Nos últimos dias acompanhei de longe a discussão sobre o “Salazar”. Eu fiz as provas finais por isso só me manifesto agora. A primeira coisa que fiz foi “ler o original” do referido discurso. Li com os meus olhos e não creio que tenha sido traído pelos mesmos. Eu concluí que durante as férias terei de fazer o curso “análise do discurso”. Tudo porque eu não consegui perceber a tal ofensa.
Os homens públicos, os que estão acima de tudo, têm que se acostumar com a idéia de que não há perfeição em atos humanos, uma vez que não há nenhum ser, nascido de mulher, perfeito. Tudo que é dirigido pelos homens é falho. Os grandes democratas já receberam tortas ou ovos podres na cara e palavras, muitas vezes, indigestas.
Quem não se lembra do presidente Venezuelano Hugo Chaves, que se considera o herdeiro do comandante Fidel Castro devido ao petróleo do país, quando chamou o todo poderoso Presidente norte-americano Jorge Bush de “diabo”? Chamar alguém que está sobre todos os mortais de diabo é chamá-lo de Salazar, Hitler, de corrupto, ditador, de mandonista unipessoal, de aproveitador da ignorância do povo, de Pinochet que tem que ser cremado hoje porque mandou matar mais de três mil por isso não recebeu honras de “chefe de estado” como também aconteceu com o Mobutu e outros ditadores, ou seja, tudo de ruim. Como Bush não se considera tudo isso, preferiu nem respondê-lo. Ele não levou a crítica como ofensa pessoal, nem mobilizou a imprensa para defendê-lo. Ela também não se daria a esse papelão.
A discussão foi até boa, porque aproveitei a oportunidade para conhecer um pouco a vida do Salazar. Por exemplo, o ditador e manipulador que se considerava o dono do mundo, acima da lei, portanto, entre outras coisas, não conseguia perceber a fronteira entre aquilo que é governo daquilo que é partido.
Para que o leitor entenda essa falta de decência e respeito, convido-o a visitar a página oficial do governo do Huambo (http://www.governodohuambo.com/pag_47.htm), que consultei hoje dia 13 de dezembro de 2006. Aquilo que deveria ser uma página oficial para promover a província, para atrair investimentos para lá, que algum dia já foi alguma coisa, cuja capital foi a única a ser distinguida em “Yaulé” como “cidade grande”, se transformou numa página oficial de um partido político, com direito à ficha de filiação. Esse procedimento se repete em muitos outros “sites”. Isso é uma decadência de valores. Quem faz isso ou está enganado ou engana. Esse método, que foi utilizado por Salazar, é abuso da máquina administrativa.
Há coisas que só serão percebidas pelo MPLA o dia que for oposição. Ai perceberá quão trágico é ver a realidade de perto. Eu, por exemplo, quando quero saber algo sobre o MPLA, acesso http://www2.ebonet.net/MPLA/, a UNITA, http://www.kwacha.net/, assim por diante. Dessa maneira, eu não preciso ser torturado de uma ou de outra maneira.
Como parâmetro analisei a página oficial do Brasil (www.brasil.gov.br/) dirigido pelo governo do PT, de orientação socialista, para ver se percebia algum indício que identifique a propaganda desse partido. Não encontrei. O motivo é simples. A justiça (do Brasil), que é independente, mandaria tirar do ar imediatamente, sob pena de multa. Se houver insistência o partido deixa de existir e ainda os responsáveis vão para a cadeia. No nosso caso ou não há lei que discipline a matéria ou ela é violentada. Como acreditar no progresso do país diante dessas coisas? Tudo isso só leva o país para o atraso.
Eu fiquei estarrecido como a imprensa oficial (parcial), que está acima de tudo, como reagiu a essa discussão. Nesse aspecto eu concordo com o deputado Kwata Kanawa quando, recentemente, “apelou à formação especializada dos jornalistas”. Ele, por outro lado, deveria também apelar à “formação especializada” dos deputados. Para que tenhamos uma democracia, que claramente não interessa a muitos, precisamos de partidos fortes e atuantes. Cada partido deve se fortalecer por méritos próprios.
Nessa discussão toda, o que mais me chamou atenção foi o fogo amigo e fraterno do deputado Valentim. Quem o tem não precisa mais ter adversário. Ele está a ser perfeito para sujar o nome do “seu” partido. Está a salgar tudo com o “sal azar”. Está a fazer tudo que os adversários gostariam ter feito. Na FNLA também, infelizmente, muitas vezes acontece o mesmo. O que afinal de contas acontece quando alguém se acha que está por cima? Que é uma águia?
Recentemente li no livro “Janelas para a vida” de Alejando Bullón, uma história muito interessante. Rick gostava muito de observar águias. Certo dia observou o vôo de uma águia que levava uma presa consigo. Tinha garantido o mantimento do dia. De repetente ele viu que a águia começou a voar com dificuldades, mergulhou veloz entre o matagal e caiu abruptamente. O rapaz curioso foi até o lugar. O que ele viu foi uma verdadeira tragédia. A águia tinha caçado o “furão”, um dos maiores roedores das montanhas. Enquanto carregava a sua vítima, o ferrão roeu sua barriga, a ponto de tirar-lhe os intestinos. O mundo dá muitas voltas. Quando você acha que está por cima, tome cuidado.
Feliciano J. R. Cangüe
em 13 de Dezembro de 2006
Fonte: Club-k.net
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