P - Que posição a Total vai adoptar no mercado angolano?
R - A Total participa hoje num quarto da produção petrolífera de Angola. Temos dois grandes projectos que estão implantados no bloco 17, o Paz Flor e o CLOV (Cravo, Lírio, Orquídea e Violeta). Estes projectos não se encontram no mesmo nível de maturidade petrolífera.
P - Qual é o grau de produção de cada um?
R - Em relação ao Paz Flor, o processo já está a 50 por cento. A exploração vai arrancar, possivelmente, no segundo semestre de 2011. O CLOV é um projecto mais novo, acabamos de receber o direito de exploração através de concurso público. Além destes dois projectos, temos outros dois que estão em fase de maturidade no bloco 32, e, neste momento, o trabalho de pesquisa já provou que existe petróleo na área. Temos, também, projectos em fase de pesquisa para longo prazo, em zonas onde ainda não se descobriu petróleo.
P - Face aos novos desafios, a empresa vai mudar a sua postura?
R - Claro que não. A nova direcção vai manter e acelerar o processo de angolanização, que passa pelo recrutamento de jovens angolanos com talento. A Total vai continuar a dar formação a todos os quadros angolanos para responderem da melhor maneira às exigências da empresa. A ideia é permitir que os jovens angolanos tenham uma carreira na Total.
P - A Total investiu quatro mil milhões de dólares para suportar a sua actividade este ano. Os rendimentos justificam os investimentos feitos?
R - Os quatro mil milhões referem-se aos blocos operados por conta dos associados de várias companhias petrolíferas, onde a Total é líder. Isto nos blocos 17 e 3. No bloco 32 já há descoberta, mas ainda não existe produção, estando em fase de apreciação. O principal foco da empresa é o bloco 17, no qual a Total tem 40 por cento de participação. O restante é repartido entre outras companhias. A maior parte do rendimento vai para o Estado. A Total recupera o seu investimento quando os campos já estão a produzir.
P- A situação incentiva a Total a mais investimentos?
R - Vamos investir mais de 20 por cento no próximo ano, porque temos grandes perspectivas nos projectos Paz Flor e CLOV.
P - Além do bloco 17 e 3, onde a Total é líder, participam noutros projectos?
R - Em Angola, a Total já explorou no bloco três, em águas rasas, através da Elf nos anos 80. Hoje, o grupo Total é resultado da fusão da Total, da Fina e da Elf. A Fina começou a trabalhar em Angola, nomeadamente em Luanda onshore (terra) e depois no Soyo. Portanto, a nossa actividade resume-se a isso.
P - Em termos técnicos, qual é a relação que a Total tem com a Sonangol?
R - A Sonangol tem dois papéis, o primeiro é de pesquisa e produção e o outro tem a ver com a qualidade de parceiro que opera, como a Total, a Esso e a Chevron. Mas a Sonangol é a principal concessionária. Os seus serviços técnicos supervisionam todos os nossos projectos. Ela aprova ou pede-nos para modificar, se for o caso, as nossas operações. Basta notar que temos contactos com a Sonangol concessionária todos os dias e a todos os níveis.
P - Com o anúncio do fim da recessão económica mundial, a Total pensa redobrar as suas actividades?
R - A Total vai manter as suas actividades. O que não pode fazer é parar a indústria petrolífera, porque se assim acontecer terá um impacto negativo por vários anos. Apesar da crise, vamos continuar a trabalhar com o valor que a Total tem para Angola. Podemos investir com o preço do barril até 70 dólares. Em Angola esse valor ainda é aceitável.
P- O mercado angolano está a preparar-se para introduzir um novo mecanismo financeiro, que é a Bolsa de Valores. Acha que vai facilitar a dinâmica financeira das empresas?
R - Penso que Angola está em pleno crescimento económico e que todos os progressos que forem efectuados terão um impacto sobre a indústria e sobre a economia, porque o dinheiro pode ser investido localmente em vez de ser investido nas bolsas estrangeiras. O interesse da Total é o de poder recorrer a meios locais, em instituições locais, sempre que for possível.
Fonte: Jornal de Angola (out. 2009)
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