Embora o país viva em clima de campanha eleitoral há quase um mês, o certo é que pelas ruas da cidade de Luanda, pouco ou nada se vê de preponderante capaz de chamar a atenção do eleitorado e desde o primeiro dia que a campanha se tem revelado morna. O blogue Eleição 2008 atesta:
"Quase não há campanha nas ruas. Ninguém que chegasse hoje a Angola diria que se está à beira de eleições. "
Os partidos com maior destaque são a UNITA e o MPLA e é possível ver cartazes destas duas forças políticas colados em paredes, árvores, quintais e viaturas. O tempo de antena fornecido pela Televisão Pública de Angola (TPA) demonstra a nível de todos os partidos, a falta de capacidade para agarrar o eleitor. Os argumentos utilizados são fracos e os respectivos programas eleitorais também. Nelson Morais pergunta quando os partidos se voltarão para os ensejos do povo:
"Nos últimos dias a imprensa tem comentado que … as eleições que se realizarão no mês de Setembro,não será mais um fiasco…. porque o povo aprendeu com os erros cometidos no passado. Deixo aqui um comentário: será com esta movimentação dos partidos políticos cheios de preocupação para obterem um resultado satisfatório, haverá alguém que está verdadeiramente empenhado em ouvir e procurar ajudar este povo?!!!!"
Tendo em conta a expectativa gerada em torno do começo da campanha eleitoral e ao ambiente aparentemente pacífico que se vive, uma pergunta salta à vista. Que diferenças existem entre o explosivo ano de 92 e o corrente ano? Luísa Rogério, secretária geral do Sindicato dos Jornalistas Angolano e repórter que fez a cobertura das eleições há dezasseis anos atrás, aponta os seguintes aspectos [pt]:
"“não se pode comparar com o ambiente vivido em 1992. A campanha para as eleições de 5 de Setembro já começou e há a impressão que não está a acontecer nada no país, exceptuando uma ou outra bandeira, um ou outro slogan e os espaços que os partidos políticos ocupam na rádio e na televisão."
Em 1992 sentia-se a campanha política não só em Luanda, como no país inteiro. Ficava-se com a impressão que o país vivia em função da campanha e a campanha eleitoral marcava profundamente a vida do cidadão ao contrário do que acontece agora. A actividade dos partidos é quase inexistente, não se vêem grandes manifestações, não se sente o clima de campanha”.
“O Sol sorri para todos” diz a propaganda da UNITA. Foto gentilmente cedida por José Manuel Lima da Silva, usuário Kool2bBop do Flickr
Dada a inexistência de forte actividade política nesta campanha eleitoral que se vive, talvez seja seguro afirmar que Angola não repetirá a violência de 92. No entanto, alguns partidos políticos como a UNITA, vieram a público afirmar que existe falta de dinheiro para suportar as actividades programadas e denunciar acções de intolerância por parte de forças próximas do MPLA – partido político no poder. A Frente de Libertação de Angola (FNLA) acusou os meios de comunicação de parcialidade dizendo que estes privilegiam o MPLA. Feliciano J.R.Cangüe diz que a TV e a Rádio “não prestaram nenhum serviço de qualidade ao povo angolano”:
"Todos aqueles que acompanham as notícias de Angola, devem ter ficados horrorizados com festivais de editoriais repugnantes que certos órgãos oficiais vomitaram. Foi uma verdadeira guerra entre Sansão e Golias. A imprensa oficial apontou sua artilharia pesada contra o presidente do maior partido da oposição. Essa gente quer o quê?"
Faltando pouco mais de duas semanas para o pleito, a quase novidade do mais marcante momento da democracia passou neste dia quase desapercebido na capital angolana. Mas ainda há a esperança de um bom comparecimento às urnas, e sobretudo de futuro melhor qualquer que seja o resultado, como sonha Carlos Lopes:
"No décimo terceiro dia, os eleitores continuam a abraçar os partidos que caminham com a corrente da mudança até ao dia do voto, porque a partir do dia 5 de Setembro, a mudança torna-se uma realidade e o povo Angolano irá renascer com a esperança numa vida melhor e digna."
“Nunca deixes de lutar mesmo quando fores velho e cansado!”. Foto intitulada Liberdade, gentilmente cedida por José Manuel Lima da Silva, usuário Kool2bBop do Flickr
Fonte: Global Voices em Português
2 comentários:
Até a Bíblia tem uma citação que diz:- DEUS VOMITA OS MEDÍOCRES E OS MORNOS».
Sem campanha, sem esclarecimentos nem divulgação sobre os outros partidos, sem objectivos para o POVO e porque permanecem 14 milhões em pobreza absoluta. Pergunto-me: DE QUE VALE A PENA IR VOTAR SE JÁ SE SABE O RESULTADO? Vai continuar tudo na mesma! Mediocridade e mal-estar para um país que não tem como sair da «AMBIGUIDADE» e como diz o velho ditado: -É SÓ PARA INGLÊS VER! Neste caso….SÓ PARA O MUNDO VER!
ORA BOLAS!
Loma
Näo acredito que continue tudo na mesma...seja qual for o resultado, as coisas em Angola, nunca mais seräo as mesmas:nem haverá mais guerra, nem haverá mais tanta impunidade! esta campanha, está a mexer com muitas cabeças, com muitos estómagos...é reconfortante ver o Bento Bento, nos mercados de Luanda, no meio daquela gente e daquela imundície toda...só isso, já é reconfortante, porque dava a impressäo, que muitos dirigentes há muito se tinham desligado das massas...creio que ninguém esquece a experiência de andar nos mercados de Luanda: o cheiro, o lixo,os bens no chäo,as condiçöes higiénicas,etc...se depois desta experiência uma pessoa näo muda, näo trabalha para melhorar o estado da situaçáo, entäo é melhor fechar Angola a 4 chaves!coisa que näo vai acontecer...até já estaväo a fazer obras a noite...até que enfím...
kabazuca
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