Devido a muitas solicitações, reproduzo aqui o artigo de Opinião: "Prefería vir ao mundo como um Cão holandês"
Por Osvaldo S. Rodrigues
em 12 de Julho de 2007 - 03:00
Holanda - Muita das vezes ao reflectir sobre a vida, imaginei uma situação hipotética, aonde eu tería a escolha de vir ao mundo como um ser humano ou então um Cão Holandês. Depois de tanta reflexão, cheguei a conclusão, que prefería sem duvida, vir ao mundo como um Cão holandês.
Como um ser humano angolano, eu nascería, provavelmente no Rocha Pinto, ou Palanca – um dos bairros mais pobres de Luanda; Como Cão holandês, eu nascería em HAIA, ou então em Roterdão – uma das grandes cidades da Europa.
Como ser humano angolano, a minha nascença sería encarada com muita tristeza – mais uma boca para alimentar, mais um bebé que vai chorar a noite toda e poderá, até, ter lombrigas, sarna, sarampo, tuberculose, etc. Como Cão holandês, porém, a minha nascença sería encarada com muita alegría; o meu dono levar-me- ía ao parque; ao me vêr, toda a gente iría sorrír-se.
Como ser humano angolano, a minha infancía sería toda cheia de miséria; em nossa casa, a refeição diária sería Funji com feijão, arroz com feijão, ou então, arroz com peixe frito. Como cão holandês, tería biscoitos, cereiais e, em certos casos, até frangos inteiros.
Como ser humano angolano, eu mal iría a escola, provavelmente acabaría mesmo ser um menino de rua. Como Cão holandês, quando o meu dono fosse passar férias, me deixaría em hoteis especiais só para cães, com musica, programas de televisão, etc’s.
Como ser humano angolano eu sería insultado, desrespeitado, tratado da pior forma possível, sofrería todo tipo de discriminação, e até podería mesmo ser morto. Como cão holandês, porém, eu tería todos os direitos; mesmo o meu dono iria para a cadeia se me tratasse mal. Nas campanhas politicas, ninguém se atrevería de insultar-me; até tería partido que me defenda, “de partij van dieren” (o partido dos animais).
Como ser humano angolano, eu nunca podería ter uma namorada fora do meu circuíto – isto é, dos pobres. Como cão holandês, a escolha de cadelas prontas a me satisfazer sería quase infiníta; cadelas vindas do brasil, Argentina, Alemanha, Moçambique e até de Benguela também, estaríam mais do que prontas para ser “abençoadas" por mim.
Como ser humano angolano tería sempre que continuar a sonhar, e até o simples gesto de beber água podería me levar á morte.
“Deus, por favor, na proxima vida, que eu venha para a terra não como angolano, mas sim, como cão holandês, porque também não precisarei de ter visto para ir a qualquer lugar”.
* Osvaldo S. Rodrigues/ Readaptado.
Fonte: http://blog.comunidades.net/osvaldo/index.php / Club-K
Holanda - Muita das vezes ao reflectir sobre a vida, imaginei uma situação hipotética, aonde eu tería a escolha de vir ao mundo como um ser humano ou então um Cão Holandês. Depois de tanta reflexão, cheguei a conclusão, que prefería sem duvida, vir ao mundo como um Cão holandês.
Como um ser humano angolano, eu nascería, provavelmente no Rocha Pinto, ou Palanca – um dos bairros mais pobres de Luanda; Como Cão holandês, eu nascería em HAIA, ou então em Roterdão – uma das grandes cidades da Europa.
Como ser humano angolano, a minha nascença sería encarada com muita tristeza – mais uma boca para alimentar, mais um bebé que vai chorar a noite toda e poderá, até, ter lombrigas, sarna, sarampo, tuberculose, etc. Como Cão holandês, porém, a minha nascença sería encarada com muita alegría; o meu dono levar-me- ía ao parque; ao me vêr, toda a gente iría sorrír-se.
Como ser humano angolano, a minha infancía sería toda cheia de miséria; em nossa casa, a refeição diária sería Funji com feijão, arroz com feijão, ou então, arroz com peixe frito. Como cão holandês, tería biscoitos, cereiais e, em certos casos, até frangos inteiros.
Como ser humano angolano, eu mal iría a escola, provavelmente acabaría mesmo ser um menino de rua. Como Cão holandês, quando o meu dono fosse passar férias, me deixaría em hoteis especiais só para cães, com musica, programas de televisão, etc’s.
Como ser humano angolano eu sería insultado, desrespeitado, tratado da pior forma possível, sofrería todo tipo de discriminação, e até podería mesmo ser morto. Como cão holandês, porém, eu tería todos os direitos; mesmo o meu dono iria para a cadeia se me tratasse mal. Nas campanhas politicas, ninguém se atrevería de insultar-me; até tería partido que me defenda, “de partij van dieren” (o partido dos animais).
Como ser humano angolano, eu nunca podería ter uma namorada fora do meu circuíto – isto é, dos pobres. Como cão holandês, a escolha de cadelas prontas a me satisfazer sería quase infiníta; cadelas vindas do brasil, Argentina, Alemanha, Moçambique e até de Benguela também, estaríam mais do que prontas para ser “abençoadas" por mim.
Como ser humano angolano tería sempre que continuar a sonhar, e até o simples gesto de beber água podería me levar á morte.
“Deus, por favor, na proxima vida, que eu venha para a terra não como angolano, mas sim, como cão holandês, porque também não precisarei de ter visto para ir a qualquer lugar”.
* Osvaldo S. Rodrigues/ Readaptado.
Fonte: http://blog.comunidades.net/osvaldo/index.php / Club-K
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