Por Mário Cumandala (Economista)
The Audacity of Hope, é o segundo livro escrito por Barack Obama, actual presidente dos Estados Unidos da América, lançado em 2006. E esta e para mim a frase que mais marcou-me, e descreve minhas crenças e anseios vividos em 2009. Mesmo não sendo eu um iconolatra, Barack Hussein Obama hipnotizou o mundo com esta mesma frase a quanto a sua inauguração como 44th Presidente dos Estados Unidos em Janeiro 2009. Nesta frase, estava a ignescência de todo mundo negro, eu incluído.
Para nos Angolanos, como povo e nação, também ficamos de certo modo mobilizados para o limiar ou o despontar de uma nova nacao melhor, e sempre a subir. E que 2009 foi o primeiro ano da Segunda Republica, desde 1975. Também, devia ter sido o primeiro ano das eleições presidenciais, sem os dois velhos guerrilheiros a contestarem os resultados. Assim vimos, já quase no fim de 2009, partidos políticos desanimados e acusando o partido no poder de chatinador a quanto a não realização das mesmas. Pior ficou em sua lógica, quando por cima, estas foram condicionadas a aprovação da nova constituição, a famosa proposta C. Morria assim a audacidade da esperança para estes.
Mas nem tudo pode ser reduzido a este tipo de análise. O nosso pais, enfrentou o ano passado a crise económica mundial, com algumas medidas de austeridade que no fim, trouxeram o equilíbrio na vida económica do pais. Depois, era a Esperança do CAN 2010, mas antes seria, e já aconteceu ainda em Luanda dia 22 e 23 de Dezembro, a reunião magna da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Todavia, antes desses dois eventos mencionados, um outro conclave aconteceu, o sexto Congresso do MPLA, que de certa forma veio renovar a audacidade da esperança dos Angolanos, com slogans como “Zero Tolerância a corrupção”.
Em meio a essa lassidão de esperança, tentei pensar em mim, o que 2009 significou, pensei em minha família, pensei nas crianças de Angola -- que futuro --, que audacidade de esperança eu e eles devíamos ter para enfrentar 2010?
Para aqueles que seguiram minhas odisseias e crónicas, 2009 foi um ano, um tanto miasmático. Refiro-me a injustiça da BP Angola contra minha carreira profissional. Mas como eu já havia dito, ate mesmo um cão, tem o seu dia, e meu dia vira já no próximo ano nas barras da justiça angolana.
Voltando para esta audacidade da esperança, sobre tudo das nossas crianças, basta acreditar que elas, são muito curiosas sobre o mundo em que vivem. Não importa quanta informação você e eu, inculcamos em suas nobres mentes, em 2009, elas jamais param de ser inquisitivas. Será que compartilharmos com elas as grandes agendas politicas que em Angola dominaram 2009? Se não, porque não?
Opiniões políticas, não figuram como algo de que nossas crianças assimilam tão facilmente de seus parentes. Portando, devíamos também compartilhar com elas a bigger picture do cenário político do nosso pais e do mundo. Assim sendo, elas poderão crescer informadas, e capazes de tomar suas próprias decisões. Ensinar as crianças sobre politica, pode ser a senda ou mesmo a porta para seus próprios sentimentos políticos.
Quanto a mim, fiquei deveras surpreendido com a resposta que considerei inédita, e inocente, que deixaria normalmente qualquer pai num repique temporário. Assim foi com uma pergunta política que fiz a minha filha Nasoma de 7 anos de idade, no carro a caminho para o Benfica. Nesta jornada, tentamos brincar de conhecimentos gerais com ela. Primeiro perguntamos quem era o Presidente dos Estados Unidos da América; a resposta foi rápida e pronta; Barack Obama.
Segunda pergunta; quem era o Presidente de Angola, houve um silêncio no carro e depois de alguns minutos a resposta também se fez chegar: o MPLA. Para mim, essa resposta, que a princípio encheu-nos de gargalhadas, momentos depois, esposa e eu concordamos; parece que nossa filha, também acertou com esta resposta.
Em busca de uma compreensão mais lata, a essa resposta a uma pergunta que achávamos ser a mais simples, ficamos como se perdidos na selva. E que a minha filha já estava em Angola a 3 anos, e na segunda classe. Foi que lembrei-me então da maioria esmagadora que o MPLA conseguiu conquistar nas últimas eleições de 2008 como talvez o factor contribuinte, e que levou nossa filha a dar esta resposta.
Muito embora, as conclusões a que se chegam quando a vitoria do MPLA, partido no poder sejam muitas vezes de cunho bicúspide, a verdade que se diga: O MPLA creia você ou não, já e parte da Audacidade da Esperança de Angola. Não foi uma camelice total dos eleitores, que levou esta (uma das) forca (as) histórica (as) de Angola a conseguir esta audacidade. Portanto para muitas crianças, como a minha filha o MPLA e o Presidente de Angola.
Neste caso, não estamos diante de uma autêntica androlatria juvenil ao partido no poder e seu líder, mais sim diante de um fracasso meu como pai. Talvez durante 2009, na ânsia de grandes conquista, numa celeridade desenfreada em busca dos bens materiais, esqueci-me de falar do que a massa juvenil, os nossos filhos estavam vivendo como testemunhas oculares de uma era singular.
Nesta era, em que o crescimento e a queda de partidos políticos em África e no mundo e muito comum, seria algo de mais-valia aos nossos filhos se nos os pais de quanto em vez explicássemos o que os eventos políticos em dia significam para seu futuro e gerações vindouras.
Espero para mim, e meus compatriotas, que 2010, seja um ano em que a vida em face as incertezas que já se deslumbram, nossas vidas sejam permeadas pela audacidade da esperança. Que a verdadeira audacidade seja caracterizada por uma vida que faz seu melhor hoje e cada dia, sempre convicto de que a esperança e a ultima que morre.
A audacidade da esperança, deve também ser a audacidade de ajuda (audacity of help) do nosso governo para este povo lindo de Angola. Esta audacidade, para nos angolanos, devera ser consubstanciada por um programa económico que em 2010 possa atacar as falhas crónicas no nosso sistema educacional, saúde, corrupção, desemprego, ética no mundo de negócios, registo aberto dos bens e patrimónios dos nossos governantes.
Acima de tudo, oportunidades para todos, consoante formação e experiencia, ao invés do actual nepotismo e clientelismo que já esta destruindo a vida económica deste pais.
Assim sendo, Viva a Audacidade de uma Esperança que nunca morre.