terça-feira, 25 de maio de 2010

Angolanização leva BP a tribunal


Por Miguel Gomes

A British Petroleum (BP), ou, mais concretamente, a sua subsidiária em Angola, a BP Angola, está a passar por uma reformulação interna. José Patrício, que até há bem pouco tempo assumia a direcção da empresa no país saiu da petrolífera, mas antes disso, alguns quadros angolanos já o tinham feito também.

Apesar de serem casos distintos, uma linha de força acompanhou o contexto: a forma como a BP olha para os trabalhadores angolanos.Na sequência destas movimentações,um dos descontentes entendeu que o seu caso deveria ser decidido pelo tribunal. O caso está agora em vias de ser julgado na 2ª secção do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), na Sala do Trabalho. Houve pelo menos uma tentativa de conciliação, mas que não deu qualquer resultado prático. O julgamento deverá mesmo ser o próximo passo.

Mário Cumandala, natural de Longonjo, província do Humabo, viveu, ao todo, cerca de 20 anos fora do país. Primeiro em Londres, onde se formou em Economia e onde residiu cerca de 15 anos. Mais tarde decidiu fazer um mestrado em Administração de Empresas nos Estados Unidos da América, onde se estabeleceu por cinco anos.

Foi ali, nos EUA, que recebeu uma proposta da companhia petrolífera para se juntar aos projectos que estam a ser desenvolvidos no nosso país. A 1 de Fevereiro de 2004 entrou em vigor um contrato entre as partes (com um período de experiência de 6 meses), que o Novo Jornal consultou, e Cumandala passava a responder pelo cargo de Analista Comercial. O salário “bruto” era de 3500 dólares por mês.

No decurso do processo o trabalhador em causa abandonou a empresa onde exercia a sua actividade nos EUA, a Fannie Mae.

Ao contrário do que inicialmente previa, acabou por ser deslocado para Londres, em princípio por três anos, mas onde apenas ficou dois anos e meio. No final deste período foi então finalmente colocado em Luanda.

E foi aqui que começaram os problemas entre a entidade patronal e o trabalhador. Por não ter casa em Luanda, e como é normal nestes processos (sobretudo para os expatriados), foi-lhe permitido residir na casa de passagem da BP Angola. Cumandala tem mulher (de nacionalidade estrangeira) e filhos. Só que, apenas pelo facto de ali ter permanecido uma semana a mais do que os 30 dias inicialmente estabelecidos, foi-lhe enviada uma “carta de insubordinação”.

Entretanto e como é do conhecimento público, as empresas petrolíferas e outras que actuam noutros sectores da economia desenvolvem programas de avaliação dos seus trabalhadores. E esta avaliação serve, entre outras, para definir se determinada pessoa cumpriu os seus deveres, mas também para premiar (em termos de promoções e melhorias salariais ou outras) aqueles que melhor desempenho demonstraram.

Ao longo dos cinco anos que Cumandala trabalhou na BP (de 2004 a 2009), nunca recebeu nenhuma advertência ou sinal de que não estaria a cumprir com aquilo que teria ficado estabelecido no contrato de trabalho. O facto de ter passado o período experimental de 6 meses e de ter assinado um contrato sem termo definido atesta esta realidade. Cumandala era “efectivo” na BP, segundo a Lei Geral do Trabalho.

Porém, os relatórios de progresso (ou avaliação anual de desempenho) foram reiteradamente classificados como “abaixo da performance”. E era esta a justificação para não ser aumentado ou promovido dentro da hierarquia da BP Angola, quando alegadamente colegas seus tinham visto os salários duplicados.

Em 2008, outra situação estranha se passou. Ao cruzar-se com o antigo responsável pelos Recursos Humanos da empresa, Paulo Pizarro, num centro comercial de Luanda, este terá lhe confidenciado “enquanto amigo” que a chefia da BP não o queria na empresa e que o melhor seria aceitar uma indemnização.

Dias após o encontro fortuito, mais precisamente a 21 de Dezembro de 2008, Pizarro informou Mário Cumandala, de forma não oficial, que este seria colocado no Programa de Melhoramento Profissional (PIP, na sigla em inglês). Cumandala considerou esta situação como “um atestado de incompetência”. Para além deste facto, também não foi admitido no programa de compra de casa própria desenvolvido para BP Angola por a empresa não ter passado a “carta de garantia” exigida pelo banco.

Todos estes episódios levaram Mário Cumandala a sentir-se “injustiçado, discriminado e marginalizado” e agora exige uma indemnização por conflito individual de trabalho. Por não terem sido atendidas as suas expectativas, pede agora o pagamento de 20 mil dólares, o pagamento de todos os salários não auferidos até à data da futura sentença e uma indemnização de 270 mil dólares a título de danos materiais e danos morais. O TPL tem a palavra final.


O que diz a petrolífera


A empresa petrolífera de origem inglesa rejeita qualquer “conduta intencional no sentido de levar” Mário Cumandala a abandonar a companhia, segundo carta que o Novo Jornal teve acesso. Alegam ainda que todas as divergências foram causadas “pelo trabalhador em causa”, ao não atender à acções de formação que lhe foram proporcionadas e por ter desrespeitado ordens superiores.

Acusa ainda Cumandala de se ter reiteradamente ausentado do serviço (o visado alega que a sua situação de saúde era precária, na sequência dos acontecimentos citados) e que rejeitou por diversas vezes justificar a sua ausência e a realizar exames médicos. Consideram também que o trabalhador teve uma conduta “reiterada e intencional” no sentido de levar a BP a instruir o processo de abandono de trabalho. Por esta e outras razões descritas na referida missiva, a BP recusa qualquer “justa causa” para a rescisão de contrato

O Novo Jornal questionou ainda, de forma directa a actual direcção no que diz respeito a este caso. Quanto às acusações de descriminação, a empresa lembra que “qualquer forma de discriminação representa uma violação grave do seu Código de Conduta, e dos seus princípios fundamentais de diversidade e inclusão, aplicados em qualquer parte do mundo onde a BP está presente. A BP tem mecanismos internos e confidenciais para permitir aos seus trabalhadores denunciarem situações de discriminação ou exclusão, que são rigorosamente investigadas e tomadas as medidas necessárias”.

Relativamente à saída contínua de quadros angolanos, facto que se tem vindo a verificar recentemente, a BP assume que “é verdade que alguns quadros Angolanos preferem deixar a BP, em busca de outras oportunidades dentro ou fora da indústria petrolífera e é um processo que não afecta apenas a BP mas sim qualquer empregador em Angola”.

Fonte: Novo Jornal, 21 Maio 2010 p.05

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Seleção de futebol perde para o México



A Seleção angolana, que ocupa 85ª posição no Ranking da FIFA com 390 pontos, perdeu para a sua congênere do México, México é 17º colocado com 936, por uma bola a zero (1x0), em jogo disputado nesta madrugada (2h), no Reliant Stadium, em Houston, estado do Texas (EUA.

O jogo mais interessava ao México que se prepara para participar da Copa do mundo da África do Sul.

No primeiro tempo as duas seleções não sairam do empate.

O jogo mais parecia aquela "pelada" de várzeas, com baixo/médio nível técnico. Próximo do fim do segundo tempo Angola tentou mudar o rítmo do jogo que surtiu efeitos imediatos dando mais velocidade e toque rápido.

Aos 35 minutos de segundo tempo Angola teve chance para marcar. Outras oportunidades apareceram aos 38, 40 e 43 minutos. Pelo que as duas seleções mostraram, o resultado justo deveria ser o empate.

Foto de arquivo.

domingo, 9 de maio de 2010

O dias das mães em Angola


É muito complicado comemorar o dias das mães em Angola. O motivo é simples: Os Católicos comemoram no primeiro domingo do mês de maio e os evangélicos no segundo domingo de maio.

Nessa confusão toda, o indívíduo precisa saber a denominação a que a mãe pertence para desejar o "Feliz dias das mães". Na dúvida, as pessoas se calam. Ou seja,dias das mães em Angola acaba sendo um dia morto, sem muito relevo social.

O Brasil resolveu bem o problema. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data do segundo domingo e em 1947 o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Jaime de Barros Câmara determinou que essa data fizesse parte do calendário oficial Católico.

Portugal, via de regra, o dia das mães é comemorado no primeiro domingo de maio. Há paises que comemoram o dias das mães em março (Georgia), Abril (Grécia), Maio (México), Agosto (Tailândia), Dezembro (Panama) e outros têm datas variáveis.

Seja no primeiro, segundo ou nenhum dos dois, aqui ficam meus votos de gratidão e felicidades a todas mães que são os alicerces de nossa sociedade. Não é fácil criar uma criança, principalmente nesta época de duplas jornadas das mães. Na prática, mãe não tem um dia específico. Todo dia é dia de mãe.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Surgem barcos para minimizar efeitos de engarrafamentos de Luanda


O velho ditado, que já congestionou os ouvidos de muitos, diz que “aquele que tem gato, caça com rato”.

Já se tentou até uma solução aérea, mas o problema de engarrafamentos que ocorrem em Luanda levou a uma empresa a apresentar uma solução para dar inveja à cidade de Veneza.

A "FST Fast Sea Transport Angola" alinhou 6 barcos com capacidade para 24 passageiros. O trajeto escolhido vai desde o Porto Futungo, passando pelo Porto Capasoco e terminando no Porto Cais 4.

A primeira saída do Porto Futungo prevista às 6h e chegando à baia de Luanda às 6h35. Os preços variam entre USD 20 a USD 28 dólares para cada trajeto. O valor mensal das passagens pode chegar a USD 1.400 dólares. Portanto, essa não é uma solução salomônica, mas uma que visa atender aos Executivos. A solução para se resolver os engarrafamentos, como sugere a solução, é que todos se transformassem em "executivos". Na verdade a solução é parcial, porque não haverá como se evitar os engarrafamento entre o Porto e local de trabalho.

Ref. http://www.fstangola.com

Um desafio aos nossos jovens na diáspora - Celso Malavoloneke


Por Celso Malavoloneke

Em jeito de carta aberta

Caro Zé Gama;

Distinguiste-me mais uma vez com a honra de publicares uma intervenção minha neste espaço extraordinário do debate plural apenas apanágio de homens livres. Desta vez, o texto de apresentação do livro do Adebayo Vunge “A Credibilidade da Media em Angola”.


Fico sempre curioso quando algo meu é publicado neste espaço que, para mim, representa a escola da pluralidade, democracia, crítica e análise que os estudantes de Angola no exterior (e não só) esforçam-se por dar ao Mundo. Porque o espaço cibernético é agora o tal jango da aldeia global – e algum adepto do tuguismo logo dirá que estou usando “linguagem popular” – sinto-me orgulhoso dos meus jovens conterrâneos quando os vejo esgrimir argumentos com elevação, acutilância, inteligência e respeito pela pluralidade. Da mesma maneira, sigo com respeito e admiração aqueles que assumem a coragem de expôr o seu pensamento através de escritos; que assim demonstram a humildade dos construtores do progresso quando submetem-se à crítica dos seus concidadãos, como é o caso do Feliciano Cangue, Nelo de Carvalho, Paulinha da Costa e tantos outros que perdoem-me não me lembrar agora. Penso comigo nestas alturas que o País está bem entregue e, o seu futuro será certamente melhor que o presente com jovens deste calibre. Que respeitam-se e respeitam os outros, mesmo – e talvez por isso – por serem diferentes.

Por isso surpreendeu-me – pela negativa – o nível de debate que suscitou o texto. Não porque alguns achem que o estilo jornalístico do Adebayo não é o que mais apreciam. Isso é normal. Nem porque achem que o jornalismo angolano enferma de muitas debilidades. Também concordo. Mas sim porque atacam o Adebayo por ter escrito um livro – por acaso a sua Monografia de Licenciatura – que eu achei um bom contributo para o estudo da Comunicação Social em Angola em vez do que ele escreve na obra.

Os nossos jovens na diáspora sabem quantas obras técnicas ou científicas já foram escritas sobre a nossa Comunicação Social depois da Independência? Mais ou menos dez, não mais. E sabem quantas dessas obras foram escritas por jovens da vossa geração? Duas. E sabem quem é o autor das duas? O Adebayo, sendo uma “Dos Mass Media em Angola” e a outra a que tive o privilégio de apresentar.

Alguns de vocês que estudam numa das “cem melhores universidades de África” dirão que tais obras não passam de compilações de conceitos e pensamentos de outros comunicólogos. Mas ainda que assim fosse, isso não lhes retira a cientificidade que lhes confere o rigôr do método da pesquisa científica. Alguém dos que atacam o Adebayo por acaso leu a obra em referência? Duvido, porque apenas nesse dia foi lançada. De formas que, o que deploro nos comentários tão negativos dos internautas comentadores foi que decidiram criticar o Adebayo em vez da sua obra. Isso é coisa de homens pequeninos, incapazes de alcandorarem-se aos níveis do debate intelectual em que a Verdade não pertence a ninguém, mas a todos em conjunto e nasce do Debate.

Como sabes, Zé Gama, tenho três filhos a estudar na diáspora, e uma data de sobrinhos e afilhados. Como posso nessa condição deixar de apoiar um jovem que humildemente dá o seu contributo para a Ciência no meu próprio País? Como não apoiar o Demarte Pena pela coragem demonstrada no “My Rebel Royal Blood” (para quem não sabe, o Demarte é uma espécie de afilhado meu por via da irmã, a Sanju que o é)? Como não saudar o Adebayo por disponibilizar a sua inteligência para pôr no papel algo útil para todos nós? Como não apoiar qualquer de vocês que contribua com o seu grão de areia, com a sua gota de água para a praia e o oceano da nossa Ciência intramuros? Garanto-vos que se para vós bajulação é isso, então assumo-me como tal. Na minha idade, dizer-me que estou bajulando as novas gerações para que percam o medo e a vergonha, venham para a luz e comecem a produzir Conhecimento para o País é um cumprimento que deixa-me verdadeiramente... babado. Espero poder fazer mais nessa direcção. Esse é o meu maior sonho para os meus filhos e para vocês também!

Sobre ajudar os jovens que regressam da diáspora. É claro que isso é apenas para quem o queira e ache que o meu apoio ajuda-lo-á a reencontrar o seu legítimo lugar na nossa Nação. E para estes estarei sempre disponível com o conselho, com o encorajamento, a palavra de recomendação e, caso possa, com ajuda material. Porquê não? Sabe tão bem ser útil aos outros. Quem não fôr capaz desse sentimento atingiu o nível zero da pobreza espiritual. E se alguém algum dia escrever uma obra, seja ela de que tipo fôr e quiser o meu apoio para prefaciar, apoiar na edição, tradução ou para apresentar, terei todo o gosto em fazê-lo. E procurarei, com a certeza que encontrarei, muitas coisas belas e positivas para dizer. E di-las-ei!

E termino, amigo ZG (como gosto de chamar-te) com a seguinte pergunta: Encerraremos o jango das ideias só porque alguns confundem-no com uma latrina?

Não, porque não é apenas necessário fazer parte dos homens livres: é preciso ter orgulho nisso. É preciso ter a fé para limpar fezes dos espaços onde pensam os homens livres – este teu e nosso espaço – orgulhando-se por fazê-lo.

Percebeste, velho amigo?...


Fonte: http://www.club-k.net/index.php/mais-categorias/bastidores/8-bastidores/5106-um-desafio-aos-nossos-jovens-na-diaspora-celso-malavoloneke

Artigo Relacionado: O Adebayo dá uma Lição de Sapiência - Celso Malavoloneke

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Surge o português angolano





É muito comum, andando pelas ruas brasileiras, ouvir certas pessoas a afirmar que no Brasil se fala "brasileiro". Até pouco tempo atrás o "português angolano" estava mais inclinado ao de Portugal. No entanto, agora deve estar a surgir o verdadeiro "português angolano" que não está muito bem definido; uma espécie de mistura do "brasileiro" com o "português".

Os pastores angolanos da Igreja Universal exageram um pouco quando procuram se expressar com sotaque brasileiro (carioca): ["meus irrrmãos, dji coração"]. Parece que esse é um dos critérios para a promoção naquela denominação.

Com advento da TV por assinatura, os angolanos sintonizam mais as televisões brasileiras. Quando somamos a isso a influência de línguas nacionais, o resultado é um verdadeiro babel de sotaques.

A rádio Nacional de Angola e a Televisão Pública é o exemplo da heterogeneidade de sotaques, diferentemente daquilo que certas televisões brasileiras fazem. A Globo, por exemplo, só tem um padrão.

Quando o assunto é escrita a confusão ainda é maior. Circulam pelo país, livremente, as duas formas ortográficas. Por falta de editoras científicas, os universitários adquirem livros de todos lados, só para não falar de Igrejas etc.

Um dos resultados dessa confusão é ver o erro apresentado no "outdor" acima com os dizeres: "Uma Angola melhor depende de Ti. Faz a tua parte". A sentença não está de acordo com a norma brasileira nem portuguesa.

O brasileiro diria "Uma Angola melhor depende de você. Faça a sua parte"; e um bom português diria: "Uma Angola melhor depende de Ti. Faze a tua parte". Eu fiz e estou fazendo minha parte.