Jovens militantes do MPLA no Sambizanga forçaram cidadãos que, no domingo, 13, participaram de um caldo em homenagem ao músico veterano Prado Paím, a ostentarem camisolas, chapéus e cachecóis com propaganda desse partido.
Os arrogantes e endiabrados activistas do MPLA aproveitaram, oportunistamente, o facto de a actividade, promovida pela associação «Njila ya Mwenho» (Caminho da Vida), se realizar nas instalações do comité municipal dos «camaradas», para obrigar os convivas a trajarem as vestes propagandísticas.
Por ter dado a denominação «Caldo do EME», essa associação está a ser considerada um apêndice do MPLA. Daí que muitos dos presentes se interrogassem se a actividade era do «Njila ya Mwenho» ou do partido ou se a associação e o partido não eram a mesmíssima coisa.
A quem se recusasse a cumprir a ordem dos rapazes do MPLA, era devolvido o dinheiro com que haviam adquirido os convites, a 1.500 kwanzas para homens e 1.000 para mulheres.
«Quem não quiser vestir a camisola e pôr o chapéu, recebe o dinheiro dele e sai fora», gritavam, sem respeito, os rapazes, que militam nos vários «caps» (comités de acção do partido).
A recusa de muita gente em ostentar a propaganda política levou a acesas discussões e desacatos com os militantes daquela formação política. Entre aqueles que discordaram da atitude dos activistas do MPLA figuravam músicos, desportistas, jornalistas e profissionais de outros ramos de actividade.
Garcia António, funcionário de uma companhia privada, defendeu, em declarações ao Semanário Angolense, que a direcção do MPLA deverá preocupar-se em educar, formar e instruir melhor os seus militantes mais novos. «Eles parecem uns ‘gatos selvagens’, não percebem nada de política e têm um nível de escolaridade muito baixo».
Segundo ele, se o MPLA se gaba de possuir 4 milhões de membros, não precisa de enveredar neste tipo de jogo baixo. «Quem quiser aderir, fá-lo voluntariamente. Eu nunca mais
venho aqui», disse, numa decisão partilhada por muitos dos presentes. Por seu lado, José Pires disse que o episódio fez-lhe lembrar o tempo do monopartidarismo, em que as pessoas eram obrigadas a vestir camisolas para ir a comícios sobre várias efemérides. «Atitudes como essa, ao invés de atrairem os cidadãos, afastam-nos do MPLA», opinou.
De acordo com Afonso Gomes, os partidos políticos podem oferecer propaganda às pessoas, mas não as devem obrigar a ostentá-la: «Isso é um atropelo aos princípios democráticos. Sou do MPLA, mas não é correcto obrigarem-me a vestir a camisola, não preciso disso para demonstrar a minha militância».
Contactado pelo SA, o primeiro secretário municipal do MPLA no Sambizanga disse que não havia nenhuma orientação para que se obrigasse os convivas a usarem as propagandas. Todavia, não se notou qualquer gesto do «primeiro» (forma como os militantes chamam os primeiros secretários) no sentido de travar os seus subordinados. ■
Fonte: SA, 347.
Os arrogantes e endiabrados activistas do MPLA aproveitaram, oportunistamente, o facto de a actividade, promovida pela associação «Njila ya Mwenho» (Caminho da Vida), se realizar nas instalações do comité municipal dos «camaradas», para obrigar os convivas a trajarem as vestes propagandísticas.
Por ter dado a denominação «Caldo do EME», essa associação está a ser considerada um apêndice do MPLA. Daí que muitos dos presentes se interrogassem se a actividade era do «Njila ya Mwenho» ou do partido ou se a associação e o partido não eram a mesmíssima coisa.
A quem se recusasse a cumprir a ordem dos rapazes do MPLA, era devolvido o dinheiro com que haviam adquirido os convites, a 1.500 kwanzas para homens e 1.000 para mulheres.
«Quem não quiser vestir a camisola e pôr o chapéu, recebe o dinheiro dele e sai fora», gritavam, sem respeito, os rapazes, que militam nos vários «caps» (comités de acção do partido).
A recusa de muita gente em ostentar a propaganda política levou a acesas discussões e desacatos com os militantes daquela formação política. Entre aqueles que discordaram da atitude dos activistas do MPLA figuravam músicos, desportistas, jornalistas e profissionais de outros ramos de actividade.
Garcia António, funcionário de uma companhia privada, defendeu, em declarações ao Semanário Angolense, que a direcção do MPLA deverá preocupar-se em educar, formar e instruir melhor os seus militantes mais novos. «Eles parecem uns ‘gatos selvagens’, não percebem nada de política e têm um nível de escolaridade muito baixo».
Segundo ele, se o MPLA se gaba de possuir 4 milhões de membros, não precisa de enveredar neste tipo de jogo baixo. «Quem quiser aderir, fá-lo voluntariamente. Eu nunca mais
venho aqui», disse, numa decisão partilhada por muitos dos presentes. Por seu lado, José Pires disse que o episódio fez-lhe lembrar o tempo do monopartidarismo, em que as pessoas eram obrigadas a vestir camisolas para ir a comícios sobre várias efemérides. «Atitudes como essa, ao invés de atrairem os cidadãos, afastam-nos do MPLA», opinou.
De acordo com Afonso Gomes, os partidos políticos podem oferecer propaganda às pessoas, mas não as devem obrigar a ostentá-la: «Isso é um atropelo aos princípios democráticos. Sou do MPLA, mas não é correcto obrigarem-me a vestir a camisola, não preciso disso para demonstrar a minha militância».
Contactado pelo SA, o primeiro secretário municipal do MPLA no Sambizanga disse que não havia nenhuma orientação para que se obrigasse os convivas a usarem as propagandas. Todavia, não se notou qualquer gesto do «primeiro» (forma como os militantes chamam os primeiros secretários) no sentido de travar os seus subordinados. ■
Fonte: SA, 347.
Nenhum comentário:
Postar um comentário