“Próximo da rua 23 e exatamente no trevo da Avenida de los Presidentes foi que vimos chegar num automóvel preto – de fabricação chinesa – tres robustos desconhecidos: “Yoani, entre no automóvel” me disse um enquanto me continha fortemente pela mão. Os outros dois rodeavam Claudia Cadelo, Orlando Luís Lazo e uma amiga que nos acompanhava para uma marcha contra a violência. Ironias da vida, foi uma tarde cheia de golpes, gritos e palavrões que deveria transcorrer como uma jornada de paz e concórdia. Os mesmos “agressores” chamaram uma patrulha que levou minhas outras duas acompanhantes, Orlando e eu estávamos condenados ao automóvel de chapa amarela, ao pavoroso terreno da ilegalidade e à impunidade do Armagedón.”
A decepção da Yoani não demorou: “Depois de uma agressão existem determinados míopes que culpam a própria vítima pelo ocorrido. ...”. “ O médico que não atesta maus tratos físicos porque foi advertido que neste "caso" não deve ficar nenhum documento provando as lesões recebidas, está violando o juramento de Hipócrates e dando uma piscadela cúmplice ao culpado.”
Ele deixa o recado ao médico que a atendeu: “Estou superando as lesões físicas derivadas do sequestro de sexta-feira passada. Os hematomas vão cedendo e agora mesmo o que mais me incomoda é uma dor aguda na zona lombar que me obriga a usar uma muleta. A noite fui ao médico e me prescreveram um tratamento contra a dor e a inflamação. Nada que minha juventude e minha boa saúde não possam superar. Afortunadamente, o golpe que me deram quando puseram minha cara no chão do carro não afetou meu olho, senão somente a maçã do rosto e as sobrancelhas. espero estar recuperada em poucos dias.”.
Yoani Sánchez, blogueira mais famosa de Cuba, já recebeu inúmeros prêmios internacionais por seu ativismo, na Espanha e nos Estados Unidos, mas não teve permissão para ir recebê-los.
"O governo americano deplorou a agressão aos blogueiros Yoani Sanchez, Orlando Luis Pardo e Claudia Cadelo",
Num de seus pensamentos intitulado "Nomadismo no ciberespaço" Yoani escreveu:
"Como eu gostaria que Generacion Y tivesse um desses domínios “.cu” que indicam sua origem em território nacional. Daria minha mouse e a metade da outra para ir à um escritório e dizer “Senhorita, por favor, venho hospedar meu blog num servidor dentro desta ilha”. Porém essa possibilidade está vedada à nós, cubanos, pois o estado aqui não só é dono de todas as fábricas, escolas, lojas e latões de lixo, senão também patrão absoluto da parcela do ciberespaço que nos cabe.
Só as instituições oficiais podem ter um desses endereços web que apontam para esta “ilha dos desconectados”. O mesmo filtro político que condiciona se uma pessoa pode viajar, comprar um automóvel ou graduar-se na universidade, opera no momento de se conseguir uma URL nacional. Daí que possuir um sítio doméstico seja mais um sinal de submissão do que de nacionalismo, uma clara pista da anuência estatal que está por trás de certas publicações. Por isso prefiro estar entre os “não documentados da rede” que conseguimos fazer uma paliçada longe desses rígidos capatazes." (...)(http://www.desdecuba.com/generaciony_pt/?p=645
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