domingo, 19 de agosto de 2012

A democracia angolana ainda tem muito caminho a percorrer

Para Angola ter um regime verdadeiramente democrático ainda terá muito caminho a percorrer.

É a primeira vez que acompanho de perto as eleições angolanas. O país irá a comparecer pela terceira vez a um ato eleitoral depois da independência de Portugal em 1975.

Estou assustado com o que estou a ver. Sempre que se fala de eleições, tenho em mente o sistema brasileiro e de alguns países latino-americanos.

Uma das coisas que me assusta é ver como a imprensa pública faz a propaganda sem escrúpulo em favor do partido no poder. A Comissão Nacional Eleitoral, órgão responsável pelo processo eleitoral não se manifesta sobre o assunto, como se isso fosse normal.

Outra situação que está a me causar confusão é ver governantes a fazer inaugurações de obras feitas com dinheiro públicos faltando duas semanas para eleições, mas com aproveitamento político, como se as referidas obras tivessem sido feitas com dinheiro do partido. Inaugurar uma obra com roupas do partido e material de campanha ao lado. Situações com essas são impensáveis no sistema como o brasileiro, que coloca em mesmo pé de igualdade com todas forças políticas.

Uma outra situação meio embaraçosa são os comentaristas políticos que aparecem na TV pública e Radio Nacional de Angola que não mantém equidistância. Em seus comentários são muito ásperos contra partidos da oposição. Ou seja, o MPLA para além do horário de propaganda política possui mais outros horários extras (serviços noticiosos ou em outros programas), além de transmissão "ao vivo" de programas de caráter partidário.

Por outro lado Comissão Nacional Eleitoral (CNE) quando "atacada", via de regra, é defendida pelo partido da situação ou a TV ou Rádio estatal, em vez de ser ela mesmo a defender-se e limitar-se no conteúdo de acusação.

O MPLA não está a fazer batota, mas a imprensa pública está a batotar em favor do MPLA e o "os camaradas" deveria repudiar esse comportamento, para não se transformarem em "batoteiros passivos", porque isso pode tirar o brilho de uma provável vitória. Há coisas mesmo não previstas pela lei, devem ser vistas do ponto de vista ético e moral.

Uma coisa que o país precisa vencer é o fantasma da guerra. Não se concebe que dez anos depois do fim da guerra algum partido ainda queira convencer o eleitorado com argumentos do tipo: "se não votarem em nós a guerra pode ocorrer outra vez", ou que o futuro das pessoas pode ser comprometido. Devemos ajudar aos nossos irmãos com pouca instrução no sentido de que eles exerçam cidadania plena, que não deve limitar-se apenas em votar ".

Finalmente a questão da bandeira nacional precisa ser discutida. Ou o MPLA muda sua bandeira ou o país. O que diferencia uma da outra é um simples detalhe. Isso contaria a constituição que num de seus artigos afirma que "A sigla e símbolos de um partido não podem confundir-se ou ter relação gráfica ou fonética com símbolos e emblemas nacionais ou com imagens e símbolos religiosos". O que eu notei é conforme o movimento do vento torna-se dificil saber-se se trata da bandeira da república ou do MPLA.

Precisamos cultivar bons costumes, o "fair play". Isso é biblico "Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você". Sonhamos todos com um país verdadeiramente democrática e com possibilidade de alternância de poder. País onde ganha o melhor, sem precisar de "ajuda de anabolizantes".

Um comentário:




  1. Batuque
    Noite estrelada...
    Ao redor da fogueira
    Nós cantamos
    Sentimos
    E ouvimos...

    O som do batuque...
    E sabemos
    Que este som

    É África...
    É loucura...
    É vida...

    E nós
    Olhamos
    Vivemos
    E sentimos
    O som do batuque
    Dentro de nós...

    E temos a certeza
    Que esta África
    Que tanto nos dói
    Nunca nos deixará
    Ser totalmente livres
    E sempre
    Nos aprisionará...

    LILI LARANJO


    ResponderExcluir