quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fusão de partidos políticos angolanos


No início deste mês de novembro, o Brasil foi surpreendido com o anúncio da fusão do Banco Itaú e do Banco Unibanco (respectivamente, segundo e quarto maiores bancos privados brasileiros) que se transformam em um conglomerado situado entre as 20 maiores instituições financeiras do mundo e a maior do Hemisfério Sul. A fusão de suas operações financeiras foi acelerada com a crise que se vive hoje. O que levou aos dois bancos ontem concorrentes, ou melhor inimigos, e hoje aliados? Que vantagens aos bancos e a população com esse tipo de transação?

Analisemos caso mais real. Angola possui mais de 100 partidos políticos. Se analisarmos friamente a nossa realidade, podemos perceber que no mercado político angolano não há espaço para tantos partidos (128). Alguns deles estão fadados a desaparecerem. Poderão aparecer apenas nas estatísticas porque são candidatos a serem engolidos uma vez que não conseguirão 0,5% dos votos para manterem a sigla no mercado eleitoral, que é cada vez mais competitivo.

Por exemplo, recentemente vimos a FpD, um partido que prometia, a se (auto)extinguir porque nas últimas eleições legislativas não obtive o mínimo de votos (0,5%) que sustentasse a sigla. Se nada for feito, mais partido terão o mesmo destino. Há poucos dias o presidente da UNITA Isaías Samakuva mostrou-se cético sobre a sua participação nas próximas eleições presidenciais. Qual é então a solução para essa situação? Fusões.

A fusão somaria esforços desses partidos, evitando competição desnecessária. Com mais facilidade conseguiriam mais adeptos, mais simpatia do eleitorado, garantindo assim a sua sobrevivência e votos suficientes para retubantes vitórias.

As empresas já vêm fazendo isso há muito tempo. As equipes de futebol européias vêm seguindo essa tendência há muito tempo. De uma forma geral, cidades européias possuem uma equipe na primeira divisão, normalmente leva o nome da cidade e quando têm mais de uma, no máximo, são duas. É melhor duas equipes que se fundem mas que militem na primeira divisão, que três amargando a terceira divisão.

Se nós colocássemos na balança os objetivos e missões dos partidos angolanos, poderíamos, com toda certeza, agrupá-los em 22 partidos. Nesse caso, teríamos partidos atuantes e isso daria um outro colorido na nossa política.

Imaginem se a UNITA , PAJOCA, FpD, PLD, MDA, CDS, UDNA MPDA, USD e PAI se fundissem e formassem o PACTA? O MPLA, PDP-ANA, AND, POSDA, FRESA/PJSD e formassem POMPA? A FNLA, ADAC, AN, PLUN formassem PANLA?

Na prática, é muito difícil isso acontecer, segundo o especialista brasileiro Max Gehringer. Os nossos partidos são dirigidos pela emoção, ou melhor, pela paixão, e não pela razão, como as empresas. É a emoção, por exemplo, que predomina entre mulheres reclusas. Dificilmente se rebelam. Cada uma prefere ver a outra detenta sofrer, mesmo que isso implique também em seu sofrimento. Os homens, normalmente são diferentes. Na adversidade, se unem. É por isso que com frequência vemos rebeliões nos presídios.

Se cada partido ficar do seu lado, é muito provável que, para breve, tenhamos a falência de muitos deles e o predomínio de um partido único. No mundo globalizado as coisas funcionam assim.

4 comentários:

  1. Mais de 100 partidos? o.O'
    No Brasil temos cerca de 30 e eu acho muito!
    Jura que tem 100 partidos em Angola?
    Meu Deus!!!!!

    Quanto a fusão dos bancos, achei uma cartada de mestre no meio da crise. Talvez uma prova de que ela esteja mais concetrada realmente nos EUA e Europa...


    Saudações a Angola
    ;)

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  2. Não se iluda. Partidos até podem ser movidos a paixões, mas normalmente são movidos a dinheiro mesmo. Em Angola, com o financiamento público de campanha, quanto vale uma candidaturazinha pró forma qualquer? Qual foi mesmo o líder de partido preso no aeroporto de Luanda com os dólares da verba oficial?

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  3. E se todos os blogs se unissem num só blog? E este blog fosse fechado? Espero que tenha percebido a ironia do que quis dizer. Angola tem partidos sérios e pessoas sérias por trás deles, e tem outros partidos que só andam a querer roubar ou atingir o povo. O tempo e o trabalho honesto irá definir quem é quem. Isso da união de todos apenas para agradar não resulta. Basta ver em exemplo o Brasil onde a corrupção é um drama terrível e onde muitos partidos acabam por se separar precisamente por não estarem para aturar corrupção. Pense bem antes de surgir união por união. Se existem partidos diferentes em Angola é por alguma razão. Pense.

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