terça-feira, 29 de novembro de 2011

Endiama fecha acordo com Funcionários da Sociedade Mineira de Lucapa que não recebem salários há 24 meses



A Comissão Sindical dos funcionários de Sociedade Mineira de Lucapa e a Endiama fecharam um acordo que põe fim às manifestações que os trabalhadores vinham realizando há alguns meses inclusive, recentemente, diante da sede da Endiama exigindo, principalmente o pagamento de 24 meses de salários atrasados e regularização da situação dos funcionários junto ao INSS.

Segundo o acordo, a Endiama deverá pagar salários de dois meses ainda na primeira quinzena de Dezembro. Esse pagamento foi garantido pelo novo Sócio da Empresa. A Endiama deverá também regularizar a situação junto ao INSS e aposentar os funcinários com idade para tal.

Ainda segundo o acordo, a partir da terceira venda de futura produção a Endiama, dentro das possibilidades, deverá amortizar pagando o maior número possível de salários de meses em atraso até que consiga colocar todos salários em dia, incluisive as respectivas indemnizações.

A Comissão Sindical garante que "só descansará quando for paga a última mensalidade e o cumprimento de todas cláusulas do acordo".

O processo de negociações não foi fácil, conforme o relato de membros da Comissão Sindical. Assim que a Comissão retornou a Lucapa ficou hospedada no Hotel Diamante. No dia seguinte participou, em conjunto com todos trabalhadores da Sociedade Mineira de Lucapa, a uma reunião convocada pelo Governador da Província Ernesto Muangala na sala de Conferências da Admininstração Municipal. Assim que terminou a sua intervenção imediatamente retirou-se da sala.

Os funcionários puderam conheceram o novo Investidor (Grupo António Mosquito). Questões relacionadas com plano de arranque imediato do projecto de exploração de diamantes foram também abordadas durante o encontro.

As negociações com a Endiama, segundo a Comissão, se arrastaram por uma semana, todas testemunhadas por representantes do governo provincial. O Acordo foi selado na passada sexta-feira.

Os meios técnicos e equipamentos já estão sendo mobilizados para o arranque dos trabalhos da mineração no Lucapa. O início deve ocorrer depois da quadra festiva. Na primeira fase deverão entrar em ação a campanha de rever os equipamento e posteriormente a mobilização dos "operadores".

domingo, 27 de novembro de 2011

Luanda sempre às escuras!


Potencialmente rico em recursos hídricos, Angola é, paradoxalmente, um país pobre em energia eléctrica, por subaproveitamento dos enormes cursos de água de que dispõe.

Em matéria de electricidade, o nosso país é um caso típico daqueles Estados africanos em que nem sempre a fartura é sinónimo de bem estar e de prosperidade para as comunidades. Angola, sobretudo a sua capital, vive, de uns tempos a esta parte, um dos períodos mais críticos da falta não só de energia eléctrica, como também de água; crises cíclicas que, não obstante os esforços do Executivo, parecem não ter solução, a curto ou médio prazo.

Os argumentos de que a guerra era responsável pelos sistemáticos «apagões» e falhas no fornecimento de energia eléctrica já não colhem, visto que Angola alcançou a paz há cerca de dez anos, mas os problemas persistem, sobretudo nesta fase do ano.

Desde 2002 que não se tem notícia da destruição de mais infra-estruturas à conta da rebelião armada, pelo que não devem existir razões de peso que justifiquem os constantes cortes nos fornecimentos, tanto de luz como de água.

É um facto que a guerra deixou marcas e uma pesada factura para o país, cuja recuperação económica e social poderá ainda levar muitos anos.

Mas, em socorro da verdade, Angola não pode continuar eternamente «refém» do passado, como se a guerra servisse para justificar todas as práticas incorrectas, como, por exemplo, a má governação, as insuficiências, incapacidades e negligências de uns quantos gestores públicos. São cada vez mais frequentes as vozes que questionam acerca da viabilidade dos investimentos feitos em torno das barragens, sobretudo nos períodos em que Luanda e outras localidades do país ficam dias, semanas ou mesmo meses mergulhadas na escuridão total.

É, provavelmente, na escuridão que aos ouvidos de muitos angolanos soa ainda a propaganda feita durante o tempo da guerra de que Angola seria uma potência energética em África, após a conclusão da barragem de Capanda. Dizia-se então que ela teria capacidade para alimentar todo o país e, inclusive, exportar energia para alguns Estados vizinhos.

Com a conclusão dessa imponente obra nos últimos anos, constatou-se que, afinal, a hidroeléctrica sequer é capaz hoje de cobrir as necessidades domésticas de Malanje, Luanda ou dos arredores destas cidades, tampouco existe potencial para iluminar as ruas ou pracetas de países vizinhos, por mais pequenas que estas sejam.

O sector da energia eléctrica é, sem dúvida, um dos que pior desempenho tem vindo a ter, com a agravante de os meios alternativos alardeados pelos seus responsáveis mostraremse cada vez mais ineficazes para cobrir os sistemáticos «apagões».

Com alguma frequência, os responsáveis desse pelouro vêm a terreiro afirmar que o país, particularmente Luanda, dispõe de fontes térmicas para cobrir, no mínimo, mais de 50% das necessidades. Acontece, porém, que isto não corresponde à verdade, e os luandenses já deixaram mesmo de acreditar no que eles afirmam de boca cheia.

Uma prova de que os citadinos deixaram de confiar na rede pública de fornecimento de electricidade pode ser aferida pela corrida crescente aos postos de venda de combustíveis ou, ainda, pelo incremento da compra de geradores, com todos os riscos que isto acarreta para a segurança das famílias. ■

Fonte: SA, EDIÇÃO 443 · ANO VII, Sábado, 26 de Novembro de 2011.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Beleza da angolana Vissolela Branco brilha no Brasil

Definitivamente Angola entrou no circuito mundial da beleza.

A angolana Vissolela Branco (29) venceu no dia 30 de outubro o concurso "Miss Primavera 2011" promovido pelo Estabelecimento Penal Feminino " Carlos Alberto Jonas Ciordano" em Corumbá (Mato Gosso do Sul, Brasil).

A avaliação do desfile foi feita nos requisitos estéticos, desenvoltura na passarela e simpatia.

Assim, com essa vitória a "Vissô" representou Corumbá na disputa do “Miss Penitenciária-2011” que reuniu as mais belas internas dos estabelecimentos penais de regime fechado do Estado de Mato Grosso do Sul na tarde do dia 24 de Novembro (ontem, portanto) no presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande.

Nesse concurso a angolana Vissolela Branco (direita) ficou em terceiro lugar e arrebatou o título de miss simpatia (Foto: Aliny Mary Dias/G1 MS). As candidatas desfilaram com trajes típicos, de banho e gala.

Há poucos dias a Vissô era procurada pela sua familia (http://is.gd/HzSD3I):

"Sou Francisco e estou preocupado com alguem muito querida pra mim e familiares. Ela esta desaparecida ai no Brasil, não temos noticias dela a já quase dois (2) meses coisa que não é normal visto ela ter viajado com dinheiros para ai permacer dez (10) dias apenas. Estamos desesperados, já teclamos para a Embaixada de Angola ai no Brasil e ate hoje não recebemos resposta alguma sera que a TV GLOBO, nos podera dar uma ajuda para a localização de Vissolela Branco (Visso) como é carinhosamente atratada."

Consta que Vissô foi detida por tráfico de drogas quando chegava ao Brasil, há seis meses.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Atualizando ou não os dados dá na mesma



Nos últimos o dias presenciamos o "arrastão" feito pelo governo, praticamente intimando a população a atualizarem os seus dados eleitorais com vista às eleições do próximo ano.

O recastramento ocorre simultaneamente à discussão pelo parlamento do pacote eleitoral que disciplinaria esse recadastramento. No entanto o governo antecipou-se a fazê-lo o que irritou a oposição chegando mesmo a afirmar que isso era a preparação da fraude eleitoral.

Até noticias veiculadas recentemente davam conta de que só votariam aqueles que aderissem a esse processo.

Porém, tudo indica que o povo não afluiu aos postos de atualização conforme o governo gostaria.

O ministro da Administração do Território, em sinal de recuo, afirmou que "os cidadãos que não atualizarem os seus dados eleitorais não serão impedidos de votar". Durante um encontro com jornalistas, Bornito de Sousa, disse que o que "está a ser exigido é a atualização de elementos pessoais (?) para serem inseridos na base de dados já existente e não se trata de um novo recenseamento".

O ministro, Bornito de Sousa, confirmou a entrada de uma segunda fase do cadastramento, no período compreendido entre Janeiro e Abril de 2012, e admitiu que as eleições gerais poderão ter lugar entre finais do mês de Agosto e princípio de Setembro de 2012.

Segundo o último balanço feito pelo ministro, Bornito de Sousa, estão neste momento estão registados mais de 300 mil novos eleitores e a atualizados os dados de cerca de 50 por cento dos antigos eleitores.

Se o MPLA conta com mais de 4 milhões de militantes (http://is.gd/4qiGhd) isso quer dizer a campanha não animou nem mesmo aos militantes do "M". Para o vexame não seja maior no fim, a saída foi "salomônica". Por que a Comissão Nacional Eleitoral independente não cuida logo desse processo para evitar esses recuos? Cada um procura os seus minutos de fama.

O big brother rodoviário






A Polícia Nacional Angolana vai implementar, no próximo ano (2012, um novo sistema de emissão de concessão de matrículas para viaturas e o seu controle, que prevê a introdução de um elemento de segurança (chip) - Dispositivo Eletrónico de Matrícula (DEM).

O referido Chip permitirá identificar a viatura no ato de verificação e apuração de actividade policial, segundo o Ministro do Interior.

Esse chip, por ventura, não fornecerá informações de localização da viatura (big brother) o que não deixa de ser um processo de controle do cidadão, levando à perda de privacidade?
É constitucional?

Se as informações forem usadas,furtadas, pirateadas ou passadas para uma terceira instituição, dependendo do uso que vier a fazer com as informações disponíveis isso pode representar uma violação da privacidade do cidadão.

Quanto custará a instalação desses chips?

O que ocorrerá com o indivíduo que não aceitar usar o chip?

Esse sistema acabará com a "gasosa" ao agente?

Eu não teria muitas dificuldades em aceitar o projeto se se criasse uma Comissão de Trânsito Independente para cuidar desse dossier. A tecnologia é boa, mas quando chega muito na fronteira da privacidade todo cuidado é pouco..

Pedro Pires, Um Africano Preocupado

(Por cá (Angola) não é costume homens públicos redigirem sua "memórias" quando encerram suas carreiras. Eu preciso saber se existe alguma proibição. A verdade é uma: parte da nossa história está a morrer. Em Cabo Verde as coisas são diferentes como será visto na matéria a seguir).

Por: Leston Bandeira

Pedro Pires, cujo segundo e último mandato como presidente da República de Cabo Verde termina agora, anunciou em Agosto deste ano a intenção de iniciar de imediato a redacção das suas memórias . Citando o historiador Joseph Ki-Zerbo (1922-2006) , “enquanto os leões não tiverem os seus próprios historiadores, as histórias de caça continuarão a glorificar os caçadores”, o agora ex-presidente, em entrevista à Agência Lusa, explicou o seu respeito pela História e a necessidade de não haver apenas uma versão, permitindo, desse modo, aos historiadores uma informação que contemple todos os lados da intervenção histórica.

Este ano, na passagem do 36º aniversário da Independência do país, a cujas comemorações presidiu pela última vez, recordou “o valor da obra que realizámos de 5 de Julho de 1975 até aos dias de hoje. Este percurso de esperança, de perseverança e de autoconfiança deve continuar a inspirar-nos e a ser o suporte moral que nos assiste na concepção e na execução das pesadas e complexas tarefas que o futuro nos reserva”

Há uma tentativa de “ofuscar o gesto histórico” que foi o dos jovens africanos que fizeram a luta pela libertação da África Lusófona. “Se nós não tivessemos lutado, se Angola e Moçambique, especialmente, não tivessem resistido, a África do Sul seria o que é hoje? Nelson Mandela seria tão elogiado, tão cantado hoje, se nós não tivessemos lutado?” perguntou Pedro Pires, de quem se fica agora à espera de revelações importantes ácerca dos processos históricos em que participou desde a sua juventude. Para os africanos será uma oportunidade de aprendizagem com um homem considerado hoje um verdadeiro SÁBIO.

Ao Encontro de Cabral e da Luta

PEDRO de Verona Rodrigues PIRES nasceu a 29 de Abril de 1934, no Concelho de S. Filipe, Ilha do Fogo, Cabo Verde, numa família de proprietários. Assistiu ao eclodir das grandes fomes de Cabo Verde, na década de 40 do século XX, provocadas pelas prolongadas secas no Arquipélago e pela pouca ou nenhuma atenção que as autoridades coloniais portuguesas prestavam à então mais pobre colónia do império.

Pedro Pires terminou os estudos secundário no Liceu de Gil Eanes, na Cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, e seguiu, em 1956, para Lisboa onde se matriculou na Faculdade de Ciências.

Tendo sido chamado a prestar o serviço militar obrigatório na Força Aérea Portuguesa, em 29 de Junho de 1961, juntou-se a um grupo de jovens nacionalistas africanos e fugiu do país. Este grupo foi detido em Espanha, mas pressões políticas exercidas pelos países que já naquela data apoiavam a luta anti-colonial, foram libertos e conseguiram chegar a Paris. Daí segue para o Ghana onde se encontra com Amilcar Cabral , em seguida vai para a Guiné-Conakry, sede do Secretariado Geral do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Com a fundação da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), em Marrocos, parte para aquela capital para representar o PAIGC junto do secretariado da organização.

De 1962 a 1965 trabalha no Senegal e em França em acções de mobilização de combatentes e, a partir deste último ano até 1968, integra o primeiro núcleo de combatentes cabo-verdianos a receber formação militar em Cuba e na ex-URSS, com o objectivo de iniciarem a luta armada em território cabo-verdiano.

Este projecto não chegou a ser concretizado por razões que, seguramente, Pedro Pires explicitará melhor do que tem sido habitual, nas suas memórias. Nesse texto, aguardado com grande expectativa, não deixará de dar a sua versão da morte de Amilcar Cabral, ocorrida a 20 de Janeiro de 1973, ano em que Pires é escolhido para presidir à Comissão Nacional para Cabo Verde, como membro do Comité Executivo da Luta e do Concelho de Guerra.

Negociador hábil e primeiro chefe de Governo

Além destas funções políticas, no campo militar foi nomeado Comandante de Região Militar, qualidade que detinha em 1974, quando em Portugal ocorre o 25 de Abril, na sequência do qual o governo de Lisboa reconhece a Independência da Guiné Bissau, declarada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973, ao mesmo tempo que aceita negociar a concessão da Independência a Cabo Verde. Estas negociações são chefiadas, pela parte cabo-verdiana, por Pedro Pires, que consegue um acordo, assinado em Londres a 19 Dezembro de 1974, segundo o qual a Independência de Cabo Verde teria lugar a 5 de Julho de 1975. Um mês antes é eleito deputado e escolhido para chefiar o Primeiro Governo Independente de Cabo Verde.

Durante mais de 15 anos (Julho de 1975 a Dezembro de 1991) Pedro Pires desenvolveu um plano de governação moderado com o fito de “garantir futuras parcerias no âmbito internacional”. Para que tal pensamento ficasse claro entre os membros dirigentes do PAIGC, dois dias antes do 5 de Julho de 1975 reuniu-se com a direcção do partido para defender que “este não podia ser um partido marxista-leninista”.

Todavia, as dificuldades para transformar o sonho de um país independente numa realidade que concretizasse as necessidades de um Povo no interior do qual ainda se morria de fome, eram muito maiores do que as imaginadas pelos homens que assumiram o peso de governar um país “impossível”, nos termos do relatório dos técnicos do Banco Mundial que visitaram Cabo Verde pela primeira vez em 1975/76.

Pires não aceitou a sentença do Banco Mundial com cuja delegação debateu calorosa e habilidosamente as conclusões, acabando por sugerir um relatório diferente: “digam pelo menos que há alguma possibilidade de reabilitação deste país”.

Com esta meia sentença de morte, Pedro Pires lançou o seu governo em direcção à cooperação internacional, aproveitando o grande prestígio grangeado pelo PAIGC durante a guerra anti-colonial na Guiné Bissau, junto das Nações Unidas e de países como a Holanda e a Suécia. Foram “as relações internacionais do PAIGC que permitem a afirmação de Cabo Verde como país independente” e, quando os seus ministros chegavam das suas viagens ao estrangeiro e se queixavam de que ninguém os conhecia, Pedro Pires explicava as razões e vaticinava: “um dia nós seremos um exemplo”.

Ruptura Com Bissau – PAICV

Entretanto, os dirigentes do PAIGC estavam divididos pela governação de dois países, a Guiné Bissau e Cabo Verde e, quando, em 14 de Novembro de 1980, Nino Vieira, então Comissário Principal do governo de Bissau deu um golpe de estado contra o primeiro presidente, Luís Cabral, irmão de Amílcar, os cabo-verdianos tiveram que abandonar a Guiné – muitos deles fugindo mesmo a uma perseguição racista que resultou do golpe de estado.

Na sequência destes acontecimentos, o braço cabo-verdiano do PAIGC fundou o PAICV, uma ruptura considerada pelo próprio Pedro Pires, em Julho de 2005 como uma decisão acertada, porque também deu “satisfação a alguns cabo-verdianos que não viam com bons olhos a unidade com Bissau sob o lema um partido dois estados”.

Foi, de resto, “ a partir desse momento que se começou a pensar no desenvolvimento de Cabo Verde através da liberalização da sua economia e abertura ao Mundo” – acrescentou Pires na mesma oportunidade (comemoração dos trinta anos de Independência).

Foi também a partir desta ruptura que os dirigentes cabo-verdianos começaram verdadeiramente a mobilizar o Povo das Ilhas para a recuperação do seu próprio ambiente. O programa de reflorestação atingiu mais de vinte milhões de árvores nos primeiros dez anos de Independência e as obras de engenharia agrícola levaram à construção de quilómetros e quilómetros de sucalcos, destinados a segurar as águas das chuvas e impedir, dessa maneira, que as terras aráveis fossem para o mar.

Neste período, apesar de uma seca prolongada, foi possível multiplicar por mais de três as áreas agrícolas de regadio.

Estes projectos foram interrompidos durante os dois mandatos do MpD (Movimento para a Democracia), o que o PAICV de Pedro Pires viu com enorme desagrado, já que o país abandonbou o seu grande projecto de “ser verde”, como queria Cabral.

Não às Alianças, Sim à Diplomacia

Esta abertura ao Mundo, todavia, foi sendo desenvolvida com algumas condições. Por exemplo, o governo de Pedro Pires não aceitava a distribuição gratuita da ajuda alimentar internacional pelas populações. Os géneros eram introduzidos no circuito comercial e o produto da sua venda constituia-se num “Fundo de Reconstrução Nacional” que pagava as obras públicas estruturantes da vida do país, tal como estradas por todas as Ilhas, utilizando mão de obra intensiva. Cada “frente de trabalho” devia ter emprego para pelo menos um membro de cada família da região onde se realizava a obra. E assim, alem de se reconstruir o país, evitava-se a criação de mais um povo assistido e dependente.

Esta política foi concretizada e avalizada, inclusivé pelos USA, que faziam muita questão na gratutidade da ajuda alimentar, durante os trabalhos da Primeira Mesa Redonda dos Parceiros do Desenvolvimento de Cabo Verde, designação que substituiu a consagrada expressão “doadores”.

Esta reunião, realizada de 21 a 23 de Junho de 1982, contou com a presença de representantes de 22 países, 23 organizações internacionais e oito organizações não governamentais (ONG).

Pedro Pires aproveitou a oportunidade para defender a necessidade do apoio ao desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo e, “particularmente daqueles que tinham alcançado recentemente a Independência”. Considerou, na altura, tal apoio como “condição primordial ao exercício da soberania”.

No discurso de abertura, salientou que a via de desenvolvimento escolhida pelo seu país implicava igualmente “o respeito pelas tradições e pelas aspirações do povo cabo-verdiano, a favor da independência, da dignidade, da paz e da justiça social”.

É por isso – enfatizou – que “a despeito de todas as dificuldades que Cabo Verde possa encontrar para concretizar as suas metas de desenvolvimento económico, o governo manterá sem falta a sua recusa em implicar Cabo Verde nos antagonismos militares que dividem o Mundo”.

Na primeira grande reunião de carácter internacional, o chefe do governo da Praia aproveitava para se definir como um país neutro acerca das disputas Leste/Oeste e nessa linha, embora criticasse o regime do apartheid sul-africano, nunca impediu que os aviões da South African Airways escalassem a Ilha do Sal, onde, de resto, as tripulações faziam os descansos e respectivas rendições. A Pousada “Morabeza” era o hotel da SAA.

Abertura do Regime, a Caminho da Democracia

Enquanto, no plano externo Pedro Pires se distanciava de alianças manietadoras, no plano interno faltava-lhe cumprir a sua intenção de abrir a política à participação popular e foi definindo o partido por forma a contrariar os militantes que o viam não como um partido marxista-leninista, mas lá próximo. Será curioso ler as memórias de Pedro Pires a este propósito, já que a luta interna se acicatou com um seu discurso, na abertura do segundo encontro dos ministro da Justiça de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Princípe, em Novembro de 1983 e em que preveniu que “o exercício absoluto do poder ameaça o futuro dos regimes”.

Perante uma assembleia mais ou menos surpreendida, Pires disse que “ a História recente de África tem-nos mostrado que o exercício absoluto do poder, traduzido na imposição de modelos não alicerçados no consenso social não garantem nem a paz social, nem a sobrevivência dos regimes”. Para o então primeiro-ministro o Direito era “um motor de transformação social”.

“A África dos golpes de estado, das permanentes convulsões sociais, não terá como fraqueza primeira a inexistência de estados institucionalizados, de um poder realmente enraizado no povo e de um sistema de normas e garantias assumidas conscientemente pela nação?”- perguntou.

Ao mesmo tempo que, claramente, indicava o caminho da abertura política como o próximo passo, Pedro Pires levou a diplomacia do seu pequeno país ao “atrevimento” de organizar encontros entre Sul-africanos e Angolanos com o objectivo de promover a paz na África Austral. A estes interlocutores juntaram-se, depois, americanos e representantes da SWAPO.

Foi em Cabo Verde, primeiro na Ilha do Sal e posteriormente em S. Vicente (Mindelo), com a sua orientação “discreta” – segundo fontes diplomáticas da época (1982/83) – que se construiram os primeiros passos para a solução da guerra que envolvia Angola a República da África do Sul e Cuba.

Cabo Verde desempenhou este papel, primeiro em segredo total e, posteriormente, com a discrição possível, admitindo, pela primeira vez, em Janeiro de 1983 “ a disposição de tudo fazer para propiciar condições ao desenvolvimento do diálogo que resolva conflitos abertos no Continente Africano”.

Esta disposição foi mal entendida mesmo por Cuba, cujo vice-presidente, Juan de Almeida Bosque, esteve na Cidade da Praia pressionando o governo de Pedro Pires, logo a seguir ao primeiro encontro entre angolanos e americanos, no sentido de desistir da iniciativa.

Ainda em 1983, durante um período de férias em Cuba, durante o qual se encontrou muitas vezes, informalmente, com Fidel de Castro, Pires disse ao líder cubano que “o sistema de partido único não fazia sentido em África”.

Os Estados Unidos, por sua vez, exerceram pressão sobre a República da África do Sul com a mesma intenção: recusa de negociações directas com Angola.

O Mundo, todavia, não deixou de reconhecer o papel de Cabo Verde, que daí para a frente, ficou conhecido como um “pequeno país com uma grande diplomacia”, ainda que tal ideia não agradasse aos países considerados como “grandes potências internacionais”.

Em simultâneo com esta movimentação diplomática e muitos anos antes da divulgação da Perestroika na URSS, era visível, por parte de Pedro Pires, a intenção de abrir o regime com o objectivo de terminar com o partido único. O discurso de Pedro Pires naquele Novembro de 1983 deu origem a um movimento de discussões interessantes acerca dos direitos humanos. Numa dessas discussões, transmitida em directo pela Rádio participou Carlos Veiga, que mais tarde viria a fundar o MpD e, por essa via, chegar ao poder em 1991.

Antes destes sinais de abertura, a oposição cabo-verdiana, primeiro ao PAIGC e depois ao PAICV passava sobretudo pela Igreja Católica, que patrocinava um jornal, o “Terra Nova”, cuja publicação era tolerada pelo regime, e pelos proprietários rurais absentistas, que pretendiam continuar com o sistema de rendeiros. Estes organizaram a 31 de Agosto de 1981, em Santo Antão, um protesto de que se falou durante muito tempo, mas que acabou com a condenação de um individuo por um Tribunal Militar, outra razão para que grupos de intelectuais, nomeadamente juristas, manifestassem o seu desacordo.

Primeiras Eleições Livres – a Derrota

O descontentamento dizia sobretudo respeito ao facto de a comunicação social ser tutelada pelo Estado, que, por sua vez, recebia indicações do partido. Pedro Pires fez algumas tentativas para abrir o jornal “Voz di Povo” à sociedade, bem como a Rádio oficial, mas a estrutura criada era insusceptível de mudanças. Só a ruptura seria eficaz.

A oposição, que entretanto se foi organizando, passou a recorrer a uma espécie de comunicação social clandestina, produzindo panfletos anónimos em que caluniava os ministros, os principais dirigentes políticos e a população começou a impacientar-se e a desejar a tal abertura política que só acontece em Fevereiro de 1990, quando, no IV Congresso do PAICV, Pedro Pires, ao mesmo tempo que é eleito à liderança, substituindo Aristides Pereira, anuncia a abertura do país ao pluralismo político.

Em Janeiro de 1991 realizam-se as primeiras eleições livres em Cabo Verde e o PAICV é derrotado pelo MpD.

O então primeiro-ministro, a quem os panfletos anónimos acusavam da corrupção mais ignomiosa, tem que ir viver para casa da mãe – não tinha casa própria, nem carro – .Os seus conterrâneos do Fogo, emigrados nos USA, ofereceram-lhe um.

Pedro Pires é eleito deputado pelo círculo eleitoral da Praia e, ainda nesse ano, no V Congresso do PAICV volta a ser eleito Secretário Geral, cargo que perde para José Maria Neves, actual Primeiro-minsitro, em 1993. Todavia em Setembro de 1997 volta à liderança do partido e leva a peito a sua recuperação. Volta a viajar pela Europa; passa por Lisboa, sózinho, e hospeda-se em hotéis modestos; mobiliza os apoios necessários para que o PAICV ganhe as eleições autárquicas em 2000.

O Regresso Vitorioso

Nesse ano decide afastar-se da vida partidária activa e em Setembro anuncia a intenção de se candidatar à Presidência da República nas eleições de Fevereiro de 2001, onde vence Carlos Veiga, na segunda volta, com uma diferença de apenas 12 votos. O partido do seu adversário já havia perdido a maioria parlamentar e, por conseguinte, o poder, nas eleições legislativas de Janeiro desse mesmo ano.

Pedro Pires ganha as eleições e tem um governo do PAICV, chefiado pelo jovem que o havia derrotado na disputa partidária em 1993, José Maria Neves. As diferenças entre os dois são, todavia, apenas geracionais. José Maria é um produto do PAICV, enquanto construtor da sociedade cabo-verdiana, que o Banco Mundial considerou em 1975/76 como um “país impossível”. José Maria Neves foi adjunto de Renato Cardoso, o homem que iniciou a reestruturação da administração pública de Cabo Verde para a transformar num motor de progresso.

As relações entre os dois homens não terão sido as mais amistosas, mas, do ponto de vista institucional, José Maria teve sempre o apoio de Pedro Pires. Por exemplo, quando em Março de 2002 o Presidente da República promulgou o Orçamento Geral do Estado (OGE) contra toda a oposição parlamentar que argumentava com a necessidade de uma maioria qualificada para a sua aprovação na Assembleia Nacional (AN). Ora o PAICV tinha apenas uma maioria simples. Pedro Pires não hesitou, “mesmo correndo o risco de ser mal compreendido”.

Para ele, o essencial era que o Governo pudesse cumprir os seus compromissos e, entretanto, defendia alterações na Constituição que resolvessem, no futuro, aquele paradoxo constitucional.

Apesar desta colaboração, que irritou a oposição, já que perdeu uma oportunidade de colocar o Governo contra o Presidente da República, Pedro Pires não se demitiu das suas funções e, no mesmo mês, em que promulgou o OGE (Março de 2002) fez uma análise às Forças Armadas e defendeu a sua reforma, “tendo em conta os novos conteúdos que conceitos como a defesa e segurança adquiriram nos tempos modernos”.

Nesse mesmo mês dá posse ao governo remodelado elogiando a actuação do anterior, por ter sabido “conter a tentação da busca da popularidade fácil, enveredando por medidas nem sempre populares, mas que se impunham”.

Outro Sonho : a Nação Global

Ainda nesse ano (Abril) durante a realização do III Congresso de Quadros Cabo-verdianos na Diáspora, não deixou de teorizar sobre a natureza da condição da nacionalidade cabo-verdiana: “ a nação cabo-verdiana tem de encarar de frente a sua natureza «disporizada» e assumir a dispersão pelos quatro cantos do Mundo como a sua verdadeira arquitectura. Nesse mesmo dia propôs o levantamento de um monumento ao “emigrante anónimo” e chamou a atenção dos quadros presentes no Congresso para a necessidade de não perder para a caboverdianidade os membros da segunda geração de emigrantes.

A 5 de Julho desse mesmo ano concretiza de forma objectiva a sua preocupação com a diáspora e vai comemorar a data da Independência Nacional aos Estados Unidos, com um programa especialmente dedicado às comunidades cabo-verdianas, embora – como sempre fez – não deixasse de aproveitar a oportunidade para se encontrar com individualidades norte-americanas, sobretudo ligadas aos apoios económicos a países como Cabo Verde.

Notoriamente houve uma estratégia concertada entre o Governo e a Presidência da República, já que José Maria Neves passou o 5 de Julho em Lisboa, junto das comunidades cabo-verdianas emigradas em Portugal.

À partida para os Estados Unidos, Pedro Pires disse aos jornalistas que ia “levar uma mensagem de caboverdianidade e homenagear e incentivar aqueles que sempre contribuiram para o desenvolvimento do país e para o bem estar de milhares dos seus familiares e amigos”. É a ideia na “Nação Glogal” que vai fazendo o seu caminho.

E, por isso, não pode deixar de cuidar dos interesses do Estado- Arquipélago e em Junho de 2002 discute com o presidente da Mauritânia, Maaouia Ould Sid Ahmed Taya, as fronteiras marítimas comuns. Na mesma altura assina um acordo aéreo que permite “às companhias de ambos os países voarem nos respectivos espaços aéreos sem muitas restrições e, além disso, transportar passageiros e carga para o espaço de uma e de outra e daí para países terceiros”.

Ainda em Junho, durante as comemorações do “Dia do Ambiente” volta a lembrar Amílcar Cabral, “agrónomo de profisssão” e que sempre foi guiado pela “utopia de restaurar ecologicamente o Arquipélago e de o fazer verdadeiramente verde, honrando-lhe o nome”.

Ora dentro, ora fora, Pedro Pires não deixa de acompanhar o Mundo e no ano de 2002, no dia de África saúda a restauração da paz em Angola, para a qual tinha contribuído na década de oitenta do sec. XX. Nessa saudação não se esquece de recomendar que Angola “tem necessidade de um período de transição para a resolução dos problemas humanitários e a criação de um clima de confiana entre os vários actores políticos”.

Antes, em Abril, durante a sua primeira visita como chefe de estado a Portugal, defende, em Lisboa a introdução de curriculos escolares sobre a cultura e história dos estados membros da CPLP, “para que a CPLP ande mais depressa”.

Um Africano Optimista mas Preocupado

O seu olhar não se fica, contudo, apenas pelos seus parceiros de língua e em Agosto de 2003 acha “prematura” a realização de eleições na Libéria “já em Outubro”, explicando que os liberianos precisam, “de um período de transição de pelo menos de dois anos”.

O exemplo da Libéria e outros dão-lhe força para no dia da comemoração do 28º aniversário da Independência do seu país afirmar que “em 28 anos mudámos completamente a face do nosso país” e assinala a “forma cívica” como se fizeram “as transições políticas em 1991 e em 2001.

Antes, em S. Tomé, já tinha chamado a atenção dos seus “irmãos” para o facto de “a estabilidade governativa e coesão social, bem como a governação capaz, constituem variáveis cruciais da equação da consolidação do regime democrático”.

Todavia, não se ficava pelos conselhos aos outros. Na sua terra, a 1 de Março desse terceiro ano como presidente, convocou extraordinariamente a Assembleia Nacional para apelar “à contenção dos principais partidos políticos”, envolvidos em acusações mútuas de comportamentos fraudulentos em eleições passadas, na expectativa das autárquicas que se avizinhavam.

Em Dezembro, na saudção de fim de ano, lembra que “ a consolidação do regime democrático” implica “ a tradição de que as instituições realizem os seus fins e cumpram integralmente os mandatos para os quais foram eleitos”.

“A virtude dos cidadãos é o fundamento de uma boa Republica” – acrescentou – e nesta altura alguém se lembrou das suas preocupações de Outubro de 2002 acerca da qualidade da democracia: “tem sido mais de partidos e menos de cidadãos”.

Diplomacia para o Futuro

Em 2004 dois acontecimentos internacionais marcam a presidência de Pedro Pires: pela primeira vez, depois de muitos anos de recusas, aceita participar na Cimeira da Organização da Francofonia (OIF) em Ouagadougou, capital do Burkina Faso.

Em Abril faz uma viagem relâmpago à Guiné Bissau para se inteirar da situação e no regresso faz a afirmação que há muito quereria proferir: ” não sou só amigo da Guiné Bissau, sinto-me guineense também. A Guiné é a minha segunda pátria”.

Em Janeiro de 2005, Pedro Pires volta a insistir na “garantia de uma maior eficiência das instituições do Estado de Direito, dotá-las de normas que garantam estabilidade, melhor governabilidade e removam factores geradores de bloqueios”.

Em Fevereiro defende a participação do Zimbabué na Cimeira União Europeia-África, a realizar em Lisboa. ”Por princípio” é contra o isolamento.

O Pedro Pires diplomata reaparece em força em Abril deste ano e, em Washington volta a discutir cooperação militar com os USA e a NATO, ao mesmo tempo que joga para a mesa das negociações a ajuda norte-americana através da “Conta do Depósito Milénio”, ao abrigo da qual Cabo Verde passa de “PMA” (País Menos Avançado) para País de Desenvolvimento Médio (PDM), o que determina mais dificuldades na obtenção de ajuda externa.

Nessa mesma altura – Abril de 2005 – discute o Exercício Naval da NATO, marcado para 2006 nas águas territoriais de Cabo Verde e o treino de forças especiais cabo-verdianas por unidades de fuzileiros navais dos USA.

Em Julho, no habitual discurso de comemoração da Independência – os 30 anos – Pedro Pires condenou “a negligência face ao trabalho e a indiferença face ao bem público”, mas não deixa de apelar ao orgulho cabo-verdiano: “Cabo Verde ganhou a Independência e afirmou-se como estado credível” (estaria a pensar no primeiro relatório do Banco Mundial…).

Estado de Direito, Um Apelo Permanente

Entretanto, o desenvolvimento do país em sectores importantes começa a levantar problemas novos e o Presidente Pires, durante uma visita à Universidade de Coimbra (Portugal), em Setembro, onde vai solicitar ajuda para a instalação da Universidade Pública de Cabo Verde, é confrontado com uma série de reivindicações de estudantes cabo-verdianos ligadas às dificuldades de sobrevivência sem apoios e à incerteza de trabalho no país aonde desejam regressar.

“É muito mais fácil formar pessoas do que criar emprego”, desabafa, acrescentando que “o Estado Cabo-verdiano tem reforçado a aposta na educação a uma velocidade que não é acompanhada pelo desenvolvimento económico”.

Recandidatura e Nova Vitória

Já na Cidade da Praia, na abertura da X Conferência dos Ministros da Justiça da Comunidade de Países de Língua Ofial Portuguesa (CPLP), diz que “os tribunais independentes são o aliado moral dos Estados de Direito”. Esta é a sua última intervenção pública antes de anunciar a sua recandidatura ao cargo de Presidente da República. Em Dezembro de 2005 faz o anúncio, afirmando que o seu nome “projecta uma imagem de honestidade” para um projecto de “credibilidade e desenvolvimento”, iniciado em 2001. Evoca igualmente a sua condição de “combatente anti-colonial” , a sua experiência como primeiro–ministro durante 16 anos e o seu contributo durante os últimos cinco anos como Presidente da República. Classifica-se a si próprio como “um homem de bom senso e construtor de consensos”.

A sua recandidatura, de novo contra Carlos Veiga, sai vitoriosa, desta vez por mais 3.500 votos e a sua missão de presidente defensor do estado de direito, da necessidade de África se entender sem necessitar de terceiros, bem como a construção de uma noção de caboverdianidade que abarque o Mundo tem mais cinco anos à frente. Esquece as habituais acusações de fraudes eleitorais e em Maio de 2006 está presente na IV Conferência de Tóquio sobre o Desenvolvimento em África.

Para ele, esta preocupação do Mundo com o desenvolvimento africano significa que África “está a ganhar visibilidade e interesse no plano internacional”, um continente “até há pouco tempo condenado”.

Todavia, não perde de vista outras realidades, outros possíveis aliados e no mês anterior recebe o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, que visitou Cabo Verde acompanhado de uma comitiva de empresários e a quem diz que é necessário “desenvolver as relações com os Açores para uma vertente económica”.

Movimentos Migratórios Ilegais, Outra Preocupação

www.lusomonitor.net

O barulho da carroça...



Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve em uma clareira e depois de um pequeno silencio me perguntou:

Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia....

Perguntei ao meu pai:
Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo, e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...

Fonte: Dominio público (circula pela Internet)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Morador sortudo do interior de SP ganha sozinho na Mega-sena acumulada


Está a circular pela Internet uma foto de um suposto ganhador de prêmio de Loteria "Mega-sena".

Se for verdadeira a foto e os depoimentos pode-se concluir que algumas mulheres gostam de homens ricos. É um assunto polêmico e geralmente fomenta a guerra dos sexos. Mas tudo tem fundamento científico só para não nos deprimirmos.

Um grupo de pesquisadores britânicos da Universidade de Newcastle determinou que homens considerados ricos por suas parceiras proporcionam mais prazer às mulheres durante relações sexuais, além, é claro, de presentes caros como jóias, perfumes, roupas de marcas famosas e por que não falar daquele Mercedez.

Segundo Pollet, a influência do nível de renda sobre a freqüência de orgasmos parece ser ainda maior que outros fatores, como simetria corporal ou atratividade.

Em linguagem "terra-terra", não há homem feio, há homem pobre. Por outras palavras: as mulheres não se atraem pelo tipo fisico do homem. Mulheres priorizam Status. Será???

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Apagão em Luanda



Não há mais como esconder. Há mais de 2 meses que Luanda está às escuras (de verdade) o que vem incomodando aos citadinos. Os sucessivos "apagões" (blecaute) deixam, praticamente, toda a cidade às escuras por longos períodos.

A situação está mesmo caótica, principalmente por ser época de muito calor. Nunca na história desse país a capital foi privada de energia elétrica como se verifica agora. Importa destacar aqui: as pessoas continuam a pagar suas contas de luz (devido à escassez de contadores, normalmente estipula-se um valor fixo para cada residência).

Recentemente, um apagão forçou a Assembleia Nacional a cancelar o debate técnico do pacote legislativo eleitoral. Grande parte do edifício “ 10 de Dezembro” ficou sem energia durante cerca de duas horas.

Segundo fontes governamentais os cortes têm a ver com a fraca produção de energia causada pela avaria de vários equipamentos. Os governistas afirmam que os problemas com a energia "poderão" ser solucionados até 2013 e, praticamente resolvido, só em 2017. Para tal, estão em curso a reabilitação das barragens do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambambe I que serão responsáveis por mais 296 megawatts ao sistema energético.

Muitos acidentes decorrentes do manuseio incorreto de geradores são, com frequência, noticiados, como por exemplo incêndios. A escuridão tem contribuído também no aumento da criminalidade, da poluição sonora devido ao barulho ininterrupto de geradores; com frequência registram-se queima de equipamentos eletrodomésticos.

Com o fim da guerra há mais de 8 anos, afinal de contas, de quem é a culpa desse apagão?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

JES não desiste nunca. Render-se, jamais

O sonho acabou. O Cidadão José Eduardo dos Santos colocou-se à disposição do MPLA para ser candidato a "Cabeça de lista dos "camaradas" nas eleições do próximo ano: “Claro como militante e velho militante do MPLA estarei sempre disponível para cumprir qualquer missão”.

Para JES, o assunto está a ser tratado internamente, mas até Janeiro do próximo ano será tornado público.

José Eduardo dos Santos falava numa conferência de imprensa por ocasião da visita que o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, efectua a Angola.

Até poucos dias especulavam-se nomes de João Lourenço, Roberto de Almeida e Bornito de Sousa depois que o nome do Eng. manuel Vicente não deve ter agradado aos membros do alto clero do MPLA. Com a entrada do "Chefe" (que já está no poder há 32 anos) no páreo o cobertor será muito pequeno para tanta gente. Os outros terão mesmo que continuar a ficar no sereno.

Os brasileiros gostam de afirmar: manda quem pode e obedece quem tem juízo. No entanto o meu amigo Reis diria "Alegria do pobre dura muito menos" como o sorriso de João Armando. O cantor angolano "Puto Português" já interpretou: "(a coisa em Angola) ta male, ta sair male" .

Aguardemos o solene anúncio do Secretário para Informação: "foi aprovada uma moção de apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos como o candidato natural do partido". A luta continua e a vitória é certa.

A Endiama Conversa com a comissão Sindical da Sociedade Mineira de Lucapa

Direção da Endiama recebeu no início da tarde desta quinta-feira os membros da Comissão Sindical da Sociedade Mineira de Lucapa que há dias faziam vigia diante da Sede da Empresa em Luanda.

Nesse primeiro encontro ficou acordado que uma comissão técnica de altos funcionários da Endiama deslocar-se-ia nesta sexta-feira, em companhia dos membros da Comissão Sindical a Lucapa, para que no sábado voltem a se reunir naquela cidade para uma mais uma rodada de negociações.

Dessa Maneira, a Comissão sindical aceitou supender as manifestações que estavam programadas para os próximos dias. Vale lembrar que aqueles trabalhadores estão há 24 meses sem receber seus salários.

Rubricaram o documento do lado da Endiama os Senhores: Carlos Baptista, Eng. Amaral, Senhor Freitas, Senhor Ramos, Senhor Filipe Adolfo e o Senhor Ziamú.

A Sociedade Mineira do Lucapa (SML) deve retomar nos próximos dias a exploração de diamantes, após 10 meses de paralisação devido à quebra da procura resultante da crise financeira internacional.

A comissão Sindical já avisou que se não houver progressos nas negociações eles voltaram novamente a Luanda para darem continuidade com a vigia e manifestações.

Para todos efeitos, é de louvar a iniciativa da Endiama em receber essa Comissão Sindical que representam inúmeros trabalhadores que tanto fizeram para engrandecer o nome da Endiama.

Uma nota divulgada esta tarde pela Angop confirma a notícia acima e é reproduzida a seguir:

"Endiama reúne-se com mineiros no Lucapa"

Uma comissão técnica de altos funcionários da Empresa Nacional de Diamantes (Endiama) desloca-se sábado à vila de Lucapa, província da Lunda Norte, para reunir-se com os trabalhadores da Sociedade Mineira do Lucapa (SML), na presença de representantes do governo local e do novo investidor, o Grupo António Mosquito, segundo uma nota da empresa pública chegada hoje à Angop.

O encontro realiza-se na sequência de negociações feitas entre a Endiama e a Comissão Sindical da Sociedade Mineira do Lucapa, que aceitou suspender a manifestação, que poderia ter ocorrido na semana finda (dia 8) em frente à sede da empresa em Luanda. A nota refere que a Endiama é solidária com as reclamações dos trabalhadores, por isso tudo tem feito para solucionar o problema, que não é apenas seu, mas também da Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE), que em nada tem feito para a resolução do problema.

Por isso, na busca de soluções para a retomada da produção na mina do Lucapa, a Endiama encetou negociações em busca de um novo parceiro tendo o resultado recaído para o Grupo António Mosquito, como novo investidor, uma vez que a SPE não honrou os compromissos assumidos nas negociações com a Endiama para viabilizar o projecto SML. Segundo a nota, todos estes passos dados pela diamantífera foram na devida altura comunicados à comissão sindical da SML.

O comunicado explica ainda que uma auditoria, efectuada no início de 2010, pela firma Deloitte, a pedido do Conselho de Administração da Endiama, concluiu que já antes daquela data a SML se encontrava em graves dificuldades financeiras, fruto de uma elevada dívida para com o Estado, trabalhadores, bancos e fornecedores de bens e serviços.

A estas, adianta, acresceu-se a ausência de activos para cobrir o passivo, excesso de trabalhadores, equipamento em estado obsoleto e também pelo facto das suas reservas provadas de diamantes se encontrarem muito próximas da exaustão. Por este facto, refere a nota, a retomada das operações mineiras carece da aquisição de equipamentos para produção e a realização de trabalhos de prospecção, o que só é possível com a realização de novos investimentos.

A sociedade mineira do Lucapa é uma joint-venture formada pela Endiama que detém uma participação de 51%, enquanto os restantes 49% pertencem à SPE

Angop

Onze motociclistas partem a Portugal






Onze (11) motociclistas partiram de Angola no dia 11/11/11 as 11h11’11”11"' com destino a Portugal com chegada prevista para o dia 11/12/11 na aventura “raid Eleven Up”. Devem percorrer 11 paises: Angola, Namíbia, Zambia, Malawi, Tanzânia, Quênia, Etiopia, Sudão, Egito, Italia, França, Espanha e Portugal.

O ponto de partida foi junto do governo provincial de Luanda. Os participantes receberam cumprimentos de despedida de amigos e familiares. A saída da cidade foi feita com ajuda de batedores da Brigada Especial de Trânsito.

Para acompanhar a aventura basta acessar o blog: http://11-up.blogspot.com/

As fotos são de domínio público

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Polícia retira os cartazes dos trabalhadores da SMLque não recebem salários há 24 meses





Os trabalhadores da Sociedade Mineira de Lucapa têm mais um motivo para ficarem tristes. Um vídeo distribuído à imprensa e que este blog teve acesso, a polícia, evocando "cumprimento de ordens superiores", retirou os cartazes que esses trabalhadores mantinham diante das instalações da Endiama em Luanda.

Os referidos trabalhadores deslocaram-se Luanda percorrendo mais 1.175km na tentativa de conseguirem a "reposição da legalidade, o pagamento dos salários em atraso (2 anos) e atualização da segurança social".

Mais informações sobre os problemas desses trabalhadores no link abaixo:
http://cangue.blogspot.com/2011/11/trabalhadores-de-lucapa-manifestam-se.html

CBS divulga lista dos maiores ditadores do mundo


CBS divulga lista dos maiores ditadores (The World's Enduring Dictators - lista de May 16, 2011 e atualizada em Oct. 20, 2011).



Eis os candidatos classificados:





  1. Hassanal Bolkiah, Brunei


  2. Qaboos bin Saad, Oman


  3. Ali Abdallah Saleh, Yemen


  4. Muammar Qaddafi, Libya


  5. Jose Eduardo dos Santos, Angola


  6. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Equatorial Guinea


  7. Robert Mugabe, Zimbabwe


  8. Paul Biya, Cameroon


  9. Yoweri Museveni, Uganda


  10. Blaise Campaore, Burkina Faso


  11. Mswati III, Swaziland


  12. Sayyid Ali Khamenei, Iran


  13. Omar Bashir, Sudan


  14. Idriss Deby, Chad


  15. Nursultan A. Nazarbayev, Kazakhstan


  16. Islam Karimov, Uzbekistan


  17. Emomali Rahmon, Tajikistan


  18. Than Shwe, Myanmar (Burma)


  19. Isaias Afewerki, Eritrea


  20. Kim Jong-il, North Korea


  21. Yahya Jammeh, The Gambia


  22. Aleksander Lukashenko, Belarus


  23. Hamad bin Khalifa Al Than, Qatar


  24. Meles Zenawi, Ethiopia


  25. Abdullah II, Jordan


  26. Abdelaziz Bouteflika, Algeria


  27. Ismael Omar Guelleh, Djibouti


  28. Hamad bin Isa al-Khalifa, Bahrain


  29. Mohammed VI, Morocco


  30. Bashar Assad, Syria


  31. Abdullah bin Abdul-Aziz, Saudi Arabia


  32. Continua...

    Os aspirantes:


  33. Hn Sen, Cambodia - 13 years


  34. Pakalitha Mosisili, Lesotho - 13 years


  35. Hugo Chavez, Venezuela - 12 years


  36. Frank Bainimarama, Fiji - 11 years


  37. Paul Kagame, Rwanda - 11 years


  38. Abdoulaye Wade, Senegal - 11 years


  39. Mwai Kabika, Kenya - 9 years


  40. Ilham Aliyev, Azerbaijan - 8 years


  41. Raul Castro, Cuba - 5 years


  42. Gurbanguly Berdymukhammedov, Turkmenistan - 5 years


  43. Mohamed Ould Abdel Aziz, Mauritania - 2 years

    Fonte
1- http://www.cbsnews.com/8301-503543_162-20055835-503543.html
2- http://www.cbsnews.com/2718-202_162-1135.html?tag=contentMain%3BcontentBody

3 -http://is.gd/Tz5nhp



O MPLA privatizou o "11 de Novembro"

O "11 de Novembro" data que se comemora a independência de Angola foi privatizado pelo MPLA, partido no poder em Angola há 36 anos.

Não tem mais jeito. Ao ver as imagens do ato central que ocorreu na província do Kwanza Norte ficou mesmo patente que a independência de Angola tem donos. Não é para qualquer um. Os outros precisam procurar suas independências.

Um ato central político em nível nacional era de se esperar que políticos de outros partidos principalmente os representados na Assembléia Nacional também lá estivessem presentes.

O que se viu foram mais cores do MPLA (bandeira, OPA, OMA, JMPLA etc) do que cores do país (se bem que as duas cores se confundem tanto), Ministros e os próximos.

O MPLA deveria primar mais pela unidade do país e não em divisionismo, principalmente num país como o nosso com tanta diversidade cultural. As pessoas que organizam esses tipos de evento precisam pensar grande, pensar mais no país.

No passado dia 11/11/11 Angola comemorou 36 anos de independência.

domingo, 13 de novembro de 2011

Trabalhadores de Lucapa manifestam-se em frente à Endiama em Luanda


Os trabalhadores da Sociedade Mineira do Lucapa-SML, afecta à empresa de diamantes Endiama, estão há 24 meses sem receber salário, razão que levou alguns funcionários a protestaram defronte à sede da diamantífera nacional.

“Queremos o nosso dinheiro”, “Os 1350 trabalhadores do SML exigem justiça”, Estamos de vigília até que a Endiama-EP pague os nossos 24 meses de salário”. Estas são algumas das palavras de ordem estampadas nos diferentes cartazes afixados pelos reivindicadores, em frente à empresa pública de diamantes, Endiama E.P.

De entre as várias reivindicações, os funcionários exigem ainda a reposição e a actualização dos valores referentes aos descontos da Segurança Social que, segundo os trabalhadores, nunca foram depositados no Instituto Nacional de Segurança Social-INSS.

O primeiro secretário sindical da Sociedade Mineira do Lucapa, Domingos Alfredo Manecas, explicou ao Novo Jornal que as reivindicações já perduram há algum tempo, mas sem sucesso, o que motivou a paralisação dos trabalhos desde Fevereiro do corrente ano.

“Há vários meses que vimos a negociar com a Endiama, mas não há entendimento. Por isso, decidimos partir para a manifestação no sentido de exigirmos a reposição da legalidade, que é o pagamento dos salários e a actualização da Segurança Social”, explicou o líder sindical.

“Temos muitos trabalhadores na idade da reforma, mas que não conseguem passar para esta fase porque a situação não está regularizada. A nossa empresa não deposita o imposto de Segurança Social e os nossos colegas vêem-se impedidos de passar para a reforma”, acentuou o sindicalista acrescentando que recorreram a várias instituições para a resolução dos seus problemas.

“Contactámos o Ministério da Geologia e Minas, a nona Comissão do Parlamento. Escrevemos para a secretária do Presidente da República para a Área Social, Rosa Pacavira, que se comprometeu em ajudar-nos, mas até aqui não há solução”, lamentou o interlocutor.

Crise mundial justifica atrasos

A crise económica que afectou o mundo em 2009, segundo os funcionários, foi apontada pelos responsáveis da empresa diamantífera como sendo o motivo para o longínquo atraso salarial.

“Eles diziam que a crise económica afectou os diamantes e que os preços tinham baixado. Por isso, decidiram depositar toda a nossa produção nalgum local até que a crise passasse para depois venderem os diamantes e nos pagarem os salários de uma só vez. Como queríamos conservar o nosso emprego, aceitámos porque acreditávamos que tudo voltaria ao normal. Agora, a crise económica passou e nós continuamos sem salários”, contaram os funcionários que já não vêem a cor do dinheiro dos seus ordenados há oito meses.

Segundo os reclamantes, a SML é fruto de uma sociedade entre a empresa Endiama, que detém 51 por cento das acções, e a Sociedade Portuguesa de Empreendimento-SPE, que controla 49 por cento, daí que exigem da parte angolana a resolução dos seus problemas.

“Temos vários problemas, como filhos fora do sistema de ensino, dívidas por pagar, famílias separadas por falta de dinheiro. Hoje somos coitados porque não sabemos o que vamos comer. Estamos a reclamar algo pelo qual já trabalhámos. Não estamos a pedir empréstimos ou adiantamentos, nem aumentos, mas sim o dinheiro do esforço empreendido ao longo destes 24 meses”, esclareceu.

Abandonados e com futuro ameaçado

Os funcionários, que se fazem representar por 10 sindicalistas da empresa oriundos do Lucapa, dizem que só deixarão o local depois de verem solucionados os seus problemas. Os trabalhadores, que revelaram ter paralisado os seus trabalhos no dia 12 de Fevereiro do ano em curso, mostraram-se igualmente agastados com as promessas incumpridas do patronato.

“Desde aquela data que temos vindo a negociar com a Endiama e não chegamos a nenhum entendimento. Dizem que vão resolver o problema, mas até aqui nada. Abandonaram-nos no Lucapa. Viemos ter com eles em Luanda e nenhum responsável quer falar connosco”, reclamaram as fontes, evidenciando que a situação que enfrentam já terá causado a morte de 12 colegas.

“O nosso futuro está ameaçado. Temos famílias, não as conseguimos sustentar. Desde Fevereiro já morreram 12 colegas nossos por motivo de doença. Agora temos que pagar os medicamentos na nossa clínica. Com que dinheiro, se não nos pagam os salários?”, questionaram-se os interlocutores.

O Novo jornal procurou ouvir alguém ligado à direcção da empresa, mas todos os nossos esforços fracassaram. Um funcionário daquela empresa, que proferiu o anonimato, revelou-nos que o PCA da Endiama, Carlos Sumbula, acompanhado de alguns responsáveis da empresa, encontrava-se ausente do país.

Diferendo opõe sócios

No primeiro semestre do ano, a Endiama accionou um processo de liquidação da SML-Sociedade Mineira do Lucapa. A iniciativa deu lugar a um diferendo com a SPE-Sociedade Portuguesa de Empreendimentos, empresa pública portuguesa, controlada pela Parpública, que considerou ilegal o procedimento da Endiama.

A decisão de dissolver a SML, vincada pela constituição simultânea de uma comissão liquidatária, foi tomada pelo CA da Endiama, que tem 51% do capital da empresa. A SPE, que tem os restantes 49%, alegou que a decisão violava as disposições legais que condicionavam a eficácia de tais actos a uma maioria qualificada do capital da empresa.

A sociedade entre a Endiama e a SPE na SML era regulada por um pacto parassocial, nos termos do qual esta era paritariamente gerida pelas partes societárias. A decisão de liquidar a SML só poderia ter sido tomada numa AG da própria empresa convocada para o efeito e na base de um acordo alargado.

Fonte: Novo jornal, Edição nº 199 - 11 de Novembro 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Igreja Adventista do Sétimo Dia de Luanda consagra cinco Pastores


A União Nordeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia consagrou esta tarde os seguintes pastores para reforçarem suas fileias: 1) Armindo Gouveia casado com Ana Fregão Meia, 2) Ernesto José de Castro casado com Delfina Figueira Goma, 3) Daniel Salomão Figueira, 4) Tomás Américo Morais e 5) Elias Jorge casado com Fecina Adão Mota.

A cerimônia ocorreu na Igreja de Vila Estoril, em Luanda, sob orientação do pastor Passmore Hachalinga com tradução do jovem Pastor José Estevão. A Igreja prepara-se para evangelizar a cidade de Luanda com a distribuição do livro "O Grande Conflito" de Ellen White edição simplificada.


A cerimônia foi abrilhantada pelos corais Ministerial, local e da Igreja de Kazenga.



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Em Angola há ou não há ditadura?

A onda de manifestações que vem se fortalecendo em Angola trouxe à tona uma palavra que poucos ousavam proferir: "Ditadura".

Os jovens universitários consideram que "existe ditadura em Angola", referindo-se ao governo de José Eduardo dos Santos, há 32 anos no poder. Ele nunca foi eleito diretamente para Presidente pelo sufrágio universal. Nas últimas eleições gelislativas foi eleito como Deputado.

O próprio presidente já saiu em defesa do seu governo. No seu discurso sobre o estado da Nação, no dia 18 de outubro, no Parlamento, ele afirmou: "Não existe ditadura em Angola". Até a presidente brasileira Dilma Rousseff saiu em defesa do governo angolano. Os governistas, em seus discursos, torcem o pano até última gota na tentativa de provarem que não há ditadura em Angola.

A Situação se complicou com a morte do líder da revolução Líbia, o Coronel Coronel Kadaffi. Na altura o Presidente dos EUA Barck Obama aproveitou a oportunidade para enviar recado aos ditadores do mundo de que poderiam ter o mesmo fim. http://is.gd/WzFpD1

Dai em diante, sempre que se entrevista alguma personalidade principalmente a estrangeira surge inevitavelmente a pergunta: "Existe ditadura em Angola?".

O Embaixador dos EUA em Angola acabou caindo na armadilha, justamente quando se noticiou que os EUA teriam uma base militar no vizinho Congo democrático. Christopher McMullen paticipava no passado dia 07 de Novembro numa conferência promovida pela Universidade Lusíada sobre a política externa dos EUA para Angola e teve que comentar o assunto. No dia seguinte os principais serviços noticiosos estamparam nas primeiras páginas "Embaixador americano rejeita classificação de Angola como ditadura" http://is.gd/zm7xGh http://is.gd/U9qsVH

Diplomaticamente, a Embaixada dos EUA em Luanda teve que divulgar uma nota onde esclarecia as declarações sobre a rejeição da Ditadura em Angola. Na nota a Embaixada devolve o problema. Na linguagem "terra-terra" a Embaixada diz que esse problema de Ditadura é levantado por vós (angolanos) e não por nós ou seja se vocês não são Ditadura por que se preocupam com isso? http://is.gd/WNqV75

Curioso é que ninguem faz essa mesma pergunta a Dilma Rousseff ou a Barack Obama se nos seus países há "Ditadura".

Será que o país é ou deixa de ser "ditadura" simplesmente pelos comentários de personalidades ou pelos atos que pratica? Se fizessem essa mesma pergunta ao meu amigo Reis ele diria que temos uma "democradura" em Angola.

Escolha da Comissão Nacional Eleitoral


Para colocar mais lenha no fogo do tão badalado assunto sobre a definição e escolha de membros que irão compor a "Comissão Nacional Eleitoral", responsável em organizar e dirgir as eleições do próximo ano, entrou em cena esta semana o Dr. Bornito de Sousa.

O Ministro da Administração anunciou que o Presidente da Comissão Nacional Eleitoral "será um Juiz eleito por Concurso Curricular Público'. A Referida Comissão deve ser Integrada por 16 elementos designados pelos Partidos com assento no Parlamento, sendo nove dos quais designados pelo MPLA e o restantante pelos outros partidos.

Ainda segundo o Dr. Bornito "o Presidente da República e chefe do executivo não indicaria seu representante nessa Comissão".

O Ministro informou que a proposta, que penso ser do Ministério da Administração do Território, já tinha sido encaminhada à Assembléia Nacional

Tenho algumas dúvidas em relação a essa proposta. Se toda a discussão gira em torno de se garantir uma Comissão Nacional Eleitoral independente, no sentido mais amplo, é possível encontrar algum Juíz, em Angola, que atenda ao requisito apresentado, sem que seja alinhando ao MPLA, partido no poder?

Considerando-se ainda que o presidente da República é o presidente do MPLA, quando o presidente do MPLA designar os nove elementos para compor essa Comissão Nacional, implicitamente não estará a indicar os seus representantes?

Esse assunto deve ser bem aprofundado para que no fim não tenhamos uma "comissão bandeira" que nem a bandeira de Angola e do MPLA onde uma é cópia da outra, só com muita atenção para se distinguir uma da outra.

Um exemplo disso, basta ver como o povo vai uniformizado em eventos da caráter nacional (não partidários), como o "11 de Novembro", isso só para não falar na recepção da Miss Universo.

Precisamos mais pensar no país e não nos partidos. Conforme foi proposto, o MPLA terá o Presidente e a maioria da Comissão Nacional Eleitoral. O mundo dá voltas, talvez seria interessante seguirmos o pensamento bíblico "não faça aos outros aquilo que não gostaria que os outros lhe fizessem".

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Trabalhadores da Endiama acampam para exigirem pagamento de salários em atraso por mais de 24 meses

Às vésperas da data de comemoração da Independência nacional, é grande o número de trabalhores da Sociedade Mineira de Lucapa que está acampado diante da Sede da Endiama, em Luanda, para exigir, entre outros, o pagamento de salários em atraso por mais de 24 meses.

Os trabalhadores já endereçaram, recentemente, uma correspondência à Direção da Empresa com a pauta de reivindicações. No entanto, a Endiama remeteu-se ao absoluto silêncio, segundo os manifestantes.

Os trabalhadores apontam inúmeras dificuldades que enfrentam que comprometem seriamente a existência deles. Está prevista para próxima segunda-feira (14) a intensifição do movimento com reforço de novos participantes.