06 de Maio, 2011
(Editorial) A qualidade do nosso ensino superior continua na ordem do dia. Em virtude da existência de várias universidades públicas e privadas no país, formam-se todos os anos centenas de pessoas em instituições de ensino superior.
Se em relação à quantidade de angolanos formados anualmente pelas nossas universidades podemos ficar satisfeitos, o mesmo não se pode dizer quanto à qualidade dos que recebem diplomas das instituições de ensino superior, vistas estas no seu conjunto.
Tem sido reconhecido por prestigiados docentes universitários que a qualidade do ensino superior está a diminuir em diferentes faculdades do país por razões diversas, inclusive nas instituições onde o nível de qualidade era tido como muito bom.
Sabe-se que se pretende mudar o actual quadro e que há vontade para se avançar para um ensino universitário que forme bons quadros, capazes de serem excelentes profissionais no mercado de trabalho, que, por sinal, é cada vez mais exigente.
Algumas universidades têm trabalhado para a preparação dos seus alunos no sentido de, terminados os cursos, poderem ser rapidamente absorvidos pelo mercado de trabalho. E é por isso que os conselhos científicos dessas universidades estão a analisar as vias para dotar os estudantes das melhores habilidades e competências.
Temo-nos apercebido que há universidades que, por exemplo, não observam rigor no recrutamento de professores, resultando daí uma má transmissão de conhecimentos aos estudantes, com todas as consequências negativas que decorrem de uma má aprendizagem por parte de pessoas que, a nível universitário, têm de estar munidas de ferramentas essenciais para resolverem problemas complexos.
O professor a ser recrutado para dar aulas numa universidade deve reunir o perfil adequado para estar à altura do rigor académico e científico por que se deve pautar uma instituição do ensino superior.
Temos conhecimento de que há professores em certas universidades que praticamente não dão aulas e quando dão fazem-no sem total entrega ao trabalho, pois em muitos casos leccionam em várias instituições, não tendo tempo para preparar convenientemente as matérias para as centenas de alunos que têm em diferentes faculdades.
É preciso pôr cobro a isso. As autoridades competentes encarregadas de inspeccionar a actividade das instituições de ensino superior devem ser mais rigorosas no controlo do que acontece em determinadas universidades e tomar, deforma célere, as medidas que se impõem.
Mas antes que a inspecção vá às instituições de ensino superior para ver se actuam dentro do que está estabelecido era oportuno que as reitorias dessas instituições tomassem já a iniciativa de ir arrumando a casa, a fim de se salvaguardar o que toda a sociedade pretende – uma boa qualidade de ensino nas nossas universidades.
É uma boa notícia o facto de a Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto estar a apostar na melhoria da qualidade de ensino, fazendo com que os professores estejam efectivamente a dar aulas e adoptando a avaliação contínua como forma de aumentar o nível de aproveitamento dos estudantes.
A Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto tem bons planos, entre os quais avulta o de preparar convenientemente os estudantes para o mercado de trabalho, experiência que, a ser concretizada, devia ser estudada por outras instituições de ensino superior, mesmo privadas, pelo menos, ao nível do ensino do Direito.
Podia, por exemplo, considerar-se a possibilidade de os conselhos científicos de diferentes faculdades se encontrarem regularmente para troca de experiências e de ideias.
O importante para nós é que tenhamos instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, a formar bem os angolanos. O intercâmbio entre universidades era uma forma salutar de se resolverem muitos problemas de que ainda enferma o nosso ensino superior. Temos em Angola docentes angolanos que dão aulas há mais de 20 anos, possuindo vasta experiência e muitos conhecimentos que podem ser úteis a instituições de ensino superior que agora surgem. Ninguém sabe tudo. Os que têm pouca experiência devem ter a humildade de aprender com os que sabem mais, no interesse no nosso ensino superior e do nosso país.
Se todas as nossas universidades tiverem um bom nível, é o país todo que fica a ganhar. Que se criem, pois, mecanismos eficazes de estreita colaboração entre as diferentes instituições universitárias, no sentido de se melhorar o nosso nível de ensino superior.
Acreditamos que se essa colaboração for estabelecida, muita coisa há-de mudar para melhor ao nível da qualidade do ensino superior.
Fonte: Jornal de Angola http://is.gd/QBO15S
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