terça-feira, 30 de outubro de 2007

Dois desfios a sí, ‘mestre’ Cangüe


Holanda - Com o objectivo de tentar convidar o compatriota Feliciano Cangüe a um debate mais concreto sobre o tema “Angola, olhe para frente e esqueça as tristezas do passado”, eu, J. K. Ticonenco, decidi escrever uma carta aberta ao senhor professor doutor.

Carta aberta

Exmo Senhor F. Cangüe,

Não há a menor dúvida de que quando ouvimos ou lemos o seu nome, as nossas mentes associam, automaticamente, a sua imagem a um homem extremamente inteligente, moderado, de boa base familiar e bons princípios. Enfim, o senhor é visto como um grande exemplo para a nova geração angolana e não só. Esta é pelo menos a imagem que muitos têm de sí.

Compatriota, o senhor publica com bastante regularidade na internet, sendo que não é difícil notar-se que as suas intenções são quase sempre positivas, pois estas estão constantemente viradas para o bem de Angola e do angolano. Desde já, retiro o meu chapéu diante de sí.

Porém, senhor Cangüe, eu tenho um grande “defeito”. É verdade, um grande “defeito”. Eu sou um indivíduo que gosta de olhar de forma crítica para as coisas, sobretudo quando o assunto envolve angolanos. Esta é uma das formas que eu encontrei para contribuir em algo, pois penso que deve também haver aquele que olha friamente para as coisas, sem se deixar envolver facilmente em emoções.

Até mesmo em relação à Deus, Bíblia, catolicismo, Islão, etc., nem sempre acredito em tudo o que leio ou oiço. Gosto de duvidar, porque gosto que as pessoas me provem as coisas. Em relação a sí, excelentíssimo senhor Cangüe, também sou crítico, pois o senhor é alguém falível como qualquer um, e, com todo o respeito e consideração, os títulos de doutor ou professor das pessoas nunca me assustam.

Umas vezes sim, mas outras vezes não vejo com bons olhos quando quase todos os comentários a muitos dos seus artigos não passam de “oh! Grande artigo!” ou “parabéns, cota cangüe!”, dando a impressão de que tudo o que o senhor escreve não precisa de ser profundamente analisado. Onde estará o olhar crítico do leitor? Onde estará a coragem do leitor em dizer “não concordo com este ou aquele ponto” ou ainda em exigir mais diversificação no que o senhor escreve?

UNITA

Justamente no ponto relativo à diversificação é onde eu queria chegar. O senhor já escreveu enúmeras vezes sobre MPLA, JES e seu governo. Sobre a miséria e educação no nosso país, mas, por incrível que pareça, nunca se atreveu a escrever sobre a UNITA e Samakuva. Será que o senhor não o faz com uma certa intenção pouco clara por detrás disso?

A minha chamada de atenção a este respeito vem como uma forma de tentar rogar ao senhor professor doutor para não caír na parcialidade ao fazer as sua análises. O senhor sabe muito melhor do que eu que UNITA e MPLA não são santos, mas, quer queiramos quer não, precisamos de ambos (inevitavelmente) para a normalização política em Angola. Esta é uma das razões pela qual deverão haver eleições em 2008. Concorda, senhor?

REGRESSO A ANGOLA

O senhor Cangüe é um engenheiro com tudo quanto é diploma e algo mais. Não é assim, compatriota? Sendo assim, não consigo entender uma coisa: levando em conta que Angola precisa de pelo menos seis mil engenheiros para um crescimento adequado, porque é que o senhor não toma a coragem de criar um plano prático e concreto para o seu regresso a Angola, fazendo com que um engenheiro estrangeiro a menos ocupe um cargo de chefia nas terras de Ekukui II? Tenho a certeza de que isso seria algo mais efectivo do que ficar apenas pelo debate político e não ir mais adiante. Também compreendo que o senhor já tem uma vida formada no Brasil, o que quer dizer que não precisaria instalar-se definitivamente em Angola.

OS DESAFIOS

Em jeito de remate final, na qualidade de uma pessoa crítica que sou e que pretende voltar a Angola tão logo formado, lanço dois desafios ao senhor professor Cangüe:

O senhor seria capaz de escrever um artigo crítico sobre as posturas da UNITA e do passivo Samakuva de 2003 (nono congresso) até os dias de hoje?

O senhor, tendo em conta que já não é nenhum aspirante a licenciatura como eu, seria capaz de ser mais prático, traçando planos concretos de regresso a Angola ao invés de ser somente mais um que comenta aqui e acolá no mundo digital (internet)?

Compatriota, os desafios a sí estão lançados.

Aguardo ansiosamente por sua reacção.

Cordiais saudações,
*J. K. Ticonenco
Jose_ticonenco@yahoo.com.br

Fonte: Club-k.net
(comentários de leitores)

Coisas do Brasil






















Um indivíduo de Porto Alegre, Sul do país, casa-se com alguém de Manaus, norte do país e vão morar, por exemplo, em Vitória, no sudeste do país. Lá eles levam a vida normal. Assumem cargos de toda natureza, desde que tenham preparo para tal, sem que sofram qualquer discriminação de nenhuma natureza. Não há nenhum Estado da federação com preferência para que originários desses lugares ocupem cargos nas embaixadas, ministérios, ser embaixadores, cônsules etc. Coisas do Brasil.

Salvador foi a primeira Capital. Os soteropolitanos (“sotero”, do latim significa salvador) consideravam-se mais brasileiros que os outros. Depois, a capital foi transferida ao Rio de Janeiro. Os cariocas também se sentiam mais brasileiros que os outros. Depois, São Paulo, a maior economia brasileira, começou a reivindicar a capital. Juscelino Kubitschek (JK), mineiro, mandou construir a nova capital. Brasília foi construída em local neutro, bem no coração do país. Hoje a Brasília é a capital de todos os brasileiros. Nos fins de semana o local transforma-se num deserto porque os moradores viajam aos seus estados (províncias). Coisas do Brasil.

Há dois anos atrás, uma minha amiga que é militante do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula, casou-se com um também meu amigo, militante do PSDB, tucano portanto, de Fernando Henrique Cardoso, o maior partido da oposição. Cada um convidou seus correligionários. Nas últimas eleições presidenciais, ambos saíram com roupas que combinavam com cores do partido de cada um. Foram juntos até o local de votação. Cada um votou no seu candidato. A noite, o marido convidou a esposa para comemorar a vitória do operário Lula. Ninguém os discriminou até hoje. Isso para não falar do chefe de uma empresa, que era flamenguista, com traços orientais, baixo, mulçumano e petista que promoveu um vascaíno, negro, alto, cristão e tucano. Hoje em dia eles viajam juntos para todos os lados. Coisas do Brasil.

Há poucos dias o andarilho, Ângelo de Jesus de 37 anos, trajando uma camiseta, calça jeans e chinelo de dedo, foi até Brasília para conversar com o presidente Lula!. Chegando ao Palácio, tentou driblar a segurança para adentrar no palácio. Foi dominado pela segurança. No dia seguinte, depois que a notícia foi amplamente divulgada pelos meios de comunicação, Lula o recebeu e ainda pagou as passagens de regresso para sua cidade. Coisas do Brasil.

Quando ocupou a presidência, o presidente da República, o Engenheiro Itamar Franco e a namorada resolveram ir ao cinema para assistir ao filme que na época era campeão de bilheteria. Postos lá, compraram ingressos. Só que aquela sessão estava superlotada. (as sessões são contínuas. Termina uma, começa outra. Isso permite que o indivíduo assista quantas vezes quiser o mesmo filme). Tentaram entrar assim mesmo. Foram barrados pela segurança do cinema. – podemos sentar mesmo no chão, não tem problemas – Não!. Não havendo mesmo condições, depois de algum tempo, os dois, tristemente, pegaram o carro retornaram ao Palácio. Coisas do Brasil.

O presidente Lula quando eleito, ainda no primeiro mandato, nomeou para o cargo do Banco Central Henrique Meirelles, e continua até hoje. O Engenheiro com MBA tinha sido eleito deputado, mas pelo maior partido da oposição, o PSDB. O Ex-presidente do banco Mundial do BankBoston era o brasileiro que naquele momento mais preparo possuia para ocupar aquele cargo. Entre nomear um presidente do Banco Central medíocre, mas do seu partido ou nomear profissional competente, mas brasileiro do partido da oposição, Lula preferiu a segunda opção. Coisas do Brasil.

Numa de suas opiniões o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor, referindo-se ao governo do presidente Lula, só para citar um dos casos, afirmou: “A quadrilha montada pelos bolchevistas com o consentimento de Lula, o aparelhamento do Estado com 40 mil enfiados nas brechas da República, o montante de grana desviado...” Resumindo: ele estava querendo dizer que estavam vendendo o país aos estrangeiros. E não foi preso até hoje. Coisas do Brasil.

Há poucos anos estive no Paraguay, acompanhado de amigos brasileiros. Isso aconteceu no mês de novembro, quando o Brasil comemora o aniversário da proclamação da República. Os estudantes, a grande maioria militantes do PT, partido no poder, organizaram uma festinha. Para minha surpresa convidaram também a todos os brasileiros até os do PSDB. Todos pularam, sambaram e às duas horas da madrugada cada um foi para o seu canto. No dia seguinte todos se cruzavam pelas ruas, se saudavam e ficou nisso. Coisas do Brasil.

Ainda, no dia seguinte, meus colegas acompanharam-me até o consulado, na Ciudad del Este, para renovar visto de um conterrâneo. Uns estavam com bonés do PT, outros com do PSDB, outros PMDB e eu com o boné "negro-alviverde" que ganhei de um jogador da equipe do Sagrada Esperança, da Lunda Norte, muito tempo atrás e o guardo com muito carinho. O funcionário do consulado abraçou a todos. Convidou-nos para um lanche. Tudo acabou em gargalhadas. Coisas do Brasil.

Isso não entrou na minha cabeça. Convidei o funcionário do Consulado no canto para uma conversa. Eu pedi desculpas pelo atrevimento. Disse-lhe que eles estavam errados. Ele procurou saber por quê? Eu disse-lhe que jovens de partidos da oposição não deveriam recebidos naquele ambiente festivo. Vocês deveriam orientar os jovens para que se afastassem dos da oposição. Eles podem ser contaminados. Ele me abraçou, sorriu e calmamente começou falando:

- amigo, nós somos brasileiros. Nós somos tolerantes, solidários e cultivamos o bom relacionamento entre as pessoas. No curso de diplomacia, lá no Instituto Rio Branco, aprendemos que o desenvolvimento do nosso país depende do capital humano que é consolidado na capacidade e no bom senso. Em segundo, nós representamos a nação brasileira e não cores partidárias. Você precisa saber que o poder cega as pessoas. A oposição é o espelho que mostra os erros do governo. Pessoas da situação só sabem falar “sim”. Se bem que os jovens, mesmo militantes da situação, também exigem mudanças. Jovem que se satisfaz com as estruturas vigentes, tem problemas.

- Assim - continuou ele – um dirigente tem que saber ouvir e respeitar a oposição, principalmente não destruí-la. A diferença entre países progressistas dos retrógrados, é que os primeiros aproveitam a inteligência da oposição. Os segundo, entretanto, aproveitam a força bruta. Por isso, a função pública não deve ser ocupada por pessoas despreparadas, mas por pessoas escolhidas entre as melhores do país. Pessoas que sabem separar as coisas. Tem mais. O país só cresce quando o povo reivindica; quando os intelectuais participam, se manisfestam. O dia em que deixarmos de ter esses jovens da oposição será o nosso fim e do nosso país. O pais deixará de ser nosso. Será entregue aos estrangeiros. Depois que isso acontecer, não mais adianta "chorar pelo leite que derramou". Você não aprendeu isso na escola? Coisas do Brasil.

domingo, 28 de outubro de 2007

Jogar fora os fardos


Imagine a seguinte situação. Você e seus colegas saíram para pescar. Pegaram uma canoa e remaram até algumas milhas mar adentro. Passaram a noite pescando. Para a vossa sorte conseguiram uma boa "pescada". Daqueles peixes bem grandes!. Isso seria motivo de muita alegria, certo? Afinal de contas teriam garantido o sustento da família e ainda o excedente poderia ser vendido e com o dinheiro investir, quem sabe, na educação dos filhos ou reformar a casa, aquele sofá ou comprar um computador, naturalmente com acesso à internet.

Mas, se no momento do regresso, todos alegres e, num determinado momento, vocês notassem o mar revolto e percebessem que a canoa iniciasse a fazer alguns mergulhos e a água começasse a invadir o seu interior aumentando cada vez mais o peso, o que um pescador experiente faria nessa situação?

Ele, com certeza, não daria tempo ao tempo para ver o que acontece. Não teria dúvidas: jogaria fora os peixes enquanto os outros retiram a água. É questão de sobrevivência. Nesse momento não cabe mais o sentimentalismo histórico. Não adianta mais saber se levaram a noite inteira para pescar ou não; ou se a família precisa daquele sustento ou não. O pior que pode acontecer é perder a carga e perder a vida. A família, nesse caso, ficará desamparada da mesma maneira. O prejuízo seria maior. Jogar fora o peixe é uma decisão dificil. Muitas vezes é difícil tomar uma decisão como essa.

Um caso clássico ocorre com águias. Dizem que a águia nasce com um bico e unhas maravilhosas. Mas, com o passar de tempo, o seu bico se alonga e se curva apontando para o peito. As unhas se tornam compridas e flexíveis. Assim não consegue agarrar nenhuma presa. Nessa situação a águia só tem duas soluções: ou morrer ou entrar a via dolorosa, “cortar na própria carne”, como gosta de afirmar o presidente Lula. As águias valentes, corajosas se refugiam até determinado lugar para começar o processo de auto-motilação. Cada águia começa a bater o bico contra rochas até conseguir arrancá-lo. Faz a mesma coisa com as unhas. É uma decisão difícil. Não adianta mais pensar proteger as unhas nem o bico, companheiros de longa data.

Num ano desses, o helicóptero que levava o filho de um dos maiores proprietários de uma rede de supermercados despenhou-se no mar, cerca de 4 quilômetros da costa. Os ocupantes, que usavam peças mais valiosas do mundo, tiveram que nadar. A primeira coisa que fizeram, foi se desfazer de jóias. Depois os calçados, jaquetas, camisas e bonés. Sobreviveram aqueles que chegaram com uma peça de roupa no corpo.

No Brasil, para sobreviverem, muitas instituições tiveram que tomar decisões semelhantes. Um caso que me vem à mente neste momento é a de uma universidade. O Ministério da Educação, com freqüência avalia o desempenho das universidades. Instituições e os alunos são avaliados. Cursos que, por três vezes, não alcançarem a pontuação mínima são fechados. O seus alunos são transferidos para outras instituições de ensino.

Na primeira avaliação, a Universidade teve uma nota vergonhosa. Isso preocupou a direção da Instituição. Procuraram encontar as causas. Segundo eles, o problema não poderia estar na Escola, porque esta oferecia excelentes instalações físicas, um excelente ambiente de trabalho, pagava em dia, possuia boa localização e de fácil acesso, enfim. Eles também concluíram que o problema não poderia ser do corpo docente. Na grande maioria eram professores fundadores, com 30 ou até 40 anos de experiência. Foram eles que projetaram o nome da escola.

Então a corda arrebentou para o lado mais fraco. Concluíram que o problema estava com os alunos que criticavam muito, pediam mudanças sem necessidade. Eles achavam que se mudava com prudência. As mudanças tinham que ocorrer devagar, sem sobressaltos. Os alunos reclamavam dos professores que usavam métodos combatidos pela moderna pedagogia. Eles se consideravam o centro do saber. O aluno tinha que responder como dado em sala de aula, não tinha que questionar o professor e ai de quem tentasse, a reprovação estava garantida. Os alunos se queixavam também do coorporativismo. Não adiante recorrer às instâncias superiores caso um aluno se sinta injustiçado por uma decisão do profesor ou correção de prova. A posição do professor era sempre mantida. Aquilo era uma panelinha.

Na segunda avaliação do MEC, o resultado foi ainda pior. A direção da Escola contratou uma empresa de consultoria. Depois de muito estudo, essa empresa recomendou a demissão de professores que não sabiam usar computador, não possuíam pelo menos mestrado e aqueles que não publicavam nada. Normalmente, são professores que não demonstram nenhum interesse em aperfeiçoamento pessoal.

Quando a universidade fez o levantamento dos professores nessa situação, para a sua surpresa, a sorte, a sorte não a realidade mesmo, recaiu sobre os companheiros de longa data. E agora, que decisão tomar? A instituição só tinha duas saídas: ou manter esses companheiros, que agora são verdadeiras pedras no sapato, e a universidade vai a nocaute e afundam todos ou dá uma virada dispensando-os e a instituição sobrevive.

A direção, sabiamente, optou pelo caminho doloroso. Doloroso porque chegar ao companheiro de 35 anos, que ficou acomodado e desligado, e dizer-lhe: olha, agradecemos sua contribuição, mas agora não dá mais para você permanecer em nossa instituição, não é fácil. Os demitidos acharam que foram traídos pela instituição, choraram, espernearam, mas saíram. Eles não deram conta de que, de um ou de outro jeito iriam afundar mesmo.

No ano seguinte, a Universidade contratou professores novos, da era de informática, com boa titulação, com publicações nos melhores periódicos do mundo. Professores que cultivaram amizade com os alunos. Verdadeiros líderes, com capacidade de auto-motivação. Dessa forma eles conseguiram motivação de seus liderados. Professores que buscam a cada dia excelência em tudo fazem. Tratam a todos por igual. Eles criaram grupos de discussões "online". O aluno tem alguma dúvida? De onde estiver, liga o computador acessa o grupo de discussão apresenta a dúvida, normalmente algum colega ou mesmo o professor tira a dúvida na mesma hora. Os resultados não demoraram. Na terceira avaliação do MEC, a escola deu a volta por cima.

A universidade estendeu essas mudanças a todos servidores. Ela entendeu que a eficiência de uma instituição não depende da quantidade, nem do sentimentalismo histórico, mas da qualidade de servidores. Jogaram o fardo fora. A vida dos alunos ficou mais fácil e não mais difícil. Documentos que, na secretaria, antes levavam uma semana para serem obtidos, passaram para um ou dois minutos. A vida ficou mais fácil para todos. Lia-se num dos parágrafos do ditorial para comemorar o resultado da avaliação do MEC foi: "Não adianta levar a vida carregando fardos". A última informação que recebi dava conta que alguns profesores foram readmitidos porque não curzaram os braços. Voltaram para os bancos das escolas para fazer mestrados, MBA (Master of business Administration) e doutorados. Um desses professores demitidos foi meu colega.

Assinado por Feliciano J.R. Cangüe

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Evolucionismo: o início da ignorância


Nelo de Carvalho é uma pessoa que ganhou minha admiração e até respeito. São poucas as pessoas do MPLA que têm liberdade de opinar sobre diversos assuntos sem a benção do “politburo”. Podemos contar nos dedos o número de pessoas que fazem isso. Ele tem muitas idéias e aproveita a oportunidade para externá-las.
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Eu me orgulho dele por estarmos na mesma caminhada e dividirmos o mesmo espaço para exposição e discussão de idéias. Ele e os demais companheiros estamos fazendo a história juntos. Não interessa o lado para onde o indivíduo puxa a brasa. No caso dele é bem desafiador. Fazer doutorado e ser formador de opinião não é nada fácil. Basta ver que, nem aqueles que têm tempo sobrando, poucos dão a cara, quem sabe, a espera de um “empregozinho”.

Em resumo, Nelo é um grande intelectual e o país deve investir nele, principalmente por ser apaixonado por este governo que aí está. Não creio que o fato de algumas vezes mudar de posição, como se fosse um pêndulo, ora fala bem do governo, ora hum... faz golo-contra, dependendo da fase da lua, não atrapalhe essa pretensão.

Contudo, o que não podemos mesmo admitir é a falta de respeito que muitas vezes trata certas pessoas. Em seu artigo intitulado “O fim da ignorância versus criacionismo
”, ele foi muito longe, ao debochar de Deus chegando até a escrever Seu nome com letra minúscula. É grotesco. É blasfêmia. É a pós-graduação da falta de respeito.

Primeiro começou chamando Jonas Savimbi de “burro”. Lembram? Na cultura angolana nunca se fala mal da pessoa que não pode se defender. O indivíduo morreu ou não fale nada dele ou fale apenas aspectos positivos. O verdadeiro angolano, tira o chapéu, fica em posição de sentido quando passa o cortejo fúnebre. Porém, os motoristas ignorantes e estúpidos fazem ultrapassagens costurando entre os carros do cortejo. Outro dia falou mal de Nito Alves, de Nzita Tiago (este pelo menos pode se defender) e a lista não termina.

Eu até gostei do artigo dele intitulado "
Nosso presente e futuro” principlamente quando escreveu: “Ninguém merece o bando de políticos que pairam sobre nossas vidas e que persistem em perpetuar a realidade existente. Eles são péssimos, em toda sua escala...”. Muitos chegaram a afirmar de que a bolsa estava atrasada.

A partir de um determinado momento começou a implicarcom meus meus artigos. Esse é o caso do artigo “Síndrome de Estocolmo faz vítimas em Angola” e outros. Vem me dando alguns golpes baixos, mas eu nunca liguei muito. É, aqui é assim. Ficar com um olho no peixe que assa e outro no gato. Curioso é que não cita meu meu nome Eram faltas que mereciam cartão amarelo.

Recentemente, no meu blog, eu reproduzi duas matérias: “
Graças a Deus - e não a Darwin” e “Cientistas que criam em Deus”. Não perdeu tempo e deu uma cutucada, coicidência ou não, para afirmar que Darwin, "orgulhosamente" matou Deus e que o criacionismo é indefensável. E continuou com seu discurso: "E provou (Darwin) de maneira sábia e elegante que a memoria de deus deveria ser varrida, e que a humanidade não deve nada a esse". Para não perder a pose escreveu mais: "Nos últimos anos surgiu ou tem surgido o que, burramente, se tem chamado como a teoria do criacionismo."
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Cada um deve ser feliz com suas escolhas. Eu sou criacionista e sou feliz. Isso, todavia, não me credencia a faltar respeito aos evolucionistas. Eu sou criacionista convicto “com muito orgulho e com muito amor” e não me envergonho de defender publicamente esta opção e não é difícil entendê-la. Argumentos é que não faltam para sustentar essa realidade.

As evidências estão aí. Até uma formiguinha percebe isso. Ela sabe a época certa para armazenar alimento. O nascer e o pôr do sol, estações de chuvas, de frio, mostram que existe uma ordem, uma harmonia que segue a regência de uma mão invisível. O movimento dos planetas. A natureza testifica isso.

Essa harmonia contraria a segunda lei da termodinâmica que afirma: “a entropia (desordem) total de um sistema fechado sempre aumenta”. Num bom português, essa lei afirma que o indivíduo passa a manhã inteira para arrumar os livros na estante, ou limpar a casa, mas a desarruma ou a suja em poucos minutos. E o mundo continua arrumado. Os planetas, em suas órbitras nã atrasam nem adiantam um só miléssimo de segundo.Tudo em ordem, embora o universo não seja estático. Isso é obra do Darwin? Os elementos químicos estão ordenados. Outros fenômenos podem ser colocados em sistemas de classificação, por exemplo, classes taxonômicas (Reino, classe, ordem, família, gênero e espécie). Os elementos mudarão de posição em função do processo evolutivo? Até hoje, gato continua gato. Quando será que o gato passará a ser cachorro?

Tudo teve seu início. "No princípio criou Deus os céus e a terra.". E o Elohim disse: "Façamos Charles Darwin à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança.". No entanto, Darwin, o “deus” (com letra minúscula porque, só existe Um, com letra maiúscula) considerado como um dos maiores gênios por muitos, usando a inteligência que Jahweh lhe concedeu, arrogantemente, melou a Água viva, se opondo francamente ao relato bíblico da criação. Assim, muitos pressupõem que golpeou a fundação e com isso demoliu o edifício criacionista. Puro engano.

É isso que quer Satã e seus adeptos, que acreditam que "a matéria é auto-existente e incriada". Darwin, não matou o El Shaday, que criou o universo por meio de uma palavra imperativa e não dependeu de uma pré-existente.

Alguém sabe onde fica o túmulo de Deus? Lírio dos vales é imortal. A propósito, onde está Darwin, sujeito infeliz? Na Abadia de Westminster? Pois é, o nosso Deus, o Adonai, o Todo Poderoso, o Jeová Jireh que controla o universo, até os ateus, onipresente, onisciente, onipotente, o insubstituível, vive e está em seu trono majestoso.

Debater criacionismo e evolucionismo, na verdade, toca os nervos mais profundos dos nossos conceitos éticos, morais, sociais e religiosos. Senão vejamos. Ninguém presenciou a criação do mundo nem a evolução dos coacervados. Tudo é uma questão de fé, tanto acreditar no criacionismo, que não surgiu agora, quanto no evolucionismo, que surgiu acefalamente há poucos anos (1859) e ainda quer se impor de maneira fogosa.

A moderna teoria evolucionista é antagônica aos ensinamentos bíblicos. Logo, um dos ensinamentos está errado. Pior, a Bíblia não oferece espaço para a evolução teísta, ou outras teorias que buscam integrar um longo processo evolucionário à obra de Deus ao criar a vida na Terra, especialmente a vida humana. E agora?

Cientificamente, é impossível provar tanto o criacionismo quanto o evolucionismo. A essência do modelo científico é a observação e repetição. Levaria um tempo infinito se tentássemos reproduzir a experiência a partir da matéria feita por Deus.

A confusão toda começou no século. Depois da “era das trevas” surgiu o iluminismo que exaltava a razão humana. Durante muito tempo o poder religioso sufocou, perseguiu e tolheu o desenvolvimento científico. Com o iluminismo muitas outras filosofias também surgiram: evolucionismo (se baseia na matéria pré-existente e não explica a origem dessa matéria), espiritismo, racionalismo, naturalismo e outras. Era natural que se posicionassem contra a igreja. Como alguém poderia acreditar num poder religioso que em nome de Deus perseguiu, foi intolerante, que censurou?

Então, com essas filosofias, emergiu o método histórico-crítico, um método de interpretação da Bíblia. Esse método pressupõe que a Bíblia é como um livro qualquer. Assim, ela devia ser investigada como qualquer outro livro. O método mais adequado para se estudar gênesis e outros livros bíblicos é o método gramático-histórico.

Para aqueles que acreditam em Deus, Rosa de Saron, que não abandona ninguém à sua sorte, temos a Sua palavra, na Bíblia Sagrada estão revelados os principais mistérios. As origens do universo, do mundo e da vida estão muito bem contadas. Por exemplo, ela afirma: "Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de Sua boca. Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo surgiu" (Salmo 33:6 e 9).

Agora surge uma dúvida. E para a pessoa que não acredita na Bíblia? Como podemos ter certeza de que a Bíblia é a palavra de Deus poderoso e misericordioso? Deus, criador amoroso, inspirou homens para que a escrevessem ou homens espertos a escreveram? E se Deus criou todo universo, afinal de onde Ele vem?

O espaço aqui não permite uma discussão mais aprofundada. Mas há vários argumentos que provam a existência de Deus. Por exemplo, em todas as épocas, em todas as civilizações, em todos os povos sempre houve uma ordem moral e propósitos que só podem ser explicados na suposição da existência de Deus. Outro, a Bíblia foi escrita por diversos autores (cerca de 40 autores), que viveram em épocas e lugares diferentes (sem internet), no intervalo de tempo de 1200 anos, e seus escritos não se contradizem. Antes pelo contrário, se completam. Um autor começa a contar a história outro a termina. Isso determina a confiabilidade de que esses autores foram guiados por um único autor divino.

Em relação à procedência de Deus, o “Eu Sou”, a Bíblia deixa claro que está fora do alcance do tempo. Ele é eterno. Mas podemos provar a sua existência e reconhecer a inteligência deste ser invisível. Olhemos para estes dados interessantes. Segundo os conhecimentos científicos, já de domínio público, no cosmo há 25 quintilhões de estrelas que convertem hidrogênio em hélio. Toneladas e toneladas são convertidas. Só o sol converte 564 milhões de hidrogênio em 560 milhões toneladas de hélio, a cada segundo que passa. Acredite, apenas 2% de hidrogênio original foi consumido. Isso é uma obra do acaso? Há uma causa primeira de todas as coisas. Vamos deixar os números para lá. Eu não sei como obtiveram esses dados. Vamos para coisas mais simples.

Para todo efeito, deve haver uma causa. Para cada relógio, que funciona regularmente, não atrasa nenhum segundo, deve exitir um relojoeiro ou seu fabricante. Alguém, por ventura já viu vento? No entanto, vemos e sentimos os seus efeitos. Alguém já viu a história? No entanto, acreditamos, pela fé, de certos eventos. Isso não é fé cega.

Uma das grandes evidências de que a Bíblia é a palavra de Deus é o estudo de profecias e ver como elas se cumpriram ou estão se cumprindo. Um exemplo analisar o sonho da Estátua de Nabucodonosor. Como os evolucionistas explicariam o fato de estar ocorrendo evolução e as leis da natureza serem constantes? Por outro lado, sabe-se que o universo não é estático. Isso argumenta em favor de uma causa onipotente. Se a origem do homem é a mesma, como explicar o surgimento de tantas línguas senão aceitam o relato bíblico da torre de Babel?
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Temos também as evidências do dilúvio muito bem descrito pela Bíblia. Os leitos de mamíferos fósseis ou cemitéiros de dinossauros que vira e mexe os arqueólogos encontram, são evidências do dilúvio. Esses cemitérios ocorreram devido a um fenômeno instantâneo que consumiu os animais. É um evento catastrófico e não acontecimentos uniformes e contínuo. Depósitos fósseis requerm sepultamento rápido porque senão as ossadas sofrem erosão e deterioração bacteriológica e desgastes pela ação dos agentes atmosféricos e outros procesos. Além disso, quando se estuda as rochas ígneas, metamórficas, sedimentares denunciam um processo rápido de formação.

A formação de depósitos de coque (carvão mineral) mostra também uma formação rápida. O fenômeno de transporte e depósito de sedimentos depende de vários fatores como: velocidade de fluxo, direção de fluxo, volume de fluxo, profundidade, inclinação, temperaturas etc. Isso explica, por exemplo, poços de petróleo formados da decomposição de pequenos animais marinhos, plâncton e vegetação típica de regiões alagadiças. A formação do petróleo depõe contra o uniformitarismo. Vale aqui salientar que o criacionismo reconhece que o homem não começou a viver em prédios. Viveu em cavernas, usou a pedra. A partir desse modo de vida chegou até o estilo de vida que estamos vendo hoje. Isso, porém não é evolução. Deu a volta por cima: é "revolução".

É bom informar aqui, aos que não sabem que Deus, o Rei dos reis, não é algo que possamos estudar no Laboratório de Apóio Tecnológico e ser incorporado no patrimônio da sabedoria. Deus, O Desejado entre as nações, não é um objeto da ciência, não é Darwin nem Karl Marx. Assim, a teoria da evolução, deveriam ser extirpada, varrida, excomungada das carteiras escolares porque os alunos correm riscos de perder suas vidas eternamente. É um crime super-hediondo elevado ao quadrado, ou melhor, ao infinito.

Os países que deram um jeitinho e largaram o plano original (criacionista), hoje estão atolados nas ditaduras. Prendem jornalistas e suprimem os direitos dos cidadãos. Sem graça. Tiraram Deus das escolas, agora estão a sucumbir. O adestramento, o doutrinamento evolucionista tem levado crianças a agir como animais irracionais, seguindo cegamente líderes ditadores.

No Brasil, segundo um artigo publicado pela revista “Isto é” intitulada “Graças a Deus – e não a Darwin”, colégios que ensinam a verdade, que não ensinam macacadas, estão em franca ascensão. Seus alunos estão a ser muito abençoados. Têm experimentados grandes progressos. É bom enfatizar que nas escolas criacionistas também se ensina o evolucionismo, só que esses alunos, inteligentemente, não aceitam essa teoria. A evolução da ignorância. Enquanto isso, muitos evolucionistas, os néscios, vivem somente para cumprir o ciclo da vida.

Há livros criacionistas que são científicos. Tem mais, foi provado que o criacionismo estimula o verdadeiro raciocínio por parte do aluno. É coerente aos pensamentos inatos e experiências diárias das crianças. Meninos criacionistas sentem a presença de Deus. Louvam a Deus na beleza de sua santidade. São autodidatas. São meninos com desempenho e disposição para aprender e a inovar. Apresentam idéias inovadoras, são pró-ativos. São empreendedores. Assumem seus próprios empregos. Têm auto-estima elevada. Respeitam seus corpos, porque entendem ser o “tempo do espírito Santo”.


Qualquer ser humano pode ser cientista e criacionista. Entre os grandes cientistas que a humanidade conheceu que criam em Deus posso citar: Isaac Newton, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Louis Pasteur, Nicolau Copérnico, Blaise Pascal, Robert Boyle, Galileu Galilei, Geórgias Agrícola, Johannes Kepler, Francis Bacon, René Descartes, Max Planck, Michael Faraday Gottfried Wilhelm Leibnitz até o Johann Gregor Mendel. Hoje, Mesmo doutrinado no evolucionismo muitos cientistas e qualificados tornaram-se criacionistas.


Em Angola, há poucos dias, um dirigente do MPLA, se não me falha a memória foi o deputado Roberto de Almeida, que disse recentemente que o MPLA lutou por dois objetivos (libertação e depois o desenvolvimento), veio a público e reconheceu a contribuição do ensino religioso na formação de jovens de sua geração.

Ele não reclamou da ausência de Darwin. Quando digo formação, é formação mesmo. É o desenvolvimento harmônico de todas faculdades mentais, espirituais sociais; mais extamente, formação moral, cívica, religiosa, princípios de saúde, higiene, científica e outros conteúdos curriculares. O indivíduo saia de lá com formação completa. Se olharmos nos "mais velhos" que estudaram nos internatos, colégios e instituições religiosas sabem respeitar pessoas. Vai cumprimentar alguém, levanta o chapéu, abaixa a cabeça. A juventude era bem mais comportada. Basta ver, por exemplo, o número de divórcios de nossos pais, praticamente zero. Hoje, até o próprio Nelo já está divorciado! Estão vendo? Darwin não é a solução, graças a Deus.

Se o mundo está em crise, é porque o homem se afastou de Deus. Ele nos deu livre arbítrio. Ele é amor. Ele respeita a decisão de cada um. Deus não prende nem mata ninguém que discorde Dele. E tem graça que o soberano obreiro deste universo bem poderia.

Se o Senhor da nossa nação fosse Deus, primeiro é que a nação seria feliz. Seria feliz porque não teria outro “deus”. Ninguém furtaria nem roubaria porque está escrito na palavra de Deus que não pode. Ninguém tiraria o leite da mesa de crianças pobres. Ninguém se apoderaria de milhões e milhões de dólares, que em vida não usará, enquanto seus contemporâneos não conseguem um simples "paozinho". Ninguém mandaria matar ninguém. Ninguém se consideraria insubstituível, porque em seu trabalho, Deus nuca chamou pessoas capacitas, mas ele os capacita. As pessoas se respeitariam mais. Nelo nem precisaria escrever aquele brilhante artigo “Nosso presente e futuro”.

Assim, é crime ensinar mentiras nas crianças. É tão crime quanto desviar dinheiro público que provêm do petróleo, cujos carbonetos foram formados no dilúvio, e depois procurar igreja para realizar casamento e oferecer banquetes. Seria tão bom numa daquelas festas que com freqüência ocorrem por ai, aparecesse a escritura: Mene Mene Tequel Ufarsin. Oh, mão invisível, apareça!.

Eu tenho que parar, antes que alguém reclame de que escrevi muito. Mas vou orar muito para Deus transforme Nelo de Saulo para Paulo. Para breve, espero que venha estar do nosso lado. Que Deus lhe abençoe e lhe ilumine. Ah... Deus ama ao Nelo porque ele é o ser mais precioso que existe nesta face da terra.

(Nota: Ah, em certos aspectos, a visão criacionista ganha outros contornos para os politeístas, panteístas, deistas, espíritas, budistas, confucionistas, taoístas, hindus, animistas, nazistas, humanistas que normalmente se baseiam numa forma de evolução. AIgreja Católica Romana, oficialmente endossa a evolução teísta ( evolução dirigida para um alvo ou de acordo com leis físicas ou emergentes ou criativas ou outros). Eu acredito que a nossa terra foi criada bem quando Deus criou os céus e a terra. Por muitos anos ela ficou abandonada “sem forma e vazia, sem plantas e sem vida”, até que com a entrada do pecado e a queda de Lucífer, o Senhor Deus resolveu dar vida a esta terra, com o “haja luz” e todo aquele processo relatado no livro de gênesis, com sua descrição clara e inequívoca de seis dias literais de 24 horas para a criação e descanso no Sétimo Dia. Depois Deus deu à humanidade "domínio" sobre a terra e disse que a "ciência se multiplicaria". Em relação às catástrofes naturais que normalmente ocorrem, por que elas ocorrem, está muito bem explicado na Bíblia e como ocorrem e seus modelos matemáticos, isso a ciência explica, ou seja, ciência e religião se complementam).
Referência:
Henry M. Moris; Scientific Creation. Institute for Creation Research, San Diego, California, 1974.
Publicado no Portal Club-k.net

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Como proteger as crianças do abuso


“Pai, de 31 anos de idade, é condenado por ter mantido relações sexuais com a própria filha de 10 anos de idade, em Luanda”. “Cidadão de 30 anos viola menor de 11 anos em Saurimo”. “Jovem de 19 anos de idade é condenado, em Luanda, por engravidar a prima de 9 anos”. “Aos 12 anos, no Cazenga, uma menina fez o seu primeiro aborto. Ela foi engravidada pelo seu próprio pai, que a abusava sexualmente desde os 8 anos de idade”. “Criança angolana, de 8 anos, acusada de ser bruxa é torturada durante meses em Londres pela tia e dois amigos”. Isso até poderia ser minha invenção só para chamar a sua atenção. Mas, infelizmente, são violências que aconteceram e amplamente noticiadas pela grande mídia.

Estamos vivendo em tempos difíceis. Notícias como essas entristecem qualquer ser humano normal. O lar, local que deveria existir flores, agora é também um local de espinhos. É a infância sendo violentada. A violência infantil, usualmente é assunto ocultado, que fica restrito às quatro paredes de lares, escolas e igrejas. Praticar violência contra uma criança é crime.

As crianças abusadas dificilmente serão aquilo que deveriam ser na fase adulta. O abuso impede um desenvolvimento sadio tanto da personalidade como da sexualidade. A vergonha, a culpa e medo são sensações que as acompanharão, pelo menos se não buscarem ajuda psicológica. Mais tarde, no caso do abuso ocorrer em crianças, principalemente de sexo masculino, o desenvolvimento inadequado leva o indivíduo a se tornar também um abusador.

A evidência estatística indica que as proporções epidêmicas e a extensão global do abuso e da violência na família são crescentes. Pelo menos 95% das vítimas de abuso na família são mulheres. No Brasil, 100 crianças morrem por dia vítimas de maus-tratos, mais especificamente por negligência, violência física, abuso sexual e psicológico (Laboratório de Estudos da Criança/USP). Outros resultados de pesquisas mostram que, na internet, uma em cada 5 criança entre 10 a 17 anos já recebeu algum tipo de assédio sexual. Uma em cada 33 já recebeu uma solicitação sexual onde o abusador marcou um encontro pessoal em algum lugar, fez contato telefônico e/ou enviou alguma carta, presente ou até dinheiro e uma em cada 4 foi exposta, sem querer, a algum tipo de material sexual.

A sociedade não deve se calar. Precisa denunciar para que sejam punidos esses canalhas, para que se minore o sofrimento desses seres. Para tal, é fundamental que se saiba identificar alguns sintomas apresentados por crianças submetidas a essas humilhações.

Os abusos podem ser físicos. Nesse caso envolve a agressão, sacudir ou dar palmadas, queimar ou escaldar, chutar ou sufocar. Por negligência, que envolve o abandono, recusa em buscar tratamento para uma doença, supervisão inadequada, riscos à saúde dentro de casa, indiferença para com a necessidade da criança, nutrição emocional inadequada, recusa em procurar escola para a criança.

Além desses, vem também o abuso emocional que envolve o confinamento estrito, como num guarda-roupa (guarda-fato), educação inadequada, disciplina exagerada, permissão consciente para ingerir álcool ou drogas e situações ridículas. E, finalmente, abuso sexual que envolve contato sexual entre uma criança ou adolescente e um adulto ou pessoa significativamente mais velha e poderosa. Em alguns casos, o adulto obriga a criança a tocar-lhe os genitais, ou ele mesmo toca a genitália ou outras partes do corpo da criança. Há casos em que a criança é obrigada a tirar a roupa na presença do adulto, obrigar a criança a masturbar um adulto, ou presenciar o ato de masturbação, obrigar a assistir a um filme pornográfico, tirar fotos de criança nua, enfim.

As principais manifestações de uma criança exposta a essas desventuras, em termos gerais são facilmente perceptíveis. Apresenta um grave senso de perda, baixa estima própria, incapacidade de desabafar, ansiedade, vergonha, raiva e culpa. Na juventude, pode apresentar tonturas, desmaios, depressão, dificuldades para se relacionar, muita tristeza e culpa. A culpa nesse caso, normalmente, é por ter guardado silêncio ou por não ter feito nada para impedir o abuso. Muitos, infelizmente, se entregam à promiscuidade sexual, tentam o suicídio, perdem confiança na figura masculina ou feminina e não têm sucesso no que fazem.

Também, muitas vezes tornam-se emocionalmente frio(as) e distantes, para que ninguém saiba do problema, por terem sido traídas pelas pessoas tão próxima, e para manterem em sigilo o que consideram o horrível segredo de suas vidas.

Pode-se ainda acrescentar outros sintomas. Temor excessivo de ficar sozinha em casa, conhecimento ou interesse sexual por temas específicos, mudança notável de comportamento e rendimento escolar, relutância em voltar para casa, urina freqüente na cama, depressão e regressão a um comportamento muito infantil, distúrbios do sono e do apetite, falta de cuidade com a aparência ou necessidade exagerada de asseio, posse
de dinheiro sem explicação alguma, mudanças bruscas de comportamento, preocupação exagerada com crianças menores, negar-se a ficar sozinha com uma pessoa da família em particular, medo do escuro e choro freqüente sem razão visível.

Os indícios físicos de uma criança que está sendo abusada também são fáceis de serem percebidos: irritação inusitada na vagina ou ânus, dor no abdômen e infecções freqüentes na área vaginal ou anal, machucados que não podem ser explicados.

Os agressores, no entanto, provêm de todos os grupos e meios sociais, e têm todos os tipos de personalidade. Normalmente o perfil do abusador é o seguinte: usuário de drogas ou álcool, víciado em pornografia, gosto pelo isolamento e história de abuso sexual quando criança. Só enxerga as mulheres como uma propriedade ou como objeto sexual, tem baixa auto-estima e sente-se impotente e ineficaz no mundo. Ele pode aparentar ser vencedor, mas dentro dele mesmo sente-se derrotado; tem dificuldades em confiar nos outros e teme perder o controle.

Ainda, o agressor acredita que sua angústia emocional é causada por fatores externos. Normalmente cresceu em uma família violenta. Pessoas que experimentaram violência ou testemunharam situações abusivas no lar quando crianças crescem aprendendo a ver a violência como um comportamento normal e aceitável. Normalmente têm acesso à armas de fogos, facas, ou instrumentos letais. Além disso, no caso de pai, é um dominante, mãe muito submissa, ingênua e dependente do marido. As crianças não têm permissão para brincar com amigos fora de casa. A situação é favorecida nos casos de relacionamento sexual do casal ser insastifatório.

O governo sozinho não pode resolver o problema. Infelizmente, muitas vezes a sociedade olha com desprezo a criança ou mulher que reclama da violência sofrida. Normalmente a criança não denuncia, por temor. O agressor ameaça bate-la. Ainda soma-se o temor pela vida ou sentimento de que o abuso foi merecido devido à sua postura ou maneira de se vestir. Nestes casos cabe à irmã mais velha, à professora, ou igreja que detecte os sintomas e comunique às autoridades. Deve também manter diariamente uma conversa com a vítima para saber como está, encorajar a vítima a buscar ajuda profissional e terapeutas especializados.

Dizem os especialista, não é difícil, expor tudo que acontece com a abusada. Ela deve ser animada a falar ou desenhar que mágoa ou o que a preocupa. Quando a criança encontrar alguém em quem confiar, o restante vai ser fácil. Se não receber ajuda, a pessoa abusada costuma ser vítima de novos abusadores.

As crianças precisam ser alertadas de que ninguém tem o direito de tocar as partes íntimas do seu corpo, a menos que estejam doentes. Elas devem ser estimuladas a contar a seus pais, à professora ou outro adulto sempre que algum adulto lhes pedir que guardem segredo de um ato ou lhes faça comentários tolos sobre sexo, mostrar figuras pornográficas ou fazer gestos obscenos. Elas não devem permitir que um adulto tire fotografia delas, parcial ou totalmente despidas. Nunca devem abrir a porta quando estiverem sós. Elas devem contar aos pais sempre que alguém lhes oferecer presente ou dinheiro. Elas nunca devem dizer ao telefone que estão sozinhas em casa. Nunca devem entrar em casa ou carro de alguém sem prévia autorização verbal dos pais. Elas devem saber usar o telefone de emergência. Toda criança deve conhecer as três regras de “segurança e sobrevivência” para a prevenção do abuso: Dizer NÃO!. Afastar-se imediatamente e contar a alguém! Ah! não ignore qualquer alerta da criança sobre a possibilidade de estar sendo assediada por um adulto, mesmo que o acusado seja a pessoa que você tanto admira. Não tente negar essa possibilidade. A criança não inventa.. O futuro feliz das crianças depende disso.

Referências:

No Brasil, a Igreja Adventista do Sétimo Dia vem empreendendo uma cruzada de conscientização e combate à violência e ao abuso em todas as suas formas com a distribuição da revista intitulada “Quebrando o silêncio: dizendo não à violência”, de onde foi retirada, de forma resumida, esta matéria. A autoria das matérias são de Antonio Estrada (Doutor): Violência sexual; Nelia D. Oliveira: Ajudando a vítima de abuso. Sueli Ferreira de Oliveira: A infância violentada. Odiléia Lindquist (Pedagoga): Quem cala consente e outros colaboradores. O material está disponível em: http://www.quebrandoosilencio.com.br/ Acesso (22 de Outuubro de 2007).
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Pode ser lido também na REVISTAKUIA.COM
Reproduzido pelo blog Muestrário

Renovar é preciso

O atual governo se gaba pelo bom momento econômico que o país vive. Mas se isso não estivesse acontecendo seria preocupante porque, no mundo inteiro, as economias estão em franca ascensão. O que deveria mesmo preocupar qualquer angolano é ver um governo voltado, somente, para a realização de obras. Também é importante. Mas, está esquecendo investir na educação e na formação de lideranças jovens. Formar liderança não significa oferecer ao cidadão o curso superior ou cursos de pós-graduação de depois colocá-lo na arquibancada para assistir ao jogo.

É próprio da natureza humana que, depois de certa idade, as pessoas tendem a ser mais conservadoras. Daí a importância de mesclar a experiência com a ousadia. Não basta crer que o mundo irá melhorar se o agente transformador estiver na arquibancada.

Se alguém lhe fizer a seguinte pergunta: quais serão os cidadãos que irão protagonizar a cena política em 2015? Qual seria a sua resposta? Ou poderia fazer outra pergunta: quantos políticos jovens foram revelados nos últimos 10 anos? Se essa mesma pergunta for feita a qualquer cidadão brasileiro, prontamente poderá apontar o jovem governador de Minas Gerais, o Aécio Neves, o prefeito de Curitiba, Beto Richa, o Deputado Federal António Carlos Magalhães Neto, Prefeito de São Paulo, o Gilberto Kassab, assim por diante.

A política é um jogo futebol. Um campeonato se faz com a participação de muitas equipes. Vence sempre o melhor. Não o campeão que organiza o torneio e só o faz quando tem certeza que voltará a ganhá-lo, mas uma federação, independente e com poderes. Toda temperada, novos talentos precisam ser revelados e outros precisam deixar as quatro linhas, mesmo contra sua vontade. O que seria do Brasil se até hoje só tivesse Pelé jogando com a camisa 10 da seleção brasileira? Pelé saiu de cena, mas não perdeu majestade. Ninguém fez lembrar ao Edson Arantes do Nascimento de que estava na hora de parar de jogar. Usou o bom senso, mesmo que seus colegas do Santos pedissem para continuar. Ele já perdeu o números de vezes que venceu o "Prémio Mo Ibrahim" de bom jogador.

Em 1982, na copa da Espanha, o Brasil montou uma das seleções mais lembradas até hoje: Falcão, Sócrates, Zico, Paulo Isidoro, Toninho Cerezo e outros. O país não cruzou os braços. Novos talentos foram revelados. Entre eles o jovem chamado Dunga, o capitão do tetra nos Estados Unidos. Hoje é técnico da seleção canarinho. Isso para não falar de Romário, que ontem foi investido como técnico do Vasco da Gama, Rivaldo, Ronaldinhos, Robinho e Kaká. O Brasil deve ser o único país que pode formar 10 seleções e a décima ainda consegue manter o mesmo desempenho da primeira.

Não sei o que seria se a seleção angolana de Futebol ainda fosse composta pelos seguintes jogadores: Napoleão, André, Garcia, Fusso, Daniel, Ndunguidi, Bavi, Jesus, Eduardo Machado, Ndongala, Vissy etc.

A relutância em injetar sangue novo na liderança do país talvez justifique a lengalenga, ou melhor, molengalenga para as mudanças. O país levou cinco anos para preparar a eleição. Agora os organizadores e também jogadores estão a reafirmar, mesmo timidamente, que as legislativas devem ocorrer no próximo ano. Daqui a cinco meses, provavelmente anunciarão a data. As presidenciais, é bom esquecer. Os partidos terão tempo hábil para atender a toda logística que uma eleição dessa magnitude exige, se as eleições foram anunciadas dois meses antes de sua realização?

Há países pobres em recursos naturais, mas pelo fato de aproveitarem bem seus recursos humanos, hoje são verdadeiros impérios. Os velhos não olham somente para si próprios. Olham para o bem da nação. Normalmente são países democráticos. Os melhores grupos são os que estão no poder. Seus dirigentes não são protegidos pela absoluta ignorância do povo. A democracia não é usada para a perpetuação no poder de muitos velhacos. Nesses casos, a participação da juventude revitaliza e dá outra dinâmica nos processos de mudanças.

Regimes autoritários, no entanto, conforme mostra a história, não suportam lideranças juniores. Não querem correr o risco de o jovem dirigente chegar perto da fronteira de ignorância dos “mais velhos”.

Um caso que começa a preocupar, atualmente, é a Venezuela. Anteontem, o congresso venezuelano votou pela possibilidade de reeleições múltiplas de Hugo Chaves, que há pouco tempo visitou Luanda. Foi Chaves que certa vez chamou Bush de “El Diablo” em plena Assembléia Geral das Nações Unidas. Não irá demorar muito para que Chaves, que com freqüência visita o comandante Fidel Castro, em Cuba, se transforme em candidato natural e insubstituível a todas as eleições daquele país sul-americano. Com tanto tempo que deverá ficar no poder, é muito provável que venha, se vier, a ser substituído pelo seu filho, seu irmão ou esposa como normalmente acontece nesses casos. O poder se transforma numa herança familiar.

A imprensa de lá já está a deixar de ser livre. Há plano secreto para asfixiar a imprensa a imprensa privada. Chaves não tolera crítica. O que impressiona é o fato de Chaves, com freqüência, se encontrar com o corintiano Lula, presidente brasileiro, do PT (Partido dos Trabalhadores), também de escola socialista, mas do país que vive um cenário de plenitude democrática,. Não adianta, não aprende nada de democracia, nem mesmo preparar novas lideranças.

Isso é exemplo claro de que freqüentar estádios para assistir jogos, mesmo por vários anos, não faz ninguém de jogador, mas o exercício constante. Isso também não ocorre eternamente. Não adianta endireitar pau que nasce torto. Por isso que digo que inovar é preciso, ou melhor, renovar é preciso.
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ReproduzidoPelo Portal Club-k.net (Veja também comentários de leitores)
Reproduzido pelo blog Nuestrário

Por que meus artigos são extensos




"Mais velho, estes teus artigos "breves" fatigam e não têm piada nenhuma". "Texto bem grande...dá preguiça de ler. Serei sincero: não li até ao fim". "O professor Cangue pensa que este espaço é para dar aula de latim às pessoas". Essas foram algumas reações de leitores do club-k.net, sobre um de meus artigos.
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Tudo na vida tem um porquê. Os artigos assinados por Feliciano J.R. Cangüe são escritos por mim, o engenheiro, mas narrados por Feliciano J.R.Cangüe, um cidadão angolano, entre 22 a 25 anos, que está cursando o curso superior. Ele confabula com seu amigo da juventude, o Francisco Kuata Reis, da mesma idade, hoje de paradeiro incerto.
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Reis e Cangüe foram amigos por muito tempo. Foram grandes sonhadores. Na década de 80, para escaparem do serviço militar obrigatório, os dois ingressaram na Educação para lecionar. O Kuata Reis nomeado para cidade da Conda e o Cangüe para a cidade da Gabela (Amboim), cidade dos abacates, no Kuanza Sul.
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Todas as sextas-feiras, o Reis deslocava-se até Gabela. Lá os dois trocavam idéias sobre a vida. Analisavam as notícias veiculadas pelo jornal de Angola. Discutiam os Editoriais lidos por Francisco Simons no noticiário das 13 horas da Rádio Nacional, principalmente sobre os ataques da aviação sul-africana nas localidades de Ondjiva, Kahama, Xangongo etc. Discutiam também as veiculadas pela Rádio da África do Sul, que ia ao ar às 19h:30, pela Voz da América para África, rádio Alemanhã e, principalmente, a VORGAN.

Muitas vezes para a distração deles, liam matérias desportivas do JDM. Foi nessa época que conheceram grandes comunicadores como Graça Campos (isso ele mesmo). Uma das notícias mais comentaram foi a vitória do Desportivo da TAAG sobre D´Agosto, por dois a um, com golaços de Rola, em plena cidadela desportiva. O desporto local também entrava na ordem do dia: O Ara e Juventude da Gabela, Futebol Clube de Porto Amboim, e por que não falar do clássico entre as equipes dos Andorinhas e do Agro-Kilambas. O assunto que mais comentaram foi, sem dúvida, uma cena que ocorreu no jogo entre os Andorinhas e o Progresso de Sambizanga, no Sumbe, a contar para taça de Angola. Um dos jogadores do Progresso, era baixinho, ao marcar um gol, imprudentemente, ajoelhou-se bem em frente do jogador Salvador, vulgo Kakuti, dos Andorinhas. Este desferiu bem junto da região do olho esquerdo um pontapé que por um pouco não rachou a cabeça do Sambila ao meio. A política local também não fugia da agenda. Armando Dembo, comissário provincial, em visita a Quibala.

O sonho dos dois era sair de Angola, preferencialmente ir ao Brasil, para continuar seus estudos. Os encaminhamentos estavam difíceis. Nessa época, eles já tinham concluído a oitava classe. Não eram todas as sextas que o Reis conseguia viajar a Gabela, ou por falta de transporte ou para não chamar muito a atenção dos serviços de segurança. Nesses casos, a comunicação era feita através de cartas. Como as cartas eram enviadas ao portador e dizem os bons costumes que não se deve colar uma nessa situação, o recurso que utilizavam era fazer cartas extensas. Assim, se o tio, normalmente com segunda ou terceira classe resolvesse lê-la desistiria logo ao abri-la ou então se cansaria logo nos primeiros parágrafos. Normalmente é isso mesmo que acontece com pessoas que não têm muito costume de leitura.

Essa também era a maneira para neutralizar aqueles paramilitares da ODP (organização da defesa popular), que normalmente ficavam nos postos de controle, nas saídas e entradas das cidades. Eles adoravam pedir a "papel com foto". Procuravam ler tudo vissem: guia de marcha, mesmo de patas para o ar, B.I. (bilhete de identidade) que não era racista naquela época, até cartas de amor, isso caso não caísse nas mãos dos agentes da DISA (KGB angolana da época). A linguagem utilizada nas comunicações era coloquial, sem muito fomalismo: "eu me lembrei-me", mas com excesso de expressões no imperativo. Aquela linguagem de bons amigos. - "não acredite nisso". Passado algum tempo, entretanto, o jovem Cangüe foi transferido para o Sumbe, ficando mais próximo do CRM (Centro de recrutamento e mobilização) e afastando-se, naturalmente de seu amigo.

Mesmo com certas dificuldades, os encontros continuram a ocorrer. Houve uma semana em que o Reis deslocou-se até Sumbe. Foram dias de intensas discussões sobre Aristóteles e outros clássicos. Nos intervalos escutavam programas do emissor regional do Kuanza Sul, que por sinal eram bons programas. Pela manhã, o programa dirigido pelo mais velho Malaquias Chitunda. Voz que impunha respeito. Por volta das 12h:30 o noticiário local, dirigido por Neto Makandumba. Grande comunicador. Tinha também o programa do Nuno Leiria. Ainda do Sumbe, era possível acompanhar a programação do emissor regional do Lobito. Joaquim Viola ou o programa "Lobito cidade em marcha".

Num desses sábados ocorreu um jogo que ficou para a história dos dois. A vitória do Petro de Luanda sobre o Primeiro de Maio de Benguela por sete a seis, num sábado à noite. Aquilo mais parecia um jogo de Handebol. Aos domingos, se ligavam no programa "pio pió", até divertido e mais tarde surgiu os Kassulinhas da bola. Mas o melhor estava por vir: tarde desportiva. Acompanhar os jogos através das ondas do rádio, é muito sofrimento. Era golo de um lado golo do outro lado. De Benguela, Adão Gabriel; do Sumbe, Neto Makandumba; de Luanda Manuel Rabelais, Joaquim Gonçalves, Francisco Simons ou Mateus Gonçalves, o locutor preferido dos dois. Depois que os jogos terminavam, começava a angustiante resenha, ao som da música de Jean-Michel Jarret, um dos "fields". Era o domingão do rádio.

A primeira divisão, nessas épocas era animada pelas equipes como: Sassamba da lunda Sul, Welwitschia, Diabos Verdes, Sagrada Esperança, Desportivo da Chela, Ferroviário da Huila, Mambrôa, MCH do Uige, Acadêmica do Lobito, enfim.

Não demorou muito o Cangüe conseguiu a autorização para se ausentar do país para gozo de férias.(?!). A viagem às terras de José Sarney acabou separando os dois grandes amigos, embora por algum tempo mantivessem troca regular de correspondência.

Nessa época, o Brasil passava pelo processo de redemocratização. Foi curioso descobrir que uma das armas que os intelectuais brasileiros utilizaram para combater a ditadura militar é fazer textos extensos para cansar os "censores". Eles faziam censura prévia dos textos. Cansá-los mesmo. Dessa forma, ocorria caso interessantes. O livro era retirado de circulação depois de estar na segunda edição. É nesse momento que alguém se dava conta de um inconveniente contra o regime. Assim, escrever para um amigo desses não é possível ser preciso e lacônico.
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Artigo publicado no portal Club-k.net
Reproduzido pelo blog Muestrarios

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Carta aberta ao cidadão Paulo Tchipilica


Luanda - Membros da Comunidade internacional se juntaram para apoiar o manifesto que a nossa diáspora expressa ao cidadão Paulo Tchipilica sobre a prisão do Jornalista GRAÇA CAMPOS. A carta na integra é subcrítica por aqueles que sentem Angola no seu Coração.

Digníssimo Senhor,

A diáspora africana ligada ao Clube dos angolanos no exterior (Club-K) pensa que a paz não se faz com ódio. Consideramos que o espírito de vingança com que se processou o Jornalista GRAÇA CAMPOS foi um mau exemplo transmitido a nossa geração.

Somos a informar que recusamos seguir, um dia, este exemplo que para nos equivale um atentado ao processo de reconciliação nacional conquistado a custa do sangue dos nossos irmãos tombados na guerra feita pelos partidos que o digníssimo Senhor já serviu.

Sentimos-nos envergonhados porque estes procedimentos arrastam o nome da nossa pátria para as paginas da historia, ao lado de paises cujos regimes de ditadura eram marcados com praticas semelhantes.

Entre os que não nos enchem de orgulho e os que não nos envergonham, escolhemos a segunda opção. Decidimos dignificar o nosso sofrido povo ficando ao lado do Senhor GRAÇA CAMPOS a quem expressamos apoio total. Nos encorajamos a direcção do Semanário Angolense a manter-se fiel aos princípios que emanam o espírito patriótico do seu Director Geral.

Digníssimo Senhor,

A nossa comunidade esta mobilizada. Solicitamos, o mais rápido possível que indique-nos os dados bancários para que possamos ajudar a pagar os 250 mil dólares que irão sarar a honra do Digníssimo Senhor cobrada ao nosso compatriota. Esta é a forma justa que encontramos para dignificar todos aqueles servem a pátria com honra e que merecem o nosso reconhecimento.

Com alta consideração,
José Gama(Secretario Geral)
Clube dos angolanos no exterior info@club-k.net

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Subscrevem

- Associações africanas na diáspora
- União Angolana na Holanda Iniciativa Angolana Antimilitarista para os Direitos Humanos (I.A.A.D.H.e.V.) - Berlim
- Congresso de Estudantes e Comunidade angolana na África do Sul (C.E.C.A) – Pedro Seke
- Associação dos estudantes angolanos nos Marrocos- Benvindo Marcelino
- Fórum dos Estudantes Moçambicanos na Austrália
- Associação Afro-Latino Kultur

Instituições
Radio Xyame na Holanda – Director Nuno Esteves
Revista Gingao Cultural na Europa, Alemanha – Director Jorge Cristóvão “Kota Ngingas”
Produtora Musical Aliança Camponesa, Cidade do Cabo – Cavera C

Individualidades
Paulinha Costa Neto, Estudante na Alemanha
Osvaldo Rodrigues, Estudante na Holanda
Aristides Cabeche, Estudante Relações Internacionais
Jorge Eurico, Jornalista angolano/ Maputo
Orlando Castro, Jornalista/Portugal
Pedro Veloso, ativista angolano/Holanda
Silvio Bruno Kipipa, Holanda
Felizarda Mayomona, Holanda
Nelo de Carvalho, Doutorando no Brasil
Antonio Kituxi, África do Sul
Domingos Texeira, África do Sul
FRANCISCO CARDOSO MULEMESSA,RESIDENTE PAISES BAIXOS-HOLLANDA
Feliciano Cangue, Engenheiro, Brasil
Alberto Domingos, África do Sul
K. Anderson, Europa

Individualidades estrangeiras

Tanja Te Beek, Escritora Holandesa
Hans Fontein, Cidadão Holandês
Bart Zwart, Embaixador
Aidam Alcântara, Empresaria Afro –descendente/Brasil
Luciana Marques, Brasil
Andréia Freita, Brasil
Daniele Almeida. Brasil
Antonio Carlos Cunha, Brasil
Amanda Ferreira, Brasil
Carlos Antonio Augusto Sousa, Brasil
Samuel Mokuena, Membro da liga da juventude do ANC
Jhonathan Paul, África do Sul
George Akonke, África do Sul

Membros de Partidos junto a comunidade na diáspora
Liliana Tavares, Militante do MPLA na Suíça

Fonte: Club-k.net
Reproduzido pelo muestrarios

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Exemplo que vem de Benguela

Com a intenção de absorver novas tecnologias, há poucos dias, o governo provincial de Benguela firmou um protocolo de Intenção com a Universidade Federal do Paraná (Brasil) para a melhoria da saúde, retomada das atividades produtivas com o capital humano angolano e, destaca-se, a prestação de apoio técnico e administrativo para a criação da Universidade Pública de Benguela (UPB), entre outros.

Projetos como esse, com certeza, minimizam os problemas dos angolanos em vários domínios. Hoje, Angola investe rios e rios de dinheiro para formar angolanos fora do país. A idéia é até muito boa, mas os resultados deixam a desejar. Os nossos compatriotas, normalmente, encontram, nesses países, sistemas de educação completamente diferentes, mais apurados, mais sérios, mais eficientes e sem corrupção. Fora, não se faz a caixinha de natal ao professor. O nome do pai, nem interessa. Então, os filhos da Nzinga Mbandi ficam patinando o curso todo. Isso é problema nosso. Não acontece, por exemplo, com estudantes senegaleses, gaboneses e camaroneses. Ou eles têm um bom sistema de ensino ou um bom sistema de seleção ou então ambos.

No caso específico de alunos ao Brasil, aqueles que são encaminhados para as Universidades Federais (Universidades públicas), que preparam profissionais com perfil de “cientistas”, mais desafiante, nossos irmãos têm enormes dificuldades de lá saírem formados. Cursos como engenharia, quando se formam, por exemplo, levam, em média, 10 anos. É muito tempo para ficar fora da família. Sofre o aluno, os amigos e "os amores", a família e até o país. Além disso, esse tempo é suficiente para que o indivíduo constitua família e fixar residência (fora), não retornando mais para Angola. São três prejuízos.

Um aspecto que precisa ser também salientado. O valor das bolsas de estudo, para certos casos, é superior aos salários de professores universitários. Dessa maneira, seria mais econômico contratar 200 professores, no exterior, que podem beneficiar a mais de 2 mil angolanos. Se compararmos os valores de bolsas que países como São Tomé e Príncipe ou Guiné Bissau conferem a seus estudantes, em relação aos nossos, a diferença é abismal. Ironicamente, estudantes que recebem pouco dinheiro têm pouca diversão, a bolsa não atrasa e estudam mais e se formam mais rápido. Para confirmar os altos soldos dos angolanos, basta participar de uma festa. O angolano é facilmente identificado. Quase sempre, com aquele ar de superioridade, roupas de marcas caríssimas, fala alto, nunca se sabe se se trata de conversa, olimpíada de gritos ou de uma sessão de exorcismo, e festas que varrem a noite toda. Resquícios dos velhos tempos de “recolher obrigatório”.

Ainda, devido às falhas do nosso ensino de base, um outro fenômeno que normalmente é registrado é a dança de cursos, bem no rítmo da kizomba. Estudantes muitas vezes sem estratégias de estudo. Começam fazendo Engenharia. Ficam 3 anos cursando cadeiras do primeiro ano. Depois de algum tempo transferem-se para Administração. Em seguida, Filosofia e, finalmente, acabam fazendo Letras; isso quando não fazem curso superior de curta duração (dois anos) destinado a público específico ou então se transferem de Universidades Federais para Universidades particulares. As Universidades particulares, normalmente, têm foco no mercado de trabalho. Outros sem muito escrúpulo, fazem cursos técnicos e voltam se passando por técnicos superiores. Os sem vergonhas ficam 8 anos fazendo o curso, não são aprovados nas cadeiras do segundo ou terceiro ano, voltam e chegando em Angola exigem que os outros lhes chamem de "doutores".

Recentemente, o que tem mais atormentado os estudantes são jubilações por força de regimento de estudante de convênio. Se o estudante “chumbar” duas vezes, em vez de três, na mesma cadeira (disciplina) é extirpado da Universidade. Dançar duas vezes numa cadeira, para ciências exatas, é quase uma regra. Isso tem acontecido muito, infelizmente. Não podemos jogar a culpa somente nos estudantes. É tudo estrutural. Indivíduo aceita fazer engenharia ou Economia ou sei lá alguns cursos, só por uma questão de prestígio social ou porque a família quer, sem nenhuma base de Matemática, Física nem Química, aí fica difícil. Outros, no entanto, são enviados e esquecidos nesses locais. São depositados e espera-se que rendam juros. Isso pode ser agravado com os crônicos atrasos de bolsas que chegam até 6 meses (saudade do INABE). Dificilmente recebem visita de um “mais velho” para conhecer seus problemas in loco, mesmo que não os resolva. Só uma visita já elevaria o moral dos estudantes, como fez Bush quando visitou o Iraque, por exemplo.

O problema não termina aí. Com toda essa odisséia, para aqueles que com muita luta conseguem terminar e imbuídos de espírito patriótico resolvem regressar, a passagem de regeresso leva 5 meses para chegar e, quando chegam em Angola, com freqüência não conseguem colocações. Quando conseguem, normalmente como professores, se defrontam com estruturas ultrapassadas, com pessoas avessas às mudanças. Muitos deles limitam-se a exercer, principalmente em multinacionais, atividades rotineiras, ou seja, office-boy de luxo, um salário infinitamente inferior aos de seus colegas estrangeiros. Chefia, nem pensar. Muitos frustam-se e se transformam em bêbados incorrigíveis. Quem está do outro lado (de cá), e informado disso, pensa uma ou duas vezes antes de se formar. Por isso, muitos alunos chegam a reprovar numa cadeira do último ano, uma ou até quantas forem possíveis só para adiarem a sua formatura e consequentemente o regresso. É verdade que não são todos que fazem isso. Justiça seja feita. Temos jovens de valor que fazem bem a lição de casa. O problema é que são poucos. Isso acontece mais com aqueles que possuem bolsas de empresas petrolíferas.

As novidades dos últimos anos são empresas petrolíferas que fazem contratações a partir do exterior. A princípio é uma boa idéia. Todos os domingos, em qualquer jornal de circulação nacional, lá está o anúncio "Trabalho em Angola: precisa-se de Engenheiros, Administradores etc.". Os currículos são enviados para lá. Os testes acontecem, mas nunca se sabe quantos são contratatos. Há empresas que possuem fichas até um pouco estranhas. A primeira pergunta que aparece é se o candidato possui um familiar no governo, quem e qual o número de telefone. Quer relação existe entre a capacidade intelectual com o parentesco? Alguma injustiça pode ocorrer: deixar de contratar alguém capacitada mas que é parente de alguém do governo ou o contrário. As empresas deveriam seguir leis angolanas quando operam em Angola, porque quando o assunto é democracia, a lei de fora também não funciona em Angola.


Para acabar com muitas injustiças, o país ganharia muito, se investisse mais na graduação, mas em Angola, e enviar ao exterior pessoas de bom desempenho acadêmico para fazer a pós-graduação, nomeadamente, especialização, mestrado e Doutorado ou pós-doutorado. Normalmente o tempo é curto, um, dois ou quatro anos. Nessa fase as pessoas são mais maduras, via de regra, com famílias constituídas. Não teriam interesse em ficar indefinidamente no exterior. Um outro aspecto positivo: dificilmente um aluno de pós-graduação se mete em farras, diferentemente de gerações mais novas, os kuduristas. Aproveitariam melhor as bibliotecas.

Todos ganhariam. A burguesia, com bolsa ou sem bolsa, continuaria enviando seus filhos para fazer graduação fora, principalmente na modalidade segundo a qual o governo faz acordos com universidades de fora e estudantes são enviados com vaga garantida, só que a manutenção é por conta da família. Assim, o angolano da classe “z” teria acesso a esse bem precioso no país e a nação também ganharia porque geraria um saber “angolano” e ainda o INABE seria poupado daquelas injúrias que com frequência ocorrem.

Um aspecto sádico do atual sistema é que o acesso a essas bolsas não é aberto a todos. Aliás, pode até ser aberto, mas vários são os fatores que fazem com que apenas as mesmas famílias, a mesma casta, as usufruam, ou seja, atende, quase sempre, a uma classe privilegiada.

Ainda sobre o saber angolano, nós precisamos desenvolver, por exemplo, uma engenharia genuinamente angolana. Uma engenharia que busque soluções, que erga o setor produtivo e encontre caminhos que melhorem a qualidade de vida da sociedade angolana. Para que o país cresça, precisamos investir na produção de uma reserva adequada de mão de obra graduada com alta qualificação e certificação. Investir também em mão-de-obra técnica competente para atrair interesse de multinacionais.
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Até que enfim que veio um bom exemplo de Benguela e não aquelas tradicionais intolerâncias políticas. Esse projeto ficaria ainda melhor se, desde a sua concepção, já incluísse cidades como Cubal e Ganda, para que amanhã não venhamos a ter em Benguela uma nova Luanda. Acreditem, exemplo que vem de Benguela.

Foto: UFPR

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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Cientistas que criam em Deus












“Eu estive no céu e não vi Deus lá”. Essa frase foi dita por Yuri Alexeyevich Gagarin, o primeiro homem a viajar na órbita da terra, de grande interesse científico, a bordo da nave Vostok 1. Muitos cientistas acreditam que a ciência ajuda a desmistificar Deus. Ainda segundo eles, isso está bem embasado por muitos filósofos, como, por exemplo, Sartre, Feuerbach ou Nietzsche que chegou a afirmar "Deus está morto".

No entanto, em seu livro intitulado: “Eles criam em Deus”, de vinte e um capítulos, publicado pela Casa publicadora Brasileira (Tatuí-São Paulo, Brasil, 2002), Rodrigo P. Silva, formado em Filosofia e Doutor em Teologia, com especialização em Arqueologia, apresenta uma extensa biografia de 21 cientistas e sua fé criacionista.

O autor não estabelece nenhuma relação entre o saber à crença em Deus. Porém, a Bíblia mostra que o saber pode ser uma dádiva de Deus. Um exemplo mais conhecido é o do Rei Salomão, considerado como um dos maiores sábios que já passou por esta terra. Tudo porque pediu sabedoria a Deus e foi atendido. Uma de suas aplicações é a conhecida solução salomônica quando, para atender aos apelos das duas mães, sugeriu dividir um único bebê em dois. E ele reforça: “O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” (Prov.1:7). Essa sabedoria é no sentido amplo. E, isso não é um privilégio da burguesia, como pode ser encontrado na seguinte passagem: "e, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente" (Tia 1:5).

Em relação às provas da crença dos referidos cientístas no Deus eterno, onipresente, onipotente, onisciente, abordadas por Rodrigo P. Silva, um resumo de apenas doze cientistas é feito, começando pelo Leonardo da Vinci. Da Vinci foi italiano, nasceu em 1452, no período da renascença. Ele é conhecido por suas obras de arte. Também foi um brilhante arquiteto, engenheiro, matemático, geólogo, biólogo, físico e filósofo. Da Vinci era um aluno muito questionador, o que incomodava os professores e colegas. Recusava-se a aceitar conceitos não bem demonstradas. No campo científico demonstrou excelentes análises de problemas em dinâmica, anatomia, física, aeronáutica, biologia e hidráulica. É na arte que ele revela a sua fé em Deus, com seus quadros sobre a vida de Jesus como, por exemplo, a Santa Ceia de Cristo.

Geórgias Agrícola ou Geórgias Bauer (em alemão quer dizer o fazendeiro, daí o nome de Agrícola), médico alemão, nasceu em 1514. Na sua monumental obra “De re metallica”, composta de 12 volumes, estudou enfermidades como a silicose, que é típica do trabalho nas minas. Apresentou técnicas de ventilação que levam ar puro para os pontos mais subterrâneos de uma exploração mineral. Todas as noites, ele se recolhia cedo para orar e ler a Bíblia, e isso fez com que tivesse um rendimento melhor que muitos de seus colegas que preferiam as noitadas de cerveja e a companhia de prostitutas. Quando morreu, Agrícola teve seu corpo sepultado na catedral de Zeitz. Sobre seu epitáfio estão escritas as palavras que marcaram o caráter de seu cristianismo: “Ele viveu pela paz, verdade e justiça”.

Nicolau Copérnico, nasceu em 1543, foi astrônomo, matemático polaco e padre com idéias revolucionárias. Suas grandes contribuições se deram no campo da astronomia. Graças a ele que hoje possuímos os recursos da astronomia moderna. As teorias dele demoraram muito para ser publicadas. Ele só permitiu que partes soltas de seu trabalho circulassem entre uns poucos astrônomos, porque nessa época, qualquer um que duvidasse da estrutura geocêntrica, significava assinar a própria sentença de morte. Suas pesquisas aumentaram ainda mais sua fé no Criador. Falando das fases não observáveis de alguns planetas, Copérnico declarou: “Eles realmente têm fases. Quando Lhe aprouver, o bom Deus dará ao homem meios de observá-las”.

Galileu Galilei, nasceu em 1564 em Pisa, Itália. Iniciou seus estudos na Universidade de Pisa. Seus colegas puseram-lhe o apelido de “debatedor” ou “encrenqueiro acadêmico” porque vivia questionando e discutindo tudo aquilo que seus professores diziam e que não fosse baseado em provas convincentes. Estudou Matemática e Ciências. Em 1585 foi obrigado a deixar a Universidade por falta de dinheiro. Ele foi apegado muito a Deus e pedia que o Senhor o iluminasse e começou a estudar sozinho e dar aulas particulares para se sustentar em Pisa. Mais tarde ele foi recebido como professor universitário. Ele inventou termômetro, compasso (dois professores inescrupulosos tentaram reclamar que eles eram os verdadeiros inventores do compasso) a balança hidrostática e determinou o centro da gravidade nos sólidos. Enquanto a maioria dos acadêmicos “enclausurava” os estudantes em sala com tediosas exposições orais, ele preferia sair a campo com seus alunos para apresentar em meio à natureza a coerência das leis que enunciava. Foi defensor das idéias de Copérnico contra o sistema geocêntrico. No dia 21 de junho de 1634 compareceu em Roma junto ao Santo ofício para retratar-se, formalmente, do que era considerado o seu “erro”. As acusações de heresias foram retiradas pelo Papa João Paulo II em 12 de setembro de 1982 e em 1992, ele foi “reabilitado” pela Igreja Católica, que passou a reconhecê-lo oficialmente como um “físico genial”.

Johannes Kepler, nome famoso entre os astrônomos, alemão, nascido em 1571. Em 1591 concluiu seu Mestrado. Ensinou Aritmética, geometria, literatura latina e retórica. Foi o primeiro astrônomo a defender abertamente os pontos de vista tão controvertidos de Copérnico, a cerca do Universo e do nosso sistema solar. Ele era um homem de profundas convicções religiosas, mesmo que discordasse aqui ou acolá de algumas idéias vigente entre os cristãos de sua época. Tudo nos escritos e nas cartas de Kepler, aponta para sua crença no Deus verdadeiro. Faleceu com apenas 59 anos, vítima de uma pneumonia.

Francis Bacon, filósofo e cientista, nasceu em 1561, revolucionou o método científico desenvolvendo o “método indutivo de pesquisa”. Nas suas anotações científicas são por diversas vezes misturadas com passagens bíblicas que ele coloca, não para contradizer a Bíblia, mas para enfatizar sua filosofia científica. De tudo que escreveu, destaca-se: “Eu concordo que uma filosofia medíocre pode levar a mente humana ao ateísmo. Porém uma filosofia profunda fará sua mente voltar-se para a religião”. Morreu em 1626 devido a uma pneumonia.

Blaise Pascal, nasceu na França em 1623, humilde e simpático, de mente brilhante. Com apenas 11 anos, ele reconstituiu as provas da geometria euclidiana até à proposição 32 e, aos 16 anos, um outro sobre as divisões cônicas. Aos 18 anos, ele construiu a primeira máquina aritmética da História. Foi em meio às pesquisas que Pascal se sentiu totalmente atraído pelo chamado religioso. Numa noite de 1664, numa experiência espiritual, sentiu de perto a presença de Deus. Segundo nos seus pensamentos, o senhor lhe mostrou em que consistia “a grandeza e a miséria do gênero humano”. E pascal escolheu a grandeza, escolheu ser um servo de Deus. Pascal, num debate com seus colegas, livres pensadores, numa praça de Paris, ele apostou que, matematicamente falando, crer em Deus é mais lucrativo do que descrer dEle. Segundo ele: “se eu aposto por Deus e Deus existe – o meu ganho é infinito; Se eu aposto por Deus e Deus não existe – não perdi nada; Se eu aposto contra Deus e Deus não existe – não perdi nem ganhei; Mas, se eu aposto contra Deus e Deus existe – então minha perda será infinita”.

Robert Boyle, pioneiro nos estudos da química moderna. Nasceu em 1627, na Irlanda. Boyle tinha um interessante hábito, por mais atarefado que fosse o seu dia, jamais iniciava suas atividades laboratoriais sem gastar pelo menos uma hora meditando sobre a Palavra de Deus.

Isaac Newton. Publicou o seu livro “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, onde fala do movimento dos corpos no tempo e no espaço, e fornece a complexa matemática que analisa esses movimentos. Além de muitas outras coisas, divulgou a lei da gravidade. Ele nasceu prematuro e por pouco não morreu durante o parto. A própria parteira considerou um verdadeiro milagre que aquela criança houvesse sobrevivido. Destacado entre os maiores gênios de todos os tempos, Newton realizou pesquisas que trouxeram grandes contribuições para a Matemática, Óptica, Física e Astronomia. Ele foi um homem apaixonado pela Bíblia. Demonstrou a superioridade do Gênesis sobre as Cosmogonias da Mitologia Grega e ainda utilizou-se da Astronomia para estabelecer a data de importantes eventos como a morte de Cristo e as setenta semanas proféticas de Daniel capítulo 9. "Observations upon the Prophecies of Daniel and the Apocalipse of St. John" . Em um dos manuscritos, datado do começo do século XVIII, (Figura ao lado) Newton, chega à conclusão de que o mundo deve acabar por volta do ano de 2060, atavés dos textos bíblicos do livro de Daniel. Ainda escreveu: "Ele pode acabar além desta data, mas não há razão para acabar antes”

Gottfried Wilhelm Leibnitz, nasceu na alemanha em 1646, autodidata, aos doze anos aprendeu sozinho a falar Latim e Grego e aos quinze já possuía vasto conhecimento de Filosofia, Moral e Teologia escolástica. Em 1667, um brilhante estudante de Direito e obteve o seu doutorado com apenas 21 anos de idade. Sobre a existência de Deus, Leibnitz concluiu que o Universo, por si só, exige a existência de um ser superior que foi capaz de fazer dele uma realidade. Se não há Deus Criador, então, fica difícil, senão impossível, explicar a existência da vida.

Louis Pasteur, nasceu em 1822, na França. As contribuições de Pasteur são tantas e tão técnicas que fica difícil, para leigos em Biologia, explicar algumas delas. Por exemplo, foi ele quem detectou a existência de faces hemiédricas e a relação dessas com a rotação do plano de luz polaridazada, provocada pelos ácidos correspondentes. De todas as contribuições científicas desse estudioso francês, talvez o processo de pasteurização dos produtos alimentícios seja o mais conhecido. Pasteur descobriu que bastava ferver o produto antes do seu consumo e ele estaria livre dos germes e bactérias. Hoje, todos os leites são fervidos já na indústria. Daí o nome de pasteurização. A maior preocupação de pasteur era ajudar pessoas a terem uma vida mais saudável. Afinal, nosso corpo é o templo de Espírito Santo e desonrá-lo significa desonrar o próprio Deus.

Johann Gregor Mandel, nasceu em 1822 na república Tcheca. Pesquisas de Mendel provam que é possível, com base na lei das probabilidades e no conhecimento genético dos pais, prever quais as chances de determinada criança adquirir essa ou aquela característica. Para Mendel, o Universo era fruto de uma criação divina conforme descrito no livro de Gênesis, e todos nós somos, biologicamente falando, descendentes de um mesmo casal que produziu os genes originais que resultaram nesses bilhões de humanos que hoje povoam o planeta terra.

Mesmo não sendo citados por Rodrigo P. Silva, a lista é enorme. Poderíamos citar muitos, embora alguns panteistas. René Descartes (1596-1650) instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável, cujo sistema começou perguntando o que se pode ser conhecido, se tudo mais for duvidoso, sugerindo o famoso "Penso, logo existo". Em1637, publicou três pequenos resumos de sua obra científica: a Dióptrica, Os Meteoros e A Geometria que foram acompanhados por um prefácio que se tornou famoso: "Discurso sobre o Método". Ele faz ver que o seu método, inspirado nas matemáticas, era capaz de provar rigorosamente a existência de Deus. Poderíamos citar Michael Faraday (1791-1867), devoto cristão, Max Planck (1858-1947), que expressou a visão de que Deus está presente em todos os lugares, Kelvin (William Thompson) (1824-1907), um Cristão muito comprometido e Albert Einstein (1879-1955), que dispensa apresentação. Aqui está uma boa dica para o caminho de sucesso, quem sabe você não venha a ser o próximo?
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