«Quo Vadis» políticos de Angola?
A charada dos políticos no nosso parlamento no dia 16 de Agosto, aquando da discussão do tipo de estrutura futura para gestão dos processos eleitorais, fez-me recuar a Janeiro de 1975, após Alvor, Maio de 1977, Setembro 1992 e outros momentos de triste memoria nos 36 anos de vida da nossa nação. Vocês, políticos desentenderam-se desde então, passaram a «batata quente» para o povo e os militares fizeram jus à filosofia de guerra de Carl Von Clausewiz, que diz que «a guerra é a continuação da política por outros meios».
O Povo Angola está farto de acompanhar as vossas discussões fúteis e retrógradas, sempre centradas no passado e ao vosso redor.
O povo angolano quer pão, luz, água, habitação, empregos dignos, bons salários, terra para cultivar, numa palavra, de bem-estar social. Ou melhor, Angola para os Angolanos! Acabemos com os sobrados do colonialismo, com os sobrados de guerra!
Nós, os militares, já não vamos embarcar nestas vossas desavenças de políticos mimados e torpes, porque juramos lealdade ao povo e defesa da nação.
Chamar «Sulanos» a outros Angolanos na casa do povo é soes s e pura arruaça. E não foi este o mandato que o povo vos conferiu em 2008. Em Junho de 1996, o Presidente da República exonerou o Primeiro-Ministro e logo de seguida um grupo de pessoas bem organizadas com direito à passeata por Luanda lançou-se numa «caça às bruxas» com o mesmo tipo de slogans: «Sulano fora!». (Segundo o antigo Primeiro-Ministro visado, o Mais velho Mendes de Carvalho foi único que o salvou da forca). Até quando? Será que nas contas de sucessão em Angola os Sulanos não fazem parte? Ou será que os tais de Sulanos só servem para proteger o Presidente da República? Ou para votar nestes mesmos políticos?
«Políticos» da Assembleia Nacional, como é que ficamos? A minha Mãe é Nhaneca-Humbe, o meu Pai é conterrâneo de Agostinho Neto, eu combati no Maqui, nas chanas do Leste, no Norte de Angola, vivo em Catete; Para vocês, não basta que seja angolano?
Nós os militares comemos o pão que o diabo amassou em mais de 4 décadas de lutas, pelo que já não estamos dispostos a proteger os falsos mandatários do povo angolano, ouvi estas pessoas falar de guerra com a leviandade própria de quem não lá esteve no dia-a-dia. Falaram da Soberania como se de contratos de diamantes ou de milhões de dólares se tratasse. Deixem de bater os tambores de guerra que não terão gente para fazer o vosso trabalho, enquanto vocês assistem de camarote.
Os políticos geriram mal o processo constituinte para criação da nova constituição, eis que agora não passaram do primeiro grande teste com uma das «melhores constituições do mundo».
Por fim, aqui fica um conselho de general:
1) O Futuro de Angola está nas mãos dos nossos filhos da nossa juventude;
2) A Bancada Parlamentar daqueles que invocaram a carta tribal deve-se se redimir publicamente perante a nação.
Viva Angola de Cabinda ao Cunene, do
Mar ao Leste!
Abaixo o tribalismo! ■
Icolo e Bengo, Agosto de 2011
Manuel Paulo Mendes de Carvalho
SA,Edição 430, ano VII, Sábado, 20 de Agosto de 2011. 13
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