Depois de algum tempo fora, alguns nomes não me são mais familiares. Esse é o caso de Adolfo e Fita. Fico impressionado em ver que o 1º de Maio não perdeu o norte que sempre orientou o seu jornadear: renovar. Toda temporada lançava novos jogadores. Se um jogador não rendia na defesa, nunca era escalado no meio de campo, para ver o que vai dar. Entrava um jogador mais descansado, mais novo. O 1o de Maio nunca teve “Romário”, aquele jogador que algum tempo atrás foi bom e hoje só fica dando voltas no campo, fingindo que está jogando, só para sobrecarregar aos outros.
Por outro lado, a equipe sempre teve jogadores que usam bom senso. Bom senso é quando o jogador faz o sinal ao treinar para substituí-lo quando está cansado ou, mesmo não estando cansado, atende aos apelos dos torcedores ou do treinador.
Eu vi o nascimento dos “proletários”, em 1981. Carreguei essa equipe no colo. Vi os seus primeiros passos. Vi as quedas que levou. Acompanhei o seu desenvolvimento até adolescência. Adolescente que não deu trabalho. Tive a oportunidade de ver o seu primeiro título. Aliás, foi a primeira equipe a levar o título para a província. Sinto saudades daquela formação de Kiala, André, Fusso, Sarmento, Maluka, Daniel e cia.
Essa equipe já escreveu páginas heróicas que nem o tempo será capaz de apagar. Quem não se lembra de sua participação em competições internacionais, principalmente quando eliminou o temido Ashanti Kotoko do Kumasi?
Quem não se lembra dos clássicos em o 1o de Maio e o Nacional de Benguela, de Garcia? Ou Desportivo de Benguela? Por que não falar do Acadêmica do Lobito?
Eu só lamento que naquela época não se fazia cobertura de notícias de províncias, como se faz hoje. Os interesses regionais não eram levados em consideração. Quando comprávamos o “Jornal de Angola” só ficávamos sabendo o que se passava em Luanda. As províncias não eram, praticamente, citadas. Tinha o JDM, mas não existia o Jornal dos desportos.com e outros. Eu vejo, por exemplo, jornais brasileiros reservam espaços regionais, embora advenha da exigência do consumidor.
Naquela época tinha-se perdido a noção de “província”. Por exemplo, Benguela, com freqüência, as bombas de abastecimento não possuíam gasolina nem óleo diesel (gasóleo), coisa que não acontece hoje. Para que saíssem do Lobito até o estádio do “Arregaça”, em Benguela, muitas pessoas tinham que usar como combustível uma substância chamada “diluente”, muito poluente.
Parabéns ao 1º de Maio das Acácias rubras. Não apenas pelo título, mas porque foi dedicado, pelo técnico da equipe “a toda à população daquela província do litoral para retribuir o apoio que tem recebido”.
Poucas são as pessoas que se lembram do povo quando chegam lá. Se isso acontecesse, povos de muitos países teriam uma qualidade de vida melhor. O povo deve ser lembrado nos piores e nos melhores momentos.
Isso também mostra que a famosa pergunta: “a quem dedica o título?” deve ser feita aos técnicos e não aos atletas esgotados, física, mental e emocionalmente, depois de um logo torneio e partida. Administrar uma vitória não é fácil. Novamente, parabéns ao 1º de Maio de Benguela.
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