sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cartão vermelho para a Igreja Maná em Angola

A vingança foi maligna. O Ministério da Justiça suspendeu, no passado dia 25 de Janeiro de 2008, as atividades da Igreja Maná Cristã do “Apóstolo” São J. Tadeu, devido à “violação sistemática da lei vigente e da ordem pública”. Pelo menos essa é a justificativa oficial. Fundada em 1984, com sede em Lisboa, a Maná foi reconhecida em Angola no ano de 1992. Hoje, possui em torno de 900 filiais e um número de fiéis estimado em 600 mil.

Esta igreja cristã protestante, trinitariana, ganhou notoriedade pelas confusões que protagonizou. Por exemplo, quem não se lembra do caso “Maná da Sonangol”? O grupo do bispo José Luis Freitas Gambôa, segundo notícias divulgadas, elaborou um projeto para a construção de um posto médico e uma escola. Com muito esforço conseguiu o patrocínio, generoso, da empresa petrolífera angolana Sonangol. Nada mais do que uma doação, em dinheiro, no valor de US$ 1.000.000,00 (Hum milhão de dólares) ou algo próximo a isso, num país vive dizendo que não possui recursos, mas tudo bem.

Ao ficar sabendo, o “Apóstolo” da igreja caracterizada, em seus cultos, pela presença acentuada da música animada, orações, falar e orar em “línguas estranhas”, curas divinas e pregações sobre a prosperidade financeira solicitou que essa quantia fosse enviada a Portugal. Dizem as más línguas que seria para comprar um avião. Uma pergunta pode ser feita: por que o dinheiro teria que fazer o turismo a Portugal se sua destinação era para obras sociais em Angola?

O Bispo Freitas Gambôa, com espírito patriótico, bateu pé. Não enviou o dinheiro. Temendo que a quantia fosse enviada à revelia, teve uma "genial" iniciativa de transferí-la para a sua conta bancária, tendo comunicado o fato à Sonangol. A “cúria lusitana” entendeu isso como desvio do dinheiro e desobediência. O que se assistiu depois disso foi uma lavagem de roupa suja via TV MANASAT e imprensa, de uma forma geral. Na época chegou a faltar tinta para que os jornais cobrissem essa olimpíada de “bate-boca”. Viu-se, então, o início do apodrecimento do maná. Para acabar com a confusão, o Bispo Gambôa devolveu o dinheiro à Sonangol, perdeu o emprego e, como sobremesa, foi proibido de freqüentar a Igreja.

O drama não parou por aí. Maná, igreja pertencente ao ramo das igrejas evangélicas neopentecostais não recebeu a revelação dos acontecimentos escatológicos. O “Apóstolo” e engenheiro civil, natural de Moçambique, que depois foi proibido de entrar em Angola, cometeu uma falta grave, quando mandou “calar a boca” ao eterno ministro da Cultura angolano. Pediu para que o vitalício ministro “tivesse mais juízo”. Isso é grave, pois não? Que nada! Ele disse mais: “é muita corrupção em Angola”. Até que isso é verdade. Mas, ele continuou: “Muita podridão”. O pecado imperdoável deve ter vindo quando afirmou: “Angola é um país de bananas. É só pagar e os macacos mexem as caudas, abrem as pernas e nós passamos”. Chamou o povo de “malcheirosos” e “pés-descalços” e outras palavras feias, que o diabo, pai da corrupção, teria vergonha de pronunciá-las.

Se analisarmos que isso foi dito por um “Apóstolo” e estrangeiro, com negócios no país, é muito constrangedor. Na época fomos poucos que nos manifestamos publicamente para protestar. Lembro-me de Malavoloneke, Paulinha da Costa Neto e outros que não me lembro. O governo ficou quietinho, como quem não estivesse acreditando em tudo que estava acontecendo. Foi indisgesto!.

Com isso, a Igreja Maná se atolou e não soube administrar a situação "pós-tolado". Publicamente, não me consta que tenha pedido desculpas. Se isso fosse feito, talvez a situação não fosse tão dramática. Em Angola atual há sempre um jeitinho. Entretanto, muitos analistas apontam como última gota de água a recusa da Igreja em apoiar publicamente, ou discretamente, o setor político dominante, justo no ano eleitoral. Assim, o encerramento da igreja também pode ser uma estragégia governamental de criar dificuldades para vender facilidades.


Nem tudo está perdido pelo fato da decisão ter sido tomada pelo Ministério da Justiça. Em Angola, a decisão credível é a tomada pelo Presidente da República, em exercício, e olha lá. No fim do ano passado, por exemplo, prometeu que afastaria os corruptos da administração pública e do partido no poder, este ano. Até agora só ficou no discurso (ao pobre, nunca promoter). Desconfio que a decisão de acabar com a Igreja Maná tenha partido da ala dos corruptos. Assim fazendo, eles desviam a atenção para outros fatos. Se não fosse a Maná, iriam ressuscitar, por exemplo, o caso Quina ou outro qualquer.

Generalizemos um pouco. A decisão agradou a muitos angolanos, como se isso fosse a solução dos problemas nacionais, pelo menos hoje. Precisamos repensar a questão de denominações religiosas, sim. Entretanto, não creio que a solução também seja o fechamento delas. Isso é arrumar mais problema. Isso é atuar nos efeitos. É querer esconder o sol com a peneira. O problema se resolve quando se atua nas suas causas. Precisamos lembrar que já estamos no século 21. Seria voltarmos para a idade média, a perseguição de pessoas devido à opção religiosa. A caça às bruxas. Coliseu, nunca mais. Se isso vingasse, em breve teríamos outras perseguições: por questões partidárias, futebolísticas ou outros tipos de irracionalidades. A Universidade Agostinho Neto já está se preparando para caminhar para trás, com a possibilidade de nomeação do magnífico reitor, pelo governo.

Uma pergunta que precisa ser respondida pelas autoridades é esta: por que surgem tantas igrejas? Hoje, em Angola temos mais de 900 denominações aguardando a autorização para o funcionamento legal, sem contar com uma centena já legalizada. Se nós olharmos o aspecto social, no caos, em que o país está mergulhado, deveríamos dar razão a todas as igrejas, inclusive às picaretas que estão surgindo a cada dia. Criar igreja é uma questão de sobrevivência tanto para quem a funda, não há necessidade de muito investimento, quanto para quem a frequenta, infelizmente.

Senão vejamos: o indivíduo não possui nenhuma formação. Gostaria muito ter ido à escola, mas isso foi-lhe negado. Está desempregado, com 8 filhos para sustentar e não vê nehuma política para acabar com essa situaçã. Quando olha ao lado, vê os políticos sem estudo com oitos carros na garagem, donos das maiores empresas que prestam serviços ao próprio governo, outros mandam vir dois bois toda semana, sendo um para os filhos e outros para os cachorros. É desesperador. Uma pessoa dessas acredita em tudo que lhe aparecer, até como forma de catarse, de desabafar, antes que tenha o acidente vascular cerebral, o derrame. Se alguém lhe disser que está água é de Jerusalém e faz milagres, o indivíduo entrega tudo que tiver para que usufrua do tal milagre.

Faz parte do instinto humano, a crença em um ser superior, mesmo que seja uma pedra. A burguesia, por exemplo, acredita no dinheiro e poder. Outros, infelizmente, nos copos. Os seres humanos não foram feitos para sofrer. O sofrimento e a desgraça nos está sendo imposto pela burguesia que segue os ditames diabólicos. Ela quer se apoderar de tudo. Não deixa nada para ninguém, nenhuma migalha. Assalta bens públicos. Sucatea as empresas públicas e, depois, com a desculpa de não serem lucrativas, ou necessidade de preparo de mão de obra, são dadas de mãos beijadas aos príncipes e princesas. Temos Angola dos contrastes. Pessoas sem nenhum pingo de amor pelo país nem pelos angolanos.

Assim, nesse contexto, a Igreja, se apresenta como um espaço ou meio em que o indivíduo encontra o conforto. É lá que encontra alguém que se importa por ele. É lá que aprende que não deve roubar, como fazem os corruptos. Eles aprendem a acreditar e não a vacilar de que é do suor que as pessoas devem viver e não das negociatas. É lá que o cidadão comum recebe aquele combustível que lhe dá coragem para enfrentar, com coragem, os embates da vida. Infelizmente, os enganadores aproveitam-se da fragilidade do povo, muitas vezes com baixa escolaridade, para incutir-lhes nas mentes suas heresias.

Tirando a má educação do “apóstolo” ou a infelicidade, perto de algumas igrejas que esperam ser legalizadas ou outras que funcionam, muitas são de longe picaretas, isso para não falar do fundamentalismo de outras. Não nego isso. Alguma solução precisa ser encontrada. Agora faço uma pergunta. Quem é mais picareta: a pessoa que estudou e aproveita o exercício do poder, para desviar e se apoderar dos bens públicos em benefício próprio, não deixando nada aos pobres, ou o pobre, que vive no obscurantismo imposto pela classe dominante, que faz isso como uma alternativa de sobrevivência?

Se a Igreja Maná rodou, então muitas cabeças ou melhor, igrejas, irão também rolar. É difícil equacionar isso enquanto as pessoas que estão no poder continuarem coladas nas cadeiras em que estão sentadas. O problema de Angola não são igrejas. São as pessoas que estão lá encima. É a ausência do Estado. Não fazem nada pelo social. Esperemos por um governo mais preocupado com o social tomar poder em Angola. Ah, as mudanças começam em setembro deste ano. A oposição já está saindo na dianteira com alguns votos a mais, pelo menos se o presidente não reverter essa situação.

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O apóstolo da Igreja Maná, Jorge Manuel Guerra Tadeu, fez um comunicado à imprensa, com relação à proibição de sua igreja em Angola.

COMUNICADO DE IMPRENSA

Lisboa, 31 de Janeiro de 2008

Comunicado Oficial da Presidência da Igreja Maná acerca da Igreja Maná de Angola

Como Presidente da Igreja Maná Internacional, venho esclarecer publicamente os factos que envolvem a Igreja em Angola e que ocorreram recentemente.

Na segunda-feira, dia 28 de Janeiro de 2008, a liderança de Angola telefonou-me de urgência comunicando que tinha saído um Decreto a restringir a actividade da Igreja no território nacional.Fui apanhado de surpresa e até me custou a acreditar porque não tinha conhecimento de que em algum dia tivéssemos sido chamados ou acusados por qualquer motivo.

Embora eu seja o Presidente da Maná Internacional, e para todos os efeitos ter de assumir as responsabilidades, a verdade é que em cada país é instituída Liderança Nacional, de preferência com pessoas nacionais, a quem é dada autonomia total, em termos administrativos, legais, financeiros, etc, baseado na confiança e na Visão Maná. A todo tempo a Liderança de cada nação é sempre instruída a obedecer às Leis Nacionais e à Visão Maná.

Perante as alegações deste despacho, só me ocorre pensar que serão provenientes do tempo de administração de um antigo mau obreiro que cometeu bastantes irregularidades, dando origem à abertura de um inquérito interno e sua consequente expulsão.

Face à gravidade da situação, eu já instruí a actual Liderança de Angola a:
a) agir com serenidade e assim cumprir os mandamentos de Jesusb) pedir ajuda aos respectivos órgãos do Governo para saber a origem desta situaçãoc) averiguar responsabilidades dentro do nosso meio

Termino este comunicado dizendo que se por qualquer motivo a falha for minha ou de alguém da actual Liderança, seguiremos o mandamento de Deus que é de admitir os erros e pedir perdão.

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Fiéis da Igreja Maná podem pedir novo reconhecimento - ministro da Justiça Angop

Os fiéis da Igreja Maná - recentemente ilegalizada pelo Governo - poderão, se quiserem, requerer um novo reconhecimento, bastando reunir os pressupostos legais, assegurou , em Luanda, o ministro da Justiça, Manuel Aragão (na foto).

O ministro, que falava no termo de um encontro com deputados da Comissão dos Assuntos Religiosos da Assembleia Nacional, advertiu, contudo, que a decisão sobre o novo pedido poderá ser favorável ou não, em função da sua conformidade com o disposto na Lei.

"Nós estamos abertos aos pedidos e podemos, depois da análise, fundamentar a nossa decisão, favorável ou desfavorável", frisou, adiantando que os fiéis devem, entretanto, reunir os requisitos à luz da Lei actual (Lei Nº 2/04, Lei sobre a Liberdade de Consciência, de Culto e de Religião).

O ministro sublinhou ainda que os fiéis e todos os cidadãos devem ter em conta que o Estado é uma pessoa (entidade) de bem, competindo-lhe fazer cumprir a Lei sempre que haja uma ameaça ou perigo aos bens e valores que protege.

O titular da pasta da Justiça explicou também que um dos pressupostos para reconhecer uma pessoa - quer seja singular quer seja colectiva - é respeitar a ordem estabelecida pelo país hospedeiro.

"Todas aquelas igrejas - quer sejam seus fiéis, quer sejam seus representantes - que assim não cumprirem, o Governo deve, em nome do Estado que é uma pessoa de bem, agir", sublinhou.

O ministro disse que a ilegalização da Igreja Maná é um sinal que deve ser bem entendido por todos, acrescentando que o Estado é laico, defende todas as igrejas e vê nelas como principais parceiras para a pacificação dos espíritos. "Mas cumpram a Lei, respeitando as instituições", exortou.

Deputados da 6ª Comissão, que trata, entre outros, dos Assuntos Religiosos, reuniram-se hoje em Luanda com o ministro da Justiça e vice-ministro da Cultura, Virgílio Coelho, para analisarem o fenómeno religioso, à luz da Lei Nº 2/04.

Dominaram os objectivos do encontro o fenómeno da proliferação de confissões religiosas e o caso particular da Igreja Maná, cuja autorização para realizar as suas actividades no país foi revogada recentemente pelo Ministério da Justiça.

Os deputados levantaram várias preocupações, ente as quais a ligada ao facto de muitas igrejas, além de exercerem as suas actividades sem nenhuma autorização, funcionam como verdadeiras empresas - arrecadando altas receitas da contribuição dos fiéis, com a agravante de as transferirem para o estrangeiro, fraudulentamente.

Esta prática, aliada a outras, foi uma das razões apontadas pelo ministro da Justiça para a ilegalização da Igreja Maná, cujo pastor, o cidadão português Jorge Tadeu, terá tido reiteradas vezes uma conduta inamistosa e atentatória à dignidade do Estado angolano.
29 Feb 2008 Fonte: Angop

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Entrevista a Directora para os Assuntos Religiosos
10-Mar-2008
Hipóteses remotas para o ressurgimento da Igreja Maná

Depois da publicação no Diário da Republica do decreto 6/08 de 25 de Janeiro que revogou o reconhecimento da Igreja Maná muitos se questionaram sobre as verdadeiras causas da decisão.

Em busca de pistas sobre o caso entrevistamos a Directora para os Assuntos Religiosos, Fátima Viegas, que falou, dentre vários assuntos, de alguns erros cometidos pela direcção da igreja, sem que tenha esclarecido quais foram os atropelos à lei angolana cometidos pela confissão religiosa. Uma vez que disse não ter tido contacto com o processo em causa, a responsável não foi capaz de clarificar muitos dos pontos cinzentos desta polémica, mas, ao longo desta conversa ficou claro que as hipóteses da decisão ser revogada são ínfimas, a tal ponto que a nossa interlocutora aconselha os crentes da Maná a procurarem outras confissões religiosas.

Angolense (ANG): Pode esclarecer quais são as razões que levaram ao fecho da Igreja Maná?

Fátima Viegas: Uma das causas é precisamente a constituição de um processo contra a Igreja tendo em conta alguns elementos e factos que os órgãos judiciais verificaram e notaram consistência para tomarem essa decisão, mas há instituições públicas que poderão falar disso com mais detalhes. À nós cabe apenas o estudo do fenómeno religioso e a ligação com as Igrejas.

ANG- Teve acesso ao processo ou sabe o que consta nele?

F.V.: Não tive acesso ao processo, mas sei que houve um comportamento que não foi de encontro com as leis emanadas no país e uma vez que o Estado é soberano, quando há prevaricação da lei, tem de afirmar a sua autoridade. Este assunto da Igreja Maná é uma questão de soberania e autoridade do Estado e a partir do momento em que há um desrespeito contra autoridade do Estado, este deve agir.

ANG: Que desrespeito houve?

F.V.: Desrespeito através de vários canais e maus procedimentos que levaram a constituição de um processo, a partir do momento que saiu publicamente as coisas tomam outras proporções, na verdade já chegou ao seu fim, mas não me compete dizer que fizeram isso ou aquilo, porque existem órgãos judiciais que poderão decidir se divulgam ou não, uma vez que são assuntos internos.Poderei falar do ponto de vista histórico e sociológico, mas não devemos esquecer que o Ministro da Justiça tem o direito de reconhecer e revogar o reconhecimento de qualquer Igreja, isso segundo a Lei 2/04 de liberdade da consciência da religião, no artigo 12. Ele pode revogar um reconhecimento ou de dar um reconhecimento, assim como o artigo 13 da mesma disposição legal também dá liberdade aos cidadãos religiosos de fazerem um recurso sobre um despacho, portanto, a igreja pode fazer um recurso, mas gostaríamos que eles conseguissem provar que não têm culpa, se tiverem razão o Ministro logicamente vai retirar a revogação, se não, continuarão fechados.

ANG: Jorge Tadeu e Freitas Gambôa, na sua opinião, foram os causadores da instauração do processo contra a Igreja?

F.V.: Apercebi-me do caso do empréstimo do dinheiro da Sonangol, por meio da comunicação social, a própria Igreja deu declarações sobre o ocorrido e houve aquele desentendimento originando a expulsão do Bispo Gambôa, mas só a Igreja pode falar como está o caso agora.Quanto aos pronunciamentos do apóstolo Jorge Tadeu via satélite, ele próprio, penso, sabe o que diz, todos temos consciência das nossas capacidades e limitações e daquilo que fazemos, porque se aquilo é público alguém certamente deve ter ouvido os pronunciamentos do senhor, eu não os ouvi, mas sei porque li nos jornais, mas também há aquele ditado popular "não há fumo sem fogo" e o outro que diz que "o peixe morre pela boca". Por acaso li alguns artigos onde constam muitas baboseiras ditas pelo Jorge Tadeu. Ele até disse algo que nem está escrito aqui no Diário da República, portanto, ele se complicou, mas cada um é como cada qual, o Estado é soberano, tem a sua autoridade e se decidiu fechar a Igreja é porque teve razão para o fazer.Quantas igrejas existem aqui, reconhecidas e não reconhecidas, que manifestam os seus cultos? várias. As não reconhecidas de momento são 729, mas o Governo nunca as privou.Mas se existir uma queixa a dizer que a Igreja a meia-noite faz culto que perturba a ordem pública, aí o Estado tem de agir, pensem no seguinte: para o Estado interditar a Igreja Maná dentro do universo de tantas outras é porque qualquer coisa de grave se passou.A Igreja precisa reflectir e analisar os seus erros. A Igreja teve muito tempo para se manifestar enquanto o processo estava a correr os seus tramites e neste espaço de certeza que aconteceram erros graves, mas ela se manteve em silêncio.

ANG- Segundo informações Jorge Tadeu entrou no país mesmo depois de ter sido proibido pelo Estado. Pensa que este foi o motivo principal para o fecho da Igreja?

F.V.: Se assim aconteceu foi um grande desres-peito ao Estado e os cristãos de certeza que colaboraram em esconder este facto.

ANG- Como vê a situação dos fiéis?

F.V.: Os fiéis, tendo em conta a sua fé e a sua crença, podem partilhar esta fé em outras congregações mais próximas. Quando se fala da religião sabe-se que existe a cristã e a não cristã. A Igreja Maná enquadra-se na cristã e neste capítulo temos o catolicismo e o protestantismo, este último tem várias vertentes e a Maná é uma delas, numa corrente neo pentecostal, que enfatiza o poder do espírito santo, cura e solidariedade, portanto, há outras correntes neo pentecostais e as pessoas que têm fé podem manifestar por meio delas.Um exemplo disso é a Igreja Messiânica, cujo representante também era da Maná e saiu porque não concordava com algumas coisas e está aí. Hoje, olhando para os crentes perplexos noto que nunca houve comunicação do que estava a acontecer, a hierarquia da Igreja sempre ficou no seu pedestal porque achava que mandava em tudo e todos.

ANG: Já se apercebeu de algumas práticas que constituem violação de alguma lei feita pela igreja em causa?

F.V.: Já me contaram que os dirigentes da Igreja incitavam os crentes a rezar contra A, B e C, portanto, eu me pergunto que tipo de Deus adoravam os crentes da Maná. Um deus mau, vingativo e ruim.A Igreja é uma instituição que tem alicerce na moral e uma entidade do bem e é acima de tudo colaboradora do Governo, porque as igrejas também desempenham um papel social muito importante.Já me vieram dizer que o meu antecessor, António Lisboa, saiu graças as orações que eles fizeram, eu me pergunto que formação espiritual é que se processava nesta Igreja? Então a Igreja fala da questão do respeito de uns para com os outros, como é que eles não respeitavam nem toleravam os outros? por isso deu no que deu.

ANG: Embora tenha dito que não teve contacto com o processo em causa, tendo em conta o cargo que desempenha, pode avançar alguma informação que indique os dirigentes da igreja Maná desrespeitavam as leis do país?

F.V.: Assim que assumi esse cargo, a primeira coisa que fiz foi endereçar um documento a todas as igrejas, inclusive a Maná, para que nos dessem dados estatísticos sobre o número de filiais e crentes. A Maná simplesmente ignorou o meu pedido e só agora, depois desse problema, é que nos vieram dizer que têm 800 filias, mas duvido deste dado, isso serviu para nos mostrar o quão desorganizados estavam.

ANG: Apercebemo-nos de um encontro que teve com os bispos da Igreja Maná na semana finda. Pode nos avançar o que trataram?

F.V.: Três bispos da Igreja Maná vieram falar comigo, queriam saber o que fazer em função do processo, expliquei-lhes que se acham que isso é uma injustiça que recorressem. Também os aconselhei a cumprirem rigorosamente com o despacho para não piorarem a situação.

ANG: No meio de tudo isso, como ficam os fies?

F.V.: Quero que não se esqueçam que vivemos numa sociedade e que antes de sermos religiosos somos cidadãos e como tal temos direito e deveres que devemos cumprir. Os membros da Igreja Maná devem pautar por um comportamento de cidadão, deverão ter uma postura de religioso, portanto, saber respeitar, tolerar o outro e sobretudo pacificar os espíritos.É necessário verem onde falharam e porque falharam, mas não devem se colocar na posição de vítima, devem procurar analisar como foi o seu relacionamento com a sociedade e até que ponto contribuíram para o melhoramento da sociedade.

ANG: Para muitos crentes essa posição do Estado é injusta, o que tem a dizer-lhes nessa hora de aflição?

F.V.: O problema de muitos fiéis é que tornaram-se cegos, porque confundem o Deus criador com os seus fundadores e pastores da igreja, eles endeusam os pastores e o que eles falam é uma verdade absoluta, daí que o crente fica com dificuldade de discernir.Conheço muitos crentes da Igreja Maná que caíram numa cegueira tal que não conseguem discernir, é preciso abrirem os olhos. Devem saber quais os erros que foram cometidos pelo corpo directivo da igreja para forçar o Estado a tomar essa medida, só assim verão que foi a decisão correcta.
Fonte Uauê

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Sábado, 12 de Abril de 2008

Fiéis da Igreja Maná são acusados de desobediência civil


ANGOLA - A Igreja Maná, que tem origem portuguesa e está presente há 18 anos em Angola ( além de países de língua portuguesa, como o Brasil), teve suas atividades proibidas no país africano no fim de janeiro e permanece sem autorização para funcionar. Por isso seus fiéis vem se reunindo clandestinamente para orar e louvar a Deus.

Em entrevista à rádio "RNA", líderes da nova Igreja Cristã Arca de Noé ( formada por ex-pastores, ex-bispos e ex-membros da Igreja Maná) acusaram o apóstolo Jorge Tadeu de "incutir nos fiéis da igreja o espírito de sublevação contra as autoridades instituídas na terra".

"Neste momento, muitos fiéis, bispos e pastores de tempo integral estão sendo forçados a aderirem à desobediência à lei civil, contrariando o decreto que proíbe a realização de cultos que ainda é válido", afirmou o bispo António Ferreira, uma vez que após a proibição os fiéis da Igreja Maná continuam se encontrando reservadamente em outros lugares.

O líder da Igreja Maná em Portugal, "apóstolo" Jorge Tadeu, acusa o ministro da Justiça e a petrolífera Sonangol de promoverem a cisão da confissão religiosa após a proibição das suas atividades em Angola.

Em declarações à Agência Lusa, Jorge Tadeu classificou os promotores do novo culto, a Igreja Cristã da Arca de Noé, como "rebeldes" e envolveu o ministro Manuel Aragão e a Sonangol no apoio e promoção dos dissidentes.

Parte do caso

A principal alegação dada pelo ministro da Justiça da Angola para o fechamento da Igreja Maná é a de que foram detectadas "violações sistemáticas" da lei angolana e da ordem pública. Dentre estas violações estava a denúncia de desvio de recursos e o recebimento de dinheiro da petrolífera Sonangol.

Ocorre que, ex-bispos e ex-pastores – alguns envolvidos no caso Sonangol e que foram desligados da Igreja Maná – se juntaram e formaram uma nova denominação, a Igreja Cristã da Arca de Noé. E seus representantes já foram recebidos pelo ministro Manuel Aragão, a quem entregaram o pedido de legalização da congregação e repudiaram supostos ataques de Jorge Tadeu contra as autoridades angolanas.

"Ora este ministro abafou o caso. E não só está envolvido com estas pessoas, como também a Sonangol, que até hoje nunca respondeu aos desvios de dinheiro, que passaram e foram parar nas contas da Sonangol", acusou o líder da Maná em Portugal.
Nas declarações à Lusa, Jorge Tadeu desvalorizou a separação da igreja. "Cisão não há. O que existe são rebeldes. É como numa seara, em que há trigo e joio", disse, acrescentando que após a proibição de celebração de cultos, fiéis e representantes religiosos da congregação "foram ameaçados de morte".

Fonte: Portas Abertas/O Verbo

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«Apóstolo» Jorge Tadeu festejou a derrocada do edifício da DNIC (Veja as Fotos da destruição do prédio da Dnic)

Semanário Angolense (Dani Costa)

Depois de alguns meses remetido ao silêncio, o «apóstolo» Jorge Tadeu, fundador da Maná Igreja Cristã no mundo, reapareceu na noite do dia 30 de Março, cerca de 24 horas depois de ter caído o edifício da Direcção Nacional de Investigação Criminal, na rua Senado da Câmara. Por intermédio da «ManáSat», o polémico líder religioso festejou o desabamento do prédio onde durante vários anos funcionou os serviços da Dnic, gabando-se de que este acontecimento, que vitimou mortalmente mais de 30 cidadãos, entre homens e mulheres, era um sinal de que Deus estava a ouvir as suas orações, no sentido de castigar as autoridades angolanas.

Além de se regozijar com as mortes resultantes do desabamento do prédio, Jorge Tadeu, que viu encerrada as portas dos seus templos em Angola, devido às injúrias e ofensas graves que foi proferindo contra as mais altas autoridades angolanas, relembrou o que já dissera noutras ocasiões: «Não fazia diferença nenhuma colocar varredores de rua nos lugares dos deputados e ministros angolanos, devido à sua incompetência». Num passado muito recente, ele salientara ainda que os governantes angolanos eram todos analfabetos, apesar de ostentarem títulos universitários.

Por causa destes últimos impropérios, um considerável número de representantes da Maná Igreja Cristã no país decidiram demarcar-se do líder fundador da congregação, porque chegaram à conclusão que, com base nas suas declarações, o «apóstolo» Jorge Tadeu, pela sua própria boca, acabava de fechar todas as portas que poderiam eventualmente levar à reabertura da igreja em Angola.

Recorde-se que o ministro da Justiça, Manuel Aragão, revogou, através do decreto executivo n.º 6/08, o reconhecimento da Maná Igreja Cristã, com a consequente proibição do exercício da sua actividade em todo o território angolano, onde possui centenas de capelas.

«Qual é o Governo do mundo que iria autorizar a um cidadão estrangeiro operar uma igreja no seu território, quando este faz apelo à guerra civil, lança maldições sobre as autoridades e festeja acidentes que ceifam vidas humanas, como fez na semana passada o apóstolo com a queda do prédio da Direcção Nacional de Investigação Criminal?», questionou-se o bispo António Ferreira, homem que comanda a operação para a criação da igreja que pode substituir a versão angolana da Maná Igreja Cristã, segundo um documento a que o Semanário Angolense teve acesso.

Face aos últimos acontecimentos, os proponentes da criação da nova congregação asseguram que o «apóstolo» Jorge Tadeu se desviou da visão de Deus, transformando a igreja num projecto político para, alegando perseguição religiosa e a coberto do nome de Deus, lutar contra partidos políticos e tentar derrubar governos, como parece querer em Angola.

«É uma pena que aquele que tínhamos como pai espiritual tivesse abandonado a palavra de Deus para pregar a sua doutrina pessoal, pois Deus não é a favor de mortes, guerras e desgraças. Essa é a tarefa do Diabo, que só veio para matar, roubar e destruir», lê-se ainda no documento fornecido a este jornal pelos mentores do projecto da fundação da nova igreja.

13 Apr 2008

Fonte: Semanário Angolense (Dani Costa)

http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=19143

2 comentários:

  1. Apesar de ser uma postagem de 2008, somente agora vi, e não poderia deixar de opinar.
    Conheci alguns angolanos na faculdade onde estudo, e impressionou-me as mudanças que estão ocorrendo no país, segundo relatos dos mesmos.
    Um país que possui pessoas que estão batalhando por um futuro melhor, acredito nisso, pois desde pequeno o Brasil parecia que não teria jeito, e no final, começaram a investir e finalmente conseguiram equalizar as contas.
    Mas quanto a igreja, espero que tenha conseguido reverter a situação, e fico triste por saber que lideranças, que possuem uma certa influência , podem ser seduzidos pelo poder, e deixarem de lado o ideal de libertação da mente e da alma dos congregados.
    Mas deixo minha mensagem, dizendo que o mais importante é o conhecimento deste Deus desconhecido que apesar do erro, ensinam.
    Olhemos para Cristo, e que possam ser renovadas as mentes dos envolvidos.

    Saúdo a todos

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  2. Caro Luciano

    Nunca é tarde para fazer comentário. Este é um espaço consultado por várias pessoas, dia e noite, durante todo ano. Todas observações erão válidas aos futuros leitores. Sucessos

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