terça-feira, 8 de maio de 2012

Os efeitos das propagandas de cervejas e outras bebidas alcoólicas em Angola





O número de usuários de bebidas alcoólicas vem crescendo assustadoramente em Angola. Por exemplo, em 1994 Angola produzia 180 mil hectolitros de cerveja por ano e hoje produz mais de 7,5 milhões, além da importada.

Os adolescentes, jovens, mulheres e velhos, segundo Wagner Paulon, “encontraram no álcool um passaporte para a alegria, a felicidade, o sucesso, a conquista, uma forma de relaxar, de se divertir, de amar melhor, de se relacionar e ser super-homem”. No entanto, isso já vem preocupando a muitos educadores.

Há poucos dias, o sociólogo angolano Adérito Manuel alertou “para a urgente necessidade das autoridades do país fazerem um estudo profundo, a fim de se apurar em que nível a juventude angolana se encontra no tocante ao consumo de álcool”.

A cervejaria Cuca justifica o aumento exponencial da bebida afirmando que se deve ao elevado calor que se registra em nosso país e por ser constituído, essencialmente, de jovens. As bebidas, que têm venda livre em Angola, estão presentes em todas ocasiões até em velórios. Ficar bêbado entre nós está a ficar na moda, principalmente entre os jovens e mulheres seguindo ao pé da letra a música dos Kalibrados: "Bebo na minha custa (dinheiro é meu, é meu (... ) O verdadeiro angolano é aquele que sabe beber...(eu chupo até perder as pernas...não bebo gasosa fechei contrato com alcool... Vou continuar a chupar, vou continuar a chilar. O limite é o chão”.

Enquanto esperamos pelos resultados de estudos para se entender esse fenómeno, eu saí a campo e identifiquei um dos incentivadores do consumo de bebidas alcoólicas: a propaganda.




As peças publicitárias relacionam insistentemente a cerveja com lindas mulheres, atletas ou erotismo. Tudo indica que as pessoas se identificam com este marketing da indústria de bebidas mesmo sabendo que estimula comportamento de risco como: dependência, suicídios, homicídios, acidentes rodoviários, vandalismo, aumento da gravidez, apologia à traição, divórcios etc.










Ainda, segundo segundo Wagner Paulon “Os jovens se esquecem ou ignoram que ao se embriagarem freqüentemente podem vir, mais cedo ou mais tarde, a apresentar seqüelas que afetam o cérebro, o comportamento, a psique, o fígado, o estômago, e indiscutivelmente à potência sexual”. Por outras palavras: o álcool é uma droga e leva à morte.

As mulheres angolanas deveriam “incomodarem-se, manifestarem-se” por serem tratadas como objetos comerciais.

Uma das prováveis soluções seria o governo baixar resoluções rígidas que restrinjam a veiculação das publicidades de cerveja (em determinados horários e espaços) e investir em medidas educativas em oposição a essas propagandas. Os partidos políticos, algumas igrejas deveriam se abster em disponibilizar em seus eventos as bebidas alcoólicas.

Já está comprovado que propagandas podem induzir facilmente crianças e adolescentes. Além disso, vale salientar que as mensagens subliminares das propagandas são nefastas. Seria interessante se elas fossem feitas conforme são as de cigarros em muitos países: “beba, mas você poderá apresentar impotência” ou então, “você poderá ter cirrose hepática”, por exemplo. É isso ai: retratar a futura realidade de quem a consome. A isso chamaria de propaganda criativa.

Segue-se uma sequência de principais peças estampadas nos nossos "outdoors"
































Nenhum comentário:

Postar um comentário