segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fera ferida




Há pessoas que gostam dar sopa ao azar. E um deles repetiu a fórmula, recentemente. Na Rua Rainha Ginga, na baixa de Luanda, uma senhora protagonizou uma cena que mais tarde veio refletir-se no trânsito já caótico de Luanda.

A senhora que aparece nas fotos enfrente da viatura, não está lá porque a mesma apresentou algum defeito. Devia lá estar por um motivo que ela deve considerar muito justo. Ela gritava e dizia que só sairia daí se a pessoa sentada no lugar do passageiro da viatura descesse. Que vexame!

Aos poucos a cena atraiu a atenção dos curiosos e todos que em uníssono gritavam: desce, desce, desce.

Ainda há quem ache que a vida de um homem é muito fácil. C'est la vie!!

A obra do Lepi foi feita a lápis











No Lépi, não muito longe da Caála, província do Huambo, há uma obra de engenharia fantástica, que merece um registro.

Construiu-se, sobre uma passagem de água, uma barreira sobre a qual está a estrada que liga as províncias do Huambo a Benguela.

O que chama atenção é o fato de não existir nenhuma abertura através na qual escoe a água de um lado para outro.

Assim, quando chove, forma-se uma lagoa de um lado. Quando isso ocorre, recorre-se a ajuda de uma motobomba (detalhe brilhante na foto) para fazer passar a água de um lado para outro. Durante essa operação o referido trecho fica fechado ao trânsito.

Vale realçar que a obra foi feita no ano passado e durou meses, pago com dinheiro público. Não é possível que ninguém se lembrou de colocar túneis!!!
. Isso quer dizer que algum dia esse trecho será novamente fechado para a colocação dos benditos túneis...

Anarquia no transito de Luanda




Uma das princípios da física afirma que "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço".

No entanto, em Luanda nem sempre é verdade. Imaginem que dois motoristas disputem o mesmo espaço e ninguém quer se dar por vencido, qual é, então, o resultado dessa disputa?

Na marginal de Luanda a disputa terminou em empate a disputa entre dois motroristas e o resultado pode ser visto nas fotos.

Na vida, algumas vezes, é melhor saber perder para que o ganho seja maior.

Som mais baixo, por favor









Um dos sinais positivos do fim da guerra em Angola é a livre circulação de pessoas. E "dá gosto" ver autocarros (ónibus) interligando as principais cidades do nosso pobre mas rico país.

Na verdade há muitas coisas que precisam melhorar. Por exemplo, não se concebe que, em nossos dias, um autocarro que cobre a linha Luanda a Huambo, cerca de 600km, 7 horas de viagem e não possua banheiro. As cenas vistas quando o autocarro finalmente pára em algum lugar do trajeto, de pessoas que procuram satisfazer suas necessidades fisiológicas, são deprimentes, principalmente para pessoas de sexo feminino.

Mesmo assim, algumas dessas empresas procuram algum diferencial para ganharem a preferência de clientes. Um utilizam som e circuitos internos de TV. Até ai tudo bem.

O problema é que os motoristas parece que não são treinados a utilizar o volume baixo ou que, pelo menos, tinham bom gosto em selecionar músicas que agradem os mais diversos gostos (música classica, por exemplo). Isso ocorreu na viagem de ida e da volta, com diferentes motoristas.

Os nossos amigos colocam música, provavelmente, no volume máximo e música muito ritmada o que impossibilita o indivíduo ler o livro de preferência, por exemplo.

O som alto, por outro lado, faz com que as pessoas gritem quando conversam. Dessa maneira, aumenta ainda mais a entropia sonora, o que potencializa a dor de ouvido e de cabeça e incomoda os que querem descansar. Pensando mesmo bem, se for para continuar assim, melhor que sejam dispensados os referidos benditos sons.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Os governadores de Luanda (1975-2011)


Como se diz na gíria, governar a cidade de Luanda é como que participar numa “corrida de fundo com barreiras”, tal é a complexidade e a dimensão dos problemas que a urbe carrega.

Por congregar no seu seio todos os poderes de decisão do país, este aspecto tem sido encarado por alguns sectores da sociedade como a verdadeira “pedra no sapato” das figuras que foram, até agora, chamadas a governar Luanda.

Por meio alguma interferência do Governo Central, quer na adjudicação de projectos estruturantes, quer na implementação prática de algumas políticas especificamente concebidas para esta província, a verdade é que foram os governadores que acabaram por assumir o ónus da questão.

Apesar de ser um cargo muito cobiçado por membros da nomenclatura política, este posto funciona como uma “faca de dois gumes”, na medida em que dá muita visibilidade, mas também pode ser visto como a “morte anunciada”, do ponto de vista político, a julgar pelo desgaste da imagem já que a cada dia que passa crescem os problemas e as soluções, estas, tardam a surgir.

O que mais joga a desfavor dos governadores de Luanda são os interesses em jogo, o que torna difícil concilia-los, já que é aqui onde residem “os pesos pesados da política ”.

Por mais que tentam evitar, acabam sempre, os gestores da capital, por chocar com interesses estabelecidos, o que dificulta enormemente o seu exercício.

Por isso, ao cabo de 34 anos, esta província teve um total de 17 entidades que a administraram, cuja designação iniciou com a de Comissário Municipal de Luanda, mais tarde Comissário Provincial e, por último, Governador, tendo por meio sido dirigida também, em duas ocasiões, por Comissões de Gestão.

Cada uma das distintas personalidades que administrou Luanda teve o seu percurso, a sua história, a sua marca e devido a vários factores, cada um deles foi “apeado” do cargo, à medida da dimensão dos problemas vividos na época, muitos dos quais se arrastam até aos dias de hoje.

Lixo, ruas esburacadas, falta de energia eléctrica, deficiente saneamento básico, falta de água, ocupação desordenada de terrenos, delinquência juvenil, perda de valores cívicos e morais, construções José Meireles anárquicas, trânsito caótico, são os principais problemas existentes em Luanda, desde há muitos anos, cujas soluções são cada vez mais uma incerteza.

Por causa destes e de outros problemas conjunturais, reza a história que quer os comissários provinciais, quer a maioria dos governadores, tiveram pouco menos de dois anos à frente dos destinos da província.

Aqui, excepção é feita a Aníbal Rocha, que teve um mandato de cinco anos consecutivos.

O percurso Um ano após a proclamação da Independência nacional, a gestão da província de Luanda foi confiada a uma Comissão de Gestão, chefiada pelo nacionalista Agostinho Mendes de Carvalho.

O desenvolvimento do processo político angolano levou o Estado a decretar a existência de Comissariados Municipais. Luanda teve dois Comissários: Lourenço Vaz Contreiras, de 76 a 77, e Romão da Silva, de 1977 a 1980.

À medida que a organização político – administrativa avança, criam-se os Comissariados Provinciais. Luanda vê passar seis, entre eles Pedro Fortunato, Afonso VanDúnem “Mbinda”, novamente Mendes de Carvalho e Romão da Silva, depois Evaristo Domingos “Kimba” e Mariano Garcia “Puku”.

Nenhum deles durou mais de 2 anos no cadeirão mais importante da Província, aliás média temporal que ainda hoje se mantém.

Por razões que se perdem na História, Flávio Fernandes coordena mais uma Comissão de Gestão de pouca duração, sendo, de seguida, nomeados mais dois Comissários Provinciais: Cristóvão da Cunha e Luís Gonzaga Wawuty.

Passado este período histórico, criam-se os Governos Provinciais.

O primeiro Governador foi Kundy Payama (91/93), cuja experiência administrativa criou alguns anticorpos, embora fosse tido como disciplinador, frontal e às vezes “sem papas na língua”. Sentiu-se perdido numa cidade com a dimensão e os problemas de Luanda.

Seguiu-se Rui de Carvalho (93/94), exradialista que projectou o slogan:”Vamos Salvar Luanda”.

Tentou reunir as boas vontades da sociedade civil para o fazer, mas não teve o tempo suficiente para implementar o seu programa.

De 94 a 97, entra em cena Justino Fernandes. Demora no posto, como o está a fazer na FAF, mas sem resultados palpáveis. Prometeu transformar a Avenida 4 de Fevereiro numa das melhores marginais do Mundo, assim como a Zona Verde do Alvalade.

De lá para cá, a intenção não passou mesmo disso.

Segue-se Aníbal Rocha, também ex-jornalista e funcionário público, que fica conhecido e amado pela população e colaboradores pela edificação das passagens superiores e inferiores na Baixa de Luanda.

Manteve-se no posto de 97 a 2002.

Um recorde. Ainda há quem sinta saudades da sua gestão e, principalmente, da sua maneira de lidar com os munícipes.

Após a sua saída, assume o cargo Simão Paulo, de triste memória.

Saído da EDEL, este engenheiro não conseguiu dar energia eléctrica aos citadinos. Ficou na “boca do povo” devido a um famoso episódio de viollênca doméstica, entretanto tornado público, que lhe valeu a alcunha de Simão Pauladas. Tentou resolver o problema da zona da Gajajeira, um ruidoso e desorganizado mercado de rua (“Arreiou arreiou”) mas o tiro saiu-lhe pela culatra, Foi exonerado pelo Presidente da República com um violento “puxão de orelhas” público. Nessa altura a cidade estava afundada em toneladas de lixo e as ocupações anárquicas tinham começado a ganhar corpo.

“Inventa” o Zango, mas a qualidade das obras e a política de exclusão social cria grandes conflitos. Chegou a ser confrontado pelos moradores em diversas ocasiões.

Para remediar a situação, embora sem o conseguir, cria-se mais uma Comissão de Gestão coordenada por Higino Carneiro, o também conhecido general “4x4 ou Todo-Terreno”, integrada por António VanDúnem, e Job Capapinha, o menos mediático e, ao que se dizia, também o menos qualificado dos três, mas que viria a assumir os destinos de Luanda de 2005 a 2008.

Tido como comunicador, ágil a lidar com as massas, Job Capapinha levou um passivo ao GPL, ao ser acusado de ter “vendido todos os terrenos do bairro do Golfe”. O seu consulado ficou marcado pelo esbanjamento de dinheiros públicos sem as convincentes explicações. Afundam-se a Elisal e a Encib e criam-se empresas, como cogumelos, para “tapar os furos” existentes. Capapinha foi ruidosamente apupado em plena Cidadela, na final do Campeonato Africano de Andebol,na presença do Chefe de Estado. Daí à a sua exoneração foi um passo.

Nessa altura entra em cena Francisca do Espírito Santo como vice Governadora para a Área Social, depois assume interinamente a função de Governadora e finalmente é nomeada efectiva em 2008, mantendo-se no posto até finais de 2010.

No cômputo geral, “Tia Chica”, como também é conhecida, foi a “habitante”do edifício sede do GPL que mais tempo demorou, a julgar pelo seu percurso.

Agastado com o rumo negativo que Luanda ia tomando nos últimos tempos, o Presidente da República foi dando sinais de que pretendia mudar a governação da capital, através de diversos discursos públicos. A entrega da gestão das novas centralidades à Sonangol foi um dos muitos avisos feitos pelo PR à navegação.

Em 2010 é substituída por José Maria dos Santos, que retirado das “terras do fim do mundo” (Kuando Kubango, onde foi vice-governador), começou logo por evocar o nome de Deus como seu guia, sua fonte de iluminação para resolver os problemas de Luanda.

Todas as semanas efectua visitas-surpresa de campo, o que está a agradar a alguns círculos. Dizem que José Maria dos Santos entrou a “sprintar” e todos estão de olhos nele para ver se chega ao fim da corrida.

Fonte http://www.opais.net/pt/opais/?id=1929&det=18710

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bactéria encontrada no queijo pode causar doença cardíaca



Contaminação alimentar: as cepas têm uma incapacidade incomum de se desenvolver em baixas temperaturas e podem infestar queijos e alimentos congelados (Creatas Images/Thinkstock)

Variedades da bactéria Listeria monocytogenes, bacilo normalmente encontrado no queijo e em comidas prontas e conhecido por causar infecções alimentares, podem causar doenças cardíacas. De acordo com estudo realizado por três universidades americanas e publicado no periódico Journal of Medical Microbiology, as diversas variedades de bactérias do gênero listeria, encontrada nesses alimentos, são mais prejudiciais às pessoas com problemas cardíacos pré-existentes ou àquelas que tiveram válvulas cardíacas substituídas.

Segundo os pesquisadores, ratos que ingeriram comida contaminada e foram infestados por essas variedades tinham uma concentração até 15% maior das bactérias no coração. Com uma capacidade incomum de se desenvolver em temperaturas baixas, o bacilo pode ser encontrado em queijos, alimentos congelados, vegetais crus, peixes, saladas e em leite não-pasteurizado. Normalmente, ele vive de maneira inofensiva no intestino de pelo menos 5% das pessoas consideradas saudáveis

>>Para ler o artigo completo, aqui

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/bacteria-encontrada-no-queijo-pode-causar-doenca-cardiaca

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A África está doente

Os manifestantes, mortos na cidade de Suez, deram entrada já sem vida no hospital. Fonte médica citada pela Reuters referiu que terão sucumbido aos disparos de balas de borracha, mas outros informadores referiram que a causa não era ainda clara.

O polícia morreu na Praça Tahrir, no centro do Cairo, onde milhares de egícpios reclamaram o afastamento de Mubarak.

As mortes culminaram uma jornada em que milhares de egípcios desafiaram as autoridades e protestaram contra o Governo do Cairo, num “dia de irainspirado pela revolta na Tunísia, que forçou a saída do Presidente Ben Ali. Para além dos protestos na capital e em Suez há também notícia de manifestações em Alexandria.

A jornalista Lauren Bohn relatou confrontos na manifestação do Cairo. “Acabei de ser derrubada”, disse no Twitter, reproduzido na página de "updates" do diário britânico "The Guardian".

“Cenas extraordinárias no Cairo enquanto milhares e milhares marcham com aparente liberdade depois de anos e anos a verem cada protesto anti-governamental imediatamente reprimido pela polícia”, relata Jack Shenker, jornalista do "The Guardian". “A polícia anti-motim segue atrás mas parece não estar certa do que fazer”, comentou: “três manifestações estão a ir agora para partes diferentes da capital, todas romperam cordões policiais, mas parece haver pouca coordenação sobre o que fazer a seguir.”

Cerca de 15 mil pessoas saíram para a rua em várias zonas do Cairo, adiantou a AFP com base em informações dos serviços de segurança. Ao cair da tarde, centenas de pessoas continuavam na Praça Tahrir, uma das principais da capital, perto do Museu Egípcio.

Os manifestantes mantiveram a atitude de desafio apesar de alguns terem já sido agredidos pela polícia, e cantavam slogans incitando os polícias, a maioria dos quais muito jovens, a juntarem-se ao protesto. Algumas pessoas agredidas tinham as faces cobertas de sangue, descreveu ainda o jornalista do "The Guardian", que conseguiu por pouco escapar a uma carga policial. Foram usados canhões de água e gás lacrimogéneo.

Abaixo, abaixo, abaixo Hosni Mubarak”, cantavam os manifestantes em frente a um complexo judicial no centro da capital, rodeados por um cordão policial. O Presidente Mubarak lidera o Egipto há 29 anos. "Basta", diziam outros. "Muadança", pediam.

As autoridades estavam a impor segurança apertada na capital com 20 a 30 mil agentes deslocados pelo Cairo para evitar que os protestos ganhassem grande dimensão.

Gamal, diz ao teu pai que os egípcios o odeiam”, gritaram ainda alguns manifestantes, dirigindo-se ao filho de Mubarak que se espera que seja o candidato do partido no poder nas eleições de Setembro deste ano.

Enquanto isso, os EUA pediram contenção. Questionada sobre a situação no Egipto, a secretária de Estado Hillary Clinton começou por dizer que Washington apoia “o direito de expressão fundamental e de reunião para toda a gente”, pedindo então “contenção” a todos os envolvidos. Mas acrescentou: “A nossa avaliação é de que o Governo egípcio está estável e a procurar meios de responder às necessidades e interesses legítimos do povo egípcio.”
O Egipto é um pilar de estabilidade na região e o segundo país a receber mais verbas dos EUA.

O Governo egípcio entretanto culpou a Irmandade Muçulmana, movimento islamista na oposição que é banido mas tolerado, pelos protestos.

No Egipto, as críticas ao regime têm vindo sobretudo de activistas on-line, que marcaram a manifestação para um feriado em honra da polícia. As manifestações de hoje, num “dia de revolta contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego”, serão o teste para ver se o activismo consegue passar dos chats e blogues para as ruas.

O país viu ainda recentemente uma série de imolações semelhantes à que despertou a revolta tunisina.

Fonte: http://digital.publico.pt/Mundo/dois-mortos-em-manifestacoes-antimubarak-no-egipto_1477003

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Consumo excessivo preocupa cervejeiras


Por António Paulo

O elevado consumo de álcool por parte dos consumidores tem preocupado também algumas empresas produtoras de bebidas alcoólicas. A Coca-cola Bottling e a empresa de Cervejas N’gola, subsidiárias do Grupo SABMILLER, discutiram esta semana, em Luanda, num seminário, os modos de actuação para a redução do consumo excessivo de álcool.

Sob o lema “O Consumo Responsável de Bebidas Alcoólicas”, o seminário visou dotar os participantes de ferramentas que desestimulem o consumo desmedido de bebidas alcoólicas.

Para o administrador executivo do grupo SABMILLER, Manuel Sumbula, o consumo exacerbado de bebidas alcoólicas tem sido observado mundialmente como um problema de saúde pública e social. “Daí que nós, como empresas do ramo de cervejas, devemos dar o nosso contributo, incentivando o consumo responsável da bebida”, disse o interlocutor,

“Este – continuou - é um seminário alargado que visa alertar cada um dos nossos trabalhadores, e não só, sobre o consumo responsável e pretendemos ajudar o governo a adoptar medidas que ajudem na redução do excessivo consumo do álcool”, acrescentou Manuel Sumbula.

O director executivo chamou igualmente a atenção de toda a sociedade e dos pais, em particular, no sentido de reverem os seus métodos e condutas, que tendem a influenciar ou estimular os filhos para o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Manuel Sumbula reprovou, igualmente, a atitude de alguns pais que persistem em mandar os filhos comprar bebidas alcoólicas, o que no seu entender motiva as crianças a enveredarem cedo pelo consumo do álcool.

“Se notarmos, a maior parte da juventude angolana consome álcool e muitos deles consomem pelo facto de serem os próprios pais a mandarem os filhos comprar, o que não está certo. Trata-se de uma questão de consciência e educação. Se os pais tiverem rigor e moderação no consumo, as coisas mudam”, acautelou Sumbula, para quem o seminário visou igualmente chamar a atenção dos seus distribuidores e retalhistas, a fim de aplicarem restrições na venda do produto a menores de idade.

Para o interlocutor, a sua empresa não está apenas preocupada com os lucros, mas também com o bem estar dos cidadãos. Contudo, o aumento da oferta do produto ou o baixo preço das bebidas, não são, no seu entender, os responsáveis pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. “Tudo deve ser feito com moderação”, concluiu.

Já Angelino Sarrote, porta-voz da Polícia Nacional de Viação e Trânsito, considerou o aumento da oferta como uma das causas para o aumento do consumo excessivo e abuso do álcool. Mas, por outro lado, considerou o evento de positivo, uma vez que, visou alertar sobre os perigos do excessivo consumo de álcool” que, na sua óptica, se tem repercutido na condução automóvel.

É nas estradas que podemos identificar aqueles que provocaram acidentes porque ousaram e abusaram do álcool”, disse o também participante do evento, explicando que, somente no ano passado, 30 por cento dos acidentes esteve associado ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

No seminário, dirigido aos trabalhadores da companhia, estiveram igualmente presentes, representantes dos ministérios da Família e Promoção da Mulher, da Saúde e do Comércio, do INADEC, da Polícia Nacional, entre outras instituições.

Novo Jornal, 21 Janeiro 2011

O Humorista brasileiro Tom Calvacante em Luanda

O Humorista brasileiro Tom Calvacante se apresenta no dia 29 de Janeiro pavilhão da
Cidadela desportiva, emn Luanda, Angola.

Tom Calvacante(Antônio José Rodrigues Cavalcante, natural de Fortaleza, 08/03/1962) é um dos mais criativos humoristas brasileiros, com sátiras e tiradas de humor em vários quadrantes sociais. Atualmente tem um dos programas mais vistos na Rede Record "o show do Tom".

Fazer sátira e humor sobre Lula ou Dilma ou políticos brasileiros é infinitamente fácil e até engraçado. Em Angola, muito provavelmente, fará sátira de bêbados, que é um dos temas mais preferido de Tom (o João Canabrava).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Se beber e bater, não fuja




A cada dia que passa novas fábricas de bebidas são inauguradas em Angola. A última foi no Huambo.

No entanto, os dados policiais mostram que os acidentes aumentam proporcionalmente com com disponibilidade da bebida. Neste momento Angola ocupa um preocupante honroso terceiro lugar nos acidentes de viação e o álcool é cúmplice da sinistralidade conforme afirmou o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário geral Ambrósio de Lemos, quando participava num encontro sobre a sinistralidade rodoviária em Angola em finais de Novembro de 2010.

Só para se ter uma idéia, na penúltima quadra festiva 47 pessoas morreram e 251 feridos em consequência de 329 acidentes. Entre os dias 24 a 26 de Dezembo a polícia de trânsito registrou 114 acidentes. Já entre os dias 31 de dezembro a 4 de janeiro ocorreram 215 acidentes.

Nos primeiros 10 meses do ano de 2010 foram registrados mais de 14 mil acidentes (não entram nas estatísticas aqueles cujos os motoristas chegaram a um acordo) ocasionando a morte de 2500 pessoas.

O caso está a tomar situações alarmantes. As cervejeiras, pelos vistos, se uniram para sensibilizarem a seus melhores clientes. Será que isso surtirá algum efeito?



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domingo, 16 de janeiro de 2011

Melão de 100 dólares em Luanda (Angola)


Por Sousa Jamba
Semanário angolense Edição 399 · ANO VII,
Sábado, 15 de Janeiro de 2011.


Recebi recentemente um correio electrónico de um habitante de Luanda que afirma ter ficado escandalizado quando visitou uma loja chamada «Casa dos Frescos», onde um melão estava à venda por 104 dólares americanos. Há dois aspectos da vida urbana luandense que me deprime: os preços elevadíssimos e a falta de disciplina dos motoristas. Em Luanda, os peões não são respeitados.

Voltemos, porém, à questão dos preços. O instinto de muitas pessoas, em situações dessas, é apontar o dedo ao comerciante e, às vezes, pelo facto dele não ser nativo, cair numa certa xenofobia. A verdade é que se vende melões por cem dólares cada em Luanda porque há gente que esta pronta a pagar tal preço. Já estive num local em Luanda onde se pagava vinte dólares americanos por um copo de kisangwa: e esta kisangwa não era importada nem da Mongólia ou Patagónia. O facto é que havia gente pronta a pagar aquele preço por algo que deveria, certamente, custar muito menos.

Os preços absurdamente altos nas capitais africanas são frequentemente atribuídos à falta de produção interna e uma circulação elevada de moeda forte em sectores da elite dominante. Mas há, também, os gostos das elites. Para esta elite, consumir o que é importado dá status. No Gabão, até recentemente, houve também o fenómeno das frutas serem caríssimas porque eram importadas do estrangeiro – sobretudo da França. Houve vezes que Libreville, a capital gabonesa, figurou na lista de cidades mais caras do mundo. Na Costa do Marfim, ao tempo das vacas gordas de Houphouet Boigny, até o pão para as elites vinha directamente de Paris.

É que existe a noção, em certos sectores das elites africanas, de que o que vem do estrangeiro, sobretudo da Europa, deve ser bom. Há quatro anos atrás, em Kinshasa, na área do Ngombe, fiquei altamente surpreendido ao ver que uma galinha congelada custava vinte e cinco dólares americanos. A galinha, soube logo, tinha sido importada do Brasil. Na altura, notei que havia jovens sentados, felizes da vida, a beberem cerveja skol, enquanto escutavam a música de Fally Ipupa.

Luanda é hoje um dos centros urbanos com uma densidade populacional elevadíssima. Este é também o caso de Lagos e Nairobi, por exemplo. Muita gente sai do campo e instala-se nas áreas urbanas à espera de um melhoramento na sua vida. Em muitos casos, isto acontece porque o dinheiro está concentrado numa determinada região geográfica. Dizem-me que durante a última festa do natal, por exemplo, havia produtos importados da Noruega que poderiam ter sido produzidos em Angola.

A produção agrícola de um país não melhora apenas com investimento de fundos e infra-estruturas. Precisa-se, também, de uma mudança profunda na forma como os cidadãos se relacionam com a terra. Um dos efeitos da urbanização é um certo distanciamento dos cidadãos com a terra. Já se notou, por várias vezes, que uma das fraquezas do sistema educacional de vários países africanos é o menosprezo que se dá ao trabalho manual; toda a gente aspira estar em escritórios com papéis e canetas. Muitas pessoas perdem o interesse pela natureza e ate pelo solo.

Em muitas sociedades, as populações seguem as elites. As fotos dos casamentos que vemos no Facebook ou no Youtube demonstram que muitos angolanos querem imitar as cerimónias das figuras que aparecem nas revistas da alta sociedade. Imaginemos, por exemplo, que a elite angolana aspire agora, não a fazer compras do Brasil, mas a passar férias no campo. Na África do Sul, por exemplo, há muitas estâncias rurais onde as pessoas podem ir relaxar e apreciar a natureza. Muitos jovens angolanos das áreas urbanas não conhecem as árvores do interior ou mesmo as maravilhas da terra – formigueiros, cogumelos, etc. Agora que a guerra acabou, as pessoas deveriam ser encorajadas a irem passar férias no interior. Eu adoro as matas do planalto central e gosto das várias frutas que lá se encontram – lohengo, oloncha, akunlakunla, etc. Será que alguém está a pensar como é que essas frutas poderiam ser cultivadas a uma escala elevada?

Sempre que vou para Angola passo algum tempo na chitaka da minha família no Katchilengue, apreciando as várias plantações. Como angolanos, teremos que saber exactamente que o Uíge produz café de qualidade. Seria tão bom se nos próximos anos um empresário angolano fosse a criar o equivalente ao «starbucks», onde os angolanos iriam para beber e celebrar o café angolano. Dizem-me que na Huíla há regiões que produzem uvas de qualidade. Seria bom se alguém estivesse a sonhar em produzir um dia vinho que competisse com os da África do Sul ou mesmo do Chile.

Além dos cidadãos passarem a ter um imenso interesse na terra, a agricultura nacional só avançará se houver também um interesse aprofundando na comida. Debates à volta de produtos alimentares (a mandioca afinal tem ou não tem qualquer valor nutricional?) tem mesmo que ser apresentados aos populares. Mais atenção na terra levaria, também, a um certo interesse nas medicinas tradicionais: muitos mais velhos no interior conhecem produtos medicinais de muito valor. Ligado a este debate, haveria mesmo, também, a questão da segurança nutricional. Será, por exemplo, que em certas partes do Cuando Cubango só o sorgo, que sobrevive mesmo na falta de água, é que pode ser cultivado? Depois os cidadãos deverão, também, ter uma noção exacta dos terrenos que são utilizados para a produção de bens para a exportação – como o algodão. A prioridade tem que ser uma produção que satisfaça as necessidades da nação.

A importação de comida é uma prática que, a longo prazo, pode ter efeitos altamente nefastos para uma sociedade. Como se diz, vale mais ser ensinado a pescar do que ter ofertas de peixe. A renascença da agricultura em Angola, como já disse, teria, também, que ser ligada a um turismo rural por partes das elites: esses cem dólares que são regularmente gastos na compra de melancias importadas, deveriam ir para o campo. Mas alguém teria, por exemplo, que garantir a presença de boas pensões e outras facilidades no interior. Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, há fazendas onde famílias inteiras podem colher alimentos; isto está a resultar em debates sérios sobre, por exemplo, o uso da biotecnologia e genética no tratamento de sementes. ■

Atenção: Melão de "Ouro" leva Casa dos frescos a Tribunal.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pra cima Angola


Letra e Música de João Alexandre
Arr. Jader Santos

Título:
Pra cima Brasil

Como será o futuro do nosso país?
Surge a pergunta no olhar e na alma do povo
cada vez mais cresce a fome nas ruas, nos morros
Cada vez mais menos dinheiro para sobreviver
Onde andará a justiça outrora perdida?
Some a resposta na voz e na vez de quem manda
Homens com tanto poder e nenhum coração
Gente que compra e vende a moral da nação
Brasil, olha para cima
Existe uma chance de ser novamente feliz
Brasil, há uma esperança
Volve teus olhos pra Deus, justo juiz.