segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Preços de bilhetes dos jogos do CAN


Como já é do conhecimento dos amantes do futebol, Angola sediará o campeonato Africano de futebol mais conhecido como "Taça de África das Nações Orange Angola 2010". Os jogos disputar-se-ão em 4 cidades: Lubango (grupo D), Benguela (grupo C), Luanda (grupo A) e Cabinda (grupo b). Os valores dos ingressos ficaram assim determinados:

50.000,00 kz = 548,00 USD = 964,00 reais



SEDE: LUANDA
Estádio 11 de Novembro

PREÇOS DOS CAMAROTES (Preço por cadeira)

Categoria: Central Poente
Inauguração: 50.000,00 kz
Fase de grupos: 35.000,00 kz
¼ de final: 42.000,00 kz
½ de final: 49.000,00 kz
Final: 52.000,00 kz

Categoria: Central Nascente
Inauguração: 45.000,00 kz
Fase de grupos: 32.000,00 kz
¼ de final: 39.500,00 kz
½ de final: 45.500,00 kz
Final: 48.000,00 kz

Categoria: Lateral Poente
Inauguração: 40.000,00 kz
Fase de grupos: 28.000,00 kz
¼ de final: 34.000,00 kz
½ de final: 40.500,00 kz
Final: 42.000,00 kz

Categoria: Lateral Nascente
Inauguração: 35.000,00 kz
Fase de grupos: 25.000,00 kz
¼ de final: 30.500,00 kz
½ de final: 35.500,00 kz
Final: 38.000,00 kz

Valores para o povão

Jogo Inaugural

Bancada Central Inferior Poente: 850,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 700,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 650,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 350,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 350,00 kz
Bancada de Topo superior norte: 300,00 kz
Bancada de Topo superior Sul: 300,00 kz

Demais jogos

Bancada Central Inferior Poente: 650,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 550,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 550,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 500,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 300,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 300,00 kz
Bancada de Topo superior norte: 250,00 kz
Bancada de Topo superior Sul: 250,00 kz

Quartos de final

Bancada Central Inferior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 700,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 650,00kz
Bancada de Topo inferior norte: 350,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 350,00 kz
Bancada de Topo superior norte: 300,00 kz
Bancada de Topo superior Sul: 300,00 kz

Meias de Final

Bancada Central Inferior Poente: 900,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 800,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00kz
Bancada de Topo inferior norte: 400,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 400,00 kz
Bancada de Topo superior norte: 350,00 kz
Bancada de Topo superior Sul: 350,00 kz

Jogo da Final

Bancada Central Inferior Poente: 1.300,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 1.100,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 1.100,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 1.000,00kz
Bancada de Topo inferior norte: 550,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 550,00 kz
Bancada de Topo superior norte: 500,00 kz
Bancada de Topo superior Sul: 500,00 kz





SEDE: BENGUELA

Estádio de Ombaka

PREÇOS DOS CAMAROTES (Preço por cadeira)

Categoria: Central Poente
Fase de grupos: 30.000,00 kz
¼ de final: 36.000,00 kz
½ de final: 42.000,00 kz
III e IV Lugar: 30.000,00 kz

Categoria: Central Nascente
Fase de grupos: 27.000,00 kz
¼ de final: 32.500,00 kz
½ de final: 37.500,00 kz
III e IV Lugar: 27.000,00 kz

Categoria: Lateral Poente
Fase de grupos: 24.000,00 kz
¼ de final: 29.000,00 kz
½ de final: 33.500,00 kz
III e IV Lugar: 24.000,00 kz

Categoria: Lateral Nascente
Fase de grupos: 21.000,00 kz
¼ de final: 25.500,00 kz
½ de final: 29.500,00 kz
III e IV Lugar: 21.000,00 kz

Ingressos para o povão

Bancada Central Inferior Poente: 650,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 550,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 550,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 500,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 300,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 300,00 kz

Meias de final

Bancada Central Inferior Poente: 900,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 800,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 400,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 400,00 kz

Quartos de final

Bancada Central Inferior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 700,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 650,00kz
Bancada de Topo inferior norte: 350,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 350,00 kz



SEDE: CABINDA

Estádio de Chiazi

PREÇOS DOS CAMAROTES (Preço por cadeira)

Categoria: Central Poente
Fase de grupos: 30.000,00 kz
¼ de final: 36.000,00 kz

Categoria: Central Nascente
Fase de grupos: 27.000,00 kz
¼ de final: 32.500,00 kz

Categoria: Lateral Poente
Fase de grupos: 24.000,00 kz
¼ de final: 29.000,00 kz

Categoria: Lateral Nascente
Fase de grupos: 21.000,00 kz
¼ de final: 25.500,00 kz

Ingressos para o povão

Bancada Central Inferior Poente: 650,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 550,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 550,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 500,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 300,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 300,00 kz

Quartos de final

Bancada Central Inferior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 700,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 650,00kz
Bancada de Topo inferior norte: 350,00 kz
Bancada de Topo inferior Sul: 350,00 kz




SEDE:LUBANGO

(Estádio de Tundavala)

PREÇOS DOS CAMAROTES (Preço por cadeira)

Categoria: Central Poente
Fase de grupos: 30.000,00 kz
¼ de final: 36.000,00 kz

Categoria: Central Nascente
Fase de grupos: 27.000,00 kz
¼ de final: 32.500,00 kz

Categoria: Lateral Poente
Fase de grupos: 24.000,00 kz
¼ de final: 29.000,00 kz

Categoria: Lateral Nascente
Fase de grupos: 21.000,00 kz
¼ de final: 25.500,00 kz

Ingressos para o povão

Bancada Central Inferior Poente: 650,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 550,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 550,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 500,00 kz
Bancada de Topo inferior norte: 300,00 kz

Quartos de final

Bancada Central Inferior Poente: 750,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 700,00 kz
Bancada Central Superior Poente: 700,00 kz
Bancada Central Inferior Nascente: 650,00kz

Os ingressos estão a ser vendidos nas agências do banco BAI e BPC.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz natal e ano novo próspero


Prezado leitor deste blog. Honrou-me muito tê-lo como companheiro de caminhada. Este foi um ano de muitos desafios para mim. A crise econômica também afetou este blog. Muitas obras deixaram de ser concluídas. Momentos houve em que tive vontade de, como dizem os brasileiros, "chutar o balde". Mas quando percebia que essa é uma caminha cooperativa, todos obstáculo foram superados.

Chegamos à quadra festiva. Agora vamos esquecer as máguas, as dificuldades e tudo de mal que os homens nos fizeram. Este é o momento propício para reconcialiação e para renovar novos votos.

Que o caro leitor e amigo tenha um feliz Natal, na companhia de sua família, e ano novo próspero.

Votos de Feliciano Cangue

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Entrevista que concedi a Clara Onofre da Global Voices

Há poucos dias concedi a uma entrevista a Clara Onofre da Global Voices Onofre Global Voices e foi ao ar ontem. Pelo poder multiplicador que a internet possui a mesma foi reproduzida e comentada por inúmeros blogues e serviços noticiosos dos quais se destacam: Blog Alto Hama, Blog Pululu, Notícias Lusófonas, Liridon, etc.

Reproduzo na íntegra a referida entrevista, que inaugura uma série com diferentes blogueiros angolanos.

2009-12-21 @ 21:28 EST · Publicado originalmente por Clara Onofre

Traduzido por claraonofre · Veja o post original



Feliciano J. R. Cangüe é autor do blogue

Hukalilile (Don't cry for me Angola)
. Colaborador
involuntário do Global Voices, ele é um dos muitos blogueiros que ajuda esta jornalista a escrever e a partilhar com os leitores episódios da sociedade angolana.

Feliciano é o primeiro de vários blogueiros angolanos que farão parte de uma série de entrevistas a serem publicadas no GV. Este professor e engenheiro de profissão, que divide o seu tempo entre Angola e o Brasil, respondeu às nossas perguntas sem camuflagens e rodeios.

O que o levou a ter um blogue?

Agradeço em primeiro lugar a oportunidade que a Global Voices me concede ao abrir-me este espaço.

Foram vários factores que fizeram com que eu tivesse um blogue. Em algum momento da minha vida pensei ser jornalista. Como não foi possível realizar o sonho, vi no blogue a oportunidade de fazer jornalismo cívico ou mais precisamente, jornalismo grassroots, de inclusão, contribuindo para a informação plural. Isso ajudou a popularizar o meu blogue, principalmente quando o Canal de Notícias Club-K passou a reproduzir muitos dos meus artigos. Esta é sem dúvida uma das formas de contribuir para a quebra de monotonia da imprensa oficial, no nosso caso, que só toca uma nota ou da grande mídia que toca repertório do seu interesse. Por outro lado, quando resolvi ter o blogue havia poucas páginas pessoais angolanas. Havia muitas lacunas que precisavam ser ocupadas. E pessoalmente, precisava de uma “margem de Ipiranga” onde pudesse apresentar os meus protestos, um “cry for freedom” para apresentar as minhas ideias, para ajudar a melhorar a sociedade. Afinal de contas, faço parte dela. Achei que Angola poderia chorar por mim se o seu filho fugisse à luta.

Há quanto tempo tem o blogue?

Desde o primeiro trimestre de 2007.

Já estava familiarizado com a utilização de páginas pessoais?

Era um “mar nunca antes navegado” por mim. Hoje no entanto, faço tudo de olhos fechados.

Como encara a blogosfera?

Parafraseando algum pensador, eu diria que a mídia tradicional é boa demais para ser verdadeira. No entanto, a blogosfera é verdadeira demais para ser boa. Não há dúvidas de que é uma alternativa de manancial inesgotável de informações capazes de mudarem para melhor o nosso mundo “vox populi vox dei”. (nota da jornalista: “A voz do povo é a voz de Deus).

Acha que os blogues podem ser considerados como armas de protesto? Porquê?

Nós os angolanos temos trauma da palavra arma e o governo da palavra protesto. Yoani Sánchez por exemplo, consegue fazer do blogue Generaciony Y uma justa metralhadora de protesto contra o governo cubano. Ela procura sempre mostrar o lixo debaixo do tapete praticado pelo sistema político vigente e aquilo que considera injustiças e cerceamento à liberdade dos seus conterrâneos. Os protestos dela fizeram com que fosse distinguida por inúmeros prémios por receber. Para mim, os blogues são verdadeiros instrumentos de justiça social, harmonia e paz. Vieram para quebrar paradigmas.

Aponte um ou dois blogues formadores de opinião.

Posso apontar três blogues angolanos: Pululu, Morro da Maianga e Alto Hama.

O que acha da blogosfera angolana? Os angolanos fazem uso dos blogues como armas de contestação? Considera-os activos?

Em termos gerais, os “Blogues que falam de Angola” são em menor número. Não somos tantos quanto os argentinos que são mais de 260 mil e na sua maioria, dirigidos por menores de 20 anos.

Em termos de organização ainda vai demorar para que tenhamos uma conferência de blogueiros como as que ocorrem em Marrocos com a Blogama, na Bolívia com os Bloguivianos e etc. Entretanto já estamos a marcar presença e esta não deve ser ignorada. Recentemente, o Jornal de Angola curvou-se, bateu continência e reconheceu a força dos blogues angolanos. Infelizmente há muitos factores que contribuem para o estrangulamento do desenvolvimento dos blogues a partir de Angola, nomeadamente o difícil acesso à internet ou o preço elevado dos computadores. As pessoas dão preferência às questões de sobrevivência, relegando as novas tecnologias para segundo plano. Além disso, devido ao prolongado tempo de chumbo que o país viveu, primeiro com os efeitos da inquisição, depois com os 500 anos de dominação portuguesa, seguidos por 14 anos de guerra de libertação nacional e terminando com 30 anos de guerra civil, é natural que a cultura de livre expressão não faça parte do nosso quotidiano. Nesse cenário ser blogueiro é fazer a epopeia de Odisseu.

Na prática vemos poucos blogues com extintores em acção, no epicentro do fogo como é o caso do blogue Alto Hama. Alguns testam e outros apreciam a beleza dos extintores. O importante nisso é que muitos estão a apresentar-se para a corrida e muitos deles já com bons conteúdos e excelentes instrumentos de navegação. Hoje temos blogues com condições para cobrir uma cúpula do G8, por exemplo.

Em relação à segunda parte da pergunta, poucos são os angolanos que usam os blogues como armas de contestação de forma directa. Normalmente os que o fazem são residentes fora do país. Outros fazem-no com a utilização de recursos da intertextualidade. Tudo “debaixo dos caracóis entre os cabelos”. E usam-se parábolas e contestam-se situações que ocorrem noutros países ou atribuem ideias a “entidades amorfas”, como diz Max Gehringer. Muitas vezes isso exige um leitor mais atento ou seja um degustador de bebidas para perceber se o cálice está com vinho tinto ou alguma bebida amarga.

Que perspectiva tem desta Angola em movimento?

Só sei de que o país vai aprovar uma constituição de sistema presidencialista parlamentar. Não sei se isso é bom ou não. Seja como for, se tivéssemos a cultura de mudanças, se os novos quadros e os jovens tivessem a oportunidade de substituir os mais velhos, acredito que teríamos em pouco um país com muitas orquestras ao invés de estarmos sempre a escutar a mesma nota musical rubro-negra, “uma vez ministro, ministro até morrer; mesmo depois da morte, ministro eu sempre hei-de ser.” Se o país apostasse mais na educação como prioridade em vez de obras faraónicas, talvez em pouco tempo, saíssemos do fosso em que nos encontramos. Não há como mudar o país com pessoas de hoje e com a mentalidade de ontem.

Qual foi para si o momento mais marcante dos últimos 10 anos em Angola?

O momento mais marcante ocorreu este neste ano de 2009 quando se anunciou a criação de seis universidades públicas que se juntarão à única existente para totalizar sete.

Publicado originalmente por Clara Onofre

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Como aumentar visitas ao seu blog

Aumentar visitas isso pode representar mais dinheiro, mais prestígio do blog e pode melhorar a colocação no Pagerank ou em qualquer outro indexador. Ninguém quer escrever para não ser lido. As visitas também não caem do céu.

Aí vão algumas dicas que também irão lhe ajudar muito a aumentar o número de vistas ao seu blog ou site.

1. Ler pelo menos 10 artigos que falam sobre "como aumentar as visitas ao seu blog". As diferentes dicas não servem para todos porque muitas delas dependem do nível de conhecimento que possui com essas ferramentas. Tente consultar as dicas anualmente, porque depois com o andar do tempo você passará a ser um(a) especialista. Terá mais facilidade em incorporar algumas dicas. No terceiro ano publique também suas dicas para que venha a ser lidas pelas pessoas interessadas em aumentar o número de suas visitas. Nós aprendemos com experiência dos outros.

2. Tenha um Twitter. (
http://twitter.com). Coloque um Badge no seu blog (http://www.go2web20.net/twitterfollowbadge/). Fez quadruplicar as visitas do meu blog.

3. Publicar informações úteis sobre assuntos de interesses de seus leitores.

4. Cadastre seu blog em diversos diretórios.

5. Atualize sempre o seu blog.

6. Não tenha páginas muito pesadas .

7. Seja útil para a sociedade.

8. Tenha bom relacionamento com blogs que tratam de mesmos assuntos. Faça parcerias

9. Ser preciso e conciso. Importante escrever parágrafos curtos.

10. Monte sua pauta de notícias.

11. Responda aos comentários de leitores.

12. Cadastre seu blog em motores de busca.

13. Procure sempre produzir conteúdo próprio.

14. Coloque caixa de mensagens no seu blog para interagir co seus leitores e prováveis parceiros.

15. Participe de vários fóruns de discussão e dentro das regras estabelecidas procurar dar alguma contribuição relevante.

16. Visite e interaja com blogs de mesmo assunto que o seu.

17. Utilize o Ping (http://www.dailyblogtips.com/ping-list/) um recuso que avisa que seu blog possui um novo artigo.

19. Deixe seu site acessível ao I.E. e Firefox.

20. Tenha um domínio de fácil memorização.

21. Incremente o blog/site com o recurso Adicionar aos Favoritos. Link.

22. Coloque palavras chaves no seu blog

23. Sempre que comentar deixe o endereço do seu blog, como assinatura.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Luanda ficará sem energia elétrica neste domingo


O Ministério da Energia emitiu um comunicado segundo o qual Luanda ficaria privado de Energia elética neste domingo, dia 20 de dezembro de 2009, entre 5h às 17h devido a trabalhos de manutenção.



Esse é um procedimento normal em outros países. No entanto, é uma piada a um morador de Luanda. Tudo porque a cidade de Luanda passa grande parte do tempo sem luz, ou melhor, sem energia elétrica ou com falha constantes.

Assim, não faz muita diferença ficar 11 horas sem o fornecimento da energia elétrica, afinal isso é uma regra.

Na prática em Kilamba Kiaxi, Vila Estoril, Palanca, Golf etc, é provável que o forncimento da energia já seja suspenso às 20h de sábado.

MPLA obriga cidadãos a trajarem propaganda do partido na homenagem a Prado Paím


Jovens militantes do MPLA no Sambizanga forçaram cidadãos que, no domingo, 13, participaram de um caldo em homenagem ao músico veterano Prado Paím, a ostentarem camisolas, chapéus e cachecóis com propaganda desse partido.

Os arrogantes e endiabrados activistas do MPLA aproveitaram, oportunistamente, o facto de a actividade, promovida pela associação «Njila ya Mwenho» (Caminho da Vida), se realizar nas instalações do comité municipal dos «camaradas», para obrigar os convivas a trajarem as vestes propagandísticas.

Por ter dado a denominação «Caldo do EME», essa associação está a ser considerada um apêndice do MPLA. Daí que muitos dos presentes se interrogassem se a actividade era do «Njila ya Mwenho» ou do partido ou se a associação e o partido não eram a mesmíssima coisa.

A quem se recusasse a cumprir a ordem dos rapazes do MPLA, era devolvido o dinheiro com que haviam adquirido os convites, a 1.500 kwanzas para homens e 1.000 para mulheres.

«Quem não quiser vestir a camisola e pôr o chapéu, recebe o dinheiro dele e sai fora», gritavam, sem respeito, os rapazes, que militam nos vários «caps» (comités de acção do partido).

A recusa de muita gente em ostentar a propaganda política levou a acesas discussões e desacatos com os militantes daquela formação política. Entre aqueles que discordaram da atitude dos activistas do MPLA figuravam músicos, desportistas, jornalistas e profissionais de outros ramos de actividade.

Garcia António, funcionário de uma companhia privada, defendeu, em declarações ao Semanário Angolense, que a direcção do MPLA deverá preocupar-se em educar, formar e instruir melhor os seus militantes mais novos. «Eles parecem uns ‘gatos selvagens’, não percebem nada de política e têm um nível de escolaridade muito baixo».

Segundo ele, se o MPLA se gaba de possuir 4 milhões de membros, não precisa de enveredar neste tipo de jogo baixo. «Quem quiser aderir, fá-lo voluntariamente. Eu nunca mais

venho aqui», disse, numa decisão partilhada por muitos dos presentes. Por seu lado, José Pires disse que o episódio fez-lhe lembrar o tempo do monopartidarismo, em que as pessoas eram obrigadas a vestir camisolas para ir a comícios sobre várias efemérides. «Atitudes como essa, ao invés de atrairem os cidadãos, afastam-nos do MPLA», opinou.

De acordo com Afonso Gomes, os partidos políticos podem oferecer propaganda às pessoas, mas não as devem obrigar a ostentá-la: «Isso é um atropelo aos princípios democráticos. Sou do MPLA, mas não é correcto obrigarem-me a vestir a camisola, não preciso disso para demonstrar a minha militância».

Contactado pelo SA, o primeiro secretário municipal do MPLA no Sambizanga disse que não havia nenhuma orientação para que se obrigasse os convivas a usarem as propagandas. Todavia, não se notou qualquer gesto do «primeiro» (forma como os militantes chamam os primeiros secretários) no sentido de travar os seus subordinados. ■

Fonte: SA, 347.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Membros do Comité Central do MPLA saídos do VI congresso de Dezembro de 2009



09-12-2009 23:21

VI Congresso Lista nominal dos membros do Comité Central do MPLA eleitos, quarta-feira

1. José Eduardo dos Santos - Presidente do Partido
2. Roberto António Victor Francisco de Almeida
3. Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse"
4. Adão Francisco Correia de Almeida
5. Adélia Maria Pires da Conceição de Carvalho
6. Adriano Meireles Patrocínio
7. Afonso Domingos Pedro Van-Dúnem "Mbinda"
8. Afonso Jorge Assafe
9. Afonso Maria Vaba
10. Afonso Pedro Canga
11. Agostinho Dionísio Paixão do Rosário
12. Agostinho Miguel Lima
13. Albertina Chitumbo Kuvango Limueta
14. Albertina Cugingamoco Muxindo
15. Albertina Teresa José
16. Albina Faria de Assis Pereira Africano
17. Aldina Matilde Barros da Lomba-
18. Alfredo Berner
19. Alfredo Furtado de Azevedo Júnior
20. Alfredo Junqueira Dala
21. Alfredo Muque
22. Alice Paulina Dombolo Chivaca
23. Álvaro de Boavida Neto
24. Ambrósio Lukoki
25. Amélia Calumbo Quinta
26. Amélia de Jesus Alberto Camonheira
27. Ana Dias Lourenço
28. Ana Maria Manuel João Taveira
29. Ana Paula Luís Ndala Fernando
30. Anabela Alberto dos Santos Dinis
31. Anabela Caiovo Ngunga
32. Anabela da Trindade Jordão
33. Angélica Nené Curita
34. Antónia Florbela de Jesus Rocha Araújo
35. António Augusto João
36. António Didalelwa
37. António Domingos Pitra da Costa Neto
38. António dos Santos França "Ndalu"
39. António Egídio de Sousa e Santos "Disciplina"
40. António Evaristo
41. António Feliciano Ferreira Júnior
42. António Gomes Furtado
43. António Miguel Manuel Francisco "Calabeto"
44. António Paulo Kassoma
45. António Serrano
46. Antunes Kayumbuca
47. Armando da Cruz Neto
48. Armando Dala "Mandume"-
49. Armando Jorge Segunda
50. Armando Kapunda
51. Armando Valente
52. Armindo César Sibingo
53. Artur da Silva Júlio
54. Artur Emanuel Lemos Sapalo
55. Assunção Afonso de Sousa dos Anjos
56. Augusto da Silva Tomás
57. Augusto José
58. Bento Cativa
59. Bento dos Santos Fragoso Soito
60. Bento dos Santos Kangamba
61. Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento "Bento-Bento"
62. Bento Raimundo
63. Boaventura da Silva Cardoso
64. Bornito de Sousa Baltazar Diogo
65. Caetano Francisco Baião
66. Cândida Celeste da Silva
67. Cândida Maria Guilherme Narciso
68. Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem
69. Carlos Alberto Cavuquila -
70. Carlos Alberto Ferreira Pinto
71. Carlos Almeida
72. Carlos da Rocha Cruz "Caito"
73. Carlos Magalhães
74. Carlos Maria da Silva Feijó
75. Carolina Cerqueira
76. Catarina Chitaca de Oliveira
77. Catarina Pedro Domingos
78. Clemente Conjuca
79. Costa Miguel da Costa Filho
80. Cristóvão Domingos Francisco da Cunha
81. Daniel António
82. Diógenes do Espírito Santo Oliveira
83. Domingas Manuel Francisco
84. Domingos João Amaro
85. Domingos João Ferreira Pinto
86. Domingos Máquina
87. Domingos Monteiro dos Santos
88. Domingos Paulino Dembele
89. Dulce Ginga
90. Eduardo Gomes Nelumba
91. Elias Satyohamba
92. Eliseu Epalanga Domingos
93. Elsa Maria da Conceição Ambriz
94. Elsa Sara dos Santos Loalunga
95. Emília Carlota Dias
96. Ernesto Manuel Kemba
97. Ernesto Muangala
98. Eufrazina Teresa da Costa Lopes Gomes Maiato
99. Eugénia Rodrigues dos Santos Gaspar
100. Eulália Maria Rocha Alves da Silva
101. Eusébio de Brito Teixeira
102. Exalgina René Olavo Gambôa
103. Fernando Bartolomeu Cativa
104. Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó"
105. Fernando Faustino Muteka
106. Fernando Pontes Pereira
107. Filipa Nimba Henrique
108. Florinda Alberto Kassanga
109. Francisca de Fátima Espírito Santo Carvalho
110. Francisco Bongo Tomás "Chico Tempo"
111. Francisco Castro Maria
112. Francisco Higino Lopes Cameiro
113. Francisco Magalhães Paiva "Nvunda"
114. Francisco Moisés Nele
115. Francisco Pedro Neto -
116. Francisco Sozinho Tchihuissa
117. Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso
118. Gaspar João Afonso "Kutona"
119. Genoveva da Conceição Lino
120. George Rebelo Pinto Chicoty
121. Gilberto Manuel Pereira
122. Glória Ernesto Masseca
123. Gonçalves Manuel Muandumba
124. Graciano Francisco Domingos
125. Gregório da Conceição Miasso
126. Guilhermina Contreiras da Costa Prata
127. Helena Antunes
128. Henrique André Júnior
129. Hortênsio Nunes Gabriel
130. Idalina de Fátima Issanzo
131. Inês José Muhongo Luís
132. Irene Alexandra da Silva Neto
133. Isaac Francisco Maria dos Anjos
134. Isabel Ndesihafela
135. Isabel Nlandu Moreno
136. Isabel Pereira dos Santos Van-Dúnem Paim
137. Janota Ginga
138. Jeremias Dumbo "Tchilevika"
139. Jesuíno Silva
140. Joana de Jesus da Conceição Pedro
141. Joana Lina Ramos Baptista
142. Joana Pinto
143. João Baptista "Cobra"
144. João Baptista Kussumua
145 . João Bernardo Miranda
146. João de Almeida Azevedo Martins "Jú"
147. João Ernesto dos Santos "Liberdade"
148. João Fernando Mucanda
149. João José Guerra de Freitas
150. João Maimona
151. João Manuel Bemardo
152. João Manuel Culeca
153. João Manuel Gonçalves Lourenço
154 . João Marcelino Typinge
155. João Muatonguela
156. João Mussendeca Kanhengue
157. João Sebastião Teta-
158. João Tamuti
159. Joaquim Duarte da Costa David
160. Joaquim Huleipo
161. Joaquim Rodrigues de Sousa Júnior
162. Job Pedro Castelo Capapinha
163. Jorge Inocêncio Dombolo
164. Jorge Leão Peres
165. Jorge Ribeiro Uefo
166 . José Aníbal Lopes Rocha
167. José Artur do Carmo Manuel
168. José Carlos Gomes
169. José da Costa Uamuhana
170. José Domingos Francisco Tuta "Ouro de Angola"
171. José Domingos Muginga da Silva
172. José Eduardo do Carmo Nelumba
173. José Joana André
174. José Mangovo Tomé
175. José Manuel Lucombo
176. José Manuel Moreno Mendes Fernandes
177. José Manuel Ventura Filipe "Zé Brigadeiro"
178. José Marcos Barrica
179. José Maria dos Santos
180. José Maria Jamba
181. José Mateus de Adelino Peixoto
182. José Moisés Cipriano
183. José Vieira Dias Van-Dúnem
184. Josefa da Assunção André Miguel
185. Josefa José
186. Josefa Leonel Correia Sacko
187. Josefina Ndesipewa Gomes
188. Josefina Pandeinge Heleinge -
189. Josefina Perpétua Pires Domingos Pitra Diakite
190. Júlia Agostinho Celeste
191. Júlia Ngalo Nguenda
192. Justino José Femandes
193. Kundi Paihama
194. Leonori Mbimbi de Morais
195. Letino Cristóvão
196. Loty Nolika
197. Lourenço Mahamba Baptista
198. Loussakou Miguelito Sozinho André
199. Lúcia Maria Tomás
200. Luciana Clara
201. Luciana Mona Cachiangui
202. Ludgério de Jesus Florentino Peliganga
203. Luís Kitamba
204. Luís Manuel da Fonseca Nunes
205. Luís Reis Paulo Cuanga
206. Luzia Pedro Contreiras Policarpo
207. Luzia Pereira de Sousa Inglês Van-Dúnem "Inga"
208. Madalena N dafoluma Hanosike
209. Mankenda Ambroise
210. Manuel Alexandre Rodrigues "Kito"
211. Manuel António Gaspar Domingos
212. Manuel António Rabelais
213. Manuel Augusto Viage
214. Manuel Domingos Tabi
215. Manuel Domingos Vicente
216. Manuel Francisco Tuta "Batalha de Angola"
217. Manuel José Nunes Júnior
218. Manuel Pedro Pacavira
219. Manuel Teodoro de Jesus Quarta
220. Maria Ângela Bragança
221. Maria Cândida Pereira Teixeira
222. Maria Carolina Fiel Maria Fortes
223. Maria Catarina Béua
224. Maria da Conceição D. Joaquim Bandy
225. Maria da Conceição Pitra
226. Maria da Conceição Roque Caposso
227. Maria da Conceição Ualianga Cazuazua
228. Maria de Fátima Domingos Monteiro Jardim
229. Maria de Fátima Intumba Carlos
230. Maria do Rosário Amadeu
231. Maria Filomena de Fátima Telo Delgado
232. Maria Filomena Marcolino Manuel
233. Maria Idalina de Oliveira Valente
234. Maria Lau
235. Maria Lúcia Chicapa
236. Maria Madalena da Costa Narciso
237. Maria Mambo Café
238. Maria Martins
239. Maria Paulina Manuela Cardoso
240. Maria Rosa de Carvalho Faria
241. Maria Rosa de Lourdes
242. Maria Salvadora Lopes Correia Magalhães Vasconcelos
243. Maria Sebastião Inácio Jerónimo
244. Maria Teresa da Felicidade Cardoso
245. Mariana de Lourdes Lisboa Filipe
245. Mário António de Cequeira e Carvalho
247. Mário António Quexigina Luandanda
248. Mário Pinto de Andrade
249. Marta Beatriz do Carmo Issungu
250. Marta da Conceição LeIo
251. Martinho Sanches Epalanga
252. Mawete João Baptista
253. Miguel Nzau Puna
254. Miguel Somakessenje
255. Milagre Francisco José Clemente
256. Morais Alfredo-
257. Mpinda Simão
258. Natália Iculo
259. Nhanga Kalunga Hélder Fonseca de Assunção
260. Norberto Fernandes dos Santos "Kwata Kanawa"
261. Odete da Conceição D. dos Santos
262. Olímpio Alves Sardinha
263. Paciência Gomes
264. Paulo Gime
265. Paulo Pombolo
266. Paulo Teixeira Jorge
267. Paulo Uime "Pemba"
268. Pedro Diavova
269. Pedro José Van- Dúnem
270. Pedro Luís da Fonseca
271. Pedro Makita Armando Júlia
272. Pedro Mutinde
273. Pedro Sebastião
274. Pedro Sia Alberto Paulino
275. Pereira Alfredo
276. Raul Augusto Lima
277. Rodeth Teresa Mákina dos Santos
278. Rosa da Silva de Almeida
279. Rosa Escórcio Pacavira de Matos
280. Rosa Pedro Afonso Garcia
281. Rosaria Ernesto. da Silva
282. Rosaria Maria da Conceição Pacavira
283. Rui Jorge C. Mangueira
284. Rui Luís Falcão Pinto de Andrade
285. Sabina Napole
286. Sabonete Muacopotola
287. Salomão José Loheto Xirimbimbi
288. Santa Simão Pedro
289. Sara Luísa Mateus
290. Sebastião Daniel Neto "Neto Makandumba"
291. Serafim Maria do Prado
292. Serafina Miguel Emília Pinto
293. Sérgio Luther Reiscova Joaquim
294. Severino Timótio-
295. Solange Romero de Assis Machado
296. Suzana Augusto de MeIo
297. Suzana Pereira Bravo
298. Teresa de Jesus Ferreira Gonçalves "Teca"
299. Teresa Intumba
300. Tiago Cândido
301. Tomás Simão da Silva
302. Unigênito Armando António
303. Valeriano Chimo Cassué
304. Vanda Senhorinha Tchitenha
305. Veríssimo Sapalo
306. Victória Manuel da Silva Isata .
307. Vigílio da Ressurreição Bernardo Adriano Tyova
308. Virgílio Ferreira de Fontes Pereira "Gigi"
309. Vitória Figueira Samba
310. Vitória Francisco de Barros Neto
311. Yaba Pedro Alberto

SUPLENTES DA LISTA DA CONTINUIDADE:

1. Palmira Domingos Pascoal Bernardo
2. Luís Filipe da Silva
3. José Alberto Quipungo
4. José Gonçalves Martins Patrício
5. Eduarda Maria Nicolau Silvestre Magalhães
6. Aurora Junjo
7. Afonso Carlos Caluege
8. Alberto Correia Neto
9. Manuel Francisco Gomes Maiato
10. Domingos Manuel Njinga
11.José Amaro Tati
12. Francisco Bernardo Martins
13. Maria Antonieta Josefina Sabina Baptista
14. Adão Sebastião César
15. Ana Manifesta
16. Ciel da Conceição Cristóvão "Gato"
17. Arnaldo Joaquim Kapusu
18. Caita Cavaco
19. Faustino Ndafaohamba
20. Manuel Franessa

SUPLENTES DA LISTA DE RENOVAÇÃO

1. Eliseu Joaquim Augusto
2. Luísa Damião
3. João Salvador dos Santos Neto "Jané"
4. Júlia Omelas
5. Syanga Abílio
6. António da Costa Femandes
7. António Ventura de Azevedo
8. Alexandre Moreira Bastos "Sacha
9. Bernardete Santana
10. Ana Maria Sousa Silva
11. António Fernando "Samora"

SUPLENTES DAS AUTORIDADES TRADICIONAIS

1. Mpingafana Tchoa
2. Carlos Damásio Benedito dos Santos
3. Domingos Manuel da Fonseca
SUPLENTES ELEITOS NAS CONFERENCIAS PROVINCIAIS
BENGO

António Manuel Fiel “ Didi”
BENGUELA
Zacarias Davoca
BIÉ
Vitorino Lumati
CABINDA
Vicente Télica
CUNENE
Nicolau Muachipeua
HUAMBO
Maximino da Silva Texeira
HUILA
Miguel Kassela
KUANDO KUBANGO
Fernando Rodrigues Chihumbo
KUANZA NORTE
Pedro António Aguiar
KUANZA SUL
Alegria Raul Joaquim
LUANDA
Manuel Fragata de Morais
LUNDA NORTE
Deolinda Ódio de Satula Vilarinho
LUNDA SUL
Jerónimo João Sapalo
MALANJE
Lando David Pacheco
MOXICO
Ana Filomena Chipoia
NAMIBE José Kahuva
UÍGE
José Caricoco Cuxiquina
ZAIRE
Pedro Dundo
SUPLENTES ELEITOS NAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DO
PARTIDO


JMPLA
SUPLENTES
1- Júnior Mosquito
2- Garcia Pedro Zó
3- Custodio José Manuel da Cunha
4- Anastácio Severino Sambowe
5- Sérgio Lourenço Vaz
OMA
SUPLENTES

1- Maria Rosa Gonçalves
2- Madalena Lemos Neto
3- Teresa Vicente


Composição do Bureau Político
1. José eduardo dos santos - Presidente do Partido;
2. Roberto António Victor Francisco de Almeida;
3. Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”;
4. Fernando da Piedade Dias dos Santos;
5. João Manuel Gonçalves Lourenço;
6. António Pitra da Costa Neto;
7. Maria Mambo Café;
8. António dos Santos França “Ndalu”;
9. Afonso Domingos Van-Dúnem “Mbinda”;
10. Kundi Paihama;
11. João Bernardo de Miranda;
12. Mawete João Batista;
13. João Baptista Kussumua;
14. Carlos Alberto Ferreira Pinto;
15. Bornito de Sousa Baltazar Diogo;
16. Luzia Pereira de Sousa Inglês Van-Dúnem;
17. Paulo Pombolo;
18. Fernando Faustino Muteka;
19. Francisco Magalhães Paiva “Nvunda”;
20. Joana Lina Ramos Baptista;
21. Norberto Fernandes dos Santos “Kuata Kanawa”;
22. Paulo Teixeira Jorge;
23. Virgílio de Fontes Pereira;
24. Manuel José Nunes Júnior;
25. João de Almeida Martins;
26. Francisco Higino Lopes Carneiro;
27. Jorge Inocêncio Dombolo;
28. António Paulo Cassoma;
29. Manuel Pedro Pacavira; 30. Pedro Mutindi;
31. João Marcelino Typinge;
32. Bento Joaquim Sebastião F. Bento “Bento Bento”;
33. Armando da Cruz Neto;
34. Pedro Sebastião;
35. Ana Paulo Inês Luís Ndala Fernando;
36. Cândida Celeste da Silva;
37. Manuel Domingos Vicente;
38. João Ernesto dos Santos “Liberdade”;
39. Manuel Francisco Tuta “Batalha de Angola”;
40. Gonçalves Manuel Muanduma;
41. Carolina Cerqueira;
42. Genoveva da Conceição Lino;
43. Aldina Maltide Barros da Lomba;
44. Dulce Ginga;
45. Rui Luís Falcão Pinto de Andrade;
46. Sérgio Luther Rescova Joaquim;
47. (+) Vaga feminina por preencher.
Fonte: Angop

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Militares questionam o "projecto C"


Militares questionam C

AlTAS PATENTES militares questionaram o método de eleição proposto no projecto C de Constituição deixando embaraçado o presidente da Comissão Constitucional que orientou quarta-feira a discussão das várias matrizes entre as chefias das FAA.

Segundo alguns, se o Presidente é que indica o vice, sem qualquer condição, deve concorrer sozinho às eleições presidenciais.

De outro modo, argumentaram, a escolha do vice-presidente, substituto legal do Chefe de Estado, pode recair num familiar ou amigo sem que o partido, que sustenta a candidatura, se possa pronunciar.

As preocupações ligadas ao conceito de segurança nacional também foram levantadas e segundo Bornito de Sousa acolhidas para prováveis adendas ou alterações aos três projectos de constituição. O também deputado do MPLA considerou “muito aberto” este processo de consultas públicas para o enriquecimento da futura Constituição, que deverá estar concluída até ao primeiro trimestre de 2010.

O palestrante realçou o papel activo que os quadros e efectivos das FAA poderão desenvolver no estudo e divulgação das propostas. O acto foi moderado pelos viceministros da Defesa, Gaspar Rufino, Agostinho Nelumba e Cândido Van-Dúnem; o chefe adjunto do Estado Maior General, Geraldo Nunda, e o inspector-geral das FAA, Sapilinha “Sambalanga”. V.R.

Fone: Novo Jornal 4 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Os caminhos históricos das fronteiras de Angola - V

Professor doutor Marques de Oliveira

ARTIGO V (CONCLUSÃO)

Fronteira Sul
Da convenção de 1886 ao estabelecimento da zona-neutra

As negociações sobre a delimitação das fronteiras do Sul de Angola com o Sudoeste Africano Alemão duraram cerca de um ano. De certo modo o processo começou com uma carta do Embaixador da Alemanha em Lisboa, dirigida ao Ministro dos Estrangeiros, e datada de 18 de Outubro de 1884, informando que o seu país “... a fim de salvaguardar mais eficazmente os interesses do comércio alemão nas costas ocidentais de África...”, tomara sob a sua protecção alguns territórios situados ao longo da costa entre o Cabo frio e o rio Orange, à excepção de Walvis Bay (1). Tratava-se de terrenos que o alemão Luderitz logrou obter dos chefes e potentados da região, após o seu aparecimento em 1882 na Damara, tendo Bismark publicado a 24 de Agosto de 1884 a Declaração de Protectorado do Império alemão (2).

Com isto surgiu a primeira dificuldade: a exacta localização do paralelo do Cabo frio. Portugal afirmava que o limite sul de Angola era o paralelo do Cabo frio, situado em 18º 24’de latitude sul, e a Alemanha nas suas cartas, designadamente num mapa do “Livro Branco” alemão acerca da Questão do Zaire, fixava em 18º S.


É evidente que a diferença lesava os interesses de Portugal. Ainda assim, o facto assumia importância menor. O pior veio a seguir. Pouco depois de um ano, o Embaixador alemão apresentou a proposta de 1 de Dezembro de 1885 na qual o seu governo reconhecia que “... a linha de limite entre o território de Angra pequena sob protectorado da Alemanha e a colónia portuguesa de Moçamedes, carece de fixação definitiva - harrt noch endgultigen Feststellung -, pelo que o Governo imperial convidava o Governo português a entrar em negociações tendentes a determinar com mais rigor as suas esferas de interesses na costa Sudoeste de África (3).

Em resposta, a 15 de Dezembro, o Governo português disse reconhecer “...a conveniência de se definir, por comum acordo e com maior precisão, as fronteiras das possessões limítrofes da Alemanha e de Portugal, de modo a que fique definitivamente estatuída a esfera de acção que cada uma das duas potências poderá exercer desassombradamente nesta parte do continente Africano” (4).

A Alemanha apresentou a sua primeira proposta a 27 de Julho de 1886, fixando a delimitação a partir da foz do Cunene (o que faz a grande diferença), daqui “... segue pela margem esquerda o curso deste rio até o ponto fronteiro do presídio português do Humbe. Daqui prolonga-se para E., no paralelo do Humbe até chegar ao Zambeze, acompanhando quanto possível as fronteiras dos Estados nativos daquelas regiões. O Governo imperial desiste de todos os direitos e pretensões que possa alegar aos territórios que fiquem ao N. desta linha e simultaneamente se obriga a abster-se de qualquer interferência política ao N. da mesma linha.

O governo português faz idêntica desistência relativamente aos territórios que se acham ao S. da referida linha, assumindo obrigação idêntica à mencionada acima» .
Sucederam-se notas sobre as discussões anteriores acerca do limite a adoptar e os direitos territoriais de Portugal. A Alemanha alegava a falta de ocupação de parte de Portugal, ao que este contrapunha a exploração da região do Cubango por Serpa Pinto, Brito Capelo e Roberto Ivens, e a expedição militar comandada por Henrique de Castro e Artur de Paiva, que firmara o comércio português desde o Cunene e o Lubango até aos Ambuelas.

A 4 de Agosto de 1886 Portugal apresentou a sua contraproposta, segundo a qual “... a fronteira sul da província de Angola ficaria assim marcada por uma linha que partindo do Cabo frio, fosse direita a shomohahi, e seguindo pelo cordão orográfico do lado do nascente viesse bater em Otymorongo. Continuando daí para a margem setentrional do Etocha e rio Ovampo prolongar-se-ia então até às lagoas Ansun do Berg Damara. Das lagoas Ansun seguiria o rio Omaramba até cortar o paralelo de 18º, dirigindo-se depois a Mai-Ini, e pela margem N. do Tlhobe prosseguindo então até à confluência deste com o Zambeze. Nesta linha de limites, que procura quanto possível, como acima fica dito, adaptar-se ao estado actual das coisas, e aos acidentes naturais do terreno, descendo umas vezes e subindo outras, para além do paralelo do Cabo frio, apenas ficaria menos bem determinada por efeito da incerteza ainda hoje existente nos conhecimentos geográficos desta parte da África Central, a porção que fica entre a lagoa de Etocha e Mai-Ini” (6).

Em Setembro do mesmo ano, o Governo alemão deu a conhecer as suas reservas: “...com a aceitação de tal linha, a Alemanha teria de ceder grandes territórios no Ovampo e nas margens do Cubango, onde súbditos imperiais já adquiriram direitos por meio de contratos celebrados com os régulos indígenas. A esta desistência não corresponde equivalente em mais larga liberdade de acção para outros territórios, pois ao sul da linha proposta se não tentou ainda e se não pode prever de futuro, aumento de influência da Coroa portuguesa, ou mais dilatadas aquisições dos seus súbditos. Por outro lado Portugal lograria todas as vantagens de uma posse protegida contra a crescente concorrência alemã em territórios que, até onde pode conhecer-se, são dos mais férteis que existem em África, e só na mínima parte têm contribuído até hoje para alargar a esfera do poder político ou da actividade mercantil de Portugal.


Nestas circunstâncias, entende o Governo imperial que lhe cumpre sustentar o projecto de limites apresentado no memorandum de 27 de Julho deste ano. Poderá objectar-se que a demarcação indicada é essencialmente matemática, e não corresponde na realidade a factos geográficos; deriva-se isso porém de se não acharem suficientemente exploradas as regiões que a linha divisória percorre, para poderem prevalecer os cursos de água e as montanhas existentes como elementos dessa divisória. Poder-se-ia em todo o caso, tomando por base a última carta de África, de Justus Perthes (secção 9ª), precisar alguns pontos e indicar, por exemplo, Karore no Cubango e Sioma no Zambeze, que demoram pouco mais ou menos no paralelo do Humbe, para melhor determinar a direcção da fronteira” (7).

A 22 de Setembro de 1886, o Governo português enviou um memorandum ao Governo alemão comunicando a sua aceitação à proposta, solicitando contudo uma alteração: adoptar-se “...para linha de limite o curso do Cunene até às cataratas no prolongamento da Serra da Chela ou Caná, daí um paralelo até ao Cubango, e o curso deste rio, até se aproximar da margem N. do Chobe, e confluência deste com o Zambeze”.

A opinião pública portuguesa criticou veementemente essa decisão. Em Berlim, também o Embaixador português encontrou dificuldades em fazer aceitar a alteração.
Os alemães insistiam no facto de terem desde há muito estabelecido relações de amizade com diversas autoridades indígenas em territórios onde a presença portuguesa era muito contestável. No prosseguimento das conversações, o representante diplomático português, aproveitando-se do sublinhado alemão às relações estabelecidas com o chefe de Andara, sugeriu uma linha que seguisse “... o paralelo das cataratas depois o Cubango até Andara, deixando esta à Alemanha, e daí o paralelo até encontrar o Zambeze” , nos rápidos de Katima.
O governo acabou por perfilhar a ideia.

Discutidas as cláusulas, o acordo veio a ser assinado em Lisboa, a 30 de Dezembro de 1886, e ratificado por decreto de 14 de Julho de 1887 (9). Segundo ele (art.2º), “... a fronteira partindo do Cunene, seguia o seu curso até as cataratas que forma no sul do Humbe, ao atravessar a serra Caná; daqui em diante seguia o paralelo até ao rio Cubango, o seu curso até Andara e finalmente, deste lugar a fronteira seguia em linha recta na direcção do leste até aos rápidos de Katima no Zambeze” (10).

Com a deslocação da fronteira do Cabo frio para o curso do Cunene, Angola perdeu uma grande extensão de territórios; 18.ª para 17.º 15 */- = 111kms dividiram-se povos Ambós, ou Ovambos (segundo a designação sul-africana), como os Cuanhamas, cuja maioria permaneceu no território angolano, e os Kuambis, NDongas e Mbalantus, que ficaram no território alemão (11).

Entre a assinatura deste documento e a implantação do último marco no terreno, o 47º, a dois quilómetros do rio Cubango, haveria de decorrer um período de quarenta e dois anos, durante o qual tiveram de ser superadas diversas dificuldades e assinados outros convénios. O troço compreendido entre o Cunene e o Cubango manteve-se em litígio até que os territórios do Sudoeste passaram à situação de Mandato da União Sul-Africana e se assinou o convénio na cidade do Cabo em 22 de Junho de 1926.


É que este troço da fronteira era a porta aberta para regiões povoadas e, portanto sugestionáveis para a mão-de-obra necessária à laboração das minas de cobre de Otawi, ao mesmo tempo que oferecia um caminho rasgado e amplo em direcção aos planaltos portugueses de óptimo clima, bem regados, férteis e povoados, em contraste com a Damara, seca, árida, rica apenas em diamantes e peles de caraculo (12).

Os pretextos para a disputa eram dados pela suposta indeterminação do lugar de Andara a que se referia o tratado de limites e a sentença arbitral do Rei de Itália em relação à fronteira do Barotze e, pela dúvida igualmente surgida em Berlim sobre quais fossem as cataratas do rio Cunene, ao sul do Humbe, donde deveria partir a linha convencional entre o rio Cunene e o Cubango.

Desde logo surgiu o desacordo sobre o ponto de partida dos trabalhos de demarcação no terreno. Contra toda a evidência geo-hidrográfica, os alemães teimavam em afirmar que aquelas cataratas seriam os rápidos Nuangari que ficam a mais de duas dezenas de quilómetros a montante da Serra de Cana ao atravessar a qual o Cunene forma a grande catarata Ruacaná, ponto adoptado pelo critério português. Uma vez estudada a área e reconhecido também o considerável valor energético que as cataratas poderiam vir a fornecer, os alemães procuraram então que fosse aceite a de Cazombue, pois assim todo o curso do Cunene entre esta e o Ruacaná ficaria no território da sua colónia. A construção do forte do Cuangar, por João de Almeida, em Agosto de 1909, constituiu outro ponto de litígio. Aos alemães não agradou essa medida porquanto, pelo gradual avanço das suas missões, eles já detinham posições no Cuanhama, Matemba, Mupanda e Ndjiva (13).

Ainda naquele mesmo ano, forças alemãs pretenderam ocupar Chimenha, a uma dezena de quilómetros a montante do forte Cuangar. Entre oficiais alemães e portugueses acabaria por ser aceite um regime em que se respeitariam condições de neutralidade numa faixa de cerca de 11 quilómetros de largura, desde o Cuangar à Chimenha, entre os rios Cunene e Cubango, limitada pelos dois paralelos correspondentes aos dois pontos em que incidiam as duas opiniões contrárias . Nasceu assim o tão discutido problema da zona neutra, habilmente sugerida pelo Governo imperial alemão, por meio do Aid-Memoire de 17 de Novembro de 1910, entregue pela sua Legação em Lisboa ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, com a intenção de concretizarem, mais tarde, as suas pretensões sobre as cataratas e rápidos do Cunene, desde Cazombue ao Ruacaná. A 10 de Agosto de 1911, o Governo português manifestou o seu acordo à criação da Zona neutra (15).

Dessa situação provisória resultaram as incursões alemãs de 1912 que levaram à construção do forte de Naulila, e posteriormente, em 1914, deram lugar ao célebre incidente de Naulila, sobre o qual muito se escreveu. De registar igualmente a intimação de 1912 que levou ao abandono dos portugueses do forte de Dombondola, construído em 1908 por João de Almeida, com a alegação de este ficar na zona neutra (16). Todavia, o motivo era bem outro; o de assegurarem o acesso a posições que dominavam as quedas de água. De facto, estava a montante da linha de fronteira (17).

Do restabelecimento da zona neutra ao Convénio de 22 de Junho de 1926

Contra a generalidade das expectativas, a transferência de soberania não resolveu ipso facto a questão, agravando-a, ao contrário, por efeito da intervenção da União Sul Africana onde tudo o que se relacionava com a água, tão escassa na maior parte do seu território, assumia sempre carácter de grande e intensa gravidade.

Efectivamente, pondo de parte a ambição territorial, ali sempre latente, no que diz respeito à aquisição de zonas mais férteis e mais próprias para a agricultura e a criação de gado do que aquelas de que o país dispunha na imensidade da sua área total, impunha-se a necessidade do aproveitamento dos novos domínios adquiridos que, na sua zona norte, só podia, aparentemente ser realizado, recorrendo às águas que abundam em território angolano.

Foi neste contexto que a zona neutra foi restabelecida em 1915, por acordo entre o general Pereira de Eça e o Encarregado de Negócios da U.S.A., major Pritchard (18), “... o intendente da Ondonga, major Pritchard, encarregado dos Assuntos Indígenas da União Sul-Africana, que representava os interesses do Ovambo Africander, conseguira do enviado do general Pereira de Eça... a consignação da célebre zona neutra (19), representando “... uma enorme área de mais de 400 quilómetros entre o Cunene e o Cubango, o Ruacaná e o Cuangar, com mais de 11 quilómetros de largura, correspondendo à série de rápidos e cataratas do rio Cunene, desde Cazombue ao Ruacaná. Consideravam eles como catarata o Cazombue, que não passava de um rápido” 20).

Nos encontros que a missão portuguesa e sul-africana mantiveram na catarata do Ruacaná entre 30 de Julho e 3 de Agosto de 1920, para realização dos trabalhos preliminares da demarcação, a discussão abriu ainda com o problema do ponto da colocação do primeiro marco. Para a missão portuguesa, não havia dúvida quanto à sua identificação com o marco João de Almeida, na latitude de 17º 23’ 23’’S. sobre a descida dos 70 m da grande catarata, que satisfazia as condições do convénio de 1886. Os sul-africanos preferiam um local no começo dos primeiros rápidos, a montante da queda. Contudo acabariam por aceitar a proposta portuguesa (21). Em contrapartida, mantiveram-se intransigentes quanto ao problema da passagem de águas do Cunene para a grande lagoa Etocha e irrigação da Damaralândia.

De resto, a União já tinha anteriormente comissionado um engenheiro especializado em aproveitamentos hidráulicos para estudar a região, e ao tempo falava-se muito nos meios interessados sul-africanos, num projecto para a irrigação das terras da Donga confinantes com a linha da fronteira (22).O assunto foi entregue à Sociedade das Nações onde a discussão se arrastou até 1925 sem que fosse tomada qualquer resolução, até que os dois governos decidiram reunir em 1926 na cidade do Cabo.


Mais uma vez os sul-africanos tentaram desviar o paralelo para o Cazombue. A recusa dos delegados portugueses foi no entanto peremptória. Da conferência resultou o convénio assinado a 22 de Junho de 1926, em que ficou firmado o conceito português sobre a interpretação geográfica dos dizeres do Tratado de 1886 relativamente ao ponto de partida, de oeste para leste, da linha convencional que separa os territórios respectivos entre os rios Cunene e Cubango:
Artigo I “... as cataratas do rio Cunene mencionadas no artigo 1º do tratado entre o Governo de Sua Majestade o Rei de Portugal e o Governo de Sua Majestade o Imperador da Alemanha, feito em Lisboa e datado de 30 de Dezembro de 1886, são as grandes cataratas indicadas nos mapas portugueses com o nome e cataratas Ruacaná e nos mapas alemães com o de cataratas Kambele, e situadas aproximadamente, a 17º 23´ de latitude Sul”.

Artigo II “... Nesta conformidade, a linha da fronteira, é a linha da mediana do rio Cunene, isto é, a linha traçada a igual distância de ambas as margens, desde a embocadura do referido rio até um ponto das cataratas do Ruacaná, em cima da crista ou bordo onde a referida linha de mediana se cruza com o paralelo de latitude que passa pelo marco colocado na margem esquerda do referido rio, em Julho de 1920, por uma comissão mista nomeada pelos governos português e britânico...”

Artigo III “... Do ponto nas cataratas Ruacaná, descrito no precedente artigo II, a linha de fronteira segue o paralelo de latitude que passa pelo referido marco até um ponto em que corta a linha mediana do rio Cubango, e daí por diante, como está descrito no artigo 1º do Tratado de Lisboa de 30 de Dezembro de 1886”

Artigo V “... A zona neutra em que tinham concordado os governos português e alemão, reconhecida pelos governos português e da União, será mantida e como tal tratada para todos os fins para que foi criada, até que a demarcação da fronteira em que ora se concordou esteja terminada entre os rios Cunene e Cubango” (23).
Finalmente, a fronteira ficava definitivamente delimitada pelo paralelo que passa pela grande catarata do Ruacaná.

Simultaneamente foi tratada ali também, a questão do aproveitamento das águas do Cunene, mas considerada esta como matéria à parte, inserida no “acordo entre o Governo da Republica Portuguesa e o Governo da União da África do Sul para regular o uso da água do rio Cunene, produzir energia hidráulica, inundação e irrigação no território mandatado do Sudoeste de África” .

Enfim, em 23 de Setembro de 1928 assinou-se o acto de Kakeri (ponto de long. 18º 25’ 06,2’’E), registando o fim das actividades de demarcação da fronteira entre o Sudoeste Africano e Angola (25). A linha de fronteira foi completamente limpa de mato e árvores, numa largura de 10 metros, até ao marco 28, e a partir deste, numa largura de 4 metros até ao
A 29 de Abril de 1931, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo português comunicou ao Embaixador britânico em Lisboa, a ratificação do acordo de Kakeri (26), cujo art. 4º dispõe: “a comissão acorda em que a partir da data da assinatura deste documento, a zona neutra estabelecida por acordo entre os governos alemão e português, e reconhecida pelos governos da União da África do Sul e de Portugal, deixa de existir, e todo o território que fica ao norte da linha de fronteira aqui descrita e no documento anexo deverá ser considerado como fazendo parte de Angola e que todo o território que fica ao sul da referida linha de fronteira deverá ser considerado como fazendo parte do território mandatado do Sudoeste de África”.


Encerrou-se desta forma a série de controvérsias que envolveram a demarcação da fronteira sul de Angola, ficando definitivamente resolvida a questão da célebre zona neutra, e assegurando-se a Angola a posse de um rectângulo de 450x11Km, ou seja, 4.950 Km2 entre os rios Cunene e Cubango.

Com a demarcação da fronteira sul, concluíram-se os trâmites para a fixação das fronteiras terrestres de Angola.


Considerações finais

Ao longo dos artigos publicados prestei-me a inferir ilações, das complexas e quase sempre controversas matérias que confirmaram a evolução da delimitação das fronteiras de Angola. Cumpre-me chegado este momento, proceder às considerações finais, que na esteira do desígnio académico que esta série de publicações prossegue, e a título de conclusões, vêm complementar o seu estudo, cuidando de sublinhar os fundamentos da sua natureza jurídica.

As fronteiras africanas foram, na sua grande maioria, definidas entre 1885 e 1900, pelas potências europeias que partilharam o continente, e a carta geográfica actual foi sendo moldada por força de acordos estabelecidos entre essas potências que, em regra geral, ignoraram os direitos dos povos africanos e, por vezes, até mesmo a importância de bem visíveis acidentes geográficos.

A história da formação das fronteiras de Angola é exemplo patente das vicissitudes da delimitação e configuração das actuais fronteiras africanas. Iniciada com a conferência de Berlim, a sua delimitação foi-se concretizando por via de inúmeros tratados, acordos por troca de notas, etc., que Portugal celebrou com a França, o Estado Independente do Congo, a Bélgica, o Reino Unido, a Alemanha, e a União Sul Africana.

Em virtude das rivalidades que a corrida para África suscitou na maior parte das nações europeias, a ocupação e o reconhecimento de territórios (tal como previsto no artigo XXXV do acto de Berlim), não se processou sem problemas. Como a maior parte das reivindicações territoriais se baseou quer em tratados firmados entre as potências europeias, quer em tratos com os chefes africanos, ou ainda em relatórios de explorações efectuadas a mando de Sociedades filantrópicas, a demarcação das fronteiras não foi fácil, afigurando-se necessário em alguns casos o recurso à arbitragem. Foi assim que Portugal recorreu à arbitragem da SDN no caso da fronteira sul, entretanto sem consequências, e ao rei da Itália, no diferendo que o opunha ao Reino Unido, acerca da fronteira do Sudoeste, à norte do Zambeze (fronteira do Reino do Barotze).

O acto de Berlim, os tratados de delimitação de fronteiras firmados entre Portugal e as várias potências coloniais, e a sentença arbitral do soberano Italiano, deram a Angola as suas fronteiras definitivas. Relativamente à delimitação das águas territoriais, designadamente as águas territoriais marítimas, a realidade é bem diferente, tendo em conta as modificações sucessivas de significado e importância dos institutos do direito do mar, desde meados do século actual, culminada com a sua codificação na Convenção de Montego Bay de 1982, que entrou em vigor a 16 de Novembro de 1994.

Com efeito, à semelhança dos demais Estados africanos, a República de Angola, ao proclamar-se independente a 11 de Novembro de 1975, adoptou como limites do seu território as fronteiras delimitadas pela potência colonizadora. Esta solução, que se estribou no bom senso, mas também na ideia de coarctar elementos susceptíveis de gerar fricção e incerteza nas relações com os Estados vizinhos, foi de resto consagrada pela Organização de Unidade Africana, através da resolução AHG/16 (I) da 1ª cimeira de Chefes de Estado e de Governo, realizada em 1964 no Cairo:
1) “... considerando que os problemas de fronteira constituem um factor grave e permanente de desacordo;

... Reconhecendo, por outro lado, a necessidade de resolver por meios pacíficos e num quadro permanentemente africano todos os diferendos entre Estados africanos;
... Os Chefes de Estado e de Governo africanos presentes no Cairo declaram de maneira solene que todos os Estados Membros se comprometem a respeitar as fronteiras existentes no momento em que ascenderam à independência”.

Esta posição, ainda que os Chefes de Estado se não tenham referido expressamente, é hoje aferida por conceituados internacionalistas e africanistas como sendo uma valência do princípio do uti possidetis.

Este instituto é transmitido através do direito romano, e mais concretamente pelas institutas de Gaio, onde o uti possidetis não era mais do que um interdito possessório pronunciado pelo pretor a favor de um possuidor ou usufrutuário de boa fé, e que diria sobretudo respeito aos bens imóveis. Uti nunc possidetis, quominus ita possideatis vim fieri veto (28).

(*) Mestre e Doutor em Direito pela Universidade de Lisboa em Ciências Jurídico Políticas na vertente de Direito de Fronteiras terrestres e Marítimas e especialista em Delimitação de Fronteiras. Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto e da Universidade Católica de Angola, Decano da Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Angola

(1) Negócios Externos. Documentos apresentados às cortes na sessão legislativa de 1887 pelo Ministro e secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. Negociações relativas à delimitação das possessões portuguesas e alemãs na África Meridional. Lisboa, Imp. Nacional, 1887, p. 5.
(2) Comandante Moura Braz, “ Fronteiras ...”, ob. cit. p. 98-99.
(3) Idem. p. 9.
(4) Idem. p. 10
(5) Idem. p. 10-11.
(6) Idem. p. 11-15.
(7) Idem. p. 15-18.
(8) Idem. p. 25.
(9) Diário do Governo n.º 159 e 160 de 21 e 22 de Julho de 1887.
(10) Negócios Externos. Negociações relativas a delimitação das possessões portuguesas e alemãs na África Meridional, Imprensa Nacional, 1887, p. 41-44.
(11) Ramiro Ladeiro Monteiro, ob. cit. p. 79-80. Moura Braz, “ Fronteiras...”, ob. cit. p.100.
(12) Ramiro Ladeiro Monteiro, idem. Comandante Moura Braz, idem, p.114.
(13) Ilídio do Amaral, “Entre o Cunene e o Cubango, ou a propósito de uma fronteira africana”, Centro de Estudos Geográficos Lisboa, 1982,p.52.
(14) Comandante Moura Braz, idem.
(15) A.M.N.E. Piso 3, Maço 20, Armário 9, originais do Aid-Memoire alemão, e da nota e memória do M.N.E.
(16) Gastão de Sousa Dias, “A Fronteira Sul de Angola”, in Boletim Geral das Colónias, 1928, n.º 31-36, p.20.
(17) Idem; Comandante Moura Braz, Idem.
(18) Gastão de Sousa Dias, ob. cit. Idem.
(19) Carlos Roma Machado de Faria e Maia, “Na Fronteira Sul de Angola”, Lisboa 1941, p. 33; ( foi um dos participantes da sua demarcação).
(20) Idem. Idem.
(21) Ilídio do Amaral, ob. cit. p. 54.
(22) Comandante Moura Braz, ob. cit. p.115.
(23) Diário do Governo 1ª série, n.º 249, de 6 de Novembro de 1926.
(24) Idem.
(25) Diário do Governo 1ª série, n.º 222, de 25 de Setembro de 1931.
(26) Idem.
(27) Após a reunião de 26 de Maio de 1930, junto aos rápidos de Katima, dos representantes de Portugal, da União Sul-Africana, da Rodésia e do protectorado da Bechuanalândia, assinou-se a 18 de Agosto de 1931 a acta final e um acordo em que ficou descrita a fronteira desde Andara até Katima.
(28) Paul de Lapradelle, ob. cit. p. 87.


Fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/os_caminhos_historicos_das_fronteiras_de_angola_3


Os caminhos históricos das fronteiras de Angola I
http://cangue.blogspot.com/2009/12/fronteiras-de-angola-e-evolucao.html

Os caminhos históricos das fronteiras de Angola II
http://cangue.blogspot.com/2009/12/os-caminhos-historicos-das-fronteiras.html


Os caminhos históricos das fronteiras de Angola III
http://cangue.blogspot.com/2009/12/os-caminhos-historicos-das-fronteiras_02.html

Os caminhos históricos das fronteiras de Angola V
http://cangue.blogspot.com/2009/12/os-caminhos-historicos-das-fronteiras_04.html

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os caminhos históricos das fronteiras de Angola - III


Professor doutor Marques de Oliveira

ARTIGO III

A questão teve origem nos termos da Convenção de Lisboa de 25 de Maio de 1891, que fixou geográficamente a fronteira no alto Cassai e lago Dilolo, situando este último na linha divisória das águas do Zaire e do Zambeze, e definindo por limite um afluente do Cassai, que (pensavam os delimitadores), nascia no lago Dilolo. Art. I, 3º “...Pelo thalweg do Cassai, desde o ponto de encontro deste rio com a linha de demarcação mencionada no parágrafo precedente, até à foz do seu afluente que nasce no lago Dilolo; e pelo curso deste afluente até à sua origem”.

Quando se constatou que os signatários da convenção de 25 de Maio de 1891 tinham cometido um erro geográfico, por se haver reconhecido a inexistência do afluente do Cassai “que nasce no lago Dilolo”, o Governo português estimou, em 12 de Abril de 1907, que a “interpretação mais lógica...seria tomar como fronteira o afluente do Cassai cuja nascente se encontra mais próxima do lago Dilolo. Este rio é sem dúvida o que tem a sua origem em Cha-calumbo” (1).

O Estado Independente comunicou por carta, a 25 de Maio, que aceitava a interpretação, exprimindo ao mesmo tempo o desejo de ter acesso ao lago Dilolo, propondo nesse sentido o prolongamento da fronteira desde a nascente desse rio determinado por Lisboa e o referido lago. A 6 de Agosto, o Governo português recusou essa proposta, por ser contrária ao espírito e à letra da convenção, na medida em que o art. I in fine (3º e 4º) refere o lago Dilolo apenas como referência da linha divisória das águas do Zaire e do Zambeze, a partir do qual essa divisória seria limite da fronteira. Constatando-se o erro geográfico, já que o lago Dilolo se situa na bacia do Zambeze, aproximadamente 36 Km a sul da linha divisória, essa referência já não tinha razão de ser.

O Ministro belga em Lisboa, Albéric Falon, informou, em carta datada de 10 de Fevereiro de 1910, ao Ministro português dos Negócios Estrangeiros, Eduardo Villaça, que o seu governo renunciava ao acesso ao lago Dilolo, sob condição de que o afluente do Cassai indicado pelo Governo português nas notas de 12 de Abril e 6 de Agosto de 1907...aquele que nasce perto de Cha-calumbo, isto é, o braço oriental do Luakanu... fosse mantido como ligação entre o Cassai e a linha divisória das águas do Zaire e do Zambeze.

A 15 de Abril de 1910, o Ministro português dos Negócios Estrangeiros comunicou ao Ministro belga em Lisboa o acordo de Portugal sobre essa interpretação da Convenção de 25 de Maio de 1891.

Resolvido o litígio, constituiu-se a comissão mista para a fixação dos limites no terreno. Os trabalhos de demarcação realizaram-se em conformidade com a Convenção de 25 de Maio de 1891, e o acordo de troca de notas de 30 de Abril e 2 de Junho de 1910, e concluíram com um protocolo datado de 18 de Setembro de 1915.

Entrementes, surgiram reivindicações por parte de Portugal: “...ao ser levantada a carta geográfica da região, reconheceu-se que, das águas indo ao cassai, a nascente mais próxima, por uma diferença de 15 quilómetros, não é a do afluente oriental do Luakeno mas a do rio Luao, que fica ao nordeste do lago Dilolo...” (2).

Nestes termos, para Portugal era o rio Luao que de facto deveria constituir o limite da fronteira, cuja nascente era preciso ligar à linha divisória das águas do Zaire e do Zambeze (3). Não obstante, tinha sido Portugal a propor inicialmente Cha-calumbo, e nessas circunstâncias, só lhe restava queixar-se de si próprio. Isso mesmo concluiu Alberto d’Oliveira, Ministro de Portugal em Bruxelas, nos interessantes comentários que fez em carta endereçada ao Ministro português dos Negócios Estrangeiros: “...Não foi a Bélgica que propôs Cha-calumbo, limitando-nos nós a aceitar. Foi Portugal que desde 1907 propôs esse afluente...

A troca de territórios Dilolo-M’Pozo. A convenção de Luanda de 22 de Julho de 1927.

Situado em pleno coração do continente africano, o Congo Belga enfrentava um obstáculo vital ao seu desenvolvimento económico: o acesso ao mar. O rio Zaire, decisivo nas comunicações da colónia com o Atlântico, revelou-se não navegável em todo o seu curso, nomeadamente na região das cataratas entre Matadi e Kinshasa. A aliar a este condicionamento, a solução alternativa, - a via férrea - desde cedo revelou inúmeras contrariedades de peso; podendo assegurar a ligação de Matadi a Stlanley Pool, e por conseguinte a circulação de pessoas e bens praticamente de toda a colónia com o Oceano através do porto de Matadi, desde logo se afigurou inviável face ao terreno extremamente acidentado que circunda toda a zona de Matadi, inclusive a própria cidade, ela mesma erigida sobre rochedos sucessivamente amontoados, justificando-se assim a sua designação... Matadi, que em português significa rocha. Daí, a impossibilidade do transporte ferroviário de grande tonelagem.

Acrescem outros dois significativos factores negativos. Por um lado, o canal fluvial entre Matadi e o mar. Por outro, as infra-estruturas dos portos de Matadi e Ango-Ango. O primeiro porque, os troços navegáveis, a jusante de Boma, exigem grandes e dispendiosos trabalhos de permanente drenagem, necessária à navegação regular dos navios de grande calado. O segundo, porque face à proximidade da fronteira angolana - Nóqui - os portos de Matadi e Ango-Ango não podiam ser suficientemente alargados para corresponder às exigências do volumoso tráfego em perspectiva. As consequências deste entupimento, obviamente que seriam desastrosas para todo o percurso ao longo do território congolês criando inúmeros pontos de ruptura.

Atenta a esta problemática, a Bélgica procurou melhorar as condições de acesso ao mar para a sua colónia. Nesse sentido, desenvolveu uma intensa actividade junto do Governo português, de forma a obter, numa primeira fase, a cedência da margem esquerda do rio Zaire, para aí construir um porto suficientemente capaz de responder melhor que Matadi; e posteriormente, como alternativa, uma porção de território do norte fronteiriço, para permitir a modificação do traçado da linha férrea nos primeiros 30 quilómetros.

As primeiras diligências do Governo belga foram encetadas em Agosto de 1919, em Paris durante a conferência de Paz.

A 29 de Julho de 1920, a Bélgica, através da sua Legação em Lisboa, apresentou oficialmente, pela primeira vez, a sua solicitação para modificação dos limites no Baixo Congo.

Tendo-se tornado urgente a transformação do caminho de ferro, o Governo belga desejaria estabelecer com o Governo português negociações tendentes à obtenção de uma modificação da fronteira no Baixo Congo nas condições que fossem convenientes para Portugal...” (4). Ainda que não mencionando explicitamente a zona pretendida, ao referir os contactos de Paris, o Governo da Bélgica indicava implicitamente a Bacia convencional do Zaire.

Apercebendo-se da intransigência de Portugal à cedência da margem esquerda do Zaire, o Governo belga mudou de táctica, e a 20 de Maio de 1922 apresentou nova proposta, cuidando de precisar a localização e a extensão do território.

“... A construção e a exploração da linha Matadi-Léopoldville beneficiariam de consideráveis vantagens de simplificação e de economia se o caminho de ferro pudesse, entre Matadi e Tumba, ser desviado do seu traçado actual, e se, para atingir a última destas localidades, pudesse contar com o vale do Mpozo, onde os obstáculos naturais são de pequena importância.

... Estas constatações decidiram o Governo belga a solicitar ao Governo da República Portuguesa a obtenção de uma rectificação do traçado actual da fronteira que permitisse à Bélgica obter, através da troca, o vale em questão, situado em território angolano a curta distância da fronteira congolesa e num sentido paralelo a esta...

... O empreendimento a fazer seria de pouca importância (aproximadamente 250 quilómetros quadrados) e naturalmente a Bélgica cederia a Portugal, em troca, uma faixa de terreno de valor equivalente àquela que Portugal consentisse em ceder-nos” (5).

Para a opinião pública, pelo contrário, a questão continuava a ser objecto de vivo debate.

A Revue Coloniale Belgo Portugaise, editada por dois prósperos comerciantes portugueses de Bruxelas (Povoas & Noronha), encarregou-se de dinamizar esse debate, solicitando e publicando opiniões defendidas, quer na Bélgica, quer em Portugal. Não obstante o seu caracter particular, essas opiniões veiculavam assim mesmo, as preocupações e até mesmo as posições de alguns meios oficiais. G.

Dryepondt, “um dos pioneiros” da colonização belga, pronunciando-se a respeito da colaboração entre os dois países considerou que “...os laços que unem as duas colónias e os dois povos poderiam ainda tornar-se mais estreitos por uma “entente” territorial que, longe de lesar uma das partes, apresentaria vantagens incontestáveis para cada uma delas” (6), exemplificando, Dryepondt evocou a necessidade do Congo Belga construir um porto na margem esquerda do rio Zaire, onde pudessem atracar os navios de grande calado, e donde pudesse partir um caminho de ferro em direcção a Stanley Pool.

Encorajado pela opinião pública cada vez mais entusiasta e participativa, e estimulado pelo discurso activo e generalizado de aproximação dos dois países, o Governo belga decidiu reatar a ofensiva diplomática, instruindo nesse sentido a sua Legação em Lisboa, que em cumprimento fez entrega no Ministério dos Negócios Estrangeiros, a 20 de Maio de 1926, de uma nota formal nestes termos: “O Ministro da Bélgica foi encarregado pelo seu governo de se aproximar de sua Excelência o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República e de o sondar no sentido de saber se a ideia de uma maior aproximação entre os dois países no terreno colonial, ideia que encontrou na Bélgica uma simpatia generalizada, é encarada de maneira igualmente favorável pelo Governo português.

A mútua boa vontade dos dois governos poderia neste caso traduzir-se pela reunião de uma Conferência, ou, de preferência, de uma Comissão restrita, que examinaria os problemas de ordem colonial comuns a ambos os países...a comissão teria que examinar por exemplo:
- as questões sanitárias; do regime de trabalho; da construção de vias de comunicação; do abastecimento dos brancos e dos indígenas; da luta contra epidemias e o alcoolismo; da unificação das medidas fiscais.

- finalmente se, no interesse dos dois países, certas rectificações de fronteiras - ajustamentos - não seriam possíveis. Destes existe um que interessa particularmente ao Governo belga e que é mesmo urgente, sob pena de deixar de apresentar para ele qualquer interesse: trata-se de uma rectificação que envolve um território de aproximadamente 3 quilómetros quadrados, que permite a construção da nova via férrea Matadi-Léopoldville evitando trabalhos consideráveis - consequentemente muito dispendiosos -, se a via se limitasse a permanecer no território actual do Congo belga. A rectificação incidiria sobre um território sem valor material nem político no qual não existem pessoas nem árvores, planície pequena e pobre onde só existem pedras. Mas se a reconstrução do caminho de ferro avançar, a escolha do traçado definitivo deve ser fixada e a questão resolvida daqui a dois ou três meses, sob pena, como foi dito antes, de deixar de ter interesse para nós...” (7).

É significativa a sequência regressiva das proporções dos pedidos da Bélgica. Em 1919, pretendiam toda a bacia convencional do Congo ou no mínimo, toda a margem esquerda do rio Zaire, em 1922 almejavam cerca de 250 quilómetros quadrados, e em 1926, um “terreno” de 3 quilómetros quadrados.

Diante desta evidência, a posição de Portugal modificou-se, tendo para tal contribuído bastante Alberto de Oliveira, novo Ministro de Portugal em Bruxelas, que numa primeira apreciação aos problemas coloniais pendentes entre a Bélgica e Portugal, opinou ao Ministro dos Estrangeiros, Bettencourt Rodrigues:
“... Porção mínima de solo português, um simples retoque da linha fronteiriça.
...Perder esta ocasião, e deixar cair pouco a pouco a conversa, penso que seria caminho errado...

Parece pois que nos cumpre indagar de nós próprios o que queremos, o que temos a pedir, em troca do que com tanta insistência nos é solicitado e que porventura, em determinadas circunstâncias e condições seria imprudente não deferir” (8) .
O Governo português acolheu as reflexões do seu diplomata, reunindo no dia 19 de Julho de 1926 no Ministério das Colónias para avaliar a resposta à solicitação belga. No final, o contra-almirante Gago Coutinho, presidindo a comissão de cartografia, pôde fazer prevalecer e adoptar o ponto de vista segundo o qual, Portugal devia exigir em troca dos três quilómetros quadrados pedidos pela Bélgica, um território de 3.000 quilómetros quadrados, situado na região do Dilolo.

No dia seguinte à reunião, João Belo, Ministro das Colónias, explicitou por carta o ponto de vista do seu Ministério, ao Ministro dos Estrangeiros Bettencourt Rodrigues:
“Como prova de moderação, sinceridade e lealdade de bons vizinhos, julgo, como Ministro das colónias, dever manter a opinião que manifestei, para ser considerado aquele pedido belga de rectificação de fronteira (classificação feita no próprio memorandum), entre os rios Mpozo e Duizi. O Governo português mostrar-se-ia assim animado das melhores intenções de facilitar ao Congo Belga a saída do seu comércio para o rio Zaire, e portanto para o mar.

Sendo esta concessão de grande vantagem para o Congo Belga, parece-me que o Governo português deve propor em troca a concessão de outra vantagem equivalente para nós, a qual, no fundo, correspondendo à cessão de uma área de terreno de 3.000 quilómetros quadrados, não é mais do que a restituição daquilo que, segundo o espirito do Tratado de 1891, deveria fazer parte da nossa Província de Angola.

Trata-se da região ao norte do Lago Dilolo, entre os rios Luao e Cassai...” (9).
Bettencourt Rodrigues encarregou então o diplomata português em Bruxelas de “sondar o Governo belga, de maneira a averiguar até onde ele estaria disposto a ceder” (10).
Em consequência, Alberto de Oliveira exprimiu ao Governo belga o ponto de vista de Portugal: “... Portugal deixou indevidamente atribuir ao Congo Belga o território compreendido entre o Luao e o Luakeno... parece imperativo que o Congo belga restitua a Angola a porção de território que, por desconhecimento do terreno e contrariamente ao acordo prévio concluído entre os dois governos lhe foi atribuída” (11) .

O Ministro belga dos Estrangeiros recusou liminarmente a proposta. “O governo belga deve declarar, em primeiro lugar, que não está em condições de ceder a Portugal a região de Dilolo nos termos em que este território é delimitado pelo memorandum de sua Excelência o Ministro de Portugal. A troca sugerida pelo Governo de Lisboa ultrapassaria certamente o estrito quadro de uma rectificação de fronteiras e a opinião pública belga não admitiria que o governo se prestasse ao abandono de um território de mais de 3 000 quilómetros quadrados...

... De resto, não parece ao Governo belga que convenha examinar nesta ocasião toda a questão das fronteiras da região de Dilolo, que pode ter sido antigamente objecto de controvérsia, mas que nunca mais foi levantada desde 1910, época em que teve lugar um acordo entre os dois governos...

... No entanto, tendo em conta as intenções favoráveis do Governo português e a economia que resultaria, no estabelecimento da linha de Matadi a Léopoldville, de um acordo entre os dois países, o Governo belga considera possível propor ao Governo português a escolha de uma entre três soluções às quais está pronto a aderir de acordo com as preferências de Portugal:
1º) O abandono por parte do Governo belga de um território próximo daquele que o Governo português cederia à Bélgica...
2º) O abandono por parte do Governo belga, nas mesmas condições, de um território na região de Lubizi, a sul de Popokabaka...
3º) No caso de as preferências do Governo português se prenderem com a região dita de Dilolo, o Governo belga estaria disposto a procurar o meio de as satisfazer, procedendo a uma rectificação de fronteiras neste ponto, de maneira a transferir, para a soberania portuguesa, um território de uma extensão cinco ou seis vezes superior à do território cedido, sempre que os interesses legítimos das populações indígenas e os direitos adquiridos pelos cidadãos belgas não constituíssem obstáculo...

... O Governo belga declara que as suas propostas apenas são susceptíveis de ser consideradas durante um período de três a quatro semanas. Expirado este prazo, elas deixam de apresentar qualquer interesse. Os trabalhos do caminho de ferro têm progredido, com efeito, a ponto de atingir a região fronteiriça e a Companhia ver-se-á forçada a determinar daqui a muito pouco tempo o traçado definitivo...

... No caso de o Governo português estimar não dar acolhimento às aberturas do Governo belga, a linha de Matadi a Léopoldville não poderá prosseguir os seus trabalhos senão em território belga, beneficiando de prospecções recentes que felizmente permitirão reduzir sensivelmente as despesas previstas” (12).

O tom manifestamente pretensioso que se infere do documento diplomático belga desencadeou a reacção mais previsível do Governo português: “... O Governo procedeu ao estudo deste pedido com o mais vivo desejo de ser agradável ao Governo belga e sugeriu-lhe compensações que, no entender dos seus conselheiros técnicos, talvez pudessem tornar aceitável, pela opinião pública portuguesa, a ideia de uma eventual cedência territorial. O Governo belga não ignora, sem dúvida, quão vivas e, aliás, legítimas são as apreensões e mesmo as susceptibilidades portuguesas nesta matéria e até que ponto o princípio da intangibilidade das fronteiras se encontra na base de toda a nossa política colonial...

... No entanto, ainda que os dois governos conseguissem chegar a um acordo sobre o ponto de partida sugerido para eventuais negociações, o caracter de extrema urgência que elas assumem para a Bélgica não permite esperar que se atinja a tempo uma solução prática...

... O Governo português lamenta sinceramente mais uma vez não estar em condições de satisfazer o pedido da Bélgica, apesar de toda a sua boa vontade, e sente-se feliz por saber que os Caminhos de Ferro do Congo conseguiram encontrar outras soluções aceitáveis em território belga, como a nota de 21 de Agosto parece fazer prever...” (13).

Apesar do arrefecimento notório nas negociações para a troca de territórios, mantinha-se acesa a chama de aproximação Luso-Belga em matéria de política colonial, e nesse sentido, o Governo português manifestou o seu acordo à realização de uma conferência entre os dois países, sugerindo para tal, que uma comissão restrita preparatória se reunisse em Lisboa.

A resposta belga denotou alguma desolação revelando assim mesmo uma certa expectativa:
“... O Governo belga não pode senão lamentar que o Governo português não tenha conseguido satisfazer o pedido da Bélgica a respeito de uma rectificação da fronteira na região do Mia...

... Nestas condições, a reunião de uma conferência Luso-Belga para estudo do conjunto dos problemas de ordem colonial comuns a ambos os países já não apresenta para a Bélgica o mesmo caracter de urgência; no entanto o Governo belga continua a acreditar na oportunidade de reunir a referida conferência...” (14).
A perseverança da Bélgica foi recompensada. Os bons ofícios dos canais diplomáticos diligenciaram a realização em Lisboa de 6 a 10 de Dezembro da I conferência Luso-Belga.

A II conferência Luso-Belga teve lugar em Luanda, de 16 a 22 de Julho de 1927. Portugal fez-se representar por António Vicente Ferreira, Governador-Geral de Angola, e Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcelos, assistidos por três delegados técnicos. Pela Bélgica, foram delegados plenipotenciários, Martin Rutten Governador-Geral do Congo Belga, e Félicien Cattier, assistidos por três delegados técnicos.
Aprovaram-se quatro convenções. A primeira, assinada a 19 de Julho regulamentou uma política sanitária comum. A segunda, assinada a 20 de Julho, estabeleceu mecanismos para: comunicação rodoviária entre as duas possessões; construção da barragem do M’pozo em território congolês; repressão do contrabando de armas de fogo e munições; regime aduaneiro. A terceira convenção estipulou a circulação ferroviária de pessoas e bens no Caminho de Ferro de Benguela.

A quarta convenção, assinada a 22 de Julho, veio finalmente consagrar a tão almejada rectificação de fronteiras “... no desejo de mutuamente darem uma demonstração de boa vizinhança e de favorecerem a valorização dos seus respectivos territórios”, Portugal e a Bélgica acordaram numa troca de territórios nos seguintes termos:

Artigo I

A Bélgica cede a Portugal, em plena soberania, a parte da Colónia do Congo Belga compreendida pelos seguintes limites:
A fronteira actual entre a confluência do Cassai com o Luakano até o ponto mais próximo da origem do rio Luao, nas proximidades do marco 25;
Uma linha recta deste ponto até a origem do Luao;
O rio Luao até a sua confluência com o Cassai;
O Cassai para montante desde essa confluência até a do Luakano.
A superfície aproximada deste território é de 3500 quilómetros quadrados.

Artigo II

Portugal cede à Bélgica, em plena soberania, a parte do território de Angola compreendida pelos limites seguintes:
O rio M’pozo desde o ponto em que deixa de formar a fronteira Luso-Belga, junto do marco 10 (embocadura do Mia), até à embocadura do rio Duizi, que fica a cerca de 2.300 metros a montante daquele ponto;

O rio Duizi a montante da sua confluência com o M’pozo até à fronteira actual;
A fronteira actual entre o Duizi e o M’pozo, passando pelos marcos 10 e 11.
A superfície aproximada desta porção de território é de três quilómetros quadrados.
Esta quarta convenção cujos princípios (troca de terrenos), não constava nem de perto nem de longe, nem no espírito nem na letra, das resoluções aprovadas na primeira conferência de Lisboa, só se explica à luz de factores supervenientes, que decorreram à margem dos trabalhos da conferência.

No quadro dos preparativos da conferência de Luanda, o Ministro Português das colónias enviou um telegrama ao Governador-Geral de Angola, informando-o, entre outras coisas, da existência de um “alvitre belga sem carácter oficial para troca cento e oitenta quilómetros quadrados terrenos junto M’pozo por Dilolo” (15). Em via disso, como precaução, o Governador Vicente Ferreira decidiu enviar uma missão de reconhecimento à região do M’pozo para avaliar o terreno do ponto de vista geológico e hidrográfico. Este procedimento cautelar revelou-se de grande utilidade já que, se “até a data da conferência, os delegados portugueses encontravam-se sem instruções sobre a atitude a tomar, no caso dos delegados belgas abordarem o assunto, estes, pelo contrário, e segundo se demonstrou depois, vinham munidos de instruções e autorizações para fecharem qualquer acordo sobre a troca de terrenos” (16).

Porém, foi à margem dos trabalhos da conferência propriamente dita que os delegados belgas, aproveitando uma oportunidade preciosa, lançaram a derradeira ofensiva diplomática. No decorrer de um encontro privado realizado a 17 de Julho, entre os Governadores do Congo e de Angola, Vicente Ferreira manifestou a sua veemente indignação face ao conteúdo de um artigo publicado pouco antes por Jules Tilmant, reflectindo sobre os resultados da conferência de Lisboa ,o que, na opinião do Governador de Angola, pela sua impertinência era susceptível de prejudicar os objectivos da Conferência de Luanda, não obstante ter sido o referido artigo prontamente rectificado, em circunstâncias idênticas de publicação, por meritosa intervenção do diplomata português em Bruxelas. A abordagem de Vicente Ferreira ao tema, reacendeu a controvérsia. No dia seguinte, 18 de Julho, Martin Rutten solicitou a Vicente Ferreira uma reunião entre os quatro plenipotenciários para conversarem sobre os artigos em questão. Ao que parece, a reunião decorreu numa atmosfera de grande tensão. À saída, Vicente Ferreira expediu o seguinte telegrama ao Ministro das Colónias:
“Rutten Cattier abordaram particularmente questão troca terrenos M’pozo Dilolo insistindo Cattier necessidade tomar resolução imediata para troca ter interesse Bélgica acentuando ou aproveitamos agora oportunidade troca ou este assunto não voltará discussão outra ocasião PONTO Mandei engenheiro visitar M’pozo mas ainda não regressou todavia opinião pessoas conhecem região terrenos pedidos nenhum valor intrínseco apenas reduzir despesas primeiro estabelecimento caminho ferro PONTO Minha opinião convém aceitar peço Vxa favor comunicar este telegrama Ministro Estrangeiros mandar instruções urgentes... se governo julgar conveniente extra acordo em discussão... (19).

Lisboa respondeu prontamente:
“... Conselho Ministro hoje resolveu autorizar Vxa... negociar ad referendum extra acordo discussão troca três quilómetros quadrados terreno M’pozo por Dilolo pelo menos antiga zona litígio esta região se engenheiro mandou visitar M’pozo confirmar sem valor intrínseco PONTO Escusado recomendar fazer Vxa reconhecer sacrificar excepcionalmente opinião governo não alienar ceder ou trocar seus domínios ultramar representar somente muito sincero desejo facilitar resolução problema comunicação caminho ferro demonstração amizade Bélgica relações boa vizinhança duas colónias PONTO” (20).

Poucas horas após a reunião dos quatro plenipotenciários, a 18 de julho, chegou a Luanda o engenheiro enviado à região do M’pozo. O Relatório de prospecção veio confirmar a inexistência do “valor intrínseco” do território e a sua adequação ao novo traçado da via férrea Matadi-Léopoldville.

Enfim, a 22 de Julho de 1927, os quatro plenipotenciários assinaram a famosa convenção sobre a troca dos territórios, cedendo Portugal à Bélgica três quilómetros quadrados entre o rio M’pozo e o rio Duizi, no norte de Angola, próximo de Matadi, e recebendo em troca a “bota de Dilolo”, um território de 3.500 quilómetros quadrados situado entre o rio Cassai e o rio Luao, no extremo Sudoeste da Colónia Belga.

A ratificação da convenção de Luanda teve lugar a 2 de Março de 1928, e a cerimónia oficial da cessão da “ bota de Dilolo” celebrou-se a 15 de Maio do mesmo ano (21). Se para a Bélgica a troca de territórios fora ditada por uma necessidade de ordem exclusivamente económica, para Portugal constituíra antes um assunto que dizia respeito à sua história, aos seus anais, ao amor próprio e à soberania (22).

(*) Mestre e Doutor em Direito pela Universidade de Lisboa em Ciências Jurídico Políticas na vertente de Direito de Fronteiras terrestres e Marítimas e especialista em Delimitação de Fronteiras. Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto e da Universidade Católica de Angola, Decano da Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Angola.

(1) A.M.N.E.; cota 3º piso; armário n.º9, maço 13. Nota do Ministro de Portugal em Bruxelas, Visconde Santo Thirso, ao Secretário Geral do Departamento dos Negócios Estrangeiros do Estado Independente do Congo, A. Cuvelar, Bruxelas 12 de Abril de 1907.
(2) Idem; Gago Coutinho, Memorandum reservado para elucidação das questões de fronteiras Angola-Congo, 10p. Lisboa, 21 de Julho de 1926.
(3) Frontière Belgo-Portugaise in "Le mouvement géográphique".
(4) Idem. Legação da Bélgica em Lisboa ao Governo português. Lisboa, 29 de Julho de 1920
(5) Idem. Legação da Bélgica ao Governo Português, Lisboa 20 de Maio de 1922.
(6) Revue Coloniale Belgo-Portugaise, n.º 13, Junho 1925, p.24
(7) A.M.N.E. 3ºP. A9 M13. Legação da Bélgica em Lisboa ao Ministro dos Negócios Estrangeiros. Lisboa, 20 de Maio de 1926.
(8) A. M. N: E: 3ºP A9 M13. Alberto d’Oliveira ao Ministro dos Negócios Estrangeiros Bettencourt Rodrigues, Bruxelas, 14 de Maio de 1926.
(9) A. M. N. E. 3ºP A9 M13. João Belo a Bettencourt Rodrigues, Lisboa, 20 de Julho de 1926.
(10) Idem. Bettencourt Rodrigues a Alberto d’Oliveira, Lisboa, 6 de Agosto de 1926.
(11) Idem. Legação de Portugal em Bruxelas ao Governo Belga, Bruxelas, 14 de Agosto de 1926.
(12) A. M. N. E. 3ºP A9 M13. Ministério Belga dos Negócios Estrangeiros ao Ministro de Portugal em Bruxelas, Bruxelas, 21 e Agosto de 1926.
(13) Idem. Legação de Portugal em, Bruxelas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros Belga.
(14) Idem. Ministério Belga dos Negócios Estrangeiros à Legação de Portugal em Bruxelas, Bruxelas,11 de Outubro de 1926.
(15) Idem. Telegrama do Ministro das colónias ao Governador Geral de Angola, Lisboa, 25 de Maio de1927.
(16) Idem. "Relatório apresentado ao Governo da República Portuguesa pelos seus delegados plenipotenciários sobre os trabalhos da II conferência Luso-Belga, que se reuniu em Luanda, de 16 a 22 de Julho de 1927", p.31.
(17) Essor Colonial et Maritime, 9 de Junho de 1927.
(18) Idem. 23 de Junho de 1927.
(19) A. M. N. E. 3ºP A9 M13. Telegrama do Alto Comissário da República e Governador-Geral de Angola ao Ministro das Colónias, Luanda, 18 de Julho de 1927.
(20) Idem. Telegrama do Ministro das Colónias ao Alto Comissário da República e Governador Geral de Angola, Lisboa, 19 de Julho de 1927
(21) O texto integral das quatro convenções assinadas durante a II conferência Luso-Belga realizada em Luanda de 16 a 22 de Julho de 1927, foi publicado no Diário do Governo de 5 de Março de 1928, I série, n.º 52 p. 409-419.
(22) M’Bambi Puna “ A colaboração Belgo-Portuguesa em Questões Coloniais: A Troca dos Territórios Dilolo-M’pozo entre Angola e o Congo Belga”, in Revista Internacional de Estudos Africanos n.º 8 e 9, Janeiro-Dezembro, 1988, p. 59-92.


Fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/os_caminhos_historicos_das_fronteiras_de_angola_1
Quarta, 02 de Dezembro 2009

Os caminhos históricos das fronteiras de Angola I
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Os caminhos históricos das fronteiras de Angola II
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