Na tentativa de explicar essa situação, eu já ouvi várias desculpas esfarrapadas, aquelas que servem para anestesiar os cérebros, de que há, nos países mancos, escassez de recursos humanos ou recursos materiais inadequados e insuficientes, grandes distâncias entre o centro urbano e cidades do interior, acentuado êxodo rural etc.
Se analisarmos um pouco a história do Japão, por exemplo, facilmente podemos descobrir que, o que fez a grandeza daquela nação, foi o sonho de seus avôs, o de amadurecer suas instituições. A busca da consolidação institucional tem como conseqüência o desenvolvimento cultural, social, econômico, político etc. Isso foi possível porque eles aproveitam a força criativa de seus filhos. E uma das conseqüências disso é o rigor e respeito que as autoridades têm no trato de coisas públicas. E lá chega a assustar. Por exemplo, se um jornalista denunciar que um ministro comprou 5 litros de água mineral usando o dinheiro público de forma irregular, no dia seguinte ele, sem precisar recorrer no subterfúgio “apresentem as provas”, renuncia e pede desculpas à nação e nenhum subordinado vai pedí-lo para permanecer no cargo com temor de ficar “órfão”.
No entanto, nos países de dirigentes orgulhos e cínicos, os sonhos são outros. Há um contínuo retrocesso institucional. Alguns estão muito além do absurdo. Na semana passada, o jornal “Gazeta do povo”, na sua edição de domingo (08/072007) apresentou a entrevista de um jornalista nigeriano que fugiu da morte por ter feito uma reportagem abordando a corrupção no país dele. Três de seus colegas tiveram morte misteriosa.
Se esse comportamento se limitasse à turma do “velho do Restelo”, não seria tão preocupante assim, porque o tempo cuidaria de resolver o problema. Na semana passada tive a oportunidade de conversar com um jovem universitário de um dos países africanos. Perguntei-lhe o que iria fazer assim que terminasse o seu curso. A resposta foi rápida: ser político. Eu perguntei-lhe por quê? A resposta foi curta e grossa: - “para eu pegar o meu”. – e o que fará com o seu?
Aí veio a pior parte:
– para eu conseguir umas 5 mulheres.
– O quê? você é mulçumano?
– não, graças a Jesus Cristo. Eu sou muito cristão.
– você acha que alguma mulher hoje aceitaria ser a quinta?
– é só dar uma casa e um carro que ela larga o namorado, marido, seja lá quem for. Se precisar até a família.
– uhmm....
O ser humano precisa sonhar. É bom que persiga um sonho. Todos precisamos viver motivados por um alvo. Precisamos persistir, insistir e nunca desanimarmos, embora, muitas vezes, isso exige que passemos em caminhos dolorosos. Quem não sonha, vegeta. Só respira. Todavia, trata-se de sonhos sadios: estudar para ter um diploma universitário, para o exercício pleno de cidadania, ser útil à humanidade e quem sabe, ter uma boa colocação profissional, trabalhar para oferecer um conforto para a família, por exemplo. Ainda, o século 20 nos ensinou também a sonharmos em grupo como forma de defesa e de sobrevivência.
Mas, foram as inefáveis forças do mal se apressaram e perceberam que é desnecessário o esforço solitário. Eles se associaram em bandos. Essas quadrilhas deram origem em organizações grandiosas e sofisticadas, em muitos lugares tomaram o poder, tornando-se num desafio para os ordenamentos modernos.
É um desafio porque eles agem de acordo com as leis. Só que são leis instrumentalizadas. Eles mudam as leis para atender interesses particulares. Uma característica mais relevante do grupo, segundo um trabalho de Andreza de Oliveira (2004) é a acumulação de riquezas indevida. Para que prevaleçam, impõem alto poder de intimidação, empresas de fachada e uma disciplina rígida aos subalternos que fazem o chamado “trabalho sujo”.
Estudos mostram que os dirigentes de países da poeira, são chefes sem noção daquilo que dirigem. Têm sim é o gosto de mandar. Adoram reuniões. Têm muita paciência de ficarem horas escutando abobrinhas. As decisões que tomam dependem de um coitado assistente. Pior que isso é que eles não mais respeitam nada nem a mentira. Praticam mentiras corrosivas.
Por isso, falar em honestidade está ficando meio fora de moda nesses países. Para breve, a honestidade poderá se transformar numa raridade, numa notícia de primeira página. Essa situação cria enormes dificuldades para pessoas honestas e humildes. Cria uma confusão na identidade de um povo. Como explicar, por exemplo, que uma pessoa venda sua honra por um prato de couves? Hoje, infelizmente, vemos muitas pessoas do bem com baixa auto-estima, se rastejando, que se conformam em ser cauda, enfim.
Em muitos países, a mentira se assenta nas instituições. Diferentemente do Japão, se lá descobrirem uma mentira de um “velho do Restelo”, ele se mata de vergonha. A corrupção noutros países é tão grande, que se um velho desse fosse condenado à morte, ele daria um jeito de molhar a mão do carrasco com uma “gasosa” e tudo acabaria num silencio. O interesse nesses países é a ocultação. No Japão nunca se pede a demissão de ninguém. Isso é desmoralizar a democracia deles. Enquanto isso, noutros países, os políticos praticam crimes na cara do povo, sem nenhum temor de punição nem remorso. Ainda, acham ruim se alguém pedir demissão deles. (e nem adianta, porque ninguém é demitido, no máximo é removido). Esses levam a democracia deles a ficar anêmica.
Além disso, no Japão os chefes são seguros. Pressionam seus colaboradores por resultados; eles criticam e também os elogiam em público. Nos outros países, os chefes pressionam os seus subordinados para elogiá-los em público. E os subordinados, contudo, são apenas criticados ou desautorizados em público.
Por isso que as instituições são banalizadas e em cascata. A honestidade está sendo arrastada para a lama. Diversos bandos têm surgido por aí. Partidos políticos e empresas são criadas com essa finalidade. Quem diria, não respeitam mais nem Jesus Cristo? Cristo agora é uma marca comercial. Não se fala mais em valores morais. A cada dia, inúmeras crenças que criam confusão, surgem. São mais de 2000 denominações que reclamam possuir a verdadeira a bandeira de Cristo. Antigamente o sonho de um cristão era a esperança de um mundo melhor. Hoje, é ganhar muito dinheiro. A teologia da prosperidade. As igrejas estão de plantão. Começam a pedir mais cedo o dinheiro. Hoje tudo é de Cristo: atletas de Cristo, Rock'n'Roll para Cristo, Associação de “bêbados de Cristo”. (Jesus, lá nos céus deve estar muito triste com a obra do Diabo). Uma oração poderosa precisa ser feita para expulsar esses demônios.
A confusão não pára por aí. A astrologia está em franca ascensão depois que vênus entrou na casa de Sagitarius. O "exoterismo" está a mandar mudar o nome de muitas pessoas. “ou você muda o nome ou não ficará rico”. Aumenta o número de pessoas que bem cedo se abraçam em árvores para fazer meditação. “esta árvore tem uma energia que me fará rico”. Nunca se publicou tanto livros sobre QI e Quociente emocional (QE) para se encontrar boas desculpas da situação que o mundo se encontra. Há pessoas que não saem de casa sem consultar primeiro o horóscopo “se um gato preto cruzar o seu caminho, volte para casa porque um político cruzará seu caminho” . E por que não falar de auto ajuda? “ todos dias olhe-se no espelho e diga: eu ficarei rico. Se dentro de 30 dias não conseguir, troque o espelho”.
No passado o mundo foi protagonizado pelos homens gigantes, valentes, altruístas, homens de palavras, pessoas que sonharam com um mundo melhor e próspero. Pessoas que não confundiam felicidade com prazer. As crianças de hoje, infelizmente, já não sonham mais. Quando sonham.... hummm... O mundo realmente vai de mal a pior. Se alguma coisa não for feita, brevemente, muitos países serão governados por “minhocas”, o povo e as instituições a geléia e o país um arquipélago de cacos.
"Dedico ao técnico Dunga, da seleção brasileira de futebol, que dedicou o título da copa América conquistado na Venezuela frente à seleção da Argentina pelo Brasil de Robinho às crianças angolanas, em vez de dedicá-lo ao Presidente Lula."
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