No entanto, a insatisfação de pessoas de determinadas regiões do país, principalmente as mais ricas, vem se traduzindo num sentimento ora de autonomia ora de independência. Mesmo assim o governo não toma providência e a tragédia vai se formando, vai se desenhando, como se isso não tivesse nada a ver com o governo central. Depois da província petrolífera e madereira de Cabinda, agora é a vez da região diamantífera das lundas. Se não se colocar um basta fazendo investimentos em áreas como educação, saúde e infra-estrutura não vai demorar para que Luanda, a capital, também reivindique sua autonomia. O dia que se chegar nesse ponto talvez resolvam federalizar Angola. Agora leia o texto que se segue:
A atribuição do estatuto especial à província de Cabinda parece ter despertado outras sensibilidades do país, cujas regiões se julgam marginalizadas pelo poder instituído em Angola desde l975.
Os signatários do manifesto que reivindica a autonomia administrativa e financeira da região das Lundas voltam à carga, reiterando as exigências apresentadas ao Presidente da República e ao Governo de Angola no princípio de 2007.
O líder da denominada comissão de negociações sobre o protectorado da Lunda, Jota Filipe Malaquito, disse, hoje, serem falsas as insinuações que atribuem aos responsáveis do manifesto intenções divisionistas.
Em declarações à Voz da América, Filipe Malakito disse que as exigências de há um ano continuam actuais e que passam agora para o «Plano B».
«O plano B vem dar continuidade à divulgação de provas da existência do nosso protectorado. Nós produzimos o manifesto com base em provas da sua existência em 1885 tal como o de Cabinda.»
No manifesto apresentado no ano passado, os signatários esclareceram não se tratar de «um acto subversivo ou político» tendente a perturbar a ordem pública e a paz.
Para eles, a autonomia exigida para as Lundas é « uma reivindicação civilizada visando um estatuto especial para a região Lunda».
Os manifestantes advertem que caso não venham a ser atendidas as suas reivindicações «o povo do Leste ver-se-á obrigado a recorrer ao Tribunal de Haia para intentar uma acção contra o poder instituído no país».
O cerne das reivindicações repousa no facto de as políticas governamentais terem preterido as Lundas, ricas em diamantes, nos programa de desenvolvimento económico e social.
No manifesto, o Governo é confrontado com um rol de questionamentos sobre as razões que sustentaram determinadas opções políticas do Governo do MPLA em relação à região.
Entre outros, os signatários questionam a exclusão de naturais da região dos cursos de formação técnica e científica «que lhes permitisse ocupar cargos ministeriais, nas Forças Armadas e na Polícia».
Interrogam também o porquê de «o diamante, como recurso natural, não beneficia adequadamente o povo do Leste, bem como a transferência para o Kuanza-Sul do Instituto de Geologia e Minas e construção, em Luanda, da Clínica Sagrada Esperança.
«Porquê da fábrica de lapidação de diamantes em Luanda, se estava planificada para ser adstrita ao módulo nº2 de Catoca?», questionam os signatários do manifesto.
Fonte: Multipress Angola
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