Para não aumentar ainda mais a frustação do leitor, quero dizer-lhe, que os donos do poder, se depois não mudarem mais de idéias, estão a preparar as eleições em Angola só para ocorrerem no ano 2010 (dois mil e dez), só para que percamos esperanças.
Isso só possível num país onde a democracia foi imposta, como pensam muitos. Por outro lado é isso que dá quando um governo (com pendor autoritário) tem maioria absoluta na Assembléia Nacional. Vale lembrar que temos um país atrasado onde uns mandam e outros obedecem, se tiverem juízo.
Ainda vai demorar para que tenhamos orgulho de um grande país que, por enquanto, é vítima de um grupo, que se enriquece, que constroe condomínios, que possui mansões com piscinas, viaturas luxuosas, empresários e empresárias de sucesso, como se isso fosse fruto da competência, enquanto que os outros angolanos andam a chupar os dedos. É por isso que insistem em afirmar que o partido deles é melhor (para eles) e precisa governar mais em tempo de paz.
A única maneira de acabar com esse desrespeito com o povo e exagerado abuso do poder tudo deve começar a mudar em setembro deste ano, nas eleições legislativas. Caso contrário, o seu e o meu sofrimento continuará (e a vitória é certa).
Se nada for feito para mudar o nosso país, algumas situações são muito previsíveis. É fácil brincar aqui de "profeta". Tudo porque a história se repete, basta só prestarmos a atenção.
É muito simples constatar que as eleições não serão em 2009. O presidente não deverá ter obras para inaugurar em 2009, já que as que estão em andamento serão inauguradas nas eleições de 2008. Precisa inaugurar obras faraónicas, que devem ficar para a posteridade. Já que que em 2010 Angola realiza o CAN, que envolverá a inauguração de estádios e outros estabelecimentos como hotel, aeroporto, etc. O MPLA poderia se aproveitar disso para promover o partido e o nome do seu presidente. Por outro lado, investir-se-ia muito dinheiro nessa competição para que Angola ganhe uma competição internacional, ainda mais realizada em Angola.
Por outro lado, o MPLA não teria condições para fazer duas eleições em dois anos seguidos, porque teria que gastar muito dinheiro com essas campanhas. Tudo porque o MPLA deve apostar todas as fichas nas eleições legislativas para conseguir o número maior possível de cadeiras, que lhe garantam tranquilidade.
O MPLA pode até conseguir uma maioria, mas o seu presidente talvez não conseguiria a mmesma façanha. Para não dar mexame, talvez priorize a que se escreva uma nova constituição ou se faça uma emenda constitucional, para se encontrar uma fórmula que facilite a eleição do presidente. Assim que conseguisse essa façanha, é muito provável que se indique o filho, a filha ou esposa como candidato para a presidência. Assim, se implantaria uma monarquia parlamentar e pronto!.
Uma outra alternativa seria apostar no próprio presidente. Para isso, é muito provável que o presidente viesse receber muitos títulos "Doutor honoris causa" e por que não dizer, indicá-lo para premiações internacionais, como por exemplo, nobel da paz, para ganhar mais visibilidade (notoriedade).
Para isso, há uma necessidade urgente de melhorar sua imagem. Os artigos de opinião que dirão que só que existe uma pessoa capaz de garantir a estabilidade aumentariam. Aumentariam também o arrebanhamentos de elementos da oposição, para se arrasar moralmente esses partidos.
Falando mesmo sério, é muito otimismo falarmos em 2010. O conceito de democracia, se as coisas ocorressem nessa direção, estariam cada vez mais distantes. Tudo isso está implícito no texto que se segue:
O futuro canal privado de televisão em Angola (Zimbo TV, designação prevista), para cujo lançamento e exploração foi garantida a participação de José Eduardo Moniz, faz parte de um projecto multimedia conotado com personalidades do círculo presidencial, o qual deverá estar operacional, na sua plenitude, antes das eleições presidenciais de 2010.
JE Moniz aceitou participar no projecto no seguimento de contactos que incluíram pelo menos duas viagens a Luanda. O seu principal interlocutor foi o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa Militar do PR, animador do projecto e supostamente um dos investidores. Outro é o porta-voz presidencial, Aldemiro Vaz da Conceição.
A participação de JE Moniz no projecto (consultoria e acompanhamento), é feita em associação com Bernardo Bairrão, administrador da NBP, conforme sua sugestão. Ambos constituíram para o efeito uma empresa, a “Dynamic”, da qual também faz parte Fernando Maia Cerqueira. Não está apurado se a TVI tem ou poderá vir a ter participação no projecto.
A empresa angolana criada para promover o projecto multimedia, no seu conjunto, é a Medianova. Além do canal televisivo (existência ainda dependente de uma alteração de legislação que veda o exercício da actividade a privados), está prevista uma emissora de rádio, um jornal diário, dois semanários e duas revistas temáticas.
Dois jornalistas veteranos, ambos nascidos em Angola, Manuel Ricardo Ferreira e Carlos Blanco, encontram-se em Luanda contratados para trabalhar no âmbito do lançamento do projecto. FM Cerqueira, sócio de João Líbano Monteiro, dono de uma empresa de comunicação, também prevê instalar-se em Luanda.
O projecto da Medianova remonta a fins de 2006. Para Jan.2007 chegou a estar previsto o lançamento do jornal diário, Diário de Angola, bem como do semanário. Estavam então em fase de acabamento instalações próprias, no Cacuaco – entretanto concluídas e já equipadas (rotativa francesa de grande capacidade).
À data, os dinamizadores do projecto eram já o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa” e AV da Conceição. Mas, na qualidade de investidores, estavam ligados ao mesmo várias personalidades do regime, entre as quais o actual CEMGFA, Gen Francisco Pereira Furtado e o seu adjunto, Gen Sachipengo Nunda.
Lopo do Nascimento e o antigo CEMGFA, Gen João de Matos, convidados a participar com investidores, ter-se-ão escusado. O principal administrador da Medianova era Mário Inglês, um engenheiro formado em petróleos nos EUA, com ligações estreitas a José Eduardo dos Santos (JES).
Para lançar os projectos jornalísticos previstos para 2007 a Medianova contratou, como DG de Publicações, o jornalista luso-angolano Artur Queirós, então a residir em Portugal. Por sugestão do mesmo foram recrutados outros 10 profissionais da comunicação social portugueses.
A contratação de A Queirós e dos restantes profissionais (Hernani Carvalho, Miguel Braga, Gizela Coelho, Dulce Rodrigues, entre outros), deu azo a celeuma de inspiração xenófoba na imprensa privada angolana. Por reflexo disso A Queirós desligou-se do projecto e nenhum dos outros profissionais chegou a partir para Luanda.
As vicissitudes que afectaram o arranque dos projectos iniciais da Medianova são atribuídas a obstruções e a atitudes de má vontade do MPLA, na pessoa do secretário para a Informação, Kwata Kanaua. O ministro da Comunicação Social, Manuel
Rabelais, muito ligado àquele, chegou a recusar a inscrição da Medianova como empresa jornalística.
O MPLA, embora indirectamente, apareceu já em 2008 ligado ao lançamento de um novo semanário, Novo Jornal, em cuja empresa proprietária o BESA tem uma participação societária. O administrador da mesma, em representação do BESA, é um quadro angolano com funções de administrador da Escom, Eugénio Neto.
A Queirós é actualmente assessor do DG do Jornal de Angola, José Ribeiro. O Jornal de Angola é, na prática, controlado pela PR, através do porta-voz, AV da Conceição. Ultimamente, o Gen M H Vieira Dias “Kopelipa” promoveu ou ajudou a promover o lançamento de alguns jornais privados – Independente, Visão e Factual.
Africamonitor.info, nº 285 o 03.Jun.2008
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