quarta-feira, 30 de abril de 2008

As hienas estão soltas

Se, por ventura, seu filho o consultasse sobre o curso que gostaria que ele fizesse, muito provavelmente indicaria Medicina, Engenharia etc. Mas, quando olhamos os últimos acontecimentos, ao que tudo indica, o mundo precisa mais de profissionais de áreas humanas: Sociologia, Antropologia, Psicologia e por que não falar em Teologia... ? O mundo está de cabeça para baixo. As notícias provenientes de todos lados indicam que algo não vai bem com o ser humano. São notícias nojentas. Estamos vivendo o fim do fim do mundo. É o fim da picada.

Na Áustria, o engenheiro eletricista Josef Fritzl, hoje com 73 anos, manteve no porão da casa, de 60 metros quadrados, a filha por 24 anos. Ele a abusou sexualmente durante esse longo tempo. Desses incestos nasceram sete filhos. Três deles, hoje com 19, 18 e 15 anos, ficaram também trancados na cela esse tempo todo e nunca viram a luz do sol. Vale lembrar que a construção desses porões eram incentivados pelo governo para abrigos contra prováveis ataques nucleares, na época da guerra fria.

Há poucos dias, o Padre brasileiro, Adelir de Carli, muito louco, na tentativa de chamar atenção para a causa dos caminhoneiros e de bater um recorde de voar 20 horas pendurado em 1000 balões de festa, desapareceu. O plano dele era chegar a 2.000 metros de altura, mas acredita-se que tenha chegado a 6.000 metros. Os balões o levaram em direção ao mar, tendo ficado 50 km da costa tendo perdido contato com a aquipe da terra. Ainda no Brasil, Alexandre Nardoni, pai, e Anna Carolina Jatobá, madrasta são acusados de terem estrangulado e lançado do sexto andar do prédio onde residem, num bairro de classe média/alta a Isabella Nardoni, de 5 anos. Todas as provas técnicas e científicas caminham neste sentido. Eles, friamente, negam, mas é friamente mesmo.

No norte de Viena, Natascha Kampusch, de 20 anos, foi seqüestrada em 1998 quando tinha dez anos e ia para o colégio. Durante oito anos ficou presa por seu seqüestrador, Wolfgang Priklopil, em um cativeiro vigiado por meios de imprensa eletrônicos, até que conseguiu fugir sozinha, em agosto de 2006. Se houvesse uma campanha de visitação desses porões, pode ser que muitas coisas que ainda estão ocultas venham à tona. A Europa parece carregar o fantasma de cárceres privados. Na Alemanhã, no século XIX, Kaspar Hauser passou os primeiros anos da vida aprisionado numa cela. Só aos 15 anos começou a adquirir uma língua. O caso é popularmente conhecido como "Enigma de Kaspar". Poderíamos falar do Iraque, Haiti, Somália, Guantánamo, Afeganistão, do oriente Médio, enfim.

Em Angola, as coisas também não andam lá muito bem. Não vou nem falar de política, de falta de luz, água, escolas etc. Não. Segundo dados oficiais e oficiosos aumentou muito o número de mulheres alcoólatras, muitas delas gestantes, isso sem falar de usuárias de entorpecentes. O incentivo não falta. Anúncios de novas fábricas de bebidas alcóolicas são sempre feitas. Por exemplo, a próxima será instalada sabem onde? Em Bom Jesus, no Kuanza Norte!. Bom Jesus, dessa maneira estaremos cirrosado de uma vez por todas. As hienas estão mesmo soltas.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Prometer para cumprir



Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.” Friedrich Nietzsche

Existem infinitos pensamentos sobre a mentira. Posso citar alguns: “a mentira tem pernas curtas”; “o diabo é o pai da mentira”; "a mentira nunca sobrevive até alcançar idade avançada" (Sófocles); "O mentiroso faz dois esforços: mentir e segurar a mentira" (Júlio Camargo); “para sustentar uma mentira o mentiroso tem que inventar novas mentiras”.

Especialistas definem a mentira como “discurso contrario à verdade, com o objetivo de enganar”. Falemos a verdade: ninguém gosta ser enganado porque só faz aumentar as tensões e desconfianças entre as pessoas.

Entretanto, a política, via de regra, usa esse experiente, para deformar a verdade, num ato deliberado. Muitos estudos mostram que, quanto menor for o grau de instrução do povo, mais facilmente é enganado. A explicação é simples: o povo, nessa situação, possui uma "memória curta". Em países onde as pessoas estão mais atentas, a punição que aplicam aos deputados mentirosos é não votar neles.

Ainda, há uma pergunta que não cala: é correto ou ético, um presidente da República faltar com a verdade? Como pessoa, talvez não, mas como instituição é muito feio, principalmente que o faz por livre e espontânea vontade.

E, se um mentiroso ocupar a presidência, como saberíamos discernir quando é que fala como pessoa ou como instituição? É difícil! A solução deveria ser prática: só pessoas sinceras deveriam ocupar esse cargo. Aquelas pessoas que sabem dizer não, quando é para se dizer não e sim quando é sim. Se não acreditarmos nessa instituição em qual mais acreditaremos?

Quando o alto mandatário, deliberadamente, falta com a verdade, cria, na população esclarecida, muita confusão. É muito confuso ficar tentando descobrir quem é o narrador da mentira: o presidente ou o cidadão? Essa confusão é pior daquela que se cria, numa criança, quando o telefone toca e o pai pede para dizer que ele não está! A criança está vendo o pai e está falando com ele! Que péssimo exemplo que um pai passa ao filho!

No Brasil, o presidente Lula, que é homem de palavra, afirmou que não é candidato ao terceiro mandato. Ele já afirmou isso, mais de duas vezes. O fez por livre e espontânea vontade. Há, inclusive, deputados interessados em apresentar uma emenda à constituição que possibilite ao Presidente Lula concorrer ao terceiro mandato. Imaginem a cara de bundão que ficariam as pessoas que o têm como "homem de palavra" se, na maior cara dura, fingindo que não tenha dito nada, vier se apresentar para disputar o terceiro mandato?

O Presidente em exercício de Angola prometeu em alto e bom som: aproximar o Estado da sociedade através da abertura de canais de diálogos, para que cidadãos possam exercer plenamente a cidadania, além de ter afirmado que o candidato do MPLA às eleições presidenciais não seria o cidadão José Eduardo dos Santos.

Assim, João Lourenço, a quem eu considero homem de palavra, afirmou que o presidente, José Eduardo dos Santos, é um homem de palavra. Essa posição é também corroborada pelos militantes sinceros do MPLA. Diz o velho ditado: "ao pobre não prometa e ao rico não deva". Um compatriota atento agora cobra o cumprimento de algumas promessas, através de uma carta aberta ao Presidente. Ele está fazendo provas para ver se o presidente abrirá as portas do Palácio para recebê-lo. As coisas têm que ser assim: prometeu o povo tem que cobrar e aquele que prometeu deve cumprir. Essa é fácil para ser cumprida!

Carta aberta ao Presidente da República

Ao Jornal Angolense

Para sua excelência Senhor Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

É com muita honra e satisfação que lhe escrevo estas pequenas linhas mas de extrema importância. Assim sendo, começo por lhe agradecer como tem sido bom dirigente na condução dos destinos deste país, começando pela nomeação dos novos quadros, principalmente, da Senhora Francisca do Espírito Santo, no cargo de governadora de Luanda, sendo a primeira mulher na história de Angola a governar uma província. Em função das qualidades que a mesma foi apresentando enquanto vice-governadora, é um merecimento prioritário porque antes já estava a mostrar trabalho do que muitos dirigentes.

Temos fé que sendo ela uma grande senhora e mãe conseguirá resolver os nossos problemas sem quaisquer dificuldades. Não digo isso porque é familiar ou amiga mas devido ao seu trabalho, ao rigor, a exigência, de tal modo que, fico comovido com ela. Garanto que o Senhor Presidente fez uma coisa certa, não vai se arrepender.

Por outro lado, o Senhor Presidente da República no seu discurso do fim de ano, falou da democracia mas ela não se faz sentir porque ninguém é permitido chegar até a si. Se na realidade existe disponibilidade por parte do Senhor Presidente, então, agradeço que me receba em audiência porque de facto quero participar activamente na vida deste país.

Sou filho de camponês, não sou político mas tenho uma visão daquilo que os políticos tem de fazer, tenho algo muito importante a despertar ou anunciar ao Senhor Presidente.

Peço-lhe para que me receba quanto antes, não se vai arrepender por um minuto que lhe vou roubar. Já há três anos que pretendo um encontro com o Senhor, mas sempre sou interrompido, a única forma que achei conveniente é anunciar pelos órgãos de informação, no caso vertente, os jornais privados.

Felicidade e determinação nos seus a fazer – o Senhor está indo bem.

Luanda, 19 de Abril de 2008

Subscrevo-me T. Sapembe

domingo, 27 de abril de 2008

Pelos resultados os conhecereis

A Engenharia sugiu como uma atividade militar. No entanto, com o andar do tempo, entendeu-se que muitos de seus conhecimentos poderiam ser disponibilizados para a sociedade civil. Assim, surgiu a "Engenharia civil". Atualmente, nota-se que, mesmo sendo "civil", a engenharia ainda mantém a disciplina militar, além de exigir, de seus estudantes, base sólida de Matemática, Física, Química, Estatística e Probabilidade, Sociologia e outras "disciplinas". As estatísticas escolares mostram que a Engenharia é, hoje, um dos cursos que registram maior número de evasão escolar.

Isso pode ser bom ou ruim. Por exemplo, diferentemente de Direito, a Engenharia está entre os cursos que não tem atraído interesse de falsificadores de diplomas de cursos superiores. É simples! Engenharia é como futebol: é difícil enganar aos outros porque todo mundo vê os resultados do trabalho. É isso que mostram as fotos que se seguem, que registram o flagrante de uma escada projetada e executada de forma incorreta e sua posterior correção, por alguém que afirma ser engenheiro, só que piorou a situação! Até que, como político, esse engenheiro pode ser bem sucedido! Aqui fica uma lição: com Engenharia não se brinca. (Fonte das fotos: anônima).



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ninguém escuta o clamor dos vivos


Sejamos realistas. Você, que é vivo, sabe o que é o “obvio”? Veja bem. Se eu disser: “o jogo entre Angola e Camarões terminou zero a zero”, o quê que é o óbvio? Que houve empate, ou seja, ninguém venceu a partida. Se disser que o Fulano está voltando do enterro do Sicrano. O óbvio é que o Sicrano morreu. Não é mesmo? É muito simples! Agora, há coisas que parecem ser óbvias, mas não são. Se eu disser, por exemplo que “o João é angolano”. Isso quer dizer que ele nasceu em Angola? Não necessariamente. Por exemplo, Pierre Falconi, lembram dele? O ministro conselheiro junto da embaixada de Angola na UNESCO, o empresário francês de armas, possui nacionalidade angolana, mas não nasceu em Angola.

Nas eleições deste ano, ao redor do mundo, está a dar o óbvio. Vou apenas citar dois países. No Zimbábue Robert Mugabe está com a cara inchada até hoje. Ainda não absorveu a derrota. No Paraguai, o povo destronou o partido Colorado, que governou o país por 61 anos, ao eleger o ex-bispo Fernando Lugo para assumir a presidência da República. O partido que governou 61 anos, possui ou não possui experiência? Pela lógica diríamos que sim? Então, por que o povo deu basta? Isso mostra que estar muito tempo no poder não significa, necessariamente, ter experiência.

Em nossos dias possuir experiência ajuda, mas não é tudo. Aliás, depende de que tipo de experiência. O mundo não mudou por causa de pessoas com experiências, mas por causa de pessoas com idéias inovadoras. Imaginem que encontrássemos, hoje, uma pessoa que tivesse experiência na fabricação de máquinas de datilografia. O que isso acrescentaria em nossas vidas? Nada! Há experiências boas e outras ruins. Assim a palavras “experiência” é um "falso cognato".

Por que digo isso? O nosso país está se preparando para as eleições legislativas, marcadas para o próximo mês de setembro. A partir de agora seremos bombardeados com falsos “óbvios”. Se alguém disser: “nenhum partido em Angola é capaz de realizar tanto como o nosso em tão pouco tempo. Só o nosso partido possui experiência. Só o nosso partido é capaz de dar felicidade ao povo angolano”. A única coisa óbvia é que quem diz uma bobagem dessa é um espertalhão que tem problemas na cabeça. Precisa procurar imediatamente um psicólogo, um psiquiatra ou um kimbanda. Como pode afirmar que nenhum outro partido possui experiência? Com base em quê? Que metodologia usou? Está chamando os outros de burros?

Isso é comportamento da pessoa, que se passa por esperta, mas que, no fundo, tem medo de enfrentar a entrevista de emprego; de homens que só possuem experiência de mandar e não de obedecer ordens. Na verdade, quando dizem que têm experiência, estão querendo dizer o contrário. Estão querendo dizer que não têm experiência de ficar do lado do povo; do lado da realidade. Sabe daquele político que manda fechar as ruas da cidade às 8 horas em todos os locais por onde passará à 14h. Você acha que político oportunista desse se interessa pelo povo? São lobos travestidos com pele de ovelha. Como as pessoas se deixar enganar com essas conversas?

Um caso muito conhecido de que "experiência" não traz felicidade ocorreu no Brasil. Lula passou de ex-metalúrgico para a Presidência de República. Fez um bom governo, e foi reeleito. Hoje, discute-se a possibilidade de um terceiro mandato. O que Lula fez? Em vez de ficar na capital, engravatado, no ar condicionado, esperando ficar no comando de negociatas, vai onde o povo está, apresenta propostas para seus problemas, recebe sugestões, enfim.

Por que tanta necessidade de convencer ao povo de que sabem governar? Não consigo entender muito isso. Alguns saem para todos os lugares, sem escrúpulos entram em igrejas, lugar santo, só para dizerem que sabem administrar. Que desespero! Será que eles acham que o povo é tão tapado assim, que não sabe discernir aquele que governa daquele que finge que governa? O indivíduo vai a Igreja fugindo do político para ter encontro com Deus. Quando menos espera, lá está de novo o político entrando com cara de de coitado. Alguém já ouviu Pelé, Ronaldo ou um grande jogador dizer: “eu jogo muito". Não precisa, porque as pessoas vêem. Eles deixam que as próprias cheguem a essas conclusões. No futebol não se engana a ninguém.

Esse desespero faz-me lembrar muito uma pessoa chata. Você sabe como reconhecer uma pessoa chata? É simples. Sempre que vai falar, começa dizendo: “é CHATO falar isso, mas eu gostaria que me ajudasse”. Como reconhecer se o indivíduo não sabe administração? É simples. Só fala em administração. É impressionante como esse povo só pensa no poder pelo poder. Só pensam em manobrar. Já estão a ficar muito malandros.

O que esses homens estão começando a fazer seria o mesmo que alguém que se casa, com sua esposa é claro, e depois de algum tempo começa a se gabar, aos amigos, de que conseguiu engravidá-la. Isso é o óbvio. Até um lelê de cabeça consegue essa façanha. Entretanto, o casamento se faz de detalhes. É ai que os loucos tropeçam. O homem precisa amar, mandar flores, ligar algumas vezes ao dia para esposa, interessar-se por ela, não esquecer o dia do aniversário dela, o dia do casamento, fazer uma surpresa uma vez a outra, sair ao jantar a sós... São tantos cuidados que se o indivíduo só pensar neles acaba até não se casando.

Agora pergunto: que dia você foi consultado por algum político para saber de suas necessidades e suas opiniões? Você sabe o que quer dizer "orçamento participativo", aquele orçamento que qualquer cidadão dá o seu palpite de como pode ser investido? Que dia você conversou, pelo menos, com um político desses que estão no poder? Isso é que seria experiência de um político. A empatia com o povo, e não fugí-lo andando com mil seguranças. Estou sendo claro?

Por que um político que constrói um chafariz sai se gabando que fez muito? Isso é o óbvio. Isso é obrigação do governante. Governar então é para fazer o quê? Até porque não é ele que faz. Ele contrata uma empresa especializada. O correto seria ele mostrar as marcas de calos na sua mão. Mandar fazer até um sapateiro consegue. O problema é que quando escolhem, escolhem empresas erradas. Dois meses depois de terminada a obra, começa a aparecer rachaduras em tudo. Isso acontece antes mesmo do último a participar da cerimônia de inauguração ter saído do local. O mais impressionante é que, muitas vezes, a mesma obra é inaugurada até seis vezes. Inauguram a compra do terreno. Depois inauguram o lançamento da primeira pedra fundamental e isso vai num processo infinito.

Em verdade, em verdade vos digo amigos que ninguém vos engane. Antes das eleições virão falsos políticos. Nós só podemos comparar duas coisas. No nosso caso, para sabermos se eles sabem ou não, façamos como os outros países estão fazendo: mandar os enganadores no banco, para descansar um pouco. Numa democracia, cada um tem o direito de votar no partido que quiser. Nós não podemos ser sacos de pancadas de cínicos.

Na prática, o que todo mundo está ver são farsas. Destruição de valores em nossos olhos. Vivemos numa época em que os honestos são humilhados. Só os corruptos sobem na vida; essa gente que não faz nada, só fala, ainda instiga o povo à intolerância.

O resultado está aí: o povo admira aqueles que roubam. Só vemos festivais de roubalheira nacional. Já estamos cansados em sermos assaltados por políticos. Basta do horror da desesperança. Basta de pessoas que odeia administrar; que não respeitam os 14 milhões de angolanos. Aliás, hoje, temos 140 famílias em ilhas de riquezas e 14 milhões no mar da miséria.

Tudo que queremos ouvir são propostas concretas para tirarmos o país do atoleiro em que se contra. Como resolver problemas de falta de escolas, desemprego, doenças, saneamento básico, como criar políticas para o regresso de quadros angolanos no estrangeiro. Esse é o caso de 150 médicos que se encontram em Portugal, enquanto país está na Unidade de tratamento intensivo. Isso é deve dar voto.

Em setembro, portanto, vamos botar essa gente, que mais está preocupada com o passado, para descansar um pouco. Será até bom para que eles conheçam o outro lado da vida, já que não escutam o clamor dos vivos. Será que eles acham que nasceram só para mandar? Temos que tirar as vendas dos olhos. Chegou a hora de Angola entrar na trilha do desenvolvimento. Afinal de contas, qual é o óbvio de uma eleição? O óbvio da eleição é a mudança. Mudanças. Chegou a vez do povo dar o seu grito de liberdade. É a única linguagem que eles entendem. O que fazer?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Imprensa oficial ou bajuladores oficiais?

Tudo que eu temia acontecer, começou a acontecer e de uma só vez. Os bajuladores de plantão já entraram em ação. É muito triste. Angola é um país muito complicado. Nós já sofremos tanto e, ao que tudo indica, muitos já se acostumaram com o sofrimento, ou querem que o sofrimento de outros angolanos continue. Parece que a possibilidade de uma vida melhor para todos compatriotas incomoda a muitos. Os acontecimentos das últimas semanas, é melhor que sejam esquecidas. Foi um festival de baixaria, de rancor e de pouca vergonha. É o surgimento de mais uma pequena nuvem de horror no horizonte e que prestes irá fustigar a todos nós, novamente?

Sentemos, em círculo, e confabulemos um pouco. Afinal de contas, Angola é país que pertence a quem? Quais as pessoas que têm a exclusividade de mandar neste imenso país? Nós temos angolanos de primeira categoria, que receberam a procuração divina para que façam do país aquilo que bem entendem e angolanos de segunda categoria que nasceram só para obedecer e bater palmas aos da primeira categoria? Por que uns podem governar e outros não podem? Que escolas que alguns passaram que lhes fizeram ser mais inteligentes e mais capazes que os outros? Existe, em Angola, um local mais privilegiados que faz de seus filhos príncipes e princesas? Nós temos que passar essas e outras questões a limpo, para que fique tudo claro. Ou nos firmamos como uma nação ou fazemos o balanço. Pronto!.

Todos aqueles que acompanham as notícias de Angola, devem ter ficados horrorizados com festivais de editoriais repugnantes que certos órgãos oficiais vomitaram. Foi uma verdadeira guerra entre Sansão e Golias. A imprensa oficial apontou sua artilharia pesada contra o presidente do maior partido da oposição. Essa gente quer o quê? É bom que eu deixe bem claro. Eu não conheço Samakuva, mas defenderia qualquer um que estivesse no seu lugar.

Tudo aconteceu porque Samakuva, que se encontrava em Portugal, falou o óbvio. Ele afirmou que havia corrupção em Angola e reafirmou a sua posição em relação à defesa da democracia e o respeito às instituições. Disse mais. Ele afirmou que não iria governar autoritariamente e deixou bem claro que não levaria acabo nenhuma política de caças às bruxas. Isso é boa notícia.

Difícil é entender a reação da TV e Rádio que emitiram editorias deprimentes. Não prestaram nenhum serviço de qualidade ao povo angolano. O homem ainda não ganhou. A imprensa oficial, através dos editoriais, pede para que Samakuva apresentasse provas da corrupção em Angola, como se a corrupção de Angola emitisse nota fiscal nessas operações. Há formas indiretas de prová-las.

Refresquemos um pouco as nossas memórias. Em seu artigo intitulado “Corrupção faz «vítimas», Gustavo Costa escreveu: “O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, convocou há dias uma reunião do seu «staff» para discutir uma questão que toda a gente conhece: a corrupção que se instalou no Futungo de Belas, o palácio presidencial. No encontro, o Presidente pôs a nu o envolvimento de altos funcionários do seu Gabinete em esquemas de corrupção que atentam contra os seus próprios interesses pessoais.” Aí, quem tem que apresentar as provas?

Ainda sobre corrupção, um dos artigos publicados no jornal “Correio Braziliense”, de 24 de abril de 2001, estampou o título: “Corrupção. Escândalo em Angola: Presidente favorece filha”. Continuemos mais. Numas das entrevistas que concedeu à rádio Voz da América, foi perguntado ao presidente em exercício de Angola como seria resolvido o problema da corrupção. Ele respondeu: “O problema da corrupção nenhum Estado resolveu. O senhor pode indicar um Estado do mundo que não tenha problemas de corrupção? Há aí uma organização que normalmente publica uma ordem de precedência sobre a corrupção em diferentes partes do mundo. Portanto, há corrupção em todo o lado. O nosso Governo realiza o que pode para combater a corrupção, este mal”. Afinal, há ou não há corrupção? Paremos por aqui.

Samakuva foi, também, duramente criticado, por alertar sobre o perigo da realização das eleições em dois dias. Os porta-vozes do MPLA acreditam que o país de dimensões como o nosso tinha mesmo que realizar as eleições em dois dias. Que preguiça!. Aliás, os oniscientes órgãos de informação já confirmaram, praticamente, que será decretado o feriado no dia 5, sexta-feira de setembro. Afinal de contas quem fez o editorial, o jornal ou o Futungo? Esses homens só dão bandeira! Isso mais parece duas crianças que passaram o dia a sós e aprontaram alguma coisa. A mais velha pede para a mais nova não contar nada. Assim que os pais chegam, a mais nova começa com dizendo: eu falar!. O mais velho dá uma olhada ao mais novo. A mãe que é muito esperta diz logo: pode contar. O quê foi?

O Brasil, que é infinitamente maior que Angola, realiza as eleições num só dia e 95% dos votos são conhecidos até 4 horas depois que a última urna é fechada. Ou seja, todos vão dormir sabendo já quem foi o vencedor. Esse sistema já foi usado em outros países. Em Angola querem que os resultados sejam divulgados até 15 dias? Só se levarem as urnas para o Dombe Grande! Por que Angola, que consome muitos produtos brasileiros, como telenovelas, não utiliza esse mesmo sistema , principalmente nas capitais das províncias? Ou seja, cerca de 80% dos votos de Angola seriam conhecidos até 21 horas do mesmo dia e os outros podem ser cozinhados pelos dias que quiserem.

Eu percebo que o discurso da UNITA mudou. Todos na vida têm o direito de mudar, principalmente quando é para melhor. Diz o velho pensamento: “triste não é aquele que muda de idéias, mas aquele que não tem idéias para mudar”. O MPLA, infelizmente, não prega mudanças, apenas a mesmice.

Por isso o discurso da oposição incomoda a elite dominante, que já, muito provável, estão com os mesmos discursos prontos desde 1992. Acredito que a idéia deles seria só mudar onde estava Savimbi botar Samakuva. Agora se deram conta de que as cordas estão desafinadas. Imagine que esteja escrito: Unamos-nos porque se Savimbi ganhar irá nos perseguir. Quando substituem por Samakuva, já não funciona. Ou seja, eles estão a entrar em parafuso porque são obrigados a preparar outros discursos para fazerem face à nova ordem. O que confunde as pessoas, é que, em vez de trabalharem, puxarem um pouco pelas caiximónias, preferem diabolizar os adversários. Cruz Credo! Gente, vamos trabalhar um pouco! Vamos acabar com essa preguiça mental!.

Ainda, há poucos dias que ocorreu aquele furo jornalístico: a revelação do plano secreto de denegrir a UNITA e alguns de seus dirigentes. Tal plano seria executado por Kundi Paihama, Bento Bento, Kwata Kanawa e Dino Matross (repito, isso não combina com a formação nem com a história de Dino Matross. Ele se rebaixaria muito se abraçasse essa idéia maluca). Se esse documento é verdadeiro ou falso, aguardemos. Esperemos para vermos se haverá cumprimento integral de tal plano. Coincidência ou não, algumas coisas já começaram a ocorrer: denegrir a imagem de Isaías Samakuva, fazer uma onda propagandística contra a UNITA e expulsar de ONG.

Dino Matross, que eu admiro muito, deve seguir o exemplo de Caetano de Souza, o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), também formado em Direito, há poucos dias solicitou a utilização de uma linguagem de paz e unidade. Falou bonito. Segundo ele: “o processo eleitoral põe as pessoas e partidos políticos num estado de tensão psicológica muito forte (até agora só o MPLA ficou infectado). Por isso, qualquer palavra inconveniente ou mal pensada, de forma a pretender um dividendo político, que pareça oportuno explorar, ou até de forma leviana, pode dar lugar a um conflito”. No final, como arremate, ele afirmou que os partidos políticos e jornalistas devem, nos seus discursos, comícios ou escritos, evitar publicitar opiniões susceptíveis de criar um conflito. O presidente da Assembléia Nacional, o histórico Roberto de Almeida foi ao encontro a esse pensamento quando aconselhou aos jornalistas a “rimarem pelo rigor, objetividade e ISENÇÃO, e integridade, a fim de prestarem um serviço de qualidade ao povo angolano”.

O presidente da CNE deveria também sugerir aos políticos para não ficarem pedindo votos massivos aos fiéis de igrejas, nas igrejas, principalmente se forem políticos de partidos maduros. O voto pede-se na rua, em casa e nos comícios. Partido é partido. Igreja é igreja. Igreja é lugar sagrado. Lá é lugar dos oprimidos. É lugar de pessoas que procuram aliviar seus fardos, que os políticos os fazem levar. Fora, os políticos pisam neles. Agora vão à Igreja, lá aparece de novo o político. Oh gente, pô... vamos devagar!. Deixemos o povo respirar um pouco. Pior que isso é quando um líder religioso usa o púlpito, para exortar aos fiéis a votarem nesse ou naquele partido. Líderes religiosos deveriam incentivar a seus membros para que participem ativamente do processo eleitoral. Todos nós temos o livre arbítrio e deve ser usado “livremente”. Cada um sabe aquilo que é bom para ele.

Finalmente, lutemos por um país melhor. Angola é muito grande. Sejamos mais objetivos: queremos paz e trabalhemos por ela. Somos todos irmãos: homens ou mulheres, brancos ou negros, do norte ou do sul, do MPLA ou da oposição. Nota zero para a imprensa oficial, imprensa marron, pelo papelão a que me referi. Abaixo a bajulação. Esses homens precisam entender que não é só da bajulação que vive o homem. Creio que Caetano de Souza foi bastante claro e feliz. Que pena que só temos um Caetano! Acredito que o Senhor Caetano já garantiu seu lugar no céu. Precisamos de mais discursos equilibrados como esse.

Publicado no Portal Club-k-angola.com

Unitaeuro.com

Filas nas bilheterias do comboio do trecho Luanda-Viana

O progresso de um país é medido, entre outras maneiras, pela velocidade com que pode transportar pessoas e produtos de um lado para outro. O nosso país, entretanto, nesse quesito, está marcando passo. O que está se desenvolvendo mesmo é o número de angolanos que registram situações que angustiam a nossa população.

Viana faz parte da região metropolitana de Luanda. A distância entre as duas cidades é cerca de 26km. As fotos que se seguem foram feitas por um angolano atento, indignado pelo comportamento de certas pessoas que preferem se agruparem para comprar bilhetes, em vez de formarem fila única e ordenada. Vendo as fotos, percebemos que cada um quer levar vantagem. Vale a lei do mais forte. Para além de constrangedora, essa situação é também perigosa porque favorece os roubos e pequenos furtos. Será que algum dia poderemos nos comportar como fazem os outros em outros países? Onde andam agentes que poderiam organizar essas filas (bichas)?
E o Ministério dos transportes?












Calma, que esta última não foi feita em Angola






Assista ao vídeo
http://www.dailymotion.com/video/x4fo2o_comboios-luanda-viana_news

quarta-feira, 23 de abril de 2008

História e cultura afro-brasileira e africana nos currículos da educação básica brasileira


O Brasil deu um grande passo para implantar políticas de inclusão racial. No dia 9 de janeiro de 2003 foi promulgada a lei 10.639 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e cultura afro-brasileira".

A população afro-descendente, por muito tempo, lutou pela inclusão de disciplinas que contasse a verdadeira história da população negra. É inegável o grande contributo social, político, econômico e literário que deu para o Brasil. Muitos dos créditos desses feitos, entretanto, não lhes são atribuídos. O colonizador, que se apoderou de bens materais produzidos pelos escravos, procurou de todas as formas desfigurar a personalidade moral e aptidões intelectuais dos negros.

Isso permaneceu por muito tempo tempo. Até bem pouco tempo, quando se analisava os livros didáticos, o negro aparecia, em destaque, quando o tema é escravidão. Isso produziu ao longo dos anos uma auto-imagem negativa e um processo constante de desvalorização.

Hoje, a realidade não é tão generosa; mais de 50% da população negra brasileira sobrevive de uma baixa renda, e menos de 4% consegue chegar às universidades

Mesmo decorridos mais de 100 anos desde que se aboliu oficialmente a escravatura no Brasil, os índices sociais são desfavoráveis aos negros porque, segundo especialistas, o país, ao longo de sua história, estabeleceu um modelo de desenvolvimento excludente, impedindo que muitos negros tivessem acesso à escola ou nela permanecessem.

No entanto, a situação do negros, no seu continente, não era tão deplorával assim. Quando se consulta a história, observa-se que na África já se tinha atingido nível de aperfeiçoamento muito alto, em muitos domínios como: agricultura, astronomia, metalurgia etc.

A grande contribuição dessa lei é o redimensionamento de ações voltadas à superação das desigualdades entre negros e brancos. Acredita-se que esta medida garantirá vagas para os negros nos bancos escolares, principalmente a valorizar a sua história e cultura, a busca de reparação de danos e recuperação do orgulho de ser negro. As escolas ainda andam se debatendo para a implantação dessa lei.

Agora, pior que esse dabate todo é quando encontramos um africano que não conhece a história e costumes do negro brasileiro, como conhece telenovelas, futebol e música. Aliás, a prática mostra que o negro africano encontra dificuldades em se relacionar com negros brasileiros. Assim, é muito provável que essa lei venha a ser também estendida para o continente africano.


Veja o vídeo: "Escravidão negra no Brasil!

A arca pode afundar


Presenciamos o exagerado surgimento e proliferação de igrejas no nosso país. Esse é um assunto melindroso para ser abordado. Diz o pensamento brasileiro: “religião, futebol e samba” não se discute, mas eu vou dar meu palpite.

Todos nós temos direito a uma crença. Religiões é que não faltam. Temos algumas grandes religiões no mundo. Se o indivíduo resolve seguir o cristianismo, budismo, judaísmo, hinduísmo, xintoísmo, taoísmo, confucionismo ou ateísmo, o faz pelo livre arbítrio e deve merecer respeito de cada um. Inclusive isso é contemplado pela declaração universal dos direitos do homem, no seu artigo 18: “Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.

Porém (há sempre um porém), no cristianismo, e é um fenômeno que só ocorre de forma exagerada no cristianismo, estamos presenciando ao surgimento de muitas igrejas, algumas boas e outras picaretas, que fazem parte do “mercado da fé”, e algumas são verdadeiras “multinacionais de fé”. Pior, todas baseadas na Bíblia sagrada. Será que entender a bíblia é tão difícil assim?

O prezado leitor sabe qual o procedimento para se abrir e legalizar uma igreja, em Angola? Não? Então preste atenção. É simples! Os dirigentes da igreja, ora formada, encaminham uma petição ao Ministério da Justiça. O processo recebe pareceres técnicos do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), órgão do Ministério da Cultura. É necessário que essa petição seja subscrita por, no mínimo, 100.000 fiéis da referida denominação religiosa. As assinaturas devem ser recolhidas, pelos menos, em 12 das 18 províncias. (Se o ritual não é mais esse, que alguém me corrija, mas não foge muito disso). É assim começam os problemas gravíssimos.

Primeiro. A Igreja precisa trabalhar na ilegalidade até conseguir um número tão elevado seguidores. Se a igreja for mal intencionada, imaginem o estrago que terá feito até atingir nesse número? Por que o reconhecimento não ocorre antes do seu funcionamento? Ou seja, cinco malucos resolvem fundar uma igreja, apresentam suas doutrinas fundamentais e os rituais e o INAR dá logo um parecer favorável ou desfavorável e pronto! Aí já corta o mal pela raiz. Acabou e fim de papo.

Segundo. Cem mil, não é um número fácil para ser atingido. Uma igreja honesta leva décadas para conseguir esse número. O que estamos vendo é exatamente o contrário. Os homens conseguem esse número nos estalar de dedos. Isso está a gerar quadrilhas de anomalias. Está-se a produzir desonestidade crescente. Dizia o ex-presidente brasileiro Itamar Franco: “os números não mentem, mas os mentirosos fabricam os números”. Matematicamente, os números não fecham. Vamos botar a bola no chão.

Entrei no “google” procurei e encontrei alguns números que nos dão uma idéia bem aproximada da realidade. Olhem só o que encontrei. Em julho de 2007, o INAR estava analisando 885 pedidos para o funcionamento de novas igrejas. Nessa época o país possuía 85 igrejas já legalizadas. Assim, entre as legais e as em via de legalização, totalizavam 970 igrejas diferentes em Angola, todas, essencialmente cristãs. Fiz aqui alguns cálculos e descobri que, para que uma dessas igrejas tivesse, pelo menos, cem mil seguidores, teríamos que ter uma população de 97 milhões de angolanos.

Analise comigo como as coisas são loucas. A população angolana é estimada em 14 milhões. Dessa população 55% é composta de pessoas que afirmam ser católicas. Ainda, 600 mil são da antiga igreja Maná, que no passado dia 25 de Janeiro deste ano foi teve suas atividades suspensas no país. Dessa forma, só sobraram 5,7 milhões para as 968 denominações, ou seja, cada uma delas, deveria ter 5.900 membros. A realidade mostra que as igrejas tradicionais possuem muito mais que esse número. Ainda, não contabilizei os ateus e os de crenças tradicionais. Como entender uma complexidade dessas? É difícil!

Algumas hipóteses podem ser levantadas: os angolanos estão aderindo a várias igrejas ao mesmo tempo ou as assinaturas andam sendo emprestadas ou então falsificadas, ou, ainda, essas igrejas fazem verdadeiros milagres de multiplicação de números. O que mais incomoda é saber que o número de pedidos solicitando o reconhecimento não pára. Afirma-se que, em média, a cada semana, três pedidos são protocolados.

Outro assunto que gostaria de levantar aqui. Por ventura, ao estabelecer esse número, o governo queria colocar obstáculos para desestimular o surgimento de novas igrejas? Olhem só o que acontece: depois que a igreja consegue esse número de adepto e, conseqüentemente de assinaturas, como negar o pedido do seu funcionamento? É possível? Em que situação? Quais os argumentos para negar a legalização da mesma? Como deixar 100 mil desamparados? Ai já é tarde. Isso é um pepino quente. E o governo está com um desse nas mãos.

No início do ano, o governo ilegalizou a Igreja Maná porque o seu líder faltou respeito a muitos angolanos e governantes usando palavras de baixo calão, lembram? Agora um verdadeiro malabarismo está sendo feito para se reconhecer uma outra igreja pegando o “joio” da Maná. A nova igreja deve se chamar “Igreja Cristã Arca de Noé” ou melhor: “igreja Maná renovada”.

Nós estamos numa arca onde não entendemos bem como as coisas funcionam. A Igreja Maná ou fecha ou não fecha? Essas manobras são repugnantes. As outras igrejas ou são legalizadas ou não são legalizadas o que não pode acontecer é cozinhar o galo. Ou o governo estimula o surgimento de novas igrejas ou não. O que me impressiona é o prestígio que a diretoria dessa nova denominação goza no meio político. Há poucos dias a diretoria da igreja “Maná renovada” foi recebida pelo Ministro da justiça. Manuel Aragão recebeu o pedido de legalização da congregação. Parece que já vi este filme.

Uma contribuição que o INAR poderia dar é comprar as crenças fundamentais das igrejas. Facilmente, poderia perceber que há duplicidade das mesmas ou plágios. Igrejas com mesma crença, não teriam dificuldades de fusão. Aliás, unidas podem realizar proezas. Talvez muitas não tenham lido crenças de outras. Em suma, a questão religiosa precisa ser vista com um carinho muito especial, porque conforme as coisas andam, esta arca vai afundar já, já, que nem o titanic.

Saiba tudo sobre a Igreja Maná em Angola. Clique em: http://cangue.blogspot.com/2008/02/cartao-vermelho-para-igreja-mana-em.html

terça-feira, 22 de abril de 2008

Conheça o blog "Diário de um sociológo"


Conheci o blog "Diário de um sociólogo" (Moçambique) no ano passado quando foi incluído, por Breno Baldrati, do Jornal Gazeta do Povo (Brasil) entre os "50 blogs para se entender o mundo". Ontem, como o faço sempre, visitei este Blog, que nasceu a 18 de abril de 2006, um dos mais recomendado. Deixei um recado no mural do blog que, conforme afirmou um juri: "aplica os conhecimentos da Sociologia no cotidiano, juntando jornalismo cidadão e conhecimento científico em uma única plataforma e resultando em uma excelente fonte de informações sobre Moçambique".

Carlos Serra fez uma
nota solicitando que seus leitores visitassem o nosso blogue e está sendo prontamente atendido. Agradeço a atenção. Agora é a nossa vez de retribuirmos essa gentileza. Visite agora mesmo o bloque Diário de um sociólogo. Aliás, os políticos angolanos também deveriam visitar Moçambique.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O mapa da criminalidade em Luanda


Na semana passada, tomou posse como governadora da Província de Luanda, a Senhora Francisca do Espírito Santo. O que chamou atenção, após a cerimônia da posse, foi quando pediu a colaboração de todos para a melhoria das condições sociais dos habitantes da capital. Que humildade! Estamos acostumados com governantes que começam dizendo: "eu resolverei...". Os problemas de Luanda já parecem ser cada vez mais insolúveis. O pedido está sendo atendido.

Um compatriota anônimo (é muita pena que há pessoas que fazem excelentes trabalhos e não os assinam, mas pelos vistos é de autoria de alguém cujo nome tem as iniciais C.N.) publicou os locais da nossa capital onde se registram os maiores índices de criminalidade. Uma boa iniciativa.

Os assaltantes, que normalmente atuam em grupo e à mão armada, levam tudo que podem, desde os celulares (telemóveis), máquinas fotográficas, bijouterias, relógios, sons de automóveis, roupas e calçados de marcas famosas, deixando suas vítimas, praticamente, nuas pelas ruas, cartões de créditos até, naturalmente, o dinheiro. Nesses assaltos, inúmeras pessoas perderam suas preciosas vidas, infelizmente.

Muitas vezes, fico muito preocupado quando as autoridades anunciam a construção de novas unidades prisionais ou apreensão e destruição de centenas de armas brancas ou de fogo, como se isso fosse solução para a diminuição da criminalidade. Isso é agir nos efeitos. O mais correto seria descobrir e agir nas causas. Por ventura, a criminalidade é elevada por falta de escolas? Ou devido ao elevado número de desempregados? Ou porque só se investe em Luanda e isso atrai cada vez mais um elevado número de pessoas para a capital (êxodo rural)?

Veja os locais onde se registram mais assaltos, para que você não seja a próxima vítima (clique sobre a foto desejada, para ampliá-la)

Maianga
Assaltos constantes praticados ao longo da Avenida Marien Ngouabi
(António Barroso) deixam muitos cidadãos sem os seus bens e, em muitos casos, sem a vida.













• Largo Kinaxixe
• Descida da Robert Hutson
• Próximo do Ministério das relações exteriores

































Alameda












Vários assaltos à mão armada ao longo da estrada da Corimba













Assaltos à mão armada dentro do Belas Shopping, principalmente dentro do parque de estacionamento. Assim que as pessoas saem com as suas compras, os assaltantes pedem dinheiro, telemóveis e outros bens.









Estrada do Rocha Pinto, nos dois sentidos. Esta estrada tem uma iluminação muito precária e isso facilita prática do crime.













Relatos de assaltos praticados na Rua Kuame Nkruma. Os assaltantes depois põem-se em fuga para Cabral Moncada, seguindo para a zona verde.














Os conselhos básicos que o leitor do "blog Hukalilile-Angola" são os seguintes:

  • Evitar ao máximo essas áreas de assalto constante, principalmente na "hora do rush".
  • Não conduzir e usar o celular (telemóvel) ao mesmo tempo, para além de atrapalhar o trânsito, chama atenção dos assaltantes. "Aquilo que os olhos não vêem o coração não sente".
  • Não reagir ao assalto.
  • Prestar sempre atenção em todos os lados.
  • Aprender a desconfiar de todos, infelizmente, para não sermos apanhados de surpresa.
  • Muito cuidado ao sacar dinheiro de caixas Multibanco.
  • Evitar fazer pagamentos com dinheiro vivo (dependendo da quantia). Em vez disso, deve-se usar mais vezes a transferência bancária.
  • Ao levantar grandes quantidades de dinheiro, nos bancos em Luanda (principalmente dólares), recomenda-se que não se confie nos funcionários dos bancos, pois estes podem passar a informação para fora (telemóvel) da quantidade levantada. Assim, o assalto é feito com precisão. É comum o ladrão pedir exatamente o valor levantado.
  • Não conduzir com os vidros abertos (um pouco difícil para os fumadores)
  • Não expor artigos de muito valor nos bancos do carro (mesmo debaixo dos bancos).

Agradeço ao anônimo pelo mapa e algumas recomendações que foram ampliadas ou suprimidas por mim e a você que gentilmente me repassou esse material.

Veja também: Novo assalto em Luanda

Publicado no Portal Club-k-angola.com

O mapa da criminalidade em Luanda - Feliciano J.R. Cangüe

domingo, 13 de abril de 2008

Eixo viário de Luanda está mal

Sobre o trânsito de Luanda, já falamos muito, principalmente do "eixo viário" e dos engarramentos. Já nos cansamos desse assunto. A unidade de trânsito de Luanda tinha prometido instalar, nesse trecho, equipes para evitar a circulação de veículos pesados, principalmente caminhões provenientes do Porto (de Luanda). Agora não mais falaremos, mas mostraremos o elevado número de acidentes que ocorrem com frequência ocorrem no "eixo viário da morte".

No passado dia 29 de março de 2008, o compatriota M.T. saiu acompanhado de sua máquina fotográfica para dar uma voltinha nesse trecho e registrou parte de acidentes que encontrou.
Para manter a tradição deste blog, publicaremos uma parte da sequência registrada pelo nosso compatriota. Aqui é assim, mandou a fotos, são publicadas.






































































































































Em setembro deste ano, nas eleições, isso tudo poderá ter solução!

Fonte: Mn.Tt.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Dirigente tem que refletir sobre aquilo que diz

Tudo que penso, acaba acontecendo. Neste momento estou pensando: O MPLA (Partido do Movimento Popular de Libertação de Angola) não irá faturar as eleições de setembro deste ano, nem que a cobra fume! É isso mesmo e não adianta fazer cara feia, sorrir, soltar aquele suspiro de ironia nem de sarcasmo (mordaz). Não precisa ser especialista para chegar a essa conclusão. Basta ver o desespero que se abateu sobre alguns dirigentes, que andam proferindo muitos inconvenientes verbais.

Um dos primeiros foi o senhor Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, o secretário do MPLA para a informação. Ele afirmou que o discurso que os “camaradas” levariam para a campanha eleitoral deste ano, seria mostrar que o “MPLA ganhou a guerra”, como se o povo não soubesse nada daquilo que ocorre em Angola. Disse mais ou menos o seguinte: – “ah, agora não vamos esconder mais isso. Nós ganhamos a guerra e pronto!”.

Depois apareceu o temido Kundy Paihama, o nosso grande Ministro de Defesa, que por sinal eu respeito muito, não pelos discursos que faz, mas por não ter conseguido impedir que um de seus filho fosse à guerra, mesmo que tenha sido para escola de oficiais. Tudo bem. Foi um grande exemplo. Ele afirmou que a UNITA (Partido da União Nacional para a Independência Total de Angola) possuía armamento escondido. Ficou nisso. Nem a imprensa, nem o Ministério Público deram importância que o assunto merece. Atirou o verde para colher maduro. Dá até a impressão de que ninguém está atento a tudo que está acontecendo. Puro engano, porque só foi o escritor José Eduardo Agualusa afirmar que Agostinho Neto foi poeta medíocre, que muitos foram parar nos hospitais com crise nervosa, afirmando que “ele não podia banalizar, humilhar, diabolizar os ícones, heróis, mitos, deuses e divindidades”.

Agora, entrou em campo senhor o Julião Paulo “Dino Matross”, uma das pessoas mais intelectuais que o MPLA tem. Outro dia li a entrevista que concedeu ao "Jornal de Angola", onde explicou o motivo de ter adotado "Dino Matros". Muito legal. Falou também de Nito Alves. O homem estudou muito. É licenciado em eletrônica, na Bulgária, formado em Direito e membro da ordem dos Advogados de Angola que, recentemente, proibiu aos advogados de falarem em público sobre processos judiciais em curso ou a instalar. Não é pouca coisa, principalmente porque há pessoas que não conseguem terminar o curso de Direito. Pelo seu currículo, podemos afirmar que ele sabe bem aquilo que diz, ou seja, ele não diz nada sem medir primeiro as conseqüências que virão dessa fala. Ele também não é daqueles que treme ou delira ao ver um microfone na sua frente.

Então, o secretário Geral do MPLA, ao comentar sobre os alegados atos de intolerância que a população vem praticando, disse: “A UNITA tem que refletir aquilo que fez no passado e acabou”. “A UNITA às vezes não consegue conquistar o espaço que perdeu (....) uma grande parte da população quando vê elementos da UNITA, elementos que no passado mataram, destruíram os bens do povo, essas pessoas reclamam porque os seus familiares morreram, foram mortas por essas pessoas”.

Se fizermos uma análise superficial, parece até ser um bom discurso. O problema todo é que nós angolanos, via de regra, estamos acostumados a analisar as informações de forma superficial. Andamos tão preocupados com bens materiais que não fazemos análise de discursos, nas suas entrelinhas. Diz o velho ditado: “para aquele que sabe ler, ponto é uma palavra”.

Até onde o meu entendimento alcança, essas palavras servem como um grande incentivo para que a população continue a ser cada vez mais intolerante. É como se dissesse: “olhem, nós dirigentes não podemos fazer nada, mas vos apoiamos nessa ação. Então, botem para quebrar. Qualquer coisa, estaremos aqui para vos defender. É isso que estou fazendo agora, estão vendo? Não se preocupem! Se alguém revidar, nós entraremos também na porrada. Não deixem os homens chegarem perto. Nós precisamos ganhar essas eleições”.

Essas palavras, infelizes, aproveitam um fato histórico para legitimar uma picaretagem que pode ser sangrenta. Isso é uma grande irresponsabilidade e é muito perigoso se queremos construir uma democracia verdadeira. A forma mais sensata seria pedir tolerância para a população, principalmente porque estava falando à Rádio Nacional de Angola, a única de maior alcance em inúmeras regiões do país.

Já que chegou o momento de falarmos a verdade, aqui também vai a minha. Sejamos sinceros: MPLA não ganhou a guerra, coisa nenhuma. Ganhou a "tonga da mironga". Eles querem ganhar a guerra no grito. Senão vejamos: os meninos que combateram, na sua maioria foi rusgada em verdadeiras operações do “kuata-kuata”, ou seja, foram forçados. Muitos desses jovens, que hoje estão desempregados e sem nenhuma qualificação, muito provavelmente não se simpatizavam com o MPLA. Foram eles que fizeram guerra, enquanto os filhos de muitos dos grandes do MPLA andavam no estrangeiro fazendo a coisa certa: estudar. Hoje, muitos deles, orgulhosamente hoje possuem especializações, MBA (Master of Business Administration degree), mestrados, doutorados e outros tiveram treinamentos privilegiados como o “on job training”. Agora ficam jogando isso na cara da população sofredora. Tudo bem!. Eu pergunto: é correto que esses filhinhos de papai, com seus diplomas universitários, agora cantem vitória do MPLA? Na hora da verdade fugiram da raia! E para onde foi o mérito dos meninos pobres que lutaram? Agora o mérito é todo do MPLA?

Durante o período da guerra, as igrejas promoveram inúmeros cultos de orações pela paz em Angola. Agora o MPLA está passando a mão no crédito das respostas dessas orações? O MPLA até pode afirmar que foi co-participante.

Depois de 1992, foi formado o exército único. Grande parte do efetivo da UNITA foi incorporado às forças armadas de Angola, inclusive de alta patente. Eles também combateram bravamente os antigos companheiros da UNITA. Houve, inclusive uma época em que se denunciou que militantes provenientes da UNITA eram colocados nas primeiras linhas das frentes de combates. O bônus todo agora é só do MPLA? Desde 1992 que deputados da UNITA estão em Luanda. Nas mais diversas localidades do país, estruturas da UNITA sempre funcionaram. Essa UNITA também foi derrotada? Derrotou-se a ala militarista da UNITA. Isso foi ação do Estado.

Aliás, há uma tremenda confusão em discernir o que é do Estado angolano, daquilo que é do governo angolano e ainda daquilo que é do partido. O resultado disso é a confusão geral que se instalou no país. É difícil para muitos discernir a coisa pública e a coisa privada. Se eu perguntar: a quem pertence o avião presidencial? Pode ser que alguém diga: é do meu marido.

Esse discurso, de que o MPLA ganhou a guerra, é de pessoas que estão enganadas ou querem enganar. O MPLA está a se comportar como uma equipe pequena. Já viram quando um “timinho” joga com equipe grande e o resultado lhe é favorável, aos 44 minutos do jogos todos os jogadores do banco de reserva e equipe técnica se coloca em pé e fica gritando e abanando camisas para sinalizar ao juiz o fim de jogo. Depois que o juiz apita o final do jogo, todos entram em campo para abraçar jogadores devido ao empate de zero a zero. Entre todas as estratégias possíveis 4x3x3, 4x2x2, 4x2x4, 5-3-5 etc., o MPLA prefere dar caneladas aos adversários, como se isso fosse uma grande jogada. Nada de “Fair play”.

Portanto, devemos ter prudência sempre que falamos da guerra. Levemos sempre nossas mãos às consciências. Devemos respeitar o sangue de pessoas que morreram. Ninguém deve procurar levar vantagem com a guerra. É triste e vergonhoso. Isso não combina com certas pessoas. Até porque se dependesse das pessoas mortas, só partidos criados depois de 1992 deveriam ser recebidos com palmas em qualquer lugar. Eu desafio que todo dirigente saia andando pelas ruas de Luanda, sem segurança. Quem não deve não teme. Não é assim mesmo? Aquele que for recebido com aplausos, ovacionado, esse não é corrupto e nem pesa sobre ele nenhuma responsabilidade do “27 de maio”, nem da “sexta-feira sangrenta” e nenhuma acusação de guerra. Isso também não cabe mais ser discutido agora. São águas passadas.

Tudo que eu esperava do MPLA, que se vangloria por possuir os melhores e maiores quadros de Angola, ao invés de apostar em discurso que reabra as feridas que mal estão curando, discurso medíocre da autodestruição, discurso cínico, essa política suja que vai destruir tudo de bom que o povo está a construir, que procura desrespeitar e menosprezar a inteligência do povo angolano, que mostrasse planos, estratégias de como o partido pretende acabar com a corrupção generalizada que é gerida com muita eficiência e como acabar com a paralisia burocrática.

Tem mais. Queremos propostas de como conseguir melhorar a vida social, como acabar com o desrespeito ao interesse coletivo, como acabar a perpetuação no poder de mesmas pessoas, como melhorar o atraso da demagogia, como implantar um governo pragmático, como acabar com políticos oportunistas, palhaços, animais ferozes, sem vergonha, inimigos do povo, como fazer o país andar mais rápido e acabar com esse “lenga-lenga”, quase parando, como acabar com a rapidez de dirigente que procura a todo custo estar na frente de negociatas, como acabar com o prazer de alguns quando vêm um microfone e falam sem refletir sobre aquilo que se dizem, como acabar com a incompetência dos dirigentes que já virou um problema insolúvel, como substituir os comunas, essa gente que se aparelhou no Estado numa forma esquemática?

Ou ainda, como mudar as leis que só existem para fortalecer a corrupção, como frear o enriquecimento dos corruptos, como acabar com a bandeira suja do atraso, como fazer com que o governantes sejam tementes a Deus, que saibam respeitar pelo menos o oitavo e o décimo mandamento, como fazer para que o povo leia obras literárias de Neto, como levar a escola para todos os jovens em idade escolar, como levar a saúde para todos, como podemos sair do abismo em que estamos, como acabar com o fanatismo dos elementos do MPLA que acham que só eles sabem governar, como acabar com a política de segregar indivíduos, como abrir novos postos de trabalho para o povo, como levar a comida até à mesa do angolano? Como evitar que o escritório das Nações Unidas para os direitos humanos seja encerrado em Angola? Como evitar que angolanos parem de se alcoolizar vergonhosamente? Como respeitar a opinião de outros escritores? Como acabar com a profissão de puxa-saquismo? Será que quando dirigentes dão entrevistas têm em mente isso como preocupação importante? Num país unificado pelo horror e pela desesperança, queremos ouvir propostas concretas.

Onde andam os assessores para que iluminem o pensamento nacional? Nós angolanos temos pouca sorte, numa boa! Tantos paises, como Coréia, passaram por guerras piores, mas em poucos anos saíram de cinza. Nós só nos afundando. Nós só marcamos passo, como se fosse um bêbado querendo andar e não consegue, isso quando não dá alguns passos para atrás.

Até ano passado eu apostava no desespero da oposição. É simples. A oposição não está presente em todo país, não possui recursos financeiros, não possui acesso aos órgãos de informação e ainda encontra resistência em desenvolver sua atividade política, principalmente no interior. Para a minha surpresa, a oposição angolana, até agora, mostrou que é mais consciente, é mais madura, entendeu melhor o momento histórico em que vivemos. A oposição está a levar o MPLA a ver poeira. Está a dar um "show" de bola; um espetáculo de civilidade e urbanidade.

Há poucos dias, por exemplo, ouvi um líder da oposição a afirmar que o seu partido não faria caça as bruxas. “Ninguém estará à procura dos Ministros, Diretores ou juízes tidos como corruptos». Segundo Samakuva, “a paz é uma vitória dos angolanos”. Na oportunidade apelou para que a população participe das eleições para que responda às seguintes perguntas: “1) - Queremos uma Angola só para alguns? ou 2) - Queremos uma Angola para todos?”. Esse é um discurso conciliatório, exuberante e racional. O mesmo acontece com muitos partidos, como os encontrados no blog “com a FPD, Angola pra frente em 2008”. Que a oposição continue com essa mesma estratégia que vem adotando até agora, porque o MPLA vai entregar os pontos.

Em relação à guerra triste, nós angolanos não devemos esquecê-la, aliás, teremos que carregar isso para toda eternidade. Devemos, sim, entendê-la. Devemos ver onde os nossos velhos erraram e tiramos dela uma lição, para que este mal nunca mais volte. Entretanto, a guerra não deve ser usada para estigmatizar pessoas, com está fazendo o MPLA ou como fazia até pouco tempo Robert Mugabe. Anotem aí: o MPLA já perdeu, pelo a cabeça já, por enquanto.

Publicado no portal Club-k

Dirigente tem que refletir sobre aquilo que diz “MPLA ganhou a guerra” - Feliciano J.R. Cangüe
17-Apr-2008

terça-feira, 8 de abril de 2008

OceanAir lança ponte aéra Luanda-São Paulo


É muito difícil recebermos uma boa notícia. Os portais de notícias só falam de problemas. A polémica do momento é a afirmação de José Eduardo Agualusa. O escritor angolano afirmou que Agostinho Neto, primeiro Presidente angolano, foi um “poeta mediocre”. Isso causou ira semelhante àquela que estamos acostumados a ver de nossos irmãos islâmicos sempre que se publica alguma imagem que eles considerem ofensiva contra o último profeta deles.

Toda essa confusão ocorre porque nós não sabemos separar as coisas. Uma coisa é o Neto, o político, que nasceu, cresceu, pegou em armas, lutou, foi preso, morreu e deixou a família na pobreza e agora tornou-se mito de muitos. O outro, é o Neto, escritor. Agualusa analisou sua obra do ponto de vista literário.

Muitos entenderam isso como se o escritor tivesse jogado água na cerveja, ainda mais no ano eleitoral. Discussões como essas, não necessitam de processo como alguns estão emeaçando. Isso é sobrecarregar, sem necessidade, o judiciário. Isso é complicar os nossos juízes, porque teriam que analisar a obra completa de Neto. O caminho mais correto é convocar uma equipe de professores, prefencialmente estrangeiros, que conhecem a poesia para que dêem um parecer. Se não for confirmada as afirmações de Agualusa, nesse caso, sim, ele pode ser acusado de estar a “banalizar, humulhar, diabolizar os ícones, herois, mitos, deuses e divindades” conforme afirmou um jurista. E se confirmarem Agulausa...

Deixemos isso para lá. Passemos para uma boa notícia. Calma! Não vem de Angola. Amigo leitor, acabo de receber um comunicado da terceira maior companhia brasileira de exploração aérea, solicitando o obséquio para a divulgação do teor dessa boa nova.

A partir do próximo dia 5 de Maio de 2008, a OceanAir, que iniciou suas atividades como táxi-aéreo no Brasil, fundada em 1998, atendendo a executivos e operários da indústria petrolífera de Macaé e Campos, iniciará as suas operações a Angola, com a relização do vôo inaugural da ponte São Paulo-Luanda.

A empresa do grupo Sinergyeal, realizará 3 vôos semanais, inicialmente às segundas, quartas e sexta-feira. Esta operação será feita por uma aeronave Boeing do tipo 767-300 ER, com capacidade para 173 almas viventes na classe econômica, 30 em classe executiva, 10 tripulantes, perfazendo um total de 213 passageiros, assim distribuídos: 203 passageiros, 7 comissários de bordo, 2 comandantes e 1 co-piloto.

Tudo que eu esperava era receber um convite para essa viagem inaugural da OceanAir, que conta na sua frota com 3 Boeing 767-300, 3 Boeing 737, 1 Boeing 757, 15 jatos MK-28, 5 Fokkers-50 e 4 Brasília. Não causaria nenhum prejuízo para a empresa que no ano passado, adquiriu 28 Airbus, sendo 14 jatos A 319 e sete jatos A 320 utilizados para vôos domésticos e sete A 330 que para operar nas rotas internacionais.

Mas tudo bem! Imagino que os funcionários da OceanAir, que tem a meta de chegar a 10% do mercado brasileiro de aviação, andam todos preocupados com a viagem inaugural que esqueceram-se de mim. Aquele que estiver em Luanda e gostou da ideia, deve ir, no dia 7 de abril na piscina, cuidado para não se molhar, e esplanada do Hotel Trópico, porque a OceanAir, que teve como padrinho a VARIG, promete uma apresentação pública da referida companhia. Acredito que lá haverá uns "comes e bebes". Devemos aproveitar porque é de graça. De graça vale até uma enjeção na testa.

Lamento falar, mas a TAAG terá que trabalhar muito e sério, porque senão terá vôos vazios, a menos que use aquela velha tática utilizada contra a VARIG, a de obrigar angolanos a viajarem somente pela TAAG. Atualmente, para escaparem da TAAG, muitos angolanos viajam ao Brasil através da South Africa Air Lines. Saem de Luanda, fazem escala em Johannesburgo, e de lá a São Paulo. Todos elogiam o atendimento de bordo que recebem.

Acredito que OceanAir se dará bem, porque seus funcionários, que são bem educados, respeitam passageiros. Reserva confirmada, viagem confirmada. Não há quedas. E se
houver “overbook” (será que eles fazem?) eles assumem todas as despesas do passageiro e vaga para próxima viagem. Essa empresa não atrasa seus vôos sem explicação aplausível. Ninguém precisa pagar uma “gasosa” para viajar, principalmente no natal. Se o indivíduo telefonar para a empresa é atendido com muito respeito e toda atenção. Se for até uma agência, é recebido com respeito, com lindo sorriso da atendente. Ninguém faz cara de quem comeu o funge com jiló (Solanum gilo ou lossaca) e não gostou, por isso tem que fazer cara feia para todos. As bagagens, dentro do possível, não desaparecem.

Ainda, a tripulação que opera as aeronaves é aquela que não reprovou em testes promovidos pela empresa ou outras instituições como a Boeing, por exemplo. Essa mesma tripulação não encosta a empresa na parede numa provável alegação de discriminação da empresa em relação aos tripulantes argentinos, por exemplo. Em suma, agora os passageiros angolanos terão motivos para sorrir. A concorrência faz bem para a saúde.