segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A "gasosa" remove montanhas em Angola

Carteira de Motorista

por Sandra Ugrin *
sandraugrin@opatifundio.com

Prazo de validade da carteira de motorista brasileira depende da ''gasosa''

ANGOLA - A carteira de motorista brasileira é válida em Angola, mas o prazo de validade é discutível. Alguns policiais de trânsito dizem que ela vale só por três meses, e claro que eles tentam ganhar uma ‘’gasosa’’ [propina] se te pegam dirigindo além desse prazo.

Foi o que aconteceu com um amigo meu, que foi até parar na esquadra. Depois do susto ele foi reclamar na superintendência e lá lhe informaram que Brasil e Angola têm um acordo que permite aos brasileiros utilizarem a carteira de motorista brasileira enquanto seu visto de trabalho for válido.

Pelo sim, pelo não, eu já tenho a minha Carta de Condução Angolana! O que foi muito fácil de conseguir, basta ir (com a pessoa certa, diga-se de passagem), até a central de trânsito, assinar um papel, deixar as digitais e, claro, pagar uma taxinha… Pronto, em duas semanas você estará habilitado pra conduzir em Angola.

Devo ressaltar que legalmente você estará habilitado, mas na prática são outros quinhentos… Conduzir em Luanda é uma verdadeira aventura, (e tem gente achando que eu sou louca por pegar a estrada para Cabo Ledo). Não existe a menor noção do que seja condução defensiva nessa cidade. Não existe o menor respeito por placas e mãos de direção. Se os condutores fazem o que querem os pedestres não ficam atrás. Às vezes penso que eles devem achar que são super homens e mulheres maravilha. Eles se jogam na frente dos carros como se ninguém pudesse atingi-los.

Depois de desaprender direção defensiva, ai sim você poderá transitar pela cidade. E conhecer mais uma das dores de cabeça do povo - abastecer a viatura. Quase não existem bombas (posto de gasolina), na cidade. E as que existem estão sempre lotadas, a
gente chega a gastar 40 minutos na fila.

Outro dia estava voltando do trabalho já só com o cheiro da gasolina e não achava uma bomba nesse “inferno”, o trânsito daquele jeito… Quando finalmente achei o segurança fala que a bomba está fechada para troca de turno.

E eu lá vendo vários carros na fila. Disse com a aquela minha carinha de meiga (que no Brasil sempre funciona):

Eu: Mas eu não posso entrar na fila?

Ele: … Ahhhh se tiver um café pode

Eu: Café? Mas como assim café?

Ele: Ah, café! Você sabe, né? Café…

Eu: Não eu não sei, o que é café? Eu não tenho café nenhum… O que acontece se eu entrar na fila?

Ele: Agente multa…

Dei meia volta e fui pra casa muito puta…

No dia seguinte voltei no mesmo posto, e lá se vão 40 minutos na fila e isso porque eram 6 horas da manhã…

Ai que saudades dos postos 24 horas de São Paulo com suas deliciosas lojinhas de conveniência, sempre prontas a te vender um chocolatinho, seus frentistas calibrando os pneus, lavando o vidro, checando a água e o óleo.

Tô aqui rindo sozinha. Eu sempre odiei ter de parar no posto para por gasolina. Quem diria que um dia eu iria sentir saudades disso.

Sandra Ugrin é brasileira e trabalha em Luanda na área de marketing com inteligência de mercado. Para saber desta e de outras histórias, acesse o blog Menina de Angola.

* Sandra Ugrin é brasileira e trabalha em Luanda na área de marketing com inteligência de mercado. Para saber desta e de outras histórias, acesse o blog Menina de Angola

Fonte: Revista
Patifúndio

2 comentários:

  1. olha para esta desgraçada favelada, a cuspir no prato onde come...pode voltar para o Säo Paulo, sua bichinha! Lo go Brazileira a abrir a boca...!

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  2. O João, ela falou a verdade. É melhor a gente assumir que é para que possamos resolver isso. Ela escreve muito bem. Gostaria que colocassem mais crônicas dela. Ela está de parabéns.

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