domingo, 6 de janeiro de 2013

Os crânios do reis do Reino do Tchingualula foram furtados


Os ladrões ainda não identificados assaltaram o acervo cultural da comunidade (ombala) do Reino do Tchingualula (Huambo).

Entre as peças roubadas, constam os 13 crânios (Akokotos) dos distintos soberanos do secular Reino de Tchingualula que, segundo se acredita,  "representam valores, força, poder, autoridade e soberania". Neste momento a Ombala Tchingualula não possui nenhuma referência dos seus antepassados, situação que preocupa as autoridades tradicionais da localidade.(RNA)

 “Acocoto são crânios dos soberanos tradicionais. O local onde os akokotos ficam é considerado um "local sagrado" porque  é onde  se pede bons ventos para a fertilidade, bons ventos para o cultivo, para boa governação, para a saúde das crianças e o bem-estar das comunidades daqueles que dirigem”. (RNA).

E é exatamente esse motivo que faz com esses akokotos sejam cobiçados. Esses são "troféus" que "os feiticeiros" gostariam ter para o sucesso de suas atividades.

Segundo os rituais dos reinos do Planalto central "atestam que o Rei não morre, apenas descansa e o seu espírito continua a iluminar os novos dirigentes para melhor governarem a comunidade, preservarem e cumprirem os preceitos da tradição.". JA

Assim, quando o Rei morre,  "o defunto é posto sentado numa cadeira típica da grande autoridade tradicional. Os familiares cortam o pescoço com uma corda muito fina, num processo que deve ser feito em três dias." (JA)

Quando a cabeça se desprende do corpo, contou, cai numa quinda (bandeja tradicional) e só assim se declara a morte efectiva da autoridade máxima. Após o acto, as pessoas seleccionadas para disputar o trono, por norma filhos do falecido, entregam uma cabeça de gado que é abatida no óbito e a pele, depois de preparada, serve de urna. (JA)


O corpo do soba, sem a cabeça, é posto sentado numa cadeira e levado para uma caverna da montanha e coberto com pedras, enquanto outros “seculos” cercam os arredores da sepultura com paus. A autoridade tradicional jaz num local chamado “Onguwé”. A cabeça, por sua vez, é levada para outro local, denominado “Mbanda”. (JA)

Após a decomposição da cabeça, os kessongo levam os restos ao Onguwé, sítio em que está o corpo. O crânio, envolvido em panos brancos, é colocado numa mala e permanece na “Mbanda” sob o controlo dos Kessongos.  O substituto e os filhos do defunto são proibidos de se aproximar desse local. Só estão autorizados os netos e os kessongo. “Esses rituais devem ser seguidos, pois eles representam o que há de mais importante na nossa cultura”, disse. (JA)

O assunto deverá estar sob investigação policial. Caso em poucos dias não se chegue aos responsáveis, um conselho consultivos dos "mais velhos" deverá ocorrer nos próximos dias, para "fazerem um ritual" para que os mesmo devolvam os acocotos.

Foto acima; Rei Armindo Francisco Kalupeteca, Rei de Bailundo

Para Consulta

http://www.rna.ao/canalA/noticias.cgi?ID=67234

http://jornaldeangola.sapo.ao/25/0/tradicao_ovimbundu_marca_funeral_do_rei_ekuikui

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