Buracos nos currículose na qualidade dos docentes
Semanário angolense
Reza a história que na Costa do Marfim, há muitos anos, a profissão de docente tinha caído para patamares pouco dignificantes. Mais ou menos o que se passa hoje em Angola, em que ninguém quer dar aulas porque o professor não é respeitado e ganha muito mal.
O presidente Hophouet Boigny pensou no problema e resolveu-o repondo a dignidade do professor. Como? Aumentou-lhes de tal maneira os salários que os professores praticamente passaram para o topo do quadro de remunerações.
O resultado não se fez esperar. Os quadros do país passaram a disputar os lugares nas escolas. Dar aulas tormou-se prestigiante e rentável. E logo o nível do ensino também disparou. Recorde-se que foi na Costa do Marfim que Jonas Savimbi enviou muitos dos seus quadros para formarem-se em áreas que não tivessem a ver com o domínio militar.
Em Angola, tirando os chamados «professores turbo», a situação financeira dos docentes não é nada lisonjeira. Resultado: mesmo com «INES» espalhados por tudo quanto é canto, escasseiam os professores, que depois de formados zarpam para outras actividades.
Em todo o caso, tem-se a percepção que os Institutos Médios de Educação já não são o que eram no início e até baixaram de qualidade. É a tal geração de professores que lêem e escrevem pior que os alunos.
Por tudo isso é que continuamos a ter no ensino primário péssimos professores. Mas um problema correlato está nos currículos, incapazes de inverter velhas deficiências à língua portuguesa e à matemática.
É de facto nestes aspectos que se tem apostado pouco ou quase nada. De sorte que, entra ano sai ano, os estudantes desembocam no ensino superior com os mesmos problemas de sempre: não sabem escrever ou dominam mal as quatro operações aritméticas.
A falar verdade, nestes aspectos Angola chega a estar em condição inferior aos seus vizinhos congoleses. Apesar de eles levarem com a má fama de serem desorganizados, alguma coisa haverá de distinto nos programas e currículos escolares do Congo Democrático e Congo Brazzaville, que para nós é visível logo nos cidadãos provenientes destes países.
Mesmo os que não passaram por qualquer universidade têm um domínio relativamente folgado dos rudimentos matemáticos e chegam até a ser mais desenvencilhados em determinados conteúdos tecnológicos. Soa-nos mal a dicção francófona, mas é inegável que os nossos «confréres» «batem» bem o francês, apesar de na sua maioria terem o lingala como língua materna.
Há outras deficiências dos currículos angolanos até ao ensino secundário que já deviam ter sido corrigidas. A truculência comunista deu pretexto para que se eliminasse a disciplina de Moral e Religião no ciclo preparatório, mas nunca se percebeu a exclusão em tais classes do Francês, apenas existente nos estabelecimentos de ensino privados (colégios).
Outra gafe dos decisores angolanos de política educativa foi excluir a disciplina de Canto Coral nestas classes. Hoje, tirando alguns curiosos e gente ligada a grupos corais religiosos, os jovens adultos deste país não sabem ler uma pauta musical simples.
Apesar da inclinação natural que os angolanos têm pela música, essa falha dificulta a progressão dos jovens músicos angolanos e atrapalha a sua interacção com profissionais do mesmo ofício de outras paragens. Por alguma razão será que, nesta matéria, somos bem menos proficientes que os cabo-verdianos. Também é significativo que, de um modogeral, as nossas bandas não trabalhem com pautas, o que já não acontece com as grandes orquestras congolesas, por exemplo, apesar de os angolanos
julgarem-se mais civilizados do que eles.
Tudo isto quer dizer que proficiência por qualquer coisa não é somente um dom divino. Também se inculca por via de processos educacionais. Por exemplo, provavelmente teríamos hoje melhores resultados desportivos se, por um lado, não tivéssemos banido o desporto escolar, e, por outro, a disciplina de Educação Física não passasse de um mero asterisco
no currículo do ensino de base.
Durante muitos anos, novas escolas foram sendo construídas sem prever estruturas para a Educação Física. Apenas nos últimos tempos temos visto as escolas edificadas por empreiteiros chineses incluírem pequenos polidesportivos a céu aberto. Convém recordar que na era colonial todas as escolas do ciclo preparatório e liceal integravam no seu «corpus» um ginásio coberto. Num país de clima com temperaturas muito altas na maior parte do dia não é razoável que se ponham crianças em educação física debaixo de sol ardente, tendo muitas vezes de fazerem certos exercícios com as costas estendidas em pisos de cimento a destilarem fogo. Isto não é uma prática pré-histórica. Mas não é, de maneira alguma, educativo.
Mas se fosse tudo, seria bem menos doloroso. O problema é que também continuamos a ver escolas a serem edificadas sem estruturas laboratoriais. Milhares e milhares de estudantes ingressam em cursos superiores de ciências exactas sem nunca terem visto um tubo de ensaio nas suas vidas.
Na era colonial, qualquer criança do primeiro ano do ciclo preparatório tinha contacto com este instrumento em laboratórios devidamente apetrechados. Os trabalhos manuais eram uma disciplina importante para o adestramento técnico do aluno e com extrema valia ao longo da vida.
Fonte: Semanário Angolense, 07 a 14 de Fevereiro/2009, p.3
6 comentários:
"O professor só dá boa nota a quem também lhe dá boa nota"
Dito num jogram em 1997 por um formando do curso de electricidade do Centro de Formação Profissional do Lobito.
(Ó Cangue, então passa pela banda e custava alguma coisa apertar-te a mãe e tomar qualquer coisa??? Isso até é feio!!!)
Errata:
"O professor só dá boa nota a quem também lhe dá boa nota"
Dito num jogral em 1997 por um formando do curso de electricidade do Centro de Formação Profissional do Lobito.
(Ó Cangue, então passa pela banda e custava alguma coisa apertar-te a mão e tomar qualquer coisa???)
Ngecele
Foi mal, meu irmão. Foi viagem supresa, mas lembrei-me de todos. No Alto Hama, do Orlando; na Kahala, do Kosé Maria Huambo; no Cubal, do Rui (Ruca); no Lobito, do Eugénio de Almeida (lobitanga), em Benguela/Lobito, G. Patissa etc etc.
Mas poderíamos bater um papo, comer um funge com peixe seco e tomar uma kissangua...
Entäo eng. comé é, tudo bem mesmo? foste mesmo para banda? oha a historia do Professor:
- Olhe, eu sou um professor, solteiro, recém-formado , mas fui transformado em sapo por uma bruxa malvada. Se você me beijar, eu volto ao normal e me caso com você. Seremos felizes para sempre!
A mocinha, toda contente, pegou o sapo e o colocou na bolsa. E foi andando para casa. O sapo começou a ficar impaciente e perguntou: - Ei, moça! Quando é que você vai me beijar? Ela respondeu: - Nunca! Um sapo falante dá muito mais dinheiro que um marido professor.
Um abraço compatriota...quando é que descais? o tempo está a passar...
Kabazuca
A história começa assím:"A mocinha passeava à beira de um lago, quando, de repente, apareceu um sapo dizendo:
Kabazuka, por onde anda? Que bom que apareceu. Sucessos.
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