Além disso, perante ao mesmo, quero me desculpar pelo constrangimento que meus artigos possam provocar à sua pessoa como profissional admirado e respeitado por todos, assim como parabenizá-lo pelo título recentemente adquirido.
Agradeço até por esse jeito cívico de lidar com as coisas, não comum entre aquele tipo de pessoas que fazem parte da mesma escola política e ideologia a que você querido Cangue, lamentavelmente, faz parte em nossa Angola. Refiro-me a essa corja que há uns dias atrás entrou em nosso espaço, ou praça virtual, para destilar o mais puro do seu veneno e que indiscutivelmente nos fez recordar os tempos da antiga Jamba de Joanas Malheiro Savimbi. Essa corja que tem se gabado de ser da UNITA e vive em função de fazer uma guerra contra aqueles que apóiam o governo e o partido que está no poder. Refiro-me daquele pseudônimo mais conhecido por Ticonenco. A propósito li o elogio publicado há dias. Não se anime com o mesmo, principalmente quando vem de um débil mental e pornográfico. Nisso estou de acordo com um dos leitores que lamentou o atraso de sua resposta, parece que você preferiu dançar ao ritmo de um batuque de elogios vindo de um tal Ticonenco.
De sua parte, querido Cangue, devo reconhecer que o gesto é elegante e civilizado, e estou grato por lidar com essa situação.
Antes mesmos, quero dizer que não é objetivo de ninguém ( e muito menos meu) entrar aqui e ofender fulano e sicrano. Ou então fazer uso desse recinto e maldizer supostos personagens adorados por uns e odiados por outros.
Além de falar sobre religião e filosofia ( acredito que seja essa a intenção) aproveitarei o espaço para esclarecer com maiores detalhes algumas interpretações e críticas com relação ao meu modo de referir-me à turma dos mortos. Por ordem esse será o primeiro item.
Falar daqueles que um dia tudo puderam e decidiram em nome da vida de milhões de angolanos é um direito e dever que não tem limites. Vou adiantando que com relação a esses, eu e quantos por aí, nos sentimos no direito de fazer isso. Ou seja, criticar, opinar, julgar, condenar e reconhecer fatos que influenciaram e até hoje influenciam nossas vidas. Já que se os mesmos tiveram ou sentiram-se no direito e dever de fazer o que fizeram, então, inevitavelmente, merecem ser julgados. Julgado pelos seus atos, pelo conjunto de atitudes miseráveis ou benéficas, se for o caso, que os mesmos andaram protagonizando na vida de todos nós.
Primeiro: vou alertando. Não sou desses que vivo em função do além. Acreditando na fantasia, no delírio, na miséria da imaginação; de que velho africano morto não pode ser criticado pelo seus atos no passado e que merece respeito incondicional. Ninguém aqui é contra o respeito aos mortos, ao contrário. Morte que é morto tem que ser velado com respeito e certa dignidade, e no final de tudo ser enterrado. Minhas críticas aos mortos não é parte de um suposto vicio de feitiçaria. Não se trata aqui de andar deambulando com um cadáver de um lado para outro e tentar excomungar o mesmo antes de ser enterrado. Nada disso.
Para mim todas as críticas que tenho feito a essa gente constituem um ato consciente e de direito. É o que eu chamo de: direito de fazer parte da historia, ou ainda, ser a voz da historia e julgar todos aqueles que foram ineficientes, péssimos e incapazes. O eu aqui pode ser substituído por nós para não correr o risco de ser tratado como paranóico. Quando digo: eu, só estou dizendo que sou um desses que exerço o meu direito de julgar aqueles que merecem ser julgados. Todos por aí podem fazer o mesmo, se tiverem bagagem, consciência plena e com a permissão da mesma. Afinal de contas a historia, e a de Angola em particular, não termina com a morte da turma dos 14 anos de luta, ou dos lutadores nacionalistas anti-colonialistas. A voz, da historia, é uma continuação da mesma, do que esses andaram fazendo como heróis ou anti-heróis.
A turma dos mortos deve ser tratada como tal, ou seja, serem julgados, porque constituem fatos do passado que entraram na história. Desde que a verdade seja ostentada de forma implacável. E repito mais uma vez, a voz da história é a voz de todos nós. E ela não pode e nem deve omitir-se, fingir que era e não era. Essa voz não precisa ser vista como, e não é, um fenômeno que fala por si só; ao contrário ela é conseqüência de um conjunto de fatos que em muitas ocasiões nunca dependeu de quem hoje, possivelmente, possa fazer uso dela.
A propósito sobre atos e fatos falarei nos seguintes parágrafos para defender meus argumentos.
Continuando: até quando vamos viver em função de tratar bandidos, assassinos e traidores como heróis? A quem será possível convencer de nossas façanhas duvidosas do passado, num futuro breve? Se continuarmos a defender essa gente e a tratar muitos deles como heróis, salvadores da pátria, democratas. Quando muito deles, refiro-me especificamente a Jonas Malheiros Savimbi, não passaram de verdadeiros traidores; gente ambiciosa que infernizaram nossas vidas, provocaram as desgraças que todos nos conhecemos.
Savimbi e toda sua corja, que se convenceu que as coisas deveriam ser conquistada pela força das armas, provocaram um atraso ao país que equivale em mais de 100 anos. A pergunta é: isso é coisa que devemos esquecer de um dia para outro, e ainda, enaltecer o mesmo por suas façanhas? Isso é verdade que devemos esconder para as futuras gerações? Definitivamente, não.
Muitos de nós perdemos tudo em nossas vidas, em nome de uma guerra contra o comunismo, que todos nós soubemos que na verdade era uma guerra pelo poder. Um poder que Savimbi e muito dos seus homens não abriram mão já mais. É basta ver que o mesmo morreu como morreu: de maneira desgraçada e infeliz, vergonhosa, humilhado. Uma humilhação merecida e vingativa dos milhões de Angolanos que há anos tentava livrar-se do mesmo. É basta ver que aqueles que o seguiram e sobreviveram, por sorte, hoje se servem do banquete de maneira descarada e sem constrangimento. O exemplo disso é que nossas minas de diamante, e até, possivelmente, os poços de petróleos, seus proprietários um dia já tiveram patentes militares. Foram os heróis da guerra, que hoje se sentem merecidamente no direito de adquirirem os frutos da terra. É como se a guerra, inicialmente, e até no fim dela, fossem feito, simplesmente pelos mesmos.
É a verdade que deve ser dita às nossas crianças e aos nossos adolescentes, perca quem perca e fique mal quem ficar. Mas a verdade deve ser implacável, anunciada sem constrangimento por quem assumir o mesmo desafio. Corra o risco que correr. Os fatos não falam por si só é preciso que alguém ou algo fale por eles. Esse algo ou alguém pode ser a própria historia.
Por isso digo: ofensa, blasfêmia, falta de educação é querer tratar e transformar um homem como Savimbi em herói nacional. Isso é que é ofensa, blasfêmia, irresponsabilidade, falta de memória. Isso é fingimento. É pseudo-política, pseudo-democracia e assumir de maneira convincente que somos um povo de idiotas, uma nação incapaz; sem historia, sem passado e possivelmente sem futuro. Mas chega!
Hoje, não estou aqui para falar do Savimbi. Mas da mentalidade que insiste em adorar o mesmo. Essa mentalidade confusa que existe por aí e insisti em permanecer sempre no mesmo lugar. Contrariando tudo, a dialética, a vida, o progresso do país. Essa mentalidade ciumenta que enxerga a paz como um perigo. Por certo, é a mesma mentalidade que faz questão de dizer que é cientista e não abre mão do criacionismo e está orgulhoso de sê-lo. É a mesma mentalidade que vive proclamando aos quatro ventos que devemos começar tudo do zero. É uma mentalidade que me assusta e me preocupa, já que a mesma, segundo uns, tem o potencial de influenciar; infelizmente. Se a lista dos influenciados fosse só o Ticonenco, com certeza, nada se perderia.
É essa mentalidade que proclamou há dias atrás, em seu blog, que a teoria de evolução não está provada e como conseqüência pode ser visto como uma falsa ou uma mentira. Partimos do princípio que, possivelmente, aí existe uma desinformação ou, então, um ato de irresponsabilidade. E que ato de irresponsabilidade? Para quem se diz Doutor ou Acadêmico isso é tão perigoso quanto o médico que sai por aí fazendo declarações contra a doação de sangue em hospitais, por causa de suas convicções religiosas. É tão perigoso quanto aquele cientista que há dias atrás declarou a inferioridade dos negros ou dos africanos perante os brancos ou europeus. É o que se tem chamado de fazer ciência sem consciência, se isso pode se considerar como um ato ou gesto de fazer ciência. E o perigo reside em que o Doutor Luciano Cangue é tido, profissionalmente, como educador, ou seja, professor.
Acho que já estamos na segunda parte.
De minha parte sou radical com relação às duas coisas, ciência e religião, nunca se misturam. Não existe solidariedade entre elas, ou é uma coisa ou é outra. E mais, não me convence a atividade cientifica misturada com religião, não importa quem o pratique. Sei que agora todos em coro virão em cima de mim com o tom da certeza absoluta dizendo-me que grandes gênios ou cientistas da humanidade foram religiosos. Mas com certeza de maneira consciente e até mesmo inconsciente nunca misturaram uma coisa com outra. E quem o fez ou tentou fazer o fez na condição de bruxo. Ciência é ciência, é coisa séria, rigorosa e radical, feita a base de muita pesquisa de maneira persistente e exaustiva. Religião, todas elas sem exceção, é um ato de bruxaria, charlatanismo, vigarice, é mentira por mentira. Constitui um ato de impotência do ser humano com relação à verdade e aos fatos. É a maneira mais covarde e macabra que têm uns para se aproveitarem dos outros, esses outros que de vez enquanto, o cristianismo ou as religiões em geral, cinicamente chamam o de “o próximo”. Esse tratamento é uma maneira cínica, descarada e covarde de lidar com o ser humano.
Vou falar até em tom amistoso, como um amigo que lhe deseja êxito profissional. Se estiver em aula, sempre que estiver, limite-se em falar sobre ciência e da verdadeira atitude de fazer ciência. Dirija-se aos seus alunos como um cientista um pesquisador, como alguém que tenha verdadeiramente domínio na sua área. Evite fazer especulações de caráter religioso, pseudo-científicas, algo que possa pôr em xeque seus conhecimentos e até sua personalidade. Faça o que poder fazer em pesquisa, sem forçar a barra, sem ir ao além e no sobre natural. Procure não cometer erros, mas se cometer retire-se com elegância. A propósito essa da “teoria da evolução não demonstrada até hoje” é um deles.
Por outro lado o título de doutor não nos dá direito a sentenciar tudo, principalmente quando se trata de questões cientificas. Toda cautela é pouca. Levantar polemica em qualquer área que seja é sempre bom, mas faça o uso da razão, do rigor científico, do bom senso e procure afastar todo tipo de fé e crenças. Porque elas, crença e fé, limitam nossa capacidade de investigação e até de raciocínio, induz as pessoas ao engano, ao comodismo, ao um possível estancamento e timidez. Principalmente, quando essa fé e crença são suportadas por uma ideologia política ou de caráter religiosa.
Para continuar tentarei argumentar sobre dois termos importantes que venho usando nesse meu artigo. É algo bem conhecido e definido por aqueles que se dedicam à área de direito e acredito que em filosofia. Só farei uso dos mesmos para tentar tirar analogias, é sobre a definição de atos e fatos.
Não é meu objetivo, é claro, entrar aqui para dar aulas a alguém. Só estou fazendo isso porque quero instigar e provocar o pensamento e a razão.
Fatos e atos são duas definições que poderíamos enquadrar num conjunto Universo que com pouco esforço podemos chamar o mesmo de U; U={ N, H}. Onde H=Homem e N=Natureza. Com isso só estou querendo dizer que o mundo em que vivemos é feito de fatos e atos: o que eu chamo de fatos naturais e atos naturais. Os primeiros são incontestáveis (fatos), independente dos segundos (atos). Os segundos geralmente falam por si só e refletem a manifestação dos primeiros. Ou seja, os primeiros geralmente esperam que algo fale por eles e esse algo é a lei descrita de maneira rigorosa e sem vacilação. Esse algo, diríamos, é a própria ciência. Assim como na vida a natureza manifesta-se pelos fatos que geralmente não falam por si só, e são independentes de todos os atos.
Doutor Cangue a Teoria de Evolução de Darwin constitui comprovadamente um fato da natureza, incontestável. Em biologia é talvez a teoria mais testada, é claro, a mais contestada, como não podia deixar de ser. É a teoria mais perseguida por todos os cérebros que já passaram pela terra desde que a mesma foi anunciada. E até hoje não se encontraram contradições visíveis que possam pôr em xeque sua existência, mas também se surgir alguma evidência contra, a ciência tem capacidade e elegância para se alimentar da mesma. Desde que a mesma seja provada com todo rigor, testada com sapiência onde a fé e a crença são descartadas, literalmente descartadas. Descartada como um amor infiel que a qualquer momento pode levar um chute na bunda. A propósito descartar inverdades é um dos objetivos da ciência.
Uma pergunta agora. Na verdade a pergunta de sempre. Descartando a fé e todo tipo de crença apelativa, descartando o sentimentalismo divino quase sempre como conseqüência da “ma fé” com relação “ao próximo”. Onde entra naquele conjunto de cima sendo aberto ou fechado a teoria do criacionismo e o seu grande autor?
Assim é a ciência: um conjunto de atos que não admite o delírio, o “eu acho”, o “deus disse”, a “bíblia diz que diz”.
Assim, e igualmente, é a historia que não admite falácias e as inverdades. Não fui eu que inventei Jonas Savimbi, não é delírio de minha parte quando digo: que o mesmo traiu os angolanos; primeiro com a PIDE DGS; segundo com a CIA e depois com o regime racista da África do Sul. Não fui eu que inventei sobre a renuncia ou a negação de Jonas Savimbi quando dos resultados eleitorais de 1992, que levou o país a uma outra guerra durante 10 anos. Guerra que, possivelmente, você apoiou ou apóia. Não fui eu que inventei o assalto às aldeias, aos nossos comboios, aos transportes rodoviários que deveriam andar pelas estradas do país para levar comida e riqueza para todos; as sessões da inquisição na antiga Jamba, aos julgamentos e as eliminações sumarias no mesmo lugar. Eu não inventei a guerra do Huambo e a do Bie onde até uns tiveram a sorte de serem decapitados e suas cabeças levantadas como troféus de guerra. E por último, não fui eu, que felizmente, o matou por uma causa justa. Está causa que você prefere fazer vista grossa e ignorar.
Tudo isso, amigo Cangue, são fatos que ninguém se sente à altura de contestar e os atos refletem os mesmos. A propósito sobre o fazer vista grossa e ignorar certos fatos. Acredita mesmo, amigo Cangue, que vai ter um lugar na historia de Angola se continuar agir dessa forma: retrograda, desesperada e sem muita convicção? Só porque um dia o MPLA lhe decepcionou!? Só se for na mesma lista que a de Jonas Savimbi. Este último também agiu assim durante um tempo, com o mesmo pretexto, e olha como o mesmo terminou. È uma pena!
Para você um abraço e muita sorte.
*Nelo de Carvalho, nelo6@msn.com,
Fonte: http://www.blog.comunidades.net/nelo/
Fonte: club-k.net "Um debate saudável" (comentários dos leitores)
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1 comentários:
És um imbecil..!!
Esqueces as matanças do mpla,cubanos e soviets.
Todos os comunistas chegam ao poder pela força,e pela força tem de sair,não tem outra hipótese,Imbecil.
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