(Não vou comentar esta matéria. É simples: quando apontamos um dedo ao outro, três nos pontam).
Em função dos que nos tem sido dado a ver nos noticiários das televisões brasileiras (Globo e Record) que emitem também para Angola, deixamos Luanda já com uma idéia mais ou menos formada em relação à sua inclusão nos principais órgãos da comunicação social do «país irmão»: há um número insignificante de negros no sector, pois é raro ver-se, por exemplo, um deles como pivot dos telejornais, sem falar das telenovelas, em que, na maior parte dos casos, os «mbumbos» desempenham apenas papéis subalternos, sendo que as poucas excepções acabam por confirmar a regra.
O Brasil é um país multirracial, mas os negros (incluindo já os mestiços) não têm as mesmas oportunidades que os brancos, o que não decorrerá somente das assimetrias económico-sociais. Isto é insofismável. E a idéia ganhou mais consistência à medida que fomos passando por algumas redacções de jornais e televisões, uns de grande circulação ou audiência, como foi o caso do jornal «O Globo» - não estive no «Estadão», mas a situação não terá sido diferente -, no quadro das visitas a órgãos da imprensa brasileira que nos foram proporcionadas pela promotora da nossa viagem ao Brasil, a Organização Odebrecht, sendo estas, de resto, a sua tónica, se calhar para estimular alguma espécie de intercâmbio ou troca de idéias entre jornalistas dos dois países.
Na redacção do «O Globo», na qual trabalham mais de 300 jornalistas, durante a nossa estada por lá, descortinamos apenas três ou quatro negros, numa altura de grande movimentação, que foi inevitável uma pergunta a propósito editora internacional do jornal, Sandra Cohen, a quem fora dada a responsabilidade de nos guiar. «Quase não há negros por aqui. É verdade que vocês, basicamente, não os empregam?», atirou de chofre o António Freitas, do «Novo Jornal», quando já íamos a sair. Apanhada de surpresa, Sandra Cohen ainda titubeou, mas acabou por negar decididamente que houvesse alguma espécie de discriminação racial a determinar o recrutamento de pessoal para o seu jornal, em desfavor dos negros, sem, no entanto, dar uma explicação suficientemente consistente sobre o fenómeno. Dias depois, igual pergunta foi feita a Marcelo Ambrósio, editor internacional do «Jornal do Brasil», outra publicação de grande circulação, durante um «almoço-conversa», entre jornalistas angolanos e brasileiros, no qual também se fez presente o editor do «O Globo» on-line.
Na resposta, Marcelo Ambrósio deu uma explicação mais consistente, referindo que as causas desse fenómeno tinham de ser buscadas já a partir das universidades, uma vez que é desde lá onde as diferenças começam, sendo que, por razões essencialmente económicas, pouquíssimos negros acabam por conseguir qualificações suficientes para lutarem em igualdade de circunstâncias no mercado do emprego com os muitos brancos que também se formam a cada ano. Daí as diferenças registadas nas redacções.
No Brasil, é de lei que só pode exercer jornalismo quem for licenciado em comunicação social, embora haja um ou outro órgão de imprensa que faça tábua rasa aos ditames legais nestes particulares. (Com isso, a imprensa marron, puxa-saco de governantes, que teme entrevistar um governante sem perguntas previamente combinadas, que não aborda os reais problemas do país não existe, e se existir um ou outro é resquício de regimes anteriores. Nesse ponto eles são mais felizes).
Fonte: Semanário angolense.
Em função dos que nos tem sido dado a ver nos noticiários das televisões brasileiras (Globo e Record) que emitem também para Angola, deixamos Luanda já com uma idéia mais ou menos formada em relação à sua inclusão nos principais órgãos da comunicação social do «país irmão»: há um número insignificante de negros no sector, pois é raro ver-se, por exemplo, um deles como pivot dos telejornais, sem falar das telenovelas, em que, na maior parte dos casos, os «mbumbos» desempenham apenas papéis subalternos, sendo que as poucas excepções acabam por confirmar a regra.
O Brasil é um país multirracial, mas os negros (incluindo já os mestiços) não têm as mesmas oportunidades que os brancos, o que não decorrerá somente das assimetrias económico-sociais. Isto é insofismável. E a idéia ganhou mais consistência à medida que fomos passando por algumas redacções de jornais e televisões, uns de grande circulação ou audiência, como foi o caso do jornal «O Globo» - não estive no «Estadão», mas a situação não terá sido diferente -, no quadro das visitas a órgãos da imprensa brasileira que nos foram proporcionadas pela promotora da nossa viagem ao Brasil, a Organização Odebrecht, sendo estas, de resto, a sua tónica, se calhar para estimular alguma espécie de intercâmbio ou troca de idéias entre jornalistas dos dois países.
Na redacção do «O Globo», na qual trabalham mais de 300 jornalistas, durante a nossa estada por lá, descortinamos apenas três ou quatro negros, numa altura de grande movimentação, que foi inevitável uma pergunta a propósito editora internacional do jornal, Sandra Cohen, a quem fora dada a responsabilidade de nos guiar. «Quase não há negros por aqui. É verdade que vocês, basicamente, não os empregam?», atirou de chofre o António Freitas, do «Novo Jornal», quando já íamos a sair. Apanhada de surpresa, Sandra Cohen ainda titubeou, mas acabou por negar decididamente que houvesse alguma espécie de discriminação racial a determinar o recrutamento de pessoal para o seu jornal, em desfavor dos negros, sem, no entanto, dar uma explicação suficientemente consistente sobre o fenómeno. Dias depois, igual pergunta foi feita a Marcelo Ambrósio, editor internacional do «Jornal do Brasil», outra publicação de grande circulação, durante um «almoço-conversa», entre jornalistas angolanos e brasileiros, no qual também se fez presente o editor do «O Globo» on-line.
Na resposta, Marcelo Ambrósio deu uma explicação mais consistente, referindo que as causas desse fenómeno tinham de ser buscadas já a partir das universidades, uma vez que é desde lá onde as diferenças começam, sendo que, por razões essencialmente económicas, pouquíssimos negros acabam por conseguir qualificações suficientes para lutarem em igualdade de circunstâncias no mercado do emprego com os muitos brancos que também se formam a cada ano. Daí as diferenças registadas nas redacções.
No Brasil, é de lei que só pode exercer jornalismo quem for licenciado em comunicação social, embora haja um ou outro órgão de imprensa que faça tábua rasa aos ditames legais nestes particulares. (Com isso, a imprensa marron, puxa-saco de governantes, que teme entrevistar um governante sem perguntas previamente combinadas, que não aborda os reais problemas do país não existe, e se existir um ou outro é resquício de regimes anteriores. Nesse ponto eles são mais felizes).
Fonte: Semanário angolense.
Ano V, edição 269, 14-21 de Junho 2008
Na foto: a jornalista Glória Maria, da Rede Globo
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