Nesse ano, Nito Alves, José Van-Dúnem e sua mulher Sita Valles e outros lideraram uma manifestação para protestar contra o rumo que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) estava a tomar (para alguns foi tentativa de golpe). Eles queriam que os Estatutos fossem cumpridos, tendo o governo do MPLA reagido de forma violenta.
Estima-se que tenham morrido em torno de 30 mil pessoas, mas dependendo da fonte os números variam entre 4.000 a 82.000. A UNITA também já cansou de pedir corpos de alguns de seus militantes.
Alguém acredita, de sã consciência, que o MPLA irá dar o braço a torcer e dar essas certidões? Nem que o céu caia ou nem que a cobra fume, ou ainda em que caiam 77 pragas sobre Luanda. Não é mais fácil resolver esse problema votando, nas próximas eleições, em partidos da oposição, fazendo com que o MPLA saia desse poder, decentemente, e possamos passar Angola a limpo? A menos que essa Associação acredite naquele pensamento: "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". É predreira!.
27.05.2008
Exmo. Senhor Presidente:
Ao sabermos do propósito de promover em Setembro próximo eleições legislativas, acontecimento há muito esperado, considerámos oportuno solicitar de novo, como achega a tão elevado sinal democrático, a sua atenção para a nossa pretensão que reclama pelo esclarecimento da verdade, desejo antigo e tão ansiado por larga fatia da sociedade angolana, que viu muitos dos seus desaparecerem na sequência dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977.
Já vai longa a troca de acusações manifesta por sobreviventes, familiares dos desaparecidos e de outros participantes no processo ou por seus representantes. Reclamam-se todos de justiça e pela restauração da imagem e dignidades manchadas. Porém, se os primeiros apelam ao mais alto dignitário da nação para que promova a constituição de uma Entidade Independente dotada de poderes necessários para indagar o passado, dos outros há quem espere venha a ser o MPLA a dar explicações para o seu comprometimento, enquanto outros, integrantes do Partido e do Estado, estão dispostos a sugerir a investigação e recolha das evidências históricas como contributo para a busca da verdade sobre o que deveras ocorreu a 27 de Maio de 1977, privilegiando a acção daquele que foi, em última instância, o responsável por todos os gestos do Estado, o então presidente Agostinho Neto.
Senhor Presidente, volvidas três décadas de resignação e silêncios forçados, torna-se premente, que de forma decisiva nos conceda a sua indispensável cooperação para se desenvolver um trabalho sério e uma pesquisa rigorosa. E porque todos os processos têm um início, quem melhor posicionado que V.Exa., para proporcionar o acesso a toda a informação e documentação, abrir à investigação a consulta dos arquivos do MPLA e do Estado Angolano, permitindo válidas e esclarecedoras conclusões, como por exemplo trazer a público o resultado conseguido pela Comissão de Inquérito a que então presidiu por incumbência do B.P. do MPLA, conclusão essencial, pois dirá a forma e a medida da “implicação fraccionista”, que se dizia ter invadido o MPLA, os seus meandros e práticas, afinal para benefício de quem.
Senhor Presidente, se até aqui foi nosso propósito apelar do seu compromisso na prossecução desta tarefa que propõe restabelecer a verdade na história de Angola e na do MPLA, de onde o “27 de Maio de 1977″ não pode ser arredado, vamos arriscar de novo sensibilizá-lo para que atenda anteriores pedidos que, uma vez satisfeitos, engrandeceriam a Nação e dignificariam o seu Presidente. Já passaram mais de trinta anos e ainda não foram entregues as certidões de óbito que atestem a causa da morte de inúmeros cidadãos. Conhecer os locais onde se encontram os seus restos mortais, proceder-se à sua exumação e sequente entrega às famílias para que estas procedam ao seu digno funeral, seria um gesto de enorme humanidade.
Tendo sido criada por iniciativa de V.Exa. uma “Comissão Multisectorial”, um projecto que visa valorizar e divulgar figuras históricas angolanas, no intuito de fortalecer a unidade nacional e que terá competência para conceber e edificar estátuas e monumentos históricos, permita-nos desde já que possamos candidatar como figura histórica digna de tal merecimento, todos aqueles que pereceram na sequência dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977. Afinal, das mais faladas figuras aos demais anónimos que desapareceram, todos concorreram, cada qual à sua maneira, para pôr fim ao colonialismo, para vencer os invasores e para erigir Angola como Nação independente.
Aguardamos verdadeiramente pelo Vosso interesse na prossecução desta nobre tarefa, que visa repôr verdades, fazer justiça e devolver dignidade, jamais esquecendo o passado para que não se repita no futuro.
Lisboa, 27 de Maio de 2008
Fonte: A Associação 27 de Maio
http://27maio. com
4 comentários:
óh Cangue, você maluco ou ké? porqué que você se mete neste assunto, nestes moldes? óh rapaz????
kabazuca07@gmail.com
Oi kota Cangue, tá to bem por aí? Gostava q mandasse + 1 dakeles posts sobre os passos scorregadios da Igreja Universal, q ouvi ontem no noticiário q andam com a cauda nas mãos do Ministério Público brasileiro sob indícios de branquamento de capitais. Escreve, escreve, escreve!!! Por outra, as eleições cá já foram convocadas, para 5 de Setembro, pelo mais alto dignitário da nação após auscultação do Conselho da República. Então, acumulou alguns valores para vir à terra votar, ou foi afectado pela exclusão no registo e vai votando pela força da palavra escrita? Estou contigo!
Sobre este assunto o livro de Felícia Cabrita é de leitura obrigatória!
Eu estive na guerra colonial como militar Português e não me envergonho de o dizer! A História é assim mesmo:feita de coisas boas e más! Não vale a pena ter medo de nelas falar!
Aliás, penso e acredito que a falar é que se expulsam de vez certos "fantasmas" das nossas mentes!
Aprecio sempre a coragem de quem fala e acredita nas sua ideias!
Tem um bom dia!
Abraço!
Jorge madureira
Em Angola ou em Cuba, onde quer que te encontres, deves hoje beber um Champagne bem fresquinho, por que hoje é dia de FESTA.
Morreu um dos maiores carrascos dos nossos povos.
André Lohse
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