yFyc
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