quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Deficientes visuais que enxergam longe


Estudantes (cegos) se recusam a voltar para Angola antes de concluírem estudos


A Justiça do Paraná (Brasil) concedeu uma liminar que permite que 11 estudantes cegos de Angola permaneçam no Brasil. Eles deveriam ter retornado ao país na semana passada. Os estudantes, de 15 a 22 anos, estão em Curitiba desde 2001 fazendo cursos profissionalizantes. Alguns frequentam o ensino médio.

A entidade filantrópica que mantém os jovens em Curitiba, a Fesa (Fundação Eduardo dos Santos), com sede em Angola e fundada pelo presidente do país, José Eduardo dos Santos, foi quem requisitou o retorno por considerar que eles já tiveram tempo suficiente para cumprir o intercâmbio.

Os estudantes recusaram-se a cumprir a ordem, dizendo que só voltam após formados em universidades brasileiras para ter uma profissão definida no retorno a Angola. Nenhum cursa ainda o ensino superior. Seis deles vão prestar vestibular neste ano.

Desde a chegada ao Brasil, eles estão abrigados no Instituto Paranaense dos Cegos, em Curitiba. A entidade pediu a intervenção da Promotoria de Justiça de Proteção da Pessoa Portadora de Deficiência, autora da ação que culminou na permanência do grupo no país.

As promotoras de Justiça Danielle Cristine Cavali Tuoto e Terezinha Resende Carula dizem que os estudantes já desenvolveram "vínculos afetivos" e que apresentam problemas emocionais desde a notícia sobre o retorno.

Prudêncio Jeferson Dunbika, 18, um dos alunos, diz que "sem um faculdade, não há como concorrer no mercado de trabalho".

De acordo com o presidente do Instituto Paranaense dos Cegos, Manoel Cardoso dos Passos, apenas quatro dos 11 jovens angolanos tiveram famílias identificadas. Segundo ele, os outros perderam vínculos durante a guerra civil no país entre os anos 1970 e 1990. Os estudantes perderam a visão devido a doenças, como o sarampo, e ferimentos de guerra.

Passos diz que a justificativa repassada pela Fesa ao instituto é de que os jovens, pelos sete anos de permanência no país, já estão em condições de retomar suas vidas em Angola --argumento que Passos diz "não ter cabimento".

Um dos representantes da Fesa no Brasil, Manoel Damião, diz que "há a necessidade dos estudantes regressarem" devido ao tempo de permanência no país. "A situação é muito delicada e estamos tomando todas as providências para resolver o assunto da melhor forma possível", afirma Damião.

O governo do Paraná anunciou nesta terça-feira que concederá bolsas de estudos aos jovens para que concluam os estudos.

O professor de direito internacional da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) Luis Alexandre Carta Winter diz que que se o governo estadual conceder as bolsas, a situação dos estudantes continuará regularizada e eles poderão continuar no Brasil sem depender mais da entidade. Eram repassados R$ 7.600 mensais (US$ 3.500,00) pela Fesa para calçados, roupas, estadia e alimentação --o contrato foi rompido.

Winter diz que a decisão que os garante no Brasil, em caráter liminar (provisório), mostra que o Ministério Público só está ganhando tempo para reunir mais argumentos pela permanência dos estudantes no país.

Ele diz que outros meios de os estudantes permanecerem no país são a obtenção de visto definitivo, com comprovação de que eles podem se sustentar por seus próprios meios, ou pedidos de asilo territorial na condição de refugiados. "De qualquer forma, é uma situação nova [no direito internacional] e teremos de aguardar o julgamento do mérito", diz.

Foi estipulada pela Justiça uma multa diária de R$ 3.000 em caso de descumprimento. (Folha online)


HISTÓRIA DOS NOSSOS CANTORES

Instituto Paranaense de Cegos
(Fonte: http://www.ipcnet.org.br/cantoresdeangola.htm)

Os Cantores de Angola chegaram em Curitiba em 24/08/2001. De um grupo de 18 jovens e crianças, 11 foram carinhosamente acolhidas pelo Instituto Paranaense de Cegos - IPC. Pouco duraram a timidez e insegurança iniciais. Com muito amor, doçura e simpatia, as crianças conquistaram o afeto de todos que trabalham no Instituto, pois nem todo sofrimento e a deficiência não lhes roubam a alegria de viver. Desde os primeiros dias lhes foi explicado que seriam amados e respeitados igualmente, e que o IPC não mediria esforços nos cuidados e apoio para que se tornassem eficientes e úteis, rumo a um futuro onde serão cidadãos incluídos na sociedade e felizes.

Todos possuem familiares, os quais estão em Angola, não perderam contato, comunicam-se através de cartas, telefones, e-mails e através do consulado. Participam de atividades tais como: natação, futssal, judô, jiujitsu, orientação e mobilidade, etc. As crianças prontamente assimilaram a mensagem. Exigiram, desde o início, que pudessem estudar. Foi esta dedicação que tornou possível o sonho dessas crianças. Com apoio e incentivo de amigos voluntários, as crianças formaram um pequeno coral , e hoje orgulham-se em poderem divulgar ao mundo uma mensagem de paz, igualdade e, sobretudo, de superação.

Unidos, demonstraram toda sua musicalidade e talento, fazendo que várias pessoas voluntariamente viessem contribuir para o crescimento técnico do grupo.

Atualmente são regidos pela maestrina Patrícia Fucks e já Tem vários prêmios recebidos.

alguns estudam na Escola de Educação Especial Professor Osny Macedo Saldanha – mantida pelo IPC, outros no Colégio Dezenove de Dezembro, e outros no colégio RIO BRANCO. São constantemente solicitados para apresentações, tendo conseguido o 1º lugar no Júri Popular no 1º Festival de Música Judaica em São Paulo, com a música Esperança de composição do tecladista e vocalista Wilson Madeira.

Já gravaram o 1º CD, e estão próximos a gravarem o 2º CD profissional, em Estúdio. A mensagem que suas vozes transmitem é de paz, alegria..., enfim cantam como vivem construindo através de um tênue fio, pela doçura de seus sorrisos e do convite para que amemos, protegendo neles as sementes do amor e da esperança, rumando para um futuro que merecem todas as nações.

COMPONENTES

Ariclenes Macissa, Emília Baca, Francisco Kata, Isabel Chicoco, Jacob Cachinga, Marcela Miselac, Maurício Tchope, Prudêncio Jefferson, Rui Kelson, Wilson Madeira

Fonte: Instituto Paranaense de Cegos
http://www.ipcnet.org.br/cantoresdeangola.htm

2 comentários:

  1. Tomara que a decisão liminar passe para definitiva em breve. E se o que prende os jovens ao Brasil for mesmo vontade de estudar, que fiquem nem que seja mais 7 anos. Pois conhecemos bem casos de "bolseiros eternos" e ninguém lhes chega um dedo em cima!!!!!
    Alguém tem que começar a intender que não pode sempre mandar em tudo ou em todos!!!!
    Um bem aja aos irmãos brazileiros.

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  2. São meninos exemplares. Estudam e divulgam a cultura angolana através da música. Nunca foram vistos em botecos fazendo uso de bebidas alcoólicas ou participar de farras. Dar "gasosa" aos professerres, nem pensar. O mais importante, Angola precisará muito deles, principalmente em socializar os conhecimentos adquridos com os demais deficientes visuais. Só não vê isso aquele que não quer ver.

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