segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Há muitos candidatos naturais em qualquer partido com muitos militantes

Luanda - A União das Tendências do MPLA que se apresenta como corrente interna do partido no poder revela, que quer ir ao congresso marcado para Dezembro como uma corrente de opinião e não como membros do Comitês de Acção do Partido (CAP), a que pertencem.

Salvador Augusto, militante do MPLA deste 74 e engenheiro de telecomunicações é o coordenador adjunto desta corrente que deu, esta semana a cara para aconselhar que “O Camarada Presidente José Eduardo dos Santos não devia mais concorrer [no congresso a sua sucessão] por duas razões simples” que explica na entrevista que concedeu ao Jornal Angolense.


A União das Tendências do MPLA apresenta-se como uma corrente de descontente dentro do partido no poder. Porque ate agora não se sentaram com a direção do partido para expor as vossas reivindicações?
Salvador Augusto: Descontente não seria o termo para caracterizar, uma corrente que exige pura e simplesmente que se respeitem os estatutos e programas vigentes aos militantes que em comissão de mandato dirigem a direcção do partido. Nós pensamos que é mais uma questão de principio do que de descontentamento. Porque razão não nos senta com a direcção do partido é uma pergunta que no nosso ver deve ser feita a direcção do partido, porquanto nós cumprimos com todos os pressupostos para que isto acontecesse, já desde 2002.

Mas o MPLA é visto como um dos partidos mais coeso existente no nosso xadrez político...
S.A: A afirmação é do Senhor Jornalista, e como defendemos princípios democráticos, temos a obrigação de respeitar o seu ponto de vista, mas não somos obrigados a concordar com ela. Agora temos a obrigação para argumentar o nosso ponto de vista. Eis aqui os argumentos.
Ao longo da sua caminhada o MPLA teve muitas clivagens e cisões dentre elas vamos citar algumas. - Para além do lV Congresso que é apelidado na história do MPLA, como o congresso da batota, é importante recordar de que no ultimo congresso isto é no V congresso, mais de 80 membros do anterior comité central não foram permitido participar no congresso, isto para dizer que antes do congresso os nomes para membro do comité central já eram conhecidos.

Pois é o caso do Dr. José Leitão que prevendo a sua exclusão da lista proposto para o comité central, preferiu antecipar entregando mesmo o cartão de militante e pediu a sua demissão de membro do partido. Portanto outras irregularidades existiram e seguiram. Portanto um partido coeso não tem necessidade de fazer engenharias deste género para alcançar os objectivos predefinidos.

Ademais a militantes com autoridade política reconhecida estes nem podem ser indicado se tiverem laços familiares com alguns líderes de partido de oposição. Para não falarmos da encomendas que vem da direcção do partido para as indicações dos primeiros e segundos secretários provinciais, municipais, até aos CAP`S. Um partido com uma manipulação desta dimensão da para compreender que tipo de coesão interna, reina no seu seio. Alias estamos todos lembrados das trocas de informação entre culpados e acusados quando os três pesos pesados excluídos no congresso de 1998, se não estamos enganados pretendiam concorrer no 5 congresso.

Como vê não é o MPLA um dos partidos mais coeso praticando estas irregularidades e incumprimentos dos seus estatutos vigente. Mas importa referir que ele tem condições para sê-lo necessita de aceitar o debate interno contraditório. Porque é a luta interna que fortalece os partido e a prática da democracia interna partidária . Esta condições cria o ambiente adequado interno para se detectarem os desvios de linha de todo o tipo levado acabo por todo aquele militante que não cumpre os princípios que estão consagrados nos documentos, mais exige que as bases os cumprem . E a U.T.-MPLA, não concorda com dois pesos e duas medidas porquanto todos são iguais perante aos estatutos, estamos preparado para o debate interno contraditório, agora a direcção não precisa temer, pelo contrário deve aderir. Mudaram os tempos e os desafios são outros. O partido só sairia a ganhar se aceitar o que estamos a propor desde 2002. De todas as maneiras a responsabilidade de ser da actual direcção, que deverá responder no VI Congresso.

Dirigentes do MPLA dizem que o "bom" militante conhece o fórum próprio para apresentar as suas reclamações. No vosso caso trazem os problemas a publico. Que comentário tem a dizer?
Olha não sei quais são os critérios que os dirigentes do MPLA advogam para caracterizar um bom militante, esta é a primeira questão. Mas ser for um bom dirigente, aquele dirige que o seu comportamento não entra em contradição com a linha política do partido, aquele dirige que tem autoridade política , então este vai concordar com as características que advogamos para um bom militante.

Para U.T-MPLA , um bom militante é aquele que conhece, domina, e defende a aplicação dos princípios e programas contidos nos estatutos vigentes. Um bom militante é aquele que aceita critica e critica o que é violação de principio, é humilde e está disposto a apreender com os seus próprios erros. Um bom militante tem de ter autoridade política, não é demagogo, não seguidista, não é bajulador. Um bom militante deve ter um alto espírito de iniciativa e criatividade.

Agora vou responder directamente a pergunta do Sr jornalista. Como a afirmação não veio de certeza absoluta de um bom militante, porque para mim o dirigente é ante tudo um militante com responsabilidades acrescida, mais sim de um militante com um déficit elevado de autoridade política e com uma dose de demagogia , não vou comentar absolutamente nada sobre a duvida deste meu camarada e dirigente. Ele que vá aos arquivos da sede nacional do partido e questiona os documentos que foram enviados desde 2003 e ele que faça as suas reflexões.

Qual foi o feedback que receberam da direção do partido?
Praticamente nenhum…!

Porque não expuseram as preocupações na conferência de Maio realizada no ano passado semelhante aos outros militantes?
Sobre isto, também deve ser respondido pela direcção do partido, porque nós manifestamos por escrito a direcção do partido através de carta envidada ao Secretario Geral para estarmos presente nesta reunião de quadros, não como militantes vindo dos CAP`S , mas sim como militantes que fossem representar uma corrente de opinião . Pura e simplesmente não obtivemos resposta da carta que constitui uma violação aos princípios dos estatutos e das normas básica da administração, que recomenda que todo documento remetido em qualquer instituição pública deve merecer uma resposta. Portanto
dá para ver que não está fácil lidar com a introdução de mudanças na forma de agir e pensar no interior do MPLA, logo a nossa Coordenação vai ter que definir novas estratégia e táctica, continuar a buscar formas de fazer compreender a direcção da necessidade de estarmos presentes no congresso como uma corrente de opinião. Mas a acreditamos que a actual direcção vai compreender está necessidade. Só sairemos todos a ganhar a União das Tendências - quer dar a sua humilde contribuição para a renovação da forma de agir e de pensar do MPLA.

O que esperam do VI congresso do MPLA marcado para Dezembro?
Olha, tenho dúvidas de que se altere o esquema como que tem vindo a ser os congressos anteriores. Mas estamos, aberto ao diálogo para propor as alterações que se impõem, tendo em conta os desvios que se apresentam a linha política do partido. O que compromete de todas as maneiras e feito o programa maior do MPLA. Sem medo de errar, os sinais do neocolonialismo é um dado adquirido. E este elemento é anti tese dos princípios e programas do partido. Quer com isto dizer que o programa de desenvolvimento pelo partido apresentado nas eleições, só será possível se o partido ter a coragem de fazer a reestruturação do partido na base de um amplo de democracia interna. E abrir a zona fechada acrítica e aceitar o debate interno contraditório. Por pensamos que não devemos continuar a enganar os nossos militantes, simpatizantes e amigos do MPLA e povo em geral. Deve haver respeito pelo cidadão sobretudo o eleitor que depositou o voto de confiança.

Engenheiro José Eduardo dos Santos é apresentado como o candidato natural do partido. Que palavras lhe oferecem sobre o assunto?
Nós não defendemos candidatos naturais. O partido tem milhares de militantes e penso que há militantes em condições humanas melhores que o suposto candidato natural. Mas Como defensores dos princípios democráticos respeitamos o ponto de vista da direcção, mais o ideal seria ter ouvido a opinião das bases do partido, para dar a decisão um carácter democrático. Agora nós defendemos que deviam ser permitidos no mínimo mais dois candidatos e com o Presidente José Eduardo dos Santos seriam três candidatos a concorrer a presidência do MPLA. Agora com todos os obstáculos que teremos a nossa frente a U.T.-MPLA vai apresentar um candidato independente. Agora com toda honestidade deixe que lhe diga. O Camarada Presidente José Eduardo dos Santos não devia mais concorrer por duas razoes simples. Primeiro como militante já deu o suficiente com a sua contribuição para a sobrevivência do partido até aos dias de hoje. Segunda, o ser humano perde energias ao longo do tempo, sobretudo todo aquele que faz trabalho intelectual. Então pensamos que com os desgastes que teve ao longo destes 30 anos de guerra, pensamos que é altura de ceder a liderança a outros seres humanos que estão com as energias mais frescas para com o mesmo desempenho e dedicação que o Camarada Presidente desempenhou dessem o melhor de si para os novos desafios que o partido tem a sua frente. - Travar o impacto das forças do retrocesso do desenvolvimento de Angola. - As forças de representação do neocolonialismo

Vocês ficaram com a fama de terem a certa altura ameaçado organizar um congresso caso o partido não marcar-se o previsto para Dezembro...
Mudaram os tempos e as circunstancias. Portanto com a previsão da realização do congresso em Dezembro na qual estamos a trabalhar para participarmos, na condição de corrente de opinião para defendermos os nossos pontos de vista e encontrarmos consenso naquilo que divergimos, junto das outras duas correntes nomeadamente. A corrente composta pela direção do partido, e a outra que defende a eleição do presidente por sufrágio indireto.

Gostaríamos de ver criado uma comissão preparatória transparente onde mais de 80 % não fizessem parte dos órgãos de direcçao cessante. Aliais direcçao cessante deve cessar por completo as suas actividade ate a eleição dos novos membros - somente o secretario geral o vice presidente e o coordenador da comissão de disciplina é obrigatório fazer parte da comissão coordenadora da preparação do congresso, os demais tem de ter missão de segundo escalão.

Agora gostaríamos de propor que o voto fosse direito e secreto a todos os níveis e que houvesse denuncias caso as recomendações para indicação deste ou daquele militante não cessassem. Aliás vamos trabalhar para que nós possamos ter acesso os promotores de tais iniciativas. É um direito do bom militante. As eleições para cargos de direcçao do partido são da inteira responsabilidade dos militantes sem influencia de nenhum dirigente. Até que esta actitude constitui violação dos estatutos.

Em que circunstância apoiariam um candidato da vossa linha?
Tudo vai depender como a direção aceitará as mudanças que tem de ser introduzidas nos métodos e procedimentos que regulamentará o congresso. Na qual nós defendemos o seguinte. Os candidatos aos diferentes cargos devem apresentar individualmente a intenção de concorrer a este ou aquele cargo, mediante um programa do que deverá realizar ao longo deste mandato caso seja eleito, e que as eleições sejam voto individual e secreto. Nada de listas. E as prerrogativas adicionais criadas devem ser suspensas, em que o Presidente do partido pode propor x candidatos e passam direitos, assim como o B.P- Será que principio consta das recomendações da internacional socialista de que somos membro. Se sim tudo bem vamos estudar isto aposterior senão deve cessar imediatamente, para não nos obrigar a consultar as instruções da Internacional Socialista. Princípios são princípios e devem ser respeitados… Penso que é chegado a hora de sabermos o que pretendemos ser como partido e que sociedade queremos construir.

O Brigadeiro Silva Mateus que é o coordenador da UT- MPLA é conhecido pela sua frontalidade. Quais são as suas bases de apoio e ate que ponto reuniria consenso a nível das estruturas províncias para ser apoiado como um pré candidato no próximo Congresso?
O Brigadeiro Silva Mateus é apenas o Coordenador da U.T.-MPLA e quanto a divulgação da sua candidatura será no momento oportuno, não é ainda um dado seguro. Mas Importa dizer que nós temos já dois candidatos que eventualmente venham a concorrer a liderança do MPLA . Um deles faz parte dos pesos pesados do MPLA.- Assim sendo na devida altura os seus nomes serão do conhecimento publico. As bases virão das estruturas todas do partido, da base ao todo. Estamos a trabalhar já na situação .Mas ainda não é consensual quem deverá representar a U.T. Se a situação favorecer vamos levar os nossos candidatos porque o estatuto do partido permite. Pois qualquer um deles reúne requisitos para tal.

Vocês assumiram se autores de textos que estavam a ser divulgados dentro do partido, isto em 2007 tendo merecido denuncia do Presidente do MPLA, JES que chegou a dizer que os mentores não eram do MPLA, porque no seu ver os militantes velam pela disciplina partidária. Que comentário tem a dizer?

Todo o Militante tem deveres e obrigações perante aos estatutos. Ora se os militantes que desempenham cargos de função não cumprem com os seus deveres, por razões diversas. O CDA , já devia accionar os mecanismos para o efeito. Pois então no momento que este militante dirigente não cumpre com os seus deveres é ilegítimo ele falar de disciplina partidária, pois saiba que o incumprimento de deveres do dirigente implica o desvio de linha, logo recomendamos para que antes de se fazerem pronunciamentos públicos sobre esta matéria deve cada dirigente se colocar perante aos estatutos e se perguntar. Eu tenho cumprindo com as minhas obrigações de militante primeiro depois a de dirigente! Infelizmente não existe esta cultura no interior do partido, mas os documentos assim recomendam.

Ora nós como militantes que cumprimos com os nossos deveres temos o direito de exigir dos militantes que infringem os princípios estatutários que lhes seja aberto um processo disciplinar. .Aliais optamos por este método porque a direcçao fechou a 7 chaves , temendo o debate contraditório interno. Olha este é um perigo mínimo. Se com os seus militantes interno a direcção não é capaz de sentar e discutirem os pontos divergentes e partirem para a busca do ponto de convergência, então da para compreender quão difícil esta direção pode dialogar com os partidos da oposição para em conjunto buscarem soluções para os problemas nacionais mais importantes. Este perigo é de sobremaneira maior. Dificulta a verdadeira reconciliação nacional e cria grandes entraves ao processo de desenvolvimento sustentável do país, em que o factor humano esteja no centro das atenções.
É este déficit da autoridade política de alguns membros influente da direção do partido que levou que a situação chegasse ate este extremo, não salutar para o partido. Para todos os efeitos estes militantes devem ser responsabilizados pelos prejuízos que estão a criar ao funcionamento harmonioso do partido.

Portanto nós apelamos a toda massa militante do partido a se manter sereno e não se deixem mais ludribilhar com promessas que põem em perigo a dignidade do próprio MPLA.Vamos todos cerrar fileira a volta da U.T.-MPLA para exigirmos que a direcçao do partido age somente em conformidade com os estatutos . É esta a nossa modéstia contribua, faze-mo-lo em prol da reconciliação da grande família MPLA, SEM ODIO NEM REVANCHISMO. Porque todo ser humano erra, o pecado é persistir no erro e obrigando que os demais caiam no mesmo erro. Esta atitude não ajuda em nada o fortalecimento do partido. Que nas conferencias de base haja coragem para se discutirem todos os problemas para que o MPLA se torna numa verdadeira força política capaz de levar Angola à altura das outras nações desenvolvidas de mãos dadas com todas as forças política do xadrez nacional.

O Vosso grupo lançou recentemente um boletim informativo. Que objectivos pretendem alcançar ?
Deixe que lhe diga uma coisa, o primeiro boletim foi preparado em 2007 e estava disponível para sair no quarto trimestre de 2007. Depois a coordenação da U.T.- achou por bem não sair nesta altura para não influenciar negativamente nas eleições de 2008. Para seu conhecimento vamos dar um exemplar do mesmo ao senhor jornalista para apreciar . Agora enquanto aguardamos pela autorização do ministério da comunicação social para o jornal da UT-MPLA, a nossa coordenação tomou a decisão de lançar a pagina informativa (MUKUAXI JOAO 8:32).-Numa outra oportunidade vamos falar do porque desta denominação ,mais tem haver com os anos 73-74 , teve a sua origem no município do cazenga, aquando da morte do taxista, é uma questão de história.

O boletim é veiculo que a U.T-MPLA vai utilizar para divulgar a sua linha de pensamento e de acção em cada momento e fase especifica. O Boletim vai divulgar a estratégia e táctica a seguir par alcançar certo objectivo ,sobretudo de origens diversa que se apresentarem na vida dos cidadãos e dos órgãos de soberania do Estado. Na ordem da prioridade do boletim uma vez que estamos na jornada de 27 de maio que começou no dia 11-2-2009 e terminara no dia 27 de Maio de 2009, vamos transcrever as partes mais importantes do relatório do Bureau político sobre o fraccionismo, para conhecimento das gerações vindouras e porque é uma questão de história.

Fonte: Jornal Angolense / Club-k

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