terça-feira, 23 de junho de 2009

Mobutu e o seu provável legado em Angola (I)








Por “J&J”
Segunda, 01 Junho 2009 06:02

Toronto - A palavra Cleptocracia, de origem grega, significa literalmente “Estado governado por ladrões”. Mobutu Sese Seko, durante os 32 anos no poder no ex-Zaire, é o exemplo por excelência neste campo, tanto mais que os dicionários universais em todas -quase- as línguas é referenciado constantemente para definir um estado Cleptocrata.

Cleptocracia o alto nível da corrupção política

“A cleptocracia ocorre quando uma nação deixa de ser governada por um Estado de Direito imparcial e passa a ser governada pelo poder discricionário de pessoas que tomaram o poder político nos diversos níveis e que conseguem transformar esse poder político em valor económico, por diversos modos”.

Por exemplo, quando Mobutu (Rei Cleptocrata) transferia os lucros das vendas dos recursos naturais para as suas contas privadas, privatizava os bens nacionais ou comprava acções em multinacionais internacionais. Literalmente estava a exercer a tese de "Cleptocracia". Esta aberração só era possível graça os seus crescidíssimos poderes políticos impedindo assim que algum membro do seu governo ousasse questionar tais actos.

Em Angola, “Na verdade, preocupa-me a visível concentração da riqueza nas mãos de um núcleo extremamente reduzido da sociedade: os “donos do país”, como lhes chama judiciosamente o jornalista Ismael Mateus. Quem analisar com quem, na maioria dos casos, têm ficado sistematicamente as principais oportunidades de negócios, sobretudo em sectores como o dos diamantes, petróleo, transportes, telecomunicações, imobiliário, comércio, agricultura e, agora, da comunicação social, saberá quem são eles”, relatou o jornalista João Melo no seu artigo “Concentração, distribuição e estabilidade”, publicado no Jornal de Angola.

Num estilo calculista o mesmo jornalista alega não lhe interessar citar nomes de ninguém, pois, como já escreveu anteriormente, não costuma "funalizar" nas análises que faz sobre os fenómenos sociais, preocupando-se mais com o "carácter restríssimo do núcleo acima referido que deixa de fora amplos sectores da própria família política actualmente no poder", só para não citar a oposição. Por outro lado, conforme diz, preocupa-lhe igualmente a "atitude predatória e de ostentação" desses mesmos elementos que não mostram nenhuma compaixão pela miséria dos mais carentes.

“Realmente ficamos muito surpresos por não termos visto qualquer anúncio de algum concurso público dando conta da privatização do “Canal 2” da TPA”, lamentou a Secretária geral do SJA, Luísa Rogério, à Ecclesia.

Todos os Estados tendem a se tornar “cleptocracia” se não ocorrer um combate real pelos cidadãos, em sociedade. Em economia, a capacidade de os cidadãos combaterem a instauração do Estado cleptocrático é fortemente correlacionada ao capital social da sociedade.

As manifestações e “xinguilametos” incansáveis, dos nossos líderes de opinião (Angola & Diáspora), estão a exercer o seu direito como agentes socais para evitar que Angola atinja os 100% da fase “cleptocrática” estando a maior parte do sistema capturada por pessoas que praticam a corrupção política como aconteceu no ex-Zaire de Mobutu.

A extinção completa do sistema “cleptocrata” neste contexto é a principal premissa para se instaurar a estabilidade social em Angola que muitos advogam não existir. É falta de moral, ignorando a diferença entre factos e proposições, ignorando a lei do “realismo” por parte dos “cleptocratas”. Assim não ajudará para se cimentar o respeito (verbal e institucional), concórdia e fraternidade no país.

Como se diz na gíria popular “todo o problema tem uma raiz”. Cleptocracia é uma das principais raízes das malambas em Angola. Advogar que um país “não se constrói um país em 5 anos, nem em 10” e que o “angolano é orgulhoso, mas também é lutador. E com o seu jeitinho, vai resolvendo os problemas”-Tchizé dos Santos- não é o suficiente para se estimular o motor económico de um país.

Enquanto o “Estado funcionar como uma máquina de extracção de renda ilegal da sociedade, isto é, população como um todo, em contraposição à máquina de extracção de renda legal”, será impossível exigir paciência à população. Um dos articulistas neste portal (Club-k) chegou a argumentar e com muita lógica que a “fome não espera”. “Ninguém suporta a sede ou doença por muito tempo”, fraseou um outro comentarista.

E termino: Será que estes recados o Presidente da República José Eduardo dos Santos tem acesso? Se não quem tem a responsabilidade de o manter informado sobre estes inquietantes assuntos?


Bibliografia:
Wikipedia,
Sindicato dos Jornalistas apreensivo com destino do Canal 2 da TPA – Apostolado,
Concentração, distribuição e estabilidade - João Melo (JA),
http://www.blog.comunidades.net/nelo/,
http://www.cangue.blogspot.com/,
The only “Know-How” family in Angola – PGarcia,
Entrega do canal 2 da TPA aos filhos do presidente continua a dar que falar-VOA,
Resposta de Tchizé dos Santos a Dog Murras


Fonte. http://www.club-k.net/index.php/opiniao/17-opiniao/2779-mobutu-e-o-seu-provavel-legado-em-angola-i-jaj.html

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