Em termos de conjunto, apesar de um bom número registrado, estamos a levar uma goleada, quando nos comparamos com a força de outros países, tanto em quantidade quanto em conteúdo. Estamos devendo à blogosfera internacional. Só para citar um exemplo, na Argentina, segundo o Jornal Clarin, há cerca de 260.000 blogueiros, sendo 45% deles possuem menos de 20 anos. Perto desses números, podemos afirmar, sem medo de errar, que essa moda, entre nós, ainda não pegou. E, pior, nada sinaliza que essa venha a ser também nossa praia. Isso nos traz algumas reflexões.
Individualmente, porém, encontrei excelentes blogs, tanto na forma, quanto em conteúdo. Este é o caso dos animados dirigidos pelo Toke, Rádio Muximangola (http://muximangola.blogspot.com/), por exemplo, Serra da Chela (http://serradachela.blogspot.com/) de Manuel Vieira; Dont give up, (http://annamathaya.blogspot.com/) da profesora Anna Mathaya; Angolangola: Huíla Namibe Kunene e Luanda (http://hunakulu.blogspot.com/ ) com mais de 1500 fotos; o blog do professor Pedro Teta (http://www.pedroteta.org/); o blog "Angola para sempre" (http://blog.comunidades.net/) de Nelo de Carvalho, que aproveita fervorosamente bem o espaço para divulgar suas idéias, o Pululu (http://pululu.blogspot.com/), dirigido pelo mestre Eugênio Costa Almeida, que foi colocado, recentemente (16/09/2007), por Breno Baldrati, do Jornal “Gazeta do Povo” (Brasil), entre os “50 blogs para se entender o mundo”. (Vale salientar que figuram desse seleto grupo apenas cinco do continente africano e sete de língua portuguesa, dos quais 2 africanos: Moçambique e Angola). Encontrei muitos que disponibilizam vídeos, blogumentários, fotos, memórias, notícias, opiniões, literatura (poemas, crônicas etc), música, humor etc.
Bem, não é nada fácil enumerar os motivos que levam o nosso país a estar, praticamente, ausente no universo virtual dos blogueiros. Os crônicos são: i) devido à guerra prolongada que o país viveu, que destruiu a infra-estrutura, por isso as pessoas não têm acesso à internet, falta de eletricidade, elevado preço de computadores, baixa escolaridade, elevado índice de analfabetismo o que privilegia a rádio; ii) porque a nossa geração cresceu num ambiente em que, desde a mais tenra idade, não podíamos expressar nossas opiniões livremente, e esse fantasma nos acompanha; iii) devido à difícil situação que se vive hoje (desemprego, falta de habitação, escola, hospitais, saneamento básico etc.). Assim, as pessoas estão mais preocupadas em enfrentar a luta pela sobrevivência, deixando o resto para o segundo plano. Outros motivos poderiam ser acrescentados aqui.
Mas, todos esses motivos particulares podem ser resumidos em um mais abrangente: falta de informação. Porque nada explica o fato, por exemplo, dos grandes ícones do nosso jornalismo, políticos, ministros e influentes intelectuais não possuírem blogs. Alguns, infelizmente, mesmo digitando seus nomes no “google” não aparece nenhum registro!.
No Brasil, por exemplo, até um simples pipoqueiro (http://www.pipocagem.blogspot.com/) possui blog. Eu cansei-me de visitar blogs de políticos como “Zé Dirceu”, Chico Buarque, jornalistas como Lúcia Hippolito, Milton Jung, Juka Kifuri etc.
Com tantas informações disponíveis, parece que as pessoas só as acumulam de forma superficial e fragmentada. Informar é, exatamente, o espaço aberto aos blogueiros, para que expressem suas opiniões, normalmente aquelas deixadas de lado na cobertura noticiosa, quebrando assim o monopólio dos veículos de comunicação que entendem que veicular notícias é uma questão de segurança de Estado.
É por isso que, no sistema monopolista e ditatorial, só uma pequena parcela de pessoas, indicadas à dedo, de determinadas classes sociais, tem o direito de exercer esse direito, mesmo assim, sob controle estrito, ou seja, para além de não ser qualquer um, os que comunicam não podem divulgar tudo que sabem.
No entanto, os blogs, apesar de “vigiados”, mas por não serem impedidos por nenhuma vigilância e, por retratarem a liberdade de expressão, são, portanto, instrumentos importantes para fortalecer as democracias e outros domínios da vida histórico-sociais. Enquanto a "grande mídia" se preocupa com a "macro-notícia", o blog "a micro-notícia" nos seus mínimos detalhes, essencialmente. O blog "Angola, debates & idéias" (http://angodebates.blogspot.com/2008/02/algumas-fotos-do-carnaval-provincial-em.html) segue essa tendência, ao mostrar fotos do carnaval da província de Benguela.
Voltemos no tempo. O que aconteceria, por exemplo, se essa tecnologia existisse na época do nascimento de Jesus? Com toda a certeza, através de um dos blogueiros, poderíamos saber a data exata de seu nascimento. Não faltaria um em Belém e, quem sabe, dentro de uns daqueles hotéis navegando e registrando suas experiências daquele dia: “hoje, ao passar em frente à uma manjedoura encontrei uma criança envolta em faixas e deitada. Vi pessoas ajoelhadas diante dessa criança...)
Um outro aspecto importante, é o de deixarmos registros aos nossos bisnetos. Eles saberão o que escrevemos hoje quando tínhamos a idade deles. Como seria fantástico se nós estivéssemos no lugar deles! Por isso que muitos autores acreditam que o futuro do mundo não será de países ricos e pobres, mas daqueles que dominarem essas tecnologias.
Além disso, é um grito que é ouvido. Se o indivíduo gritar de onde estiver, a sua voz não dobra a esquina. Já o blog leva o meu grito ao mundo inteiro. Dessa forma, podemos proclamar a nossa verdadeira independência. Deixamos de ser mais um, na multidão. Quebramos as rotinas de capacidade intelectual. Deixamos de seguir a moda. A capacidade intelectual é grandemente desafiada e quanto maior o desafio, maior é a disposição mental de superá-lo. Não é atoa que várias instituições, como a Deutsche Welle premiam os melhores blogs.
O blog, apesar de ser um instrumento relativamente recente, com 20 anos de existência, já se tornou bastante popular. Já nasceu com 1001 utilidades. Pode ter qualquer tipo de conteúdo e ser utilizado para diversos fins. Por exemplo, muitos ganham dinheiro com eles, publicar idéias, dar aulas etc.
Entendamos um pouco o que é e como funciona o blog, esse diário na internet. Blog ou blogue é uma abreviação de weblog (arquivo digital que contém registro da quantidade e do tipo de acessos feito em determinado servidor). É um sistema de criação e edição extremamente fáceis, estando ao alcance do mais humilde internauta, por dispensar conhecimento técnico.
A palavra weblog é um neologismo criado por Jorn Barger (1997), para designar seu site e tem cinco significados vinculados a ela: i) é uma página da Internet (web) cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente de forma inversa; ii) página pessoal; iii) é um diário on-line; iv) possui links com comentário e, v) espaço de discussão.
Vale ressaltar que os blogs podem ser personalizados. Podem ter a cara e as digitais de cada pessoa. Para tal pode-se trocar as cores dos botões, links, fundos de tela, tipo de fonte usada nos textos, posicionamento dos blocos de textos, entre vários outros recursos. Há ferramentas que os otimizam: informam o número de visitantes, informações geográficas, de que país vieram, páginas consultadas, assim por diante.
Para que o blog seja bem sucedido, existem alguns cuidados que devem ser observados: colocar assuntos favoritos, atrair pessoas que gostem dos mesmos assuntos, trocar informações, não fazer apologia à pedofilia, respeitar os direitos autorais, criar links para blogs de mesmo gênero (blogroll), blogs com os mesmos objetivos; ser de fácil acesso; não ser muito lento porque poucos têm paciência de esperar, conteúdo de boa qualidade; definir “tag de keywords”, palavras chaves, e disponibilizá-las em sites de buscas, para que o conteúdo do blog apareça sempre nas primeiras páginas.
Todos os indicadores mostram que o blog veio para ficar. Poderá, eventualmente, apresentar uma evolução, quem sabe da carroça à automóvel. Quanto mais rápido foi dominada, melhor. É uma ferramenta poderosíssima nas mãos do povo que a domina.
Em muitos países os blogueiros realizam conferência. Esse é o caso da blogama do Marrocos, blogueiros colombianos, bloguivianos, da Bolívia, blogueiros Cambojanos. Muitos se reúnem periodicamente. Isso permite que os bloguistas se conheçam, troquem idéias e experiências.
É fundamental, para nós angolanos, termos também uma rede de blogueiros atuante. Precisamos expor nossas idéias, divulgar nossa cultura, o kuduro que a burguesia está usurpando das camadas populares, contar novidades, divulgando notícias, exibindo fotos, colocando links interessantes, falar de sua equipe, sua igreja, ensinando algo a outras pessoas. Nunca é tarde para começar. A união faz a força. Precisamos marcar mais presença na blogosfera mundial.
Nessa cruzada, proponho o nome de uma pessoa que aprendi a admirar pelo incansável trabalho que faz pela blogosfera mundial: Paula Góes. Ela é jornalista brasileira, da Bahia, boa terra “tchente”, para ser nossa madrinha. Ela, que respira blog, faz parte da equipe de tradução de Global Voices, que “desenvolve pontes entre culturas trabalhando em prol de um desafio comum”. Grande parte de notícias que você leu, traduzido para português, provavelmente tenha sido obra dela. Ela, de alegria e sorriso tipicamente angolano, já manifestou interesse em acompanhar o desenvolvimento da “blogacademia angolana”.
Se ainda não possui o blog, registre-se já!. Onde? Segue abaixo uma lista de endereços onde você poderá criar seu Blog. São várias opções, em português e inglês.
Blog Terra - http://blog.terra.com.br/,
NireBlog - http://www.nireblog.com/pt - (Portugal),
Ao criar o blog, recomenda-se que se evite a utilização de caracteres [, ], _, +, &. No momento de cadastro, alguns sistemas aceitam. Porém podem não funcionar nos browsers de alguns usuários.
Depois disso, indique no espaço reservado a comentário, logo abaixo, o link do seu blog, ou daqueles que conhece que desenvolvem temas de interesse de Angola, e o seu gênero, para que sejam visitados. Angolanos “levantemos nossas vozes”, é o que diz uma das estrofes do nosso hino nacional.
Referências.
Faraco & Tezza. Falando e escrevendo. Editora Vozes, 2003.
Hukalilile (http://www.cangue.blogspot.com) Acesso: 12/02/2008.
Serra da Chela (http://www.serradachela.blogspot.com) Acesso: 12/02/2008.
Wikipedia ( http://pt.wikipedia.org/). Acesso: 12/02/2008
http://www.sitequente.com/internet/ondecriarblog.html acesso: 12/02/2008
http://jornalismodigital-unit.blogspot.com/. Acesso: 12/02/2008
Link para os principais blogs angolanistas cadastrados
http://cangue.blogspot.com/2008/01/blogs-e-noticias-de-angola.html
7 comentários:
Olá,tudo bem?
Não te conheço,mas um dia você estava na minha frente na fila do banco e eu espiei o nome do blog pra visitar rsrs
muito legal!
abraços
Bruna.
Tentei entrar no seu blog, ainda não consegui. Você diz Banco do Brasil?
É que eu não tenho o blog ativo rsrs
mas estou criando junto com a minha amiga; )
Isso,ali no Banco do Brasil!
Que levantamento óptimo!! Meu sonho é de facto ver mais blogs angolanos, em todos os géneros... principalmente de jornalistas que muitas vezes não se podem fazer ouvir nos espaços "normais" Grande abraço, grnade mesmo, afinal é o DOnt Give Up que está oferecendo a imagem ao artigo!!
Meu caro amigo,
Gabo-lhe o levantamento que fez. O seu lamento e o meu não passa pelo angolanos "desprezarem" esta útil e forte ferramenta mas pelos problemas que afectam os angolanos, nomeadamente, a carência já endógena de electricidade, nomeadamente em Luanda. E um blogue para ter consistência deve ser actualizado o mais possível e com falta de luz torna-se desmotivante.
Sei de quem está há quase uma semana para ler uma mensagem minha que mandei para um Professor universitário. Quando não é a luz é o acesso difícil, moroso e caro à Internet.
Um grande abraço
Eugénio Almeida
Oi Cangue, valeu o artigo e (por imperativos de �tica n�o deixo nenhum elogio), mas sim confessar q a men�o q faz do Angola debates e ideias serve de recompensa ao esfor�o q se tem de emprender, aos USD 5,00 por hora e pelas vezes q tivemos de sacrificar o almo�o para actualizar. Um abra�o a todos e, c� entre n�s, n�s angolanos temos bu�w de jeito...!
Caro Mestre Eugênio Almeida, Prof. Ana Mathaya e caro compatriota Gociante,
USD 5,00 por hora, internet banda lenta, quando há luz? Realmente é desafiante. Temos que encontrar saídas. Agradeço a vossa participação e o espaço está aberto para outras manifestações.
Feliciano Cangue
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