terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A grande renúncia

A mãe de todas as renúncias aconteceu. Fidel Castro, 81, líder popular, famoso pelos seus discursos demorados, até 9 horas ou um pouco mais, que liderou a revolução armada que derrubou o regime de Fulgêncio Baptista, em 1º de janeiro de 1959, renunciou ao cargo de chefe de Estado e das Forças Armadas. A decisão foi comunicada por meio de um artigo publicado no jornal estatal "Granma" (http://www.granma.cu/espanol/2008/febrero/mar19/mensaje.html), ocorre cinco dias antes da nomeação, por parte do Parlamento Cubano, de um novo conselho de Estado que é presidido por ele.

A renúncia, tomada de forma madura, surge depois de estar afastado do exercício do poder há 19 meses, devido à doença que o levou a se submeter a
várias intervenções cirúrgicas, para ser operado aos intestinos deste advogado que nasceu numa abastada família de fazendeiros. A notícia teve grande impacto na grande mídia. Assombrou a muitos. Chegou a ofuscar a outra notícia da independência da província do Kosovo.

“Comunico que não aspirarei e nem aceitarei; repito, não aspirarei e nem aceitarei, os cargos de presidente do Conselho de Estado e comandante-em-chefe de Cuba". Até agora não apareceu ninguém para pedir-lhe para ficar, mas Fidel promete não abandonar os seus filhinhos. "Não me despeço de vocês. Desejo combater como um soldado das idéias”. Com essas palavras ele se retira da cena política, depois de 49 anos no comando de Cuba. A descida do poder de Castro, figura de costura do país, sinaliza o primeiro passo para a democratização, renovação política e econômica de Cuba.

O “Comandante en Jefe” e chefe da Revolução cubana, que nasceu em 13 de agosto de 1926, é amado por alguns e odiado por outros. Inspirou a vários jovens e várias gerações. Se de um lado é acusado de ter implantado a ditadura, tendo conduzido com mão de ferro a ilha, com eliminação (El paredon) e prisão de seus opositores, acusados de "crime de consciência", e ter privado o povo de bens de primeira necessidade, por outro lado, entrega país com um dos melhores sistemas programas de saúde do mundo e conseguiu erradicar o analfabetismo. Não negou o acesso à educação ao seu povo, como fazem os ditadores de carteirinha. Deixa uma sociedade não muito desigual. No desporto, Cuba é hoje uma potência olímpica.

No entanto, hoje, Cuba é um país em dificuldades financeiras e econômicas, principalmente, depois que o maná proveniente da antiga União da Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) secou. A economia está fragilizada. Muitos apagões e problemas de abastecimentos. O que o país assiste são tentativas e fugas de muitos cubanos em direção aos Estados Unidos, sujeitando-se a morrer em embarcaçoes rudimentares, deserções de atletas e músicos de delegações oficiais. Atualmente o país sobrevive do turismo, do níquel e de doações de petróleo que recebe da Venezuela, de Hugo Chaves.

A renúncia do Comandante, que já visitou e enviou tropa, professores e médicos a Angola, deve facilitar as negociações com os Estados Unidos da América, União Européia e muitos outros países. Dias melhores virão para Cuba? Depende. Depende se os Estados Unidos vão atrapalhar mais ou ajudar e quais as medidas que o novo governo adotará.

Entretanto, o momento está aberto para mudanças. Esperamos que nossos "hermanos" aproveitem essa oportunidade para corrigir o que não deu certo e consolidar tudo que deu certo (seus ativos). Esse é o caso do índices sociais. Cuba precisa abrir sua economia para o capital estrangeiro. Quem sabe Cuba venha implantar o sistema chinês de desenvolvimento: abertura econômica, com controle do Estado?

Pelo menos, Fidel Alejandro Castro Rúz, mito vivo, dono da farda verde-oliva, que escapou de mais de 600 planos de assassiná-lo, agora terá a oportunidade ímpar de maratonistas na permanência no poder, a de aprovar o seu sucessor, ainda em vida. O mais provável sucessor é o também veterano Raúl Castro, 76 anos. Se for confirmado o seu irmão, as mudanças, com certeza, serão lentas, por se tratar de uma extensão dele, embora não prometa ser um reinado longo.

Em relação a Fidel, salvador do socialismo, é muito difícil saber o que a história dirá dele, se o condenará ou absolverá, mas uma coisa é certa: ao contrário de muitos chefes de Estados, em nenhum momento se ajoelhou para pedir bençãos aos Estados Unidos. Pagou caro por isso. Os Estados Unidos impuseram embargo contra Cuba, que por sinal ajudou a fortalecer Fidel Castro no poder.

Só estamos em fevereiro, dia 19. Não sei o que o vem pela frente, mas se depender daquilo que aconteceu até hoje, o ano promete mudanças.

Em Angola, é o ano das eleições legislativas de mudanças depois da realização das primeiras, há 17 anos. O ano começou com um fato inédito: a renúncia do governador de Luanda, Job Capapinha. No país onde as pessoas só pedem nomeações, essa notícia foi assombrosa. E parece que Capapinha inspirou o comandante Fidel Castro a seguir o mesmo caminho, já que ele acompanha bem as notícias de Angola.

Aliás, recentemente, o "grande Fidel", encontrou-se com o presidente angolano, que já está 29 anos no poder. A renúncia, que não é o fim, mas o início de uma outra fase superior, deve ter constado da agenda do encontro. – E aí, compañero, quando usted renuncia? Uma pergunta que fica no ar: onde anda o anjo da renúncia que prega "hay que renunciar, y perder el orgulho", e quem será o próximo a renunciar? Meus amigos, o sonho Fidel acabou. Agora é a realidade.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Blogueiros de Angola, levantemos nossas vozes.

Blogueiros angolanos: quem somos nós, o que fazemos e qual o nosso futuro? Essas foram as dúvidas existenciais que procurei responder nas últimas férias. Tive a oportunidade de visitar 800 dos 1.500 blogs registrados no blogger e outros 100 administrados por cidadãos estrangeiros ou angolanos, principalmente, instalados em Portugal. Todos eles abordam temas de interesse nacional: cidades, fotos, memórias, crônicas etc. Não foi nada fácil.

Em termos de conjunto, apesar de um bom número registrado, estamos a levar uma goleada, quando nos comparamos com a força de outros países, tanto em quantidade quanto em conteúdo. Estamos devendo à blogosfera internacional. Só para citar um exemplo, na Argentina, segundo o Jornal Clarin, há cerca de 260.000 blogueiros, sendo 45% deles possuem menos de 20 anos. Perto desses números, podemos afirmar, sem medo de errar, que essa moda, entre nós, ainda não pegou. E, pior, nada sinaliza que essa venha a ser também nossa praia. Isso nos traz algumas reflexões.

Individualmente, porém, encontrei excelentes blogs, tanto na forma, quanto em conteúdo. Este é o caso dos animados dirigidos pelo Toke, Rádio Muximangola (http://muximangola.blogspot.com/), por exemplo, Serra da Chela (http://serradachela.blogspot.com/) de Manuel Vieira; Dont give up, (http://annamathaya.blogspot.com/) da profesora Anna Mathaya; Angolangola: Huíla Namibe Kunene e Luanda (http://hunakulu.blogspot.com/ ) com mais de 1500 fotos; o blog do professor Pedro Teta (http://www.pedroteta.org/); o blog "Angola para sempre" (http://blog.comunidades.net/) de Nelo de Carvalho, que aproveita fervorosamente bem o espaço para divulgar suas idéias, o Pululu (http://pululu.blogspot.com/), dirigido pelo mestre Eugênio Costa Almeida, que foi colocado, recentemente (16/09/2007), por Breno Baldrati, do Jornal “Gazeta do Povo” (Brasil), entre os “50 blogs para se entender o mundo”. (Vale salientar que figuram desse seleto grupo apenas cinco do continente africano e sete de língua portuguesa, dos quais 2 africanos: Moçambique e Angola). Encontrei muitos que disponibilizam vídeos, blogumentários, fotos, memórias, notícias, opiniões, literatura (poemas, crônicas etc), música, humor etc.

Bem, não é nada fácil enumerar os motivos que levam o nosso país a estar, praticamente, ausente no universo virtual dos blogueiros. Os crônicos são: i) devido à guerra prolongada que o país viveu, que destruiu a infra-estrutura, por isso as pessoas não têm acesso à internet, falta de eletricidade, elevado preço de computadores, baixa escolaridade, elevado índice de analfabetismo o que privilegia a rádio; ii) porque a nossa geração cresceu num ambiente em que, desde a mais tenra idade, não podíamos expressar nossas opiniões livremente, e esse fantasma nos acompanha; iii) devido à difícil situação que se vive hoje (desemprego, falta de habitação, escola, hospitais, saneamento básico etc.). Assim, as pessoas estão mais preocupadas em enfrentar a luta pela sobrevivência, deixando o resto para o segundo plano. Outros motivos poderiam ser acrescentados aqui.

Mas, todos esses motivos particulares podem ser resumidos em um mais abrangente: falta de informação. Porque nada explica o fato, por exemplo, dos grandes ícones do nosso jornalismo, políticos, ministros e influentes intelectuais não possuírem blogs. Alguns, infelizmente, mesmo digitando seus nomes no “google” não aparece nenhum registro!.

No Brasil, por exemplo, até um simples pipoqueiro (http://www.pipocagem.blogspot.com/) possui blog. Eu cansei-me de visitar blogs de políticos como “Zé Dirceu”, Chico Buarque, jornalistas como Lúcia Hippolito, Milton Jung, Juka Kifuri etc.

Com tantas informações disponíveis, parece que as pessoas só as acumulam de forma superficial e fragmentada. Informar é, exatamente, o espaço aberto aos blogueiros, para que expressem suas opiniões, normalmente aquelas deixadas de lado na cobertura noticiosa, quebrando assim o monopólio dos veículos de comunicação que entendem que veicular notícias é uma questão de segurança de Estado.

É por isso que, no sistema monopolista e ditatorial, só uma pequena parcela de pessoas, indicadas à dedo, de determinadas classes sociais, tem o direito de exercer esse direito, mesmo assim, sob controle estrito, ou seja, para além de não ser qualquer um, os que comunicam não podem divulgar tudo que sabem.

No entanto, os blogs, apesar de “vigiados”, mas por não serem impedidos por nenhuma vigilância e, por retratarem a liberdade de expressão, são, portanto, instrumentos importantes para fortalecer as democracias e outros domínios da vida histórico-sociais. Enquanto a "grande mídia" se preocupa com a "macro-notícia", o blog "a micro-notícia" nos seus mínimos detalhes, essencialmente. O blog "Angola, debates & idéias" (http://angodebates.blogspot.com/2008/02/algumas-fotos-do-carnaval-provincial-em.html) segue essa tendência, ao mostrar fotos do carnaval da província de Benguela.

Voltemos no tempo. O que aconteceria, por exemplo, se essa tecnologia existisse na época do nascimento de Jesus? Com toda a certeza, através de um dos blogueiros, poderíamos saber a data exata de seu nascimento. Não faltaria um em Belém e, quem sabe, dentro de uns daqueles hotéis navegando e registrando suas experiências daquele dia: “hoje, ao passar em frente à uma manjedoura encontrei uma criança envolta em faixas e deitada. Vi pessoas ajoelhadas diante dessa criança...)

Um outro aspecto importante, é o de deixarmos registros aos nossos bisnetos. Eles saberão o que escrevemos hoje quando tínhamos a idade deles. Como seria fantástico se nós estivéssemos no lugar deles! Por isso que muitos autores acreditam que o futuro do mundo não será de países ricos e pobres, mas daqueles que dominarem essas tecnologias.

Além disso, é um grito que é ouvido. Se o indivíduo gritar de onde estiver, a sua voz não dobra a esquina. Já o blog leva o meu grito ao mundo inteiro. Dessa forma, podemos proclamar a nossa verdadeira independência. Deixamos de ser mais um, na multidão. Quebramos as rotinas de capacidade intelectual. Deixamos de seguir a moda. A capacidade intelectual é grandemente desafiada e quanto maior o desafio, maior é a disposição mental de superá-lo. Não é atoa que várias instituições, como a Deutsche Welle premiam os melhores blogs.

O blog, apesar de ser um instrumento relativamente recente, com 20 anos de existência, já se tornou bastante popular. Já nasceu com 1001 utilidades. Pode ter qualquer tipo de conteúdo e ser utilizado para diversos fins. Por exemplo, muitos ganham dinheiro com eles, publicar idéias, dar aulas etc.

Entendamos um pouco o que é e como funciona o blog, esse diário na internet. Blog ou blogue é uma abreviação de weblog (arquivo digital que contém registro da quantidade e do tipo de acessos feito em determinado servidor). É um sistema de criação e edição extremamente fáceis, estando ao alcance do mais humilde internauta, por dispensar conhecimento técnico.

A palavra weblog é um neologismo criado por Jorn Barger (1997), para designar seu site e tem cinco significados vinculados a ela: i) é uma página da Internet (web) cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente de forma inversa; ii) página pessoal; iii) é um diário on-line; iv) possui links com comentário e, v) espaço de discussão.

Vale ressaltar que os blogs podem ser personalizados. Podem ter a cara e as digitais de cada pessoa. Para tal pode-se trocar as cores dos botões, links, fundos de tela, tipo de fonte usada nos textos, posicionamento dos blocos de textos, entre vários outros recursos. Há ferramentas que os otimizam: informam o número de visitantes, informações geográficas, de que país vieram, páginas consultadas, assim por diante.

Para que o blog seja bem sucedido, existem alguns cuidados que devem ser observados: colocar assuntos favoritos, atrair pessoas que gostem dos mesmos assuntos, trocar informações, não fazer apologia à pedofilia, respeitar os direitos autorais, criar links para blogs de mesmo gênero (blogroll), blogs com os mesmos objetivos; ser de fácil acesso; não ser muito lento porque poucos têm paciência de esperar, conteúdo de boa qualidade; definir “tag de keywords”, palavras chaves, e disponibilizá-las em sites de buscas, para que o conteúdo do blog apareça sempre nas primeiras páginas.

Todos os indicadores mostram que o blog veio para ficar. Poderá, eventualmente, apresentar uma evolução, quem sabe da carroça à automóvel. Quanto mais rápido foi dominada, melhor. É uma ferramenta poderosíssima nas mãos do povo que a domina.

Em muitos países os blogueiros realizam conferência. Esse é o caso da blogama do Marrocos, blogueiros colombianos, bloguivianos, da Bolívia, blogueiros Cambojanos. Muitos se reúnem periodicamente. Isso permite que os bloguistas se conheçam, troquem idéias e experiências.

É fundamental, para nós angolanos, termos também uma rede de blogueiros atuante. Precisamos expor nossas idéias, divulgar nossa cultura, o kuduro que a burguesia está usurpando das camadas populares, contar novidades, divulgando notícias, exibindo fotos, colocando links interessantes, falar de sua equipe, sua igreja, ensinando algo a outras pessoas. Nunca é tarde para começar. A união faz a força. Precisamos marcar mais presença na blogosfera mundial.

Nessa cruzada, proponho o nome de uma pessoa que aprendi a admirar pelo incansável trabalho que faz pela blogosfera mundial: Paula Góes. Ela é jornalista brasileira, da Bahia, boa terra “tchente”, para ser nossa madrinha. Ela, que respira blog, faz parte da equipe de tradução de Global Voices, que “desenvolve pontes entre culturas trabalhando em prol de um desafio comum”. Grande parte de notícias que você leu, traduzido para português, provavelmente tenha sido obra dela. Ela, de alegria e sorriso tipicamente angolano, já manifestou interesse em acompanhar o desenvolvimento da “blogacademia angolana”.

Se ainda não possui o blog, registre-se já!. Onde? Segue abaixo uma lista de endereços onde você poderá criar seu Blog. São várias opções, em português e inglês.
Blogando.net - http://www.blogando.net/,
Blog Sapo - http://www.blogs.sapo.pt/ - (Portugal),
Blog TrixNet - http://www.blog.trix.net/,
Click 21 My Blog - http://www.myblog.com.br/ ,
NireBlog - http://www.nireblog.com/pt - (Portugal),
WordPress - http://www.wordpress.com/ .

Ao criar o blog, recomenda-se que se evite a utilização de caracteres [, ], _, +, &. No momento de cadastro, alguns sistemas aceitam. Porém podem não funcionar nos browsers de alguns usuários.

Depois disso, indique no espaço reservado a comentário, logo abaixo, o link do seu blog, ou daqueles que conhece que desenvolvem temas de interesse de Angola, e o seu gênero, para que sejam visitados. Angolanos “levantemos nossas vozes”, é o que diz uma das estrofes do nosso hino nacional.

Referências.
Faraco & Tezza. Falando e escrevendo. Editora Vozes, 2003.
Hukalilile (http://www.cangue.blogspot.com) Acesso: 12/02/2008.
Serra da Chela (http://www.serradachela.blogspot.com) Acesso: 12/02/2008.
Wikipedia ( http://pt.wikipedia.org/). Acesso: 12/02/2008
http://www.sitequente.com/internet/ondecriarblog.html acesso: 12/02/2008
http://jornalismodigital-unit.blogspot.com/. Acesso: 12/02/2008



Link para os principais blogs angolanistas cadastrados
http://cangue.blogspot.com/2008/01/blogs-e-noticias-de-angola.html

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Memórias de um grão de joio

Uns gostam de mim, outros me detestam. Não me importo com isso. O importante é que tudo que falo é verdadeiro. Eu sou muito bom em tudo que faço, modéstia à parte. Supero todos desafios que a vida me apresenta. Não faço cara feia. Por isso, eu fui promovido à chefe da tropa de choque.

Atualmente, a minha turma é capaz de peitar e enfrentar todos os empecilhos que aparecem pela frente, sem medo nem vacilo em nenhum momento. Nunca estive nem aí com meus solertes conspiradores. Não tenho ouvidos; só mostro resultados.

Sobre as regras de boa convivência, não as entendo (interessa?). No entanto, gosto de ficar no clube do trigo. Não adianta ninguém falar contra. Na época certa, sou semeado pela ação incansável de homens destemidos ou de ventos que combatem o trigo. Não gosto de lavradores que lançam determinadas sementes escolhidas.

Na verdade, eu sou aquela erva daninha que cresce na plantação. O meu nome de batismo é lolium temulentum, mais conhecido como “jóio”. Se eu fosse do sexo feminino talvez fosse mais valorizado. Sou um dos mais altos de minha espécie. Tenho um metro de altura. A minha missão é destruir o trigo. Sou tóxico e se formos moído juntos, a farinha toda fica venenosa. Esse é o meu objetivo principal a alcançar nesta vida. Eu não me preocupo muito com ela, porque já estou com um pé na cova e outro na casca de banana.

Assim, para confundir, tento parecer trigo, mas o meu grão é de cor violeta. Por isso, muitos chamam-me de “falso trigo”. Alguns têm vindo com a conversa de “separar o joio do trigo”. Eu não sou louco! Não adianta o dono retirar-me da ceara porque o estrago que posso causar, no joio, é muito grande.

Dessa maneira, cresço lado a lado com o trigo. Eles têm que me aturar. Eu infernizo a trigarada. Assim, procuro convencer a muitos detratores meus a concordar comigo. Se a lei diz que é "branco", eu digo que é "vermelho". Faz alguma diferença? Branco e vermelho são cores e pronto. Se a sinalização diz: "siga à frente", eu digo "siga à esquerda, porque todos os caminhos vão a Roma". Isso é democrático. Democracia significa conviver com os dois lados da moeda. Caso contrário, como se poderia saber se algo é “bom” se não há uma oposição?

Quando olho para a geração dos meus pais, descubro que sou, encorpadamente, mais ardiloso. A cada dia que passa, procuro seguidores e a influenciar, ao máximo, a muitos. Tenho ambição, energia, autoconfiança, conhecimento, "know how", e vontade de liderar (Quem viver verá). Ganhamos já muita parte do terreno, principalmente para a safra deste ano.

Para que eu seja entendido, se eu fosse um ser humano, seria aquele que pisa nos travões enquanto os outros querem acelerar. Sou aquele que detesta pessoas que procuram colocar as verdades nos seus devidos lugares. Se estiver escrito: "não faça", eu escrevo: "não. Faça!". Se alguém escrever: "abaixo o joio. Não presta para a nação do trigo", eu mudo a pontuação para: "abaixo o joio? Não. Presta para a nação do trigo" (risos). Enquanto os outros choram e derramam rios de lágrimas, eu rio de lágrimas de crocodilos.

Tem mais. Sou egocêntrico. Se alguém me cumprimenta, eu não respondo. Se alguém me faz alguma pergunta, não respondo. Peço para ler as informações afixadas no quadro do "hall de entrada". Sou a favor que se instale aparelhos de TV em todas as repartições para divertir os funcionários assistindo telenovelas.

Se alguém apresentar uma boa idéia, eu proponho primeiro uma reunião. Se surgir um problema que pode incriminar um dos meus soldados, para quê existe "instauração de comissão de inquérito"?. Para cada um que busca o bom senso, eu procuro o atrito. Para o grupo que preza pelo progresso e ordem, eu intrigas. Para cada um que vê soluções, eu vejo problemas. Para cada um que, numa corrida de atletismo, com foco, ensaia uma fuga do pelotão de elite, para não levar vantagem, eu disparo contra ele. O momento é de criar confusão.Para mim, quanto pior, melhor!.

Em suma, eu sou anti-são-franciscano. Sou instrumento da confusão. Onde há amor, eu levo ódio; onde há perdão, eu levo a ofensa; onde há união, eu levo a discórdia; onde há alegria, eu levo a tristeza; onde há verdade, eu levo o erro. Onde há alguém plantando, destruo. Onde há pessoas tentando, com dificuldades, erguer alguma coisa útil e válida, eu vou lá, bato o pau, derrubo e vira tudo lixo. Assim, seremos todos farinha do mesmo saco.

Por Feliciano J.R. Cangüe

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cultura africana

Recebi de um amigo um arquivo tipo "PowerPoint", intitulado “cultura africana” assinado por (All Posters – Espanha) que contém fotos interessantes que retratam a cultura africana. Por se tratar de um trabalho de domínio público, as disponibilizo aos meus amigos leitores deste blog.



Foto acima: “De vous a moi I” – Isabelle Vital

Foto acima “Apres-Midi-en-Afrique” – Jaques Beaumont

Foto acima: "Flor del Desierto” - Joadoor

Foto acima: “Caricias” – Keith Mallett

Foto acima: “El Vuelo del Alma” – Keith Mallett

Foto acima: “Volviendo a Casa” – Debbie Cooper
Foto acima: "El Beso" - Aneta Szacherska)



Foto acima: “Tribu del Sol I” - Kamba

Foto acima: “Women’s Work is Never Done” – Sadie Patterson

Foto acima: “Maman et Moi II” - Johanna

Foto acima: “Verano” – R.L. Cairns

Foto acima: “Jubilo” – Keith Mallett

Foto acima: “El Hombre del Piano” – Ivey Hayes

Foto acima: “Water Carrier" - Emilie Gerard

Foto acima: “Reunión en el Kalahari I” - Okavango

Foto acima: “Three Yoroban Women” – Consuelo Gamboa

Foto acima: “Aglae et les Gommiers” – Charlotte Derain

Foto acima “Músicos Africanos” - Upjohn
Fonte: All Posters – Espanha


Para ver as fotos parte II
1.
Cultura africana – II

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Deus, salva Angola


Hoje não vou comentar nada de política. Não compensa mais. A política suja do “on-job” está destruindo tudo. Depois e tantas lições de Angola que nos deram, para nos mostrarem que o nosso país sempre foi “unido” e cordial, onde os ricos e pobres sempre andaram de mãos dadas, dançam Kuduros em mesmos ambientes e nunca existiu quadrilhas nem anomalias, agora só falta olharmos para o alto, não para chorarmos porque o caso é sério, mas para rogarmos providência divina. Aqui na terra nem os “apóstolos” estão dando mais conta.

Deus trino, pai vivo e celeste, príncipe eterno, sejas louvado com júbilos; Tu és santo, Santo dos santos, digno de adoração dos homens, imortal, consolador, grande e piedoso, com o Teu poder criaste os céus, terra e todos os seres; Tu és nosso refúgio, amas os filhos Teus (e os ateus), fiel, imutável, não falhas, dono deste mundo, Tu és dono de todo o ouro, prata, diamante, petróleo, madeira, bendito seja o Teu nome.

Tu és glorioso, monte de Sião que não se abala; Tu és o alfa e ômega, compassivo, límpida fonte de bênçãos; Tu és pai que nos ama, "nos chamaste das trevas para andarmos na Tua maravilhosa luz", encantador, nosso baluarte, digno de exaltação, vencedor, sustentas o mundo em amplidão. Tu és luz, toda a natureza testifica o Teu poder. Tu és onipresente, onisciente, que não precisa fazer cursos “on-job”, senhor da beleza, a Ti os anjos dão glórias e Te adoram na beleza e na santidade; Tu és Rei sem par, quão insondável é o Teu amor.

Humildemente nos achegamos à Tua presença, porque só de Ti vem o socorro. Ouve-nos dos céus, dá-nos Teu poder. Atende-nos como no passado o fizeste com nossos pais na fé. O nosso país abandonou-Te; deu-Te as costas e só se lembra de Ti em três momentos: nascimento, CASAMENTO e morte. Triste é a nação cujo deus não é o Senhor. Agora sofremos. Nós, os sofredores, estamos indignados por causa dos malfeitores que acreditam nas forças humanas. Estamos cheios de “engraxadores” ou os “puxa-sacos” de carteirinha e fiéis bajuladores, os baba-ovos fervorosos. A burguesia humilha-nos. Manda e desmanda, pior que o que aconteceu com o povo de Israel no cativeiro do Egito.

Estamos no país do “querem”. Querem que o povo perca todas as esperanças, inclusive a de termos um governo decente. Querem que desobedeçamos para servir de pretexto para que se eternizem no poder. Querem que nos acostumemos com tudo que andam fazendo. Querem nos calar. Querem que ninguém questione nada. Querem que ninguém os faça relembrar que está na hora de mudanças. Querem que encaremos tudo como um fato natural. Querem que, a democracia capenga que temos, seja destruída!

Senhor, estamos num país que só progride quem tiver o “on-job”. Nós, que não tivemos a oportunidade de treinamentos difíceis, por falta de oportunidade e por questões financeiras, nós que pegamos em armas, estamos “sofrer male”!. Vivemos no "salve-se quem puder".

Nós os pobres também temos nossos projetos. Entretanto, os malditos traidores do país só pensam em seus interesses e projetos. Eles pensam que só os deles é que são melhores; pensam somente em balcões de negócios que montam. Estão deixando o país em pedaços. Hoje, o país está num grande abismo (só não caímos mais porque estamos bem no fundo do poço). O povo cansou de mendigar o pão, num país mais rico que o Japão. Habitação, saúde, educação e infra-estrutura, nem se fala. Essa é nossa Angola!

O país está doente. Aids (SIDA), diarréias, cóleras, "doenças de sono", paralisia infantil, malária e outras doenças desconhecidas. A paciência acabou. Não temos mais forças. A burguesia apodera-se de tudo. Devora as entranhas do país. O problema todo é que não age contra a lei. As leis são cumpridas, só que elas são instrumentalizadas. Assim, vemos mesmas práticas nocivas, sem interrupção. O resultado disso é que só os corruptos sobem na vida. E ainda nós os admiramos. Hoje, temos dois países: Angola de cima, que não faz nada e possui muito dinheiro, e a de baixo.

Recentemente, começou a caça às igrejas. Se estão certos ou não, se é vingança ou não, se outras serão também caçadas ou não, isso não sabemos; mas o certo é que não vai demorar para termos uma nova igreja, com gente rezando: creio em santa Tia Zezinha, nascida em berço de ouro, toda poderosa, empresária de sucesso e especialista em tudo, com vários estágios “on-job”, criadora dos quadros da noveleira Televisão, bendito o fruto do vosso ventre (é caso sério ser angolano na atualidade).

Assim, ouve-nos lá dos céus, do Teu trono da graça. Fale com Tua voz aos corações de dirigentes apoquentadores, opulentes, arrogantes, cínicos, egoístas, orgulhosos, recalcitrantes, gananciosos, amantes do poder e da fama (não é o que o povo quer como dirigentes). Dá entendimento a esses corações duros para que mudanças aconteçam o quanto mais cedo. “É preciso trabalhar para Angola melhorar”.

Tu que contemplas e vês o sofrimento de todos os POBRES, esteja presente no nosso país e livrá-nos do mal. Esteja no lugar onde não deverias ter saído. Dá consolo ao todos nós que estamos aflitos e desesperados. Ajude a todas as crianças abandonadas pelos pais por serem acusadas de feitiçaria, em vez de ficarem na escola. Papá do céu, mostre que nós também temos o nosso paizinho. Se for possível, passe de nós este cálice amargo. Deus, salva o nosso país. Salva Angola. A Ti seja a honra, a glória e o poder para todos sempre. Pedimos e esperamos receber essa graça em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amén.





Publicado no maior Portal de Informações Club-k.net (07/02/2008)
Publicado no portal Uauê!

Universidade que mais acolhe angolanos no Brasil pega fogo

Um incêndio de grandes proporções irrompeu na sede da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba), Campus Champagnat, instituição de ensino superior que mais recebe angolanos no Brasil, na terça-feira de carnaval de 2008, dia 5 de fevereiro, atingindo pelo menos dois blocos.

O Incêndio teve início por volta das 18h30 tendo se espalhado rapidamente pelo edifício. As paredes internas destas edificações são de madeira. O fogo só foi controlado por volta de 21h45 pelos bombeiros. Não há informações sobre feridos. Felizmente, o sinistro acontece num dia sem aulas. Aliás, quando faltam 7 dias para o início do ano letivo.

As causas do fogo ainda não foram identificadas. Segundo os bombeiros, pode ter sido uma pane elétrica. No entanto, os Peritos do Instituto de Criminalística irão ao local para identificar a sua origem.

Um dos prédios atingido é o segundo maior da universidade. O incêndio atingiu 49 salas de aula, seis laboratórios, com produtos infamáveis, a sala de coordenação e a capela. Isso corresponde a toda a ala de Odontologia, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, que tinham pelo menos 50 anos.

Estudam no campus 3,8 mil estudantes de dez cursos, todos da área de Saúde, nomeadamente: Farmácia, Fisioterapia, Ciências Biológicas, Biomedicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Nutrição, Medicina Veterinária, Psicologia e Terapia Ocupacional. A "Tuiuti" é uma das maiores instituições de ensino particular de Curitiba, com 10 mil alunos, de 52 cursos de graduação, 4 mestrados e 1 doutorado, nos cinco campi.

Por outro lado, a “Tuiuti” é uma das Instituições de ensino superior que mantém convênio com a FESA (Fundação Eduardo dos Santos), vigorando por mais de 8 anos, com resultados visíveis. Há poucos dias, por exemplo, um estudante angolano, finalista do curso de Engenharia Elétrica foi premiado como o melhor aluno do curso.

Atualmente, mais de meia centena de estudantes angolanos estuda lá, distribuídos nos mais diversos cursos, com grande concentração na área bio-médica, exatamente a atingida. Esses jovens se preparam para levar os conhecimentos ao nosso país (se regressarem! é que falta-nos uma política de reintegração de quadros angolanos provenientes do exterior. Uma sugestão para a nossa princesa!).

Foto acima feita durante os primeiros minutos do Incêndio.
Fonte. BemParaná

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Dog Murras mordeu a cara da opulência e arrogância
















1. >>> Para ouvir "Angola Bwé de Caras" Dog Murras clique aqui <<<
2. >>>Para ouvir “"Xumuna - Trilha Ze Dú (Variada 2008) clique aqui
>>>Para ouvir Outras músicas de Xumuna

Recebi, por e-mail, um artigo assinado pela jornalista Tchizé dos Santos, filha do Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Digo isso porque é assim que é conhecida. Nesse artigo, ela refuta a crítica de práticas sociais nocivas, praticadas pela burguesia angolana, feita na música do gênio Dog Murras. Pelos vistos, gostariam ouvir também minha opinião sobre o assunto.

Para situar o leitor, vou transcrever trechos do artigo. Ela começa dizendo que ouviu, recentemente, a polémica música do cantor Dog Murras e como jornalisa não podia ficar indiferente à sua letra. Ela crê que o Dog canta algumas verdades, (não as citou) mas que ele não deveria fomentar a desunião (acho que ele está fomentando a união do povo) e a frustação que todo o povo angolano vive (não pode existir frustação maior que a atual!).

Ainda, segundo a jornalista, “ninguém (?) gosta de ser relembrado que vive num país com dificuldades, estradas esburacadas, paludismo e outros problemas, aos quais estão expostos TODOS os angolanos, RICOS E POBRES. Todos passamos pelos mesmos buracos e todos sofremos no mesmo trânsito no dia-a-dia, Ricos e pobres”. “E para não esquecer as “malambas”, então juntamo-nos ao fim-de-semana e dançamos os Kuduros”. Ela sai em defesa dos chineses quando afirma que “eles não têm culpa da nossa herança histórica que traz consigo poucos quadros angolanos capazes de fazer as obras que eles fazem com rapidez” (onde andam as escolas?). Sai também em defesa dos senegaleses, zairenses e malianos, brasileiro e, naturalmente, dos portugueses.

Finalmente, conclui o seu artigo apelando para que os angolanos trabalhem juntos e não tenham vergonha da atividade que exerçam, por mais humilde que seja. Reconhece, no entanto, que angolano é orgulhoso (o exemplo vem de cima). E pede para que as músicas de Dog Murras, sejam ouvidas as críticas, sem, no entanto, interpretá-las como estímulo ao racismo, nem à desunião dos angolanos (somente para a união).

O indivíduo que, na Rádio Nacional de Angola, teve a idéia de censurar a música do cantor angolano Dog Murras, prestou um grande serviço para a nação. «Angola Bwé de Caras» seria mais uma música que daquelas que fazem parte do folclore de Murthala de Oliveira, mundialmente conhecido. Pelo menos conseguiu tocar fundo a alma da alta burguesia, que, finalmente, saiu em defesa do “status quo”. Muitas caras apareceram. Sairam do guarda-fato.

Eu gostaria convidar a estimada jornalista a acompanhar o portal de notícias chamado “club-k.net”. Neste momento, é local onde se debate de foma aberta e franca os problemas da nação. É jornalismo que precisa ser copiado nos mais diversos meios de comunicação.

Em relação ao cantor angolano de gema e de coração, segundo uma matéria publicada na página da Angop, falando sobre sua genialidade, lá está escrito: “A criatividade e o patriotismo harmoniosamente "acasalados" nas letras, músicas e ritmos do cantor angolano "Dog Murras" fizeram do artista um dos mais ouvidos e aplaudidos no país e no estrangeiro” e no país também.

Tive a oportunidade de ouvir a versão disponibilizada na Internet (http://www.goear.com/listen.php?v=a34e7ae). O que o Dog fez foi desconstruir o discurso da burguesia angolana.

Falta verdade no discurso burguês: onde que ocorrem os encontros dos RICOS e POBRES, para que dançarem Kuduros (http://www.youtube.com/watch?v=oLD1DqX-f2E) aos fins de semana para esquecer as “malambas”? Rico sabe dançar Kukuro? Rico dança samba ou pagode? Só se for rico decadente ou então comeou uma grande evolução!. Rico escuta música erudita, a nona sinfonia de Beethovem, Vivaldi, enfim. Pelo menos rico culto, sim. Pobre e rico freqüentar o mesmo ambiente? Não consigo imaginar um pobre pagar um bilhete de 500 dólares para ouvir Roberto Carlos.

Pobre é humilde e sincero. Não falta com a verdade. Estende a mão ao próximo. Acredita e trabalha, mesmo com limitações. Trata as pessoas com urbana civilidade. Não com arrogância. Tem vergonha na cara. É solidário. Conjuga o verbo na primeira pessoa, só que do plural. É um indivíduo que acredita na palavra das pessoas, não precisa contrato assinado em cartório. Trabalha honestamente. Já a burguesia predatória, a cada dia inventa novas formas de picaretagem. O que Angola produz de belo? Corrupção!. Culpa dos pobres?

A corrupção ataca o país de mãos dadas. Pobre não ganha de bandeja o canal 2 da televisão Pública da Angola. Ninguém faz barganha para favorecer os filhos: “eu só deixo você funcionar aqui se minha filha for sócia do negócio”. O pobre não transforma bens públicos em memoriais particulares. Doar bem público? Isso é que é bajulação; é engraxar as botas do patrão. Ninguém diz nada, nem os herdeiros? Se fosse o pobre, ficaria com vergonha em pilhar o bem público.

Sou contra doações de bens públicos, mas se tivesse que o fazer, ficaria muito feliz se o Hélder Santos recebesse esse canal, como prêmio pelo bom comportamento dos últimos meses ou por que não falar de Irene Neto?

É isso que Dog Murras interpreta, só que em linguagem poética, ou seja, rico é rico e pobre é pobre e nunca serão iguais. Rico só sabe pisar e humilhar o pobre. O rico, mesmo possuindo 99 ovelhas, se receber uma visita, faz a festa com a única ovelha do pobre. Invejoso, de visão limitada. Pobre não promove encontro de gala com fundos públicos.

Os cínicos ricos não sabem o que é tomar chá com chá, ou sabem? Os pobres não possuem fazendas de onde possam retirar todas as semanas dois bois, um para filhos e outro para cachorros!. Não fazem casamento mais de quatro milhões de dólares! O parto? É lá no bairro com a tia parteira Mariana, com risco de pegar cólera.

Dog, acredito eu, que queria dizer que o governo que está aí, é uma simulação de governo. Um simulacro. Estamos a espera do espetáculo do crescimento e só vemos fumo. Excessiva centralização. É uma pena! Multidões sendo enganados num país onde o luxo contrasta com a miséria do povo. Tudo é truque. Nada funciona. Nada rola. Menos pão, luz e água!. A educação, nem se fala. Não há política para resolver as gritantes desigualdades políticas. Vamos ver se com as eleições as pessoas conseguem tirar a venda dos olhos.

Não é por acaso que, crianças são mortas acusadas de feitiçaria. Numa boa escola de engenharia estuda-se que devemos resolver primeiros problemas difíceis, os grandes problemas. Que importância possui construir duas ilhas artificiais em Luanda? Em Angola só existe uma cidade chamada Luanda? Não há mais nada para ser recuperado? A fome já foi resolvida?

Em relação à frustração não é verdade que todo povo angolano seja frustado. É fome mesmo. O que acontece é que ninguém gosta ser relembrado que chega de... só “eu”. Ao mamar tem que lembrar também dos outros têm fome. Não é fome de "pegar o meu". Pensando assim, isso é furacão de tristeza. O Dog é o culpado disso? Na terra dos cegos, quem tem um olho é mesmo perseguido. Dog Murras deveria ganhar o prêmio nobel da paz, pela ousadia, coragem, determinação e, principalmente, ter ferido a opulência e arrogância de uma minoria poderosa, enfim.

>> Publicado no portal "Club-k.net" (05/01/2008)


Para escutar "Angola Bwé de Caras"
>>> Dog Murras "Angola Bwé de Caras" clique aqui <<<




Título: Angola Bwé de Caras
Letra e música: Dog Murras

Vamos fazer mais como
É nossa Angola
Angola dos kota bué que tem que pode
E que tudo fazem
Angola dos inocentes, que na calçada morrem de fome
Angola que p´ro angolano é rica, é boa e maravilhosa
Angola que p´ro angolano é só desgraça ou vir da caixa
Angola tu banga kiebe, casas de praia, carros de luxo
Angola sukula zuata, estradas é buraco e casas sem tecto
Angola que tem de tudo, que estende à mão e ajuda os outros
Angola que não tem nada, está desgraçada e bwé rebentada
Boa Angola p´ro chinês, boa Angola p´ro português, boa Angola p´ro libanês

Hum…hum.hum p´ro angolano
Boa Angola p´ro senegalês, boa Angola p´ro inglês, boa Angola p´ro francês

Humc..humc p´ro angolano
Refrão
É minha Angola
É tua Angola
É minha Angola
É nossa Angola (Bis)
Angola do petróleo, do diamante e muita madeira
Angola do paludismo, febre tifóide e muita diarréia
Angola dos talé bosses comem sozinho e muita ambição
Angola que é da gasosa, corrupção tapa visão
Angola dos herdeiros que não fazem nada e tem bwé de massa
Angola do kota honesto, que bumba bwé e não vê nada
Angola das fezadas, bwé de emprego para as mesmais pessoas
Angola da frustração, é só beber, roubar e matar
Boa Angola p´ro americano, boa Angola p´ro indiano, boa Angola p´ro maliano

Humcu..humcu p´ro angolano
Boa Angola p´ro brasileiro, boa Angola p´ro nigeriano, boa Angola p´ro marroquino
Humcu…humcu pro angolano
Éh Kalingindó, Kalingindó Xuta!
É na baliza é na baliza ui vasilou Golo!
Kalingindó, Kalingindó Xuta!
É na baliza é na baliza ui vasilou Golo!
Angola do crescimento, do investimento é só sucesso
Angola que está no gesso, sem água e luz, só retrocesso
Angola dos arrogantes, narizes em cima tipo não caga
Angola cheio de poeira, bwé de lixeira até dá vergonha
Angola dos condomínios, engarrafamentos e dores de cabeça
Angola que quando chove não há chefe que marca presença
Angola do bajulador engraxador e sorriso podre
Angola dos aeroportos, revista o mano revista o pobre
Refrão
É minha Angola
É tua Angola
É minha Angola
É nossa Angola
É minha Angola
É tua Angola
É minha Angola
É nossa Angola
Kalingindó, Kalingindó
Xuta!
É na baliza é na baliza ui vasilou
Golo!
Kalingindó, Kalingindó, Kalingindó
Xuta!
É na baliza, é na baliza wi vasilo Golo!
Angola dos anseios do crescimento de uma nação
Angola do bloqueio do impedimento da geração
Angola dos corajosos, dos empreendedores e mente aberta
Angola dos invejosos, detractores visão limitada
Angola das revistas, muitos sorrisos, lindos cenários
Angola Ecos e Factos, muitos choros tudo ao contrário
Angola do rico é rico, muito conceito com preconceito
Angola do pobre é pobre, que nasce pobre e morre pobre
Refrão
É minha Angola
É tua Angola
É minha Angola
É nossa Angola
É minha Angola
É tua Angola
É minha Angola
É nossa Angola (Bis)
Fonte: Semanário Angolense

Outra música de autoria desconhecida, que estremeceu o meio político angolano dos «camaradas».
>>> Para Ouvir "Xumuna - Trilha Ze Dú (Variada 2008) clique aqui <<<

- ZEDU TEM QUE (...)!
XUNAME, Xuname é yo á muitos Anos, Anos...
de boca fechado, fechado...
me decidi cantar...
- julgado ou condenado não estou preocupado...
o estado sume, os seus dias estão contados...
- Eu confesso que o José Eduardo é tão culpado...
de tanto sangue derramado...
sem medo de cara feia, Eu falo de boca cheia...
que este homem é um ditador...
por isso não dá valor neste povo sofredor...
que sempre lutamos, morremos, morremos para o Mpla ser o povo..
e o povo ser o Mpla, hoje quando abrimos a boca pra falar...
nos mandam pra calar,calar...é assim a história nos mostra...
que fomos traídos pelas cores...cambadas de landrões, roubam sem,
travões...aos milhões constroem Lar patriota e o seu querido Santome...
- o meu povo vive, sem comer, mer, Balumukeno Muagole, o Mpla é o partido,
criado pelos Brancos, por isso manipuladamente dos nossos cotas parvos,
dos nossos cotas parvos (refr)...
- Zédu tem que (...) ...para o povo sobreviver,as eleições acontecer,
a ditadura enfraquecer...2x
20 tal ano no poder sempre a nos foder, dizem que é engenheiro dos,
petroleos, gasta o nosso dinheiro sem controlo, filha da (...) Zé...
será que tu não vêe, que no poder Zé, ninguem te quer ver...
- o povo se cansa com as tuas promensas falsas, de tanta ganância...
Levaste Angola na desgraça de tantos anos de sufoco...
mais o povo ainda leva soco, torturado com os direitos violados...
pelas alguns soldados, óh manipulados pelo José Eduardo...
é triste viver dum país aonde a justiça não existe a televisão,
manipulada quando a pele escura, escura se manifesta pelos seus direitos,
sofre sensura, assim dão previlégios aos pulas...
sem medo, medo de levar com a surra, Xuname, quando fala, fala óh com
muita bravura, Angola não é, dos Pula, Pulas...
- Zédu tem (...) para o povo sobreviver as eleições acontecer,
a ditadura enfraquecer (2x)...
- gastam o dinheiro do país com as divídas da FESA, o povo vive, vive,
sem comida na mesa, Assassino, não respeita o povo que canta o Hino...
com sangue das crianças Angolanos o grande bero construiu na,
conquista duma falsa, falsa Paz, isso não dá mais...
- Zédu tem (...) para o povo sobreviver as eleições acontecer,
a ditadura enfraquecer (2x)...
- tarde ou cedo vais cair o povo não te pós aí, sou angolano de origem,
conheço bém a história do meu país, vamos, vamos á luta, Rei Mandume, LMC,
MCK, quando pego na caneta a Ana Paula não escapa...
- esta dona é uma landrona, rouba, desbanja o dinheiro do meu povo,
no rio de janeiro só para ser aceita e reconhecida pelo povo Brasileiro...
- Paula como primeira dama não te quero, quando o meu povo compreender,
e entender as minhas palavras, o poder não vai lhes merecer,
porque tu sabes que o povo já sabe quem oferece Nocal farguece para pagar,
com a mente do povo melhor nada acontece, o povo sabe que foi o (...),
que comandou a morte de vários jovens...
- Meu povo me ouve a morte dum revolucionário é começo da revolução...
quando abro a minha boca é pra passar a informação da minha nação,
que precisa de alguma solução.
- Hey yo Xuname,levanta o povo, povo...
- abaixo o Mpla...abaixo o mpla...
- Hey yo Bro, acredita bro, este é a Big family yo,
o teu sonho se realizou bro, yo...(2x).
ASS: MENINO DA RUA_LUANDA /vendedor ambulante - Rock Santeiro.
Fonte: Club-k.net

Cartão vermelho para a Igreja Maná em Angola

A vingança foi maligna. O Ministério da Justiça suspendeu, no passado dia 25 de Janeiro de 2008, as atividades da Igreja Maná Cristã do “Apóstolo” São J. Tadeu, devido à “violação sistemática da lei vigente e da ordem pública”. Pelo menos essa é a justificativa oficial. Fundada em 1984, com sede em Lisboa, a Maná foi reconhecida em Angola no ano de 1992. Hoje, possui em torno de 900 filiais e um número de fiéis estimado em 600 mil.

Esta igreja cristã protestante, trinitariana, ganhou notoriedade pelas confusões que protagonizou. Por exemplo, quem não se lembra do caso “Maná da Sonangol”? O grupo do bispo José Luis Freitas Gambôa, segundo notícias divulgadas, elaborou um projeto para a construção de um posto médico e uma escola. Com muito esforço conseguiu o patrocínio, generoso, da empresa petrolífera angolana Sonangol. Nada mais do que uma doação, em dinheiro, no valor de US$ 1.000.000,00 (Hum milhão de dólares) ou algo próximo a isso, num país vive dizendo que não possui recursos, mas tudo bem.

Ao ficar sabendo, o “Apóstolo” da igreja caracterizada, em seus cultos, pela presença acentuada da música animada, orações, falar e orar em “línguas estranhas”, curas divinas e pregações sobre a prosperidade financeira solicitou que essa quantia fosse enviada a Portugal. Dizem as más línguas que seria para comprar um avião. Uma pergunta pode ser feita: por que o dinheiro teria que fazer o turismo a Portugal se sua destinação era para obras sociais em Angola?

O Bispo Freitas Gambôa, com espírito patriótico, bateu pé. Não enviou o dinheiro. Temendo que a quantia fosse enviada à revelia, teve uma "genial" iniciativa de transferí-la para a sua conta bancária, tendo comunicado o fato à Sonangol. A “cúria lusitana” entendeu isso como desvio do dinheiro e desobediência. O que se assistiu depois disso foi uma lavagem de roupa suja via TV MANASAT e imprensa, de uma forma geral. Na época chegou a faltar tinta para que os jornais cobrissem essa olimpíada de “bate-boca”. Viu-se, então, o início do apodrecimento do maná. Para acabar com a confusão, o Bispo Gambôa devolveu o dinheiro à Sonangol, perdeu o emprego e, como sobremesa, foi proibido de freqüentar a Igreja.

O drama não parou por aí. Maná, igreja pertencente ao ramo das igrejas evangélicas neopentecostais não recebeu a revelação dos acontecimentos escatológicos. O “Apóstolo” e engenheiro civil, natural de Moçambique, que depois foi proibido de entrar em Angola, cometeu uma falta grave, quando mandou “calar a boca” ao eterno ministro da Cultura angolano. Pediu para que o vitalício ministro “tivesse mais juízo”. Isso é grave, pois não? Que nada! Ele disse mais: “é muita corrupção em Angola”. Até que isso é verdade. Mas, ele continuou: “Muita podridão”. O pecado imperdoável deve ter vindo quando afirmou: “Angola é um país de bananas. É só pagar e os macacos mexem as caudas, abrem as pernas e nós passamos”. Chamou o povo de “malcheirosos” e “pés-descalços” e outras palavras feias, que o diabo, pai da corrupção, teria vergonha de pronunciá-las.

Se analisarmos que isso foi dito por um “Apóstolo” e estrangeiro, com negócios no país, é muito constrangedor. Na época fomos poucos que nos manifestamos publicamente para protestar. Lembro-me de Malavoloneke, Paulinha da Costa Neto e outros que não me lembro. O governo ficou quietinho, como quem não estivesse acreditando em tudo que estava acontecendo. Foi indisgesto!.

Com isso, a Igreja Maná se atolou e não soube administrar a situação "pós-tolado". Publicamente, não me consta que tenha pedido desculpas. Se isso fosse feito, talvez a situação não fosse tão dramática. Em Angola atual há sempre um jeitinho. Entretanto, muitos analistas apontam como última gota de água a recusa da Igreja em apoiar publicamente, ou discretamente, o setor político dominante, justo no ano eleitoral. Assim, o encerramento da igreja também pode ser uma estragégia governamental de criar dificuldades para vender facilidades.


Nem tudo está perdido pelo fato da decisão ter sido tomada pelo Ministério da Justiça. Em Angola, a decisão credível é a tomada pelo Presidente da República, em exercício, e olha lá. No fim do ano passado, por exemplo, prometeu que afastaria os corruptos da administração pública e do partido no poder, este ano. Até agora só ficou no discurso (ao pobre, nunca promoter). Desconfio que a decisão de acabar com a Igreja Maná tenha partido da ala dos corruptos. Assim fazendo, eles desviam a atenção para outros fatos. Se não fosse a Maná, iriam ressuscitar, por exemplo, o caso Quina ou outro qualquer.

Generalizemos um pouco. A decisão agradou a muitos angolanos, como se isso fosse a solução dos problemas nacionais, pelo menos hoje. Precisamos repensar a questão de denominações religiosas, sim. Entretanto, não creio que a solução também seja o fechamento delas. Isso é arrumar mais problema. Isso é atuar nos efeitos. É querer esconder o sol com a peneira. O problema se resolve quando se atua nas suas causas. Precisamos lembrar que já estamos no século 21. Seria voltarmos para a idade média, a perseguição de pessoas devido à opção religiosa. A caça às bruxas. Coliseu, nunca mais. Se isso vingasse, em breve teríamos outras perseguições: por questões partidárias, futebolísticas ou outros tipos de irracionalidades. A Universidade Agostinho Neto já está se preparando para caminhar para trás, com a possibilidade de nomeação do magnífico reitor, pelo governo.

Uma pergunta que precisa ser respondida pelas autoridades é esta: por que surgem tantas igrejas? Hoje, em Angola temos mais de 900 denominações aguardando a autorização para o funcionamento legal, sem contar com uma centena já legalizada. Se nós olharmos o aspecto social, no caos, em que o país está mergulhado, deveríamos dar razão a todas as igrejas, inclusive às picaretas que estão surgindo a cada dia. Criar igreja é uma questão de sobrevivência tanto para quem a funda, não há necessidade de muito investimento, quanto para quem a frequenta, infelizmente.

Senão vejamos: o indivíduo não possui nenhuma formação. Gostaria muito ter ido à escola, mas isso foi-lhe negado. Está desempregado, com 8 filhos para sustentar e não vê nehuma política para acabar com essa situaçã. Quando olha ao lado, vê os políticos sem estudo com oitos carros na garagem, donos das maiores empresas que prestam serviços ao próprio governo, outros mandam vir dois bois toda semana, sendo um para os filhos e outros para os cachorros. É desesperador. Uma pessoa dessas acredita em tudo que lhe aparecer, até como forma de catarse, de desabafar, antes que tenha o acidente vascular cerebral, o derrame. Se alguém lhe disser que está água é de Jerusalém e faz milagres, o indivíduo entrega tudo que tiver para que usufrua do tal milagre.

Faz parte do instinto humano, a crença em um ser superior, mesmo que seja uma pedra. A burguesia, por exemplo, acredita no dinheiro e poder. Outros, infelizmente, nos copos. Os seres humanos não foram feitos para sofrer. O sofrimento e a desgraça nos está sendo imposto pela burguesia que segue os ditames diabólicos. Ela quer se apoderar de tudo. Não deixa nada para ninguém, nenhuma migalha. Assalta bens públicos. Sucatea as empresas públicas e, depois, com a desculpa de não serem lucrativas, ou necessidade de preparo de mão de obra, são dadas de mãos beijadas aos príncipes e princesas. Temos Angola dos contrastes. Pessoas sem nenhum pingo de amor pelo país nem pelos angolanos.

Assim, nesse contexto, a Igreja, se apresenta como um espaço ou meio em que o indivíduo encontra o conforto. É lá que encontra alguém que se importa por ele. É lá que aprende que não deve roubar, como fazem os corruptos. Eles aprendem a acreditar e não a vacilar de que é do suor que as pessoas devem viver e não das negociatas. É lá que o cidadão comum recebe aquele combustível que lhe dá coragem para enfrentar, com coragem, os embates da vida. Infelizmente, os enganadores aproveitam-se da fragilidade do povo, muitas vezes com baixa escolaridade, para incutir-lhes nas mentes suas heresias.

Tirando a má educação do “apóstolo” ou a infelicidade, perto de algumas igrejas que esperam ser legalizadas ou outras que funcionam, muitas são de longe picaretas, isso para não falar do fundamentalismo de outras. Não nego isso. Alguma solução precisa ser encontrada. Agora faço uma pergunta. Quem é mais picareta: a pessoa que estudou e aproveita o exercício do poder, para desviar e se apoderar dos bens públicos em benefício próprio, não deixando nada aos pobres, ou o pobre, que vive no obscurantismo imposto pela classe dominante, que faz isso como uma alternativa de sobrevivência?

Se a Igreja Maná rodou, então muitas cabeças ou melhor, igrejas, irão também rolar. É difícil equacionar isso enquanto as pessoas que estão no poder continuarem coladas nas cadeiras em que estão sentadas. O problema de Angola não são igrejas. São as pessoas que estão lá encima. É a ausência do Estado. Não fazem nada pelo social. Esperemos por um governo mais preocupado com o social tomar poder em Angola. Ah, as mudanças começam em setembro deste ano. A oposição já está saindo na dianteira com alguns votos a mais, pelo menos se o presidente não reverter essa situação.

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O apóstolo da Igreja Maná, Jorge Manuel Guerra Tadeu, fez um comunicado à imprensa, com relação à proibição de sua igreja em Angola.

COMUNICADO DE IMPRENSA

Lisboa, 31 de Janeiro de 2008

Comunicado Oficial da Presidência da Igreja Maná acerca da Igreja Maná de Angola

Como Presidente da Igreja Maná Internacional, venho esclarecer publicamente os factos que envolvem a Igreja em Angola e que ocorreram recentemente.

Na segunda-feira, dia 28 de Janeiro de 2008, a liderança de Angola telefonou-me de urgência comunicando que tinha saído um Decreto a restringir a actividade da Igreja no território nacional.Fui apanhado de surpresa e até me custou a acreditar porque não tinha conhecimento de que em algum dia tivéssemos sido chamados ou acusados por qualquer motivo.

Embora eu seja o Presidente da Maná Internacional, e para todos os efeitos ter de assumir as responsabilidades, a verdade é que em cada país é instituída Liderança Nacional, de preferência com pessoas nacionais, a quem é dada autonomia total, em termos administrativos, legais, financeiros, etc, baseado na confiança e na Visão Maná. A todo tempo a Liderança de cada nação é sempre instruída a obedecer às Leis Nacionais e à Visão Maná.

Perante as alegações deste despacho, só me ocorre pensar que serão provenientes do tempo de administração de um antigo mau obreiro que cometeu bastantes irregularidades, dando origem à abertura de um inquérito interno e sua consequente expulsão.

Face à gravidade da situação, eu já instruí a actual Liderança de Angola a:
a) agir com serenidade e assim cumprir os mandamentos de Jesusb) pedir ajuda aos respectivos órgãos do Governo para saber a origem desta situaçãoc) averiguar responsabilidades dentro do nosso meio

Termino este comunicado dizendo que se por qualquer motivo a falha for minha ou de alguém da actual Liderança, seguiremos o mandamento de Deus que é de admitir os erros e pedir perdão.

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Fiéis da Igreja Maná podem pedir novo reconhecimento - ministro da Justiça Angop

Os fiéis da Igreja Maná - recentemente ilegalizada pelo Governo - poderão, se quiserem, requerer um novo reconhecimento, bastando reunir os pressupostos legais, assegurou , em Luanda, o ministro da Justiça, Manuel Aragão (na foto).

O ministro, que falava no termo de um encontro com deputados da Comissão dos Assuntos Religiosos da Assembleia Nacional, advertiu, contudo, que a decisão sobre o novo pedido poderá ser favorável ou não, em função da sua conformidade com o disposto na Lei.

"Nós estamos abertos aos pedidos e podemos, depois da análise, fundamentar a nossa decisão, favorável ou desfavorável", frisou, adiantando que os fiéis devem, entretanto, reunir os requisitos à luz da Lei actual (Lei Nº 2/04, Lei sobre a Liberdade de Consciência, de Culto e de Religião).

O ministro sublinhou ainda que os fiéis e todos os cidadãos devem ter em conta que o Estado é uma pessoa (entidade) de bem, competindo-lhe fazer cumprir a Lei sempre que haja uma ameaça ou perigo aos bens e valores que protege.

O titular da pasta da Justiça explicou também que um dos pressupostos para reconhecer uma pessoa - quer seja singular quer seja colectiva - é respeitar a ordem estabelecida pelo país hospedeiro.

"Todas aquelas igrejas - quer sejam seus fiéis, quer sejam seus representantes - que assim não cumprirem, o Governo deve, em nome do Estado que é uma pessoa de bem, agir", sublinhou.

O ministro disse que a ilegalização da Igreja Maná é um sinal que deve ser bem entendido por todos, acrescentando que o Estado é laico, defende todas as igrejas e vê nelas como principais parceiras para a pacificação dos espíritos. "Mas cumpram a Lei, respeitando as instituições", exortou.

Deputados da 6ª Comissão, que trata, entre outros, dos Assuntos Religiosos, reuniram-se hoje em Luanda com o ministro da Justiça e vice-ministro da Cultura, Virgílio Coelho, para analisarem o fenómeno religioso, à luz da Lei Nº 2/04.

Dominaram os objectivos do encontro o fenómeno da proliferação de confissões religiosas e o caso particular da Igreja Maná, cuja autorização para realizar as suas actividades no país foi revogada recentemente pelo Ministério da Justiça.

Os deputados levantaram várias preocupações, ente as quais a ligada ao facto de muitas igrejas, além de exercerem as suas actividades sem nenhuma autorização, funcionam como verdadeiras empresas - arrecadando altas receitas da contribuição dos fiéis, com a agravante de as transferirem para o estrangeiro, fraudulentamente.

Esta prática, aliada a outras, foi uma das razões apontadas pelo ministro da Justiça para a ilegalização da Igreja Maná, cujo pastor, o cidadão português Jorge Tadeu, terá tido reiteradas vezes uma conduta inamistosa e atentatória à dignidade do Estado angolano.
29 Feb 2008 Fonte: Angop

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Entrevista a Directora para os Assuntos Religiosos
10-Mar-2008
Hipóteses remotas para o ressurgimento da Igreja Maná

Depois da publicação no Diário da Republica do decreto 6/08 de 25 de Janeiro que revogou o reconhecimento da Igreja Maná muitos se questionaram sobre as verdadeiras causas da decisão.

Em busca de pistas sobre o caso entrevistamos a Directora para os Assuntos Religiosos, Fátima Viegas, que falou, dentre vários assuntos, de alguns erros cometidos pela direcção da igreja, sem que tenha esclarecido quais foram os atropelos à lei angolana cometidos pela confissão religiosa. Uma vez que disse não ter tido contacto com o processo em causa, a responsável não foi capaz de clarificar muitos dos pontos cinzentos desta polémica, mas, ao longo desta conversa ficou claro que as hipóteses da decisão ser revogada são ínfimas, a tal ponto que a nossa interlocutora aconselha os crentes da Maná a procurarem outras confissões religiosas.

Angolense (ANG): Pode esclarecer quais são as razões que levaram ao fecho da Igreja Maná?

Fátima Viegas: Uma das causas é precisamente a constituição de um processo contra a Igreja tendo em conta alguns elementos e factos que os órgãos judiciais verificaram e notaram consistência para tomarem essa decisão, mas há instituições públicas que poderão falar disso com mais detalhes. À nós cabe apenas o estudo do fenómeno religioso e a ligação com as Igrejas.

ANG- Teve acesso ao processo ou sabe o que consta nele?

F.V.: Não tive acesso ao processo, mas sei que houve um comportamento que não foi de encontro com as leis emanadas no país e uma vez que o Estado é soberano, quando há prevaricação da lei, tem de afirmar a sua autoridade. Este assunto da Igreja Maná é uma questão de soberania e autoridade do Estado e a partir do momento em que há um desrespeito contra autoridade do Estado, este deve agir.

ANG: Que desrespeito houve?

F.V.: Desrespeito através de vários canais e maus procedimentos que levaram a constituição de um processo, a partir do momento que saiu publicamente as coisas tomam outras proporções, na verdade já chegou ao seu fim, mas não me compete dizer que fizeram isso ou aquilo, porque existem órgãos judiciais que poderão decidir se divulgam ou não, uma vez que são assuntos internos.Poderei falar do ponto de vista histórico e sociológico, mas não devemos esquecer que o Ministro da Justiça tem o direito de reconhecer e revogar o reconhecimento de qualquer Igreja, isso segundo a Lei 2/04 de liberdade da consciência da religião, no artigo 12. Ele pode revogar um reconhecimento ou de dar um reconhecimento, assim como o artigo 13 da mesma disposição legal também dá liberdade aos cidadãos religiosos de fazerem um recurso sobre um despacho, portanto, a igreja pode fazer um recurso, mas gostaríamos que eles conseguissem provar que não têm culpa, se tiverem razão o Ministro logicamente vai retirar a revogação, se não, continuarão fechados.

ANG: Jorge Tadeu e Freitas Gambôa, na sua opinião, foram os causadores da instauração do processo contra a Igreja?

F.V.: Apercebi-me do caso do empréstimo do dinheiro da Sonangol, por meio da comunicação social, a própria Igreja deu declarações sobre o ocorrido e houve aquele desentendimento originando a expulsão do Bispo Gambôa, mas só a Igreja pode falar como está o caso agora.Quanto aos pronunciamentos do apóstolo Jorge Tadeu via satélite, ele próprio, penso, sabe o que diz, todos temos consciência das nossas capacidades e limitações e daquilo que fazemos, porque se aquilo é público alguém certamente deve ter ouvido os pronunciamentos do senhor, eu não os ouvi, mas sei porque li nos jornais, mas também há aquele ditado popular "não há fumo sem fogo" e o outro que diz que "o peixe morre pela boca". Por acaso li alguns artigos onde constam muitas baboseiras ditas pelo Jorge Tadeu. Ele até disse algo que nem está escrito aqui no Diário da República, portanto, ele se complicou, mas cada um é como cada qual, o Estado é soberano, tem a sua autoridade e se decidiu fechar a Igreja é porque teve razão para o fazer.Quantas igrejas existem aqui, reconhecidas e não reconhecidas, que manifestam os seus cultos? várias. As não reconhecidas de momento são 729, mas o Governo nunca as privou.Mas se existir uma queixa a dizer que a Igreja a meia-noite faz culto que perturba a ordem pública, aí o Estado tem de agir, pensem no seguinte: para o Estado interditar a Igreja Maná dentro do universo de tantas outras é porque qualquer coisa de grave se passou.A Igreja precisa reflectir e analisar os seus erros. A Igreja teve muito tempo para se manifestar enquanto o processo estava a correr os seus tramites e neste espaço de certeza que aconteceram erros graves, mas ela se manteve em silêncio.

ANG- Segundo informações Jorge Tadeu entrou no país mesmo depois de ter sido proibido pelo Estado. Pensa que este foi o motivo principal para o fecho da Igreja?

F.V.: Se assim aconteceu foi um grande desres-peito ao Estado e os cristãos de certeza que colaboraram em esconder este facto.

ANG- Como vê a situação dos fiéis?

F.V.: Os fiéis, tendo em conta a sua fé e a sua crença, podem partilhar esta fé em outras congregações mais próximas. Quando se fala da religião sabe-se que existe a cristã e a não cristã. A Igreja Maná enquadra-se na cristã e neste capítulo temos o catolicismo e o protestantismo, este último tem várias vertentes e a Maná é uma delas, numa corrente neo pentecostal, que enfatiza o poder do espírito santo, cura e solidariedade, portanto, há outras correntes neo pentecostais e as pessoas que têm fé podem manifestar por meio delas.Um exemplo disso é a Igreja Messiânica, cujo representante também era da Maná e saiu porque não concordava com algumas coisas e está aí. Hoje, olhando para os crentes perplexos noto que nunca houve comunicação do que estava a acontecer, a hierarquia da Igreja sempre ficou no seu pedestal porque achava que mandava em tudo e todos.

ANG: Já se apercebeu de algumas práticas que constituem violação de alguma lei feita pela igreja em causa?

F.V.: Já me contaram que os dirigentes da Igreja incitavam os crentes a rezar contra A, B e C, portanto, eu me pergunto que tipo de Deus adoravam os crentes da Maná. Um deus mau, vingativo e ruim.A Igreja é uma instituição que tem alicerce na moral e uma entidade do bem e é acima de tudo colaboradora do Governo, porque as igrejas também desempenham um papel social muito importante.Já me vieram dizer que o meu antecessor, António Lisboa, saiu graças as orações que eles fizeram, eu me pergunto que formação espiritual é que se processava nesta Igreja? Então a Igreja fala da questão do respeito de uns para com os outros, como é que eles não respeitavam nem toleravam os outros? por isso deu no que deu.

ANG: Embora tenha dito que não teve contacto com o processo em causa, tendo em conta o cargo que desempenha, pode avançar alguma informação que indique os dirigentes da igreja Maná desrespeitavam as leis do país?

F.V.: Assim que assumi esse cargo, a primeira coisa que fiz foi endereçar um documento a todas as igrejas, inclusive a Maná, para que nos dessem dados estatísticos sobre o número de filiais e crentes. A Maná simplesmente ignorou o meu pedido e só agora, depois desse problema, é que nos vieram dizer que têm 800 filias, mas duvido deste dado, isso serviu para nos mostrar o quão desorganizados estavam.

ANG: Apercebemo-nos de um encontro que teve com os bispos da Igreja Maná na semana finda. Pode nos avançar o que trataram?

F.V.: Três bispos da Igreja Maná vieram falar comigo, queriam saber o que fazer em função do processo, expliquei-lhes que se acham que isso é uma injustiça que recorressem. Também os aconselhei a cumprirem rigorosamente com o despacho para não piorarem a situação.

ANG: No meio de tudo isso, como ficam os fies?

F.V.: Quero que não se esqueçam que vivemos numa sociedade e que antes de sermos religiosos somos cidadãos e como tal temos direito e deveres que devemos cumprir. Os membros da Igreja Maná devem pautar por um comportamento de cidadão, deverão ter uma postura de religioso, portanto, saber respeitar, tolerar o outro e sobretudo pacificar os espíritos.É necessário verem onde falharam e porque falharam, mas não devem se colocar na posição de vítima, devem procurar analisar como foi o seu relacionamento com a sociedade e até que ponto contribuíram para o melhoramento da sociedade.

ANG: Para muitos crentes essa posição do Estado é injusta, o que tem a dizer-lhes nessa hora de aflição?

F.V.: O problema de muitos fiéis é que tornaram-se cegos, porque confundem o Deus criador com os seus fundadores e pastores da igreja, eles endeusam os pastores e o que eles falam é uma verdade absoluta, daí que o crente fica com dificuldade de discernir.Conheço muitos crentes da Igreja Maná que caíram numa cegueira tal que não conseguem discernir, é preciso abrirem os olhos. Devem saber quais os erros que foram cometidos pelo corpo directivo da igreja para forçar o Estado a tomar essa medida, só assim verão que foi a decisão correcta.
Fonte Uauê

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Sábado, 12 de Abril de 2008

Fiéis da Igreja Maná são acusados de desobediência civil


ANGOLA - A Igreja Maná, que tem origem portuguesa e está presente há 18 anos em Angola ( além de países de língua portuguesa, como o Brasil), teve suas atividades proibidas no país africano no fim de janeiro e permanece sem autorização para funcionar. Por isso seus fiéis vem se reunindo clandestinamente para orar e louvar a Deus.

Em entrevista à rádio "RNA", líderes da nova Igreja Cristã Arca de Noé ( formada por ex-pastores, ex-bispos e ex-membros da Igreja Maná) acusaram o apóstolo Jorge Tadeu de "incutir nos fiéis da igreja o espírito de sublevação contra as autoridades instituídas na terra".

"Neste momento, muitos fiéis, bispos e pastores de tempo integral estão sendo forçados a aderirem à desobediência à lei civil, contrariando o decreto que proíbe a realização de cultos que ainda é válido", afirmou o bispo António Ferreira, uma vez que após a proibição os fiéis da Igreja Maná continuam se encontrando reservadamente em outros lugares.

O líder da Igreja Maná em Portugal, "apóstolo" Jorge Tadeu, acusa o ministro da Justiça e a petrolífera Sonangol de promoverem a cisão da confissão religiosa após a proibição das suas atividades em Angola.

Em declarações à Agência Lusa, Jorge Tadeu classificou os promotores do novo culto, a Igreja Cristã da Arca de Noé, como "rebeldes" e envolveu o ministro Manuel Aragão e a Sonangol no apoio e promoção dos dissidentes.

Parte do caso

A principal alegação dada pelo ministro da Justiça da Angola para o fechamento da Igreja Maná é a de que foram detectadas "violações sistemáticas" da lei angolana e da ordem pública. Dentre estas violações estava a denúncia de desvio de recursos e o recebimento de dinheiro da petrolífera Sonangol.

Ocorre que, ex-bispos e ex-pastores – alguns envolvidos no caso Sonangol e que foram desligados da Igreja Maná – se juntaram e formaram uma nova denominação, a Igreja Cristã da Arca de Noé. E seus representantes já foram recebidos pelo ministro Manuel Aragão, a quem entregaram o pedido de legalização da congregação e repudiaram supostos ataques de Jorge Tadeu contra as autoridades angolanas.

"Ora este ministro abafou o caso. E não só está envolvido com estas pessoas, como também a Sonangol, que até hoje nunca respondeu aos desvios de dinheiro, que passaram e foram parar nas contas da Sonangol", acusou o líder da Maná em Portugal.
Nas declarações à Lusa, Jorge Tadeu desvalorizou a separação da igreja. "Cisão não há. O que existe são rebeldes. É como numa seara, em que há trigo e joio", disse, acrescentando que após a proibição de celebração de cultos, fiéis e representantes religiosos da congregação "foram ameaçados de morte".

Fonte: Portas Abertas/O Verbo

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«Apóstolo» Jorge Tadeu festejou a derrocada do edifício da DNIC (Veja as Fotos da destruição do prédio da Dnic)

Semanário Angolense (Dani Costa)

Depois de alguns meses remetido ao silêncio, o «apóstolo» Jorge Tadeu, fundador da Maná Igreja Cristã no mundo, reapareceu na noite do dia 30 de Março, cerca de 24 horas depois de ter caído o edifício da Direcção Nacional de Investigação Criminal, na rua Senado da Câmara. Por intermédio da «ManáSat», o polémico líder religioso festejou o desabamento do prédio onde durante vários anos funcionou os serviços da Dnic, gabando-se de que este acontecimento, que vitimou mortalmente mais de 30 cidadãos, entre homens e mulheres, era um sinal de que Deus estava a ouvir as suas orações, no sentido de castigar as autoridades angolanas.

Além de se regozijar com as mortes resultantes do desabamento do prédio, Jorge Tadeu, que viu encerrada as portas dos seus templos em Angola, devido às injúrias e ofensas graves que foi proferindo contra as mais altas autoridades angolanas, relembrou o que já dissera noutras ocasiões: «Não fazia diferença nenhuma colocar varredores de rua nos lugares dos deputados e ministros angolanos, devido à sua incompetência». Num passado muito recente, ele salientara ainda que os governantes angolanos eram todos analfabetos, apesar de ostentarem títulos universitários.

Por causa destes últimos impropérios, um considerável número de representantes da Maná Igreja Cristã no país decidiram demarcar-se do líder fundador da congregação, porque chegaram à conclusão que, com base nas suas declarações, o «apóstolo» Jorge Tadeu, pela sua própria boca, acabava de fechar todas as portas que poderiam eventualmente levar à reabertura da igreja em Angola.

Recorde-se que o ministro da Justiça, Manuel Aragão, revogou, através do decreto executivo n.º 6/08, o reconhecimento da Maná Igreja Cristã, com a consequente proibição do exercício da sua actividade em todo o território angolano, onde possui centenas de capelas.

«Qual é o Governo do mundo que iria autorizar a um cidadão estrangeiro operar uma igreja no seu território, quando este faz apelo à guerra civil, lança maldições sobre as autoridades e festeja acidentes que ceifam vidas humanas, como fez na semana passada o apóstolo com a queda do prédio da Direcção Nacional de Investigação Criminal?», questionou-se o bispo António Ferreira, homem que comanda a operação para a criação da igreja que pode substituir a versão angolana da Maná Igreja Cristã, segundo um documento a que o Semanário Angolense teve acesso.

Face aos últimos acontecimentos, os proponentes da criação da nova congregação asseguram que o «apóstolo» Jorge Tadeu se desviou da visão de Deus, transformando a igreja num projecto político para, alegando perseguição religiosa e a coberto do nome de Deus, lutar contra partidos políticos e tentar derrubar governos, como parece querer em Angola.

«É uma pena que aquele que tínhamos como pai espiritual tivesse abandonado a palavra de Deus para pregar a sua doutrina pessoal, pois Deus não é a favor de mortes, guerras e desgraças. Essa é a tarefa do Diabo, que só veio para matar, roubar e destruir», lê-se ainda no documento fornecido a este jornal pelos mentores do projecto da fundação da nova igreja.

13 Apr 2008

Fonte: Semanário Angolense (Dani Costa)

http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=19143