Hoje, 11 de Novembro de 2010, Angola comemora 35 anos de sua independência de Portugal. Há perdas e ganhos a serem registrados. A Equipe de Futebol do Benfica de Portugal levou uma parte significativa do bolo: dois milhões de dólares pelo jogo "em comemoração" a efeméride, contra a fraca seleção Nacional (2x0). A maior perda, sem dúvida, é o fato de muitos angolanos não se reverem nos símbolos nacionais e o atual governo nada faz em reverter essa situação.
Ao fazer uma pequena pesquisa descobri algumas curiosidades que, por diversas razões, ainda não são ou são pouco divulgadas.
O Brasil é conhecido como sendo o primeiro país a reconhecer a indepedência de Angola. Isso não agradou a muitos nacionalistas. Muitos estão a ¨engolir seco¨ esse fato. A explicação é a seguinte:
O Congo Brazzaville deu apoio aos guerrilheiros do MPLA desde 1963. Como agradecimento, constava no programa do MPLA que ao proclamar-se a Indepedência, em Luanda, a manifestação do representante do governo congolês se desse depois do discurso de Agostinho Neto, o que faria desse país o primeiro a reconhecer oficialmente Angola.
Começou a cerimônia. Agostinho Neto "proclamou solenemente perante a África e o mundo a Indepedência de Angola". Assim que terminou, esperou-se pela intervenção do representante do governo Congolês. Esse, por sua vez, estava a espera do interprete. Naqueles ¨40 segundo¨ de silêncio, o representante do governo Brasileiro levantou-se, foi até os microfones e declarou o reconhecimento de seu país (esse não precisava intérprete). Vale lembar que o Brasil na época era dirigido por militares anti-comunistas e Angola de Agostinho Neto nasceu sob "o olhar silencioso" de Marx e Lenine. Isso deixou decepcionaou a muitos, mas não havia como se corrigir essa situação. Por isso que os Nacionalistas históricos dificilmente enfatizam o fato do Brasil ser o primeiro país a reconhecer Angola.
Segunda curiosidade. Na época da independência os três movimentos de libertação (MPLA, FNLA e UNITA) encontravam-se em confronto armado. O país estava dividido. As forças militares de cada movimento ocupava uma determinada parte do territóro Nacional. Tudo estava pronto para que o movimento que proclamasse a Independência em Luanda a 11 de Novembro de 1975 receberia as "chaves de Angola". Às vésperas dessa data as tropas que apoiavam a FNLA estavam a escassos quilômetros de Luanda. Reinava temor no seio do MPLA que até "zero horas" Luanda pudesse cair nas mãos da FNLA.
Então criou-se o plano "B". Escolheu-se a cidade de Saurimo para o MPLA proclamar a Independência. Um avião estava preparado no aeroporto Internacional "4 de Fevereiro" para levar Neto e os representantes de governos estrangeiros. A aeronave só não saiu devido a "teimosia" de Neto, que insistiu que a roclamação se desse mesmo em Luanda, no largo hoje conhecido como" Primeiro de Maio".
Vale lembrar que em Angola ocorreram três proclamações. O MPLA em Luanda, UNITA no Huambo e a FNLA no Ambriz. Prevaleceu a proclamção do MPLA, feita por Neto. A Nova Democracia precisa saber disso. Ou seja, todos angolanos participaram de uma ou de outra forma numa dessas proclamações.
Terceira Curiosidade: os países oportunistas enviaram representantes, para além de Luanda também a Huambo e Uige. A idéia é arriscar e ver qual dos lados sairia vencedor. Gostaria muito saber quais foram os países que reconheceram a Independência de Angola do lado da UNITA e FNLA...
Quarta curiosidade. O 11 de novembro, diferentemente dos símbolos nacionais, elemento importante em unificar um povo (bandeira principalmente, que é uma réplica da do MPLA) é uma unanimidade dos angolanos, ou seja, todos angolanos nos revemos nesta data.
Finalmente, são pais de independência de Angola: Holden Roberto, Jonas Savimbi e Agostinho Neto (normalmente muitos preferem aceitar um ou dois deles. Tudo depende da orientação ou preferência política de cada um).
1 comentários:
Meu caro, uma pequena achega. Nenhum país reconheceu a Rep. Democrática de Angola (ou Rep. Dem Socialista de Angola - ainda há uma terceira com outra designação mas que prefiro não indicar até porque parece-me que foi um corrruptela desta última com laivos racistas) assumida pela UNITA e FNLA dado que a maioria era Ocidental e Portugal não reconheceu, de imediato, nenuma e os países africanos mais próximos de Savimbi e holden preferiram aguardar pela OUA.
A RDAngola acabou por desmembrar e desaparecer em princípios de 1976.
Abraços
Eugénio Almeida
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