O blog e Deus

As pessoas não têm a menor ideia das discussões que mantenho com alguns leitores deste blog, nos bastidores. Para alguns, não deveria ter colocado a bandeira que foi eleita para ser a futura de Angola nos trabalhos da constituição anterior.

Para outros, não deveria misturar religião com política. Teve um leitor muito radical que solicitou a retirada de todos links para blogs que abordam assuntos religiosos etc.

Realmente é muito complicado. É fundamental retomarmos os primórdios do blog. No início, os blogs da época eram muito formais. Assim, ao abrir este blog tinha em mente fazer um blog com conteúdos acessíveis para pessoas de classes B e C. Talvez, em parte, tenha conseguido atingir esse objetivo.

Em relação à questão religiosa, certo dia estava assistindo a uma partida de futebol, num determinado momento certo jogador, ao ser entrevistado, teria dito: "graças a Deus". No mesmo dia, uma cantora, depois de um show disse: "graças a Deus". Ainda no mesmo dia, um assaltante que foi detido pela polícia ao ser entrevistado por um repórter disse: "...depois de dominados eu consegui roubar tudo, graças a Deus". Isso me chamou atenção. Então Deus cabe em tudo. Por que não no blog?

Em alguns momentos já cheguei a pensar em encerrar este blog, mas achei que era muito tarde. Já ganhou uma grande projeção. No "ranking" dos os blogs está bem posicionado. Além disso, muitas pessoas têm neste blog como em espaço de passagem obrigatória. Ou seja, o blog agora não tem mais um dono, mas é de todos nós.

Ainda, graças a este blog fiz muitas amizades. Eu poderia citar muitas delas, mas hoje vou apenas citar a "Dukila", colega de caminhada por 3 anos.

Nos conhecemos, virtualmente, no dia 03 de Agosto de 2006, quando publiquei o artigo "TELENOVELA É O “CRACK” DA NOSSA SOCIEDADE (I)" Chamou-me atenção por ter me chamado de avô ao comentar o artigo: "Depois de ler o artigo, arrisco-me a concluir que o Avô Cangue é um consumidor de novelas, não pode ter visto como última o Roque Santeiro. Agora novelas como o "crack" da nossa sociedade, já aí estão a disposição há muito e free, ou muito barato. O que fazer? Retirá-las do ar? Cortar a transmissão das mesmas? Proibir que se vejam? Aí está o preço das liberdades, globalização, aculturação, analfabetismo, pobreza.".

No artigo seguinte "TELENOVELA É O “CRACK” DA NOSSA SOCIEDADE (I)" (08 de Agosto de 2006 ) lá estava novamente o comentário de minha neta: "Volto p/ dizer apenas que se não fosse a novela brasileira seria outra coisa. E que dificilmente se mudará este cenário em Angola, porque se filho de pobre vê pela TV, os filhos dos Remediados p/ não dizer ricos até dão-se ao prazer de beber o brasileirismo em próprias terras brasileiras, que é o que está na moda agora. Como o ancião rubellius disse há novelas e novelas, e muitas delas são uma forma de criticar a própria sociedade brasileira, e mostrar possíveis saídas e ou soluções. Agora quem não teve, não tem princípios básicos de educação dificilmente descortina isso e se escolheu a novela p/ fugir do seu mundo real é problema individual.
Na sociedade em vivo não existe novela brasileira p/ consumo dos nativos, mas existe o acesso fácil a NET com todos os males que isto implica devido a quantidade de lixo que por lá circula. E qto ao negro é ele próprio que se auto crítica com os seus Shows(ex: salão de cabeleiro negro que bagunça, os lares pobres em os pais praticamente trabalham 24h por dia ).
Não me diga o Avô que não é está a realidade do negro no Brasil? " D...

Não sabia mais o que fazer com a netinha. No artigo "Em favor da biblioteca e da educação" (11 de Setembro de 2006) comecei a me entender com a a "netinha": "Avó Cangue, o saber e o conhecimento são armas muito poderosas e importantes. Por isso não será por acaso que o Povão serve melhor sendo ignorante e analfabeto, pois assim se justifica o refrão "Tamos sempre a subir"!!!! Acho que constituir uma bilblioteca para uma escola do ensino básico sela barato, por isso o meu apelo vai para as ONG's para abraçarem esse projecto." D...

No artigo "Liberdade de Escolha" de 20 de Setembro de 2006, deixei de ser avô virtual (graças a Deus): " A tarefa dos Pais é muito díficil em qualquer sociedade, mas numas torna-se mais difícil do que em outras ditas mais evoluídas. Mas nem por isso eu alinho em todas as "políticas" dos manuais!!!! A vida é uma escola sem dúvidas e é por isso que em muitos casos uso dessas experiências para ressolver situações pontuais. DEstas modestas experiências há uma lição que me tem sido muito útil: Nunca deixe a sua criança pensar que é o "centro do mundo". Pois caso contrário ela crescerá egoísta, mimada e muito dificilmente aceitará a presença de outra criança em casa.
Já agora retiro o Avô que tenho posto em frente ao seu nome."
D...

No artigo "A formação de bibliotecários em Angola" (11 de Maio de 2007) agora a nossa amiga comentou "Essas mensagens de certeza que nunca chegam a quem de direito. Duvido muito que aja estruturas em Angola vocacionadas para formar Bibliotecários. A memória que guardo dos funcionários das bibliotecas que conheci(a nacional no edifício do MED e a do Comissariado, hoje governo províncial) é da existência dos funcionários que só estavam preparados para abrirem as portas e avisarem-nos com 30 minutos antes da hora prevista que precisam fechar a biblioteca, porque têm que se ir embora. De qualquer das formas nunca é tarde par iniciar-se a formação dos mesmos, para termos BIBLIOTECÁRIOS no verdadeiro sentido da palavra".
D...

Muitos dos artigos aqui escritos são inspirados de seus comentários. É dessa maneira que faço. Tenho página para cada um de todos nosos comentaristas. Outro dia assustei a um comentarista no aeroporto de São Paulo. Desse-me que tinha o costume de ler e comentar os meus artigos. Perguntei-lhe qual era o seu nome. Ao afirmar apenas disse-lhe que não concordava com o comentário que fez no dia tal ao comentar o artigo Y, por isso, por aquilo. Notei que tinha mudado de cor.

Com Deus e com amigos contuamos com nossa caminhada. Agradeço ao carinho de todos que nos têm acompanhado. Todas as críticas e elogios são levados sempre em consideração. Aqui "nada se perde mas tudo se transforma" também.

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