quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A mansão do bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus

O líder de Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, nasceu em 18 de fevereiro de 1945, na cidade de Rio das Flores, no Estado do Rio de Janeiro (Brasil), tendo se casado em 18 de dezembro de 1971. Em 9 de Julho de 1977 fundou a "multinacional da fé", de vertente neopentecostal, que se baseia na manifestação carismática do Espírito Santo.

Hoje, o "império da fé" está em mais de 114 países, inclusive no nosso país, Angola. Por todo lado que se instalou, a "Universal" tem causado polêmicas devido aos métodos de trabalho, principalmente quando o assunto é dinheiro que choca a muitos (Teologia de prosperidade).

No entanto, a "Universal" desenvolve um trabalho social digno de registro, como a recuperação de pessoas marginalizadas, dos bêbados, fumantes, esposas ou maridos infiéis, ladrões, preguiçosos, invejosos, pessoas de baixa auto-estima e muitos experimentam crescimento material. A Universal é também conhecida por erguer verdadeiros monumentos imponentes, as "catedrais da fé" e compra de estúdios de cinema, e adquirir estações rádio e de TV.

As fotos que se seguem são da mansão (paraíso terrestre) do líder maior da "Universal", o Bisco Edir Macedo, em Campos do Jordão, Brasil, estilo normando, barroco e neoclássico, de 2000 metros quadrados, de 35 cômodos, distribuídos em quatro andares, quando comemora os 30 anos de fundação da IURD. O dinheiro é muito bom!. Calma. Isso é uma inveja santa!



































































































































































































Fotos: "Slesguicero"
Mais informações leia "Veja.com"

domingo, 13 de janeiro de 2008

Por que indicar Reitor para universidade pública angolana?

A proposta que restabelece a nomeação do Reitor da única Universidade pública angolana está caminhando a passos firmes e largos para a sua concretização. Estamos voltando à idade das trevas. A espantosa estupidez de alguns, muitas vezes assusta.

Isso contraria a tendência observada em todo mundo, a da autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial para estimular e proteger a produção de conhecimento. Cabe à universidade a detenção do privilégio exclusivo de autogestão e recursos necessários para atingir seus princípios e finalidades. Assim, estamos tentando ir na contramão da história. Voltar no tempo, duzentos anos atrás.

A expressão autonomia é abrangente, mas envolve, necessariamente, a eleição do Reitor por parte de sua comunidade: professores, funcionários e estudantes, o “universitas scholarium” (estudantes elegendo seu próprio reitor, definindo com os professores os ensinamentos de que têm necessidade etc.). Isso assusta a muitos, mas tem-se mostrado essencial para o bom funcionamento das universidades, principalmnte com as pressões crescentes por um ajustamento maior com interesses de grupos sociais. Portanto, o momento é da universidade fazer a sua revolução.

Para tal, a universidade não pode ser um espaço dependente de partidos e organizações políticas e não pode ser submissa aos governos. Tem que ser autônoma e democrática. A história mostra que a universidade, sempre que ficou no controle de outras instituições mais poderosas, como Igreja, nobreza, famílias feudais, corporações profissionais ou comerciais, ou mais modernamente, o Estado, Fundações, organizações industriais e financeiras, foi duramente maltratada.

Dessa forma, o regresso do sistema arcaico de imposição de reitor é tolher a autonomia da universidade. Há duzentos anos, Helmholtz (1809) já dizia: “nas suas relações com a universidade, o Estado não deveria tomar qualquer decisão que implicasse na perda da liberdade universitária”. Ele reconhecia que a Universidade deveria permitir que o Estado participasse de sua administração, como contrapartida ao dinheiro que recebia, mas nunca a ponto de perder sua autonomia. Livre e autônoma, a Universidade se ajustaria melhor aos interesses do Estado. Então, por que indicar Reitor para universidade pública angolana?

A autonomia universitária não existe em si mesma. Os membros da comunidade universitária precisam defendê-la e conquistá-la. Sempre foi assim e assim será.

Assinado por Feliciano J.R. Cangüe


Publicado no "Club-k.net" Por que indicar Reitor para universidade pública angolana? - Feliciano Cangue (29/01/2008)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Perdão aos políticos corruptos angolanos antes das eleições

"Ou devolvem o dinheiro ou investem-no em Angola"

Há poucos dias li a uma “entrevista” feita por Paulina Frazão (PF) a Celso Malavoloneke (CM) publicada no portal club-k.net. Duas perguntas chamaram-me atenção e as reproduzo a seguir:
(PF) Dizer que a primeira dama (Ana Paula dos Santos), em menos de 10 anos, tornou-se milionária é crime?
CM: Não, ela é figura pública, mas tem direito ao bom nome. Caso seja verdade e o possas provar, estarás até prestando um serviço a nação.

(PF): Dizer que a primeira dama de Angola co
mprou mansão nos Estados Unidos com dinheiro do erário é crime?
CM: Não. Caso o possas provar em queixa à PGR (Procuradoria Geral da República). Seria até um serviço à Nação. Por que não tentas, como fez o Rafael Marques, Aguiar dos Santos, e mais recentemente o Graça Campos (só que este acabou preso)? Apoios não faltarão, de certeza...

Quem iria apoiar uma ação dessa? Jornal de Angola? Provas? Não há como apresentar provas da corrupção. Na corrupção não se emite nota fiscal. As pessoas não se reúnem com a finalidade de constituir uma sociedade de corruptos e no final fazerem uma ata. Não se registra uma empresa de corrupção. Como provar que numa concorrência, uma determinada empresa foi beneficiada ou não, se ninguém tem acesso às propostas? Ninguém tem acesso a esses documentos. Como provar se não há transparência de contas públicas? Isso seria o mesmo se alguém quisesse saber se um indivíduo que cursou engenharia fez cábulas (cola) ou não.

No entanto, há uma forma indireta de provar. Eu ficaria muito desconfiado de um engenheiro que não soubesse, por exemplo, achar a raiz quadrada de trinta e seis. Ou então, não soubesse comparar dez por cento de cem com cem por cento de dez. Ou, poderíamos descobrir se um desgraçado juiz de Direito possui ou não sólida formação nesse campo ou fugiu da escola, pelas sentenças que profere.

Exercitemos um pouco nossas memórias. Em 1975, quando Angola tornou-se independente, tínhamos apenas uma meia dúzia de “insepocamues”, ou seja, indivíduos em situção confortável, razoalvelmente abastados que aspiravam à classe rica e até hoje continuam lutando. Não faziam parte dessa classe os ex-guerrilheiros, que durante muitos anos ficaram nas matas. Com a independência, esses comunas, que em 1975 desfilavam em carros abertos, naquelas entradas triunfais, que muito faz lembrar o desfile de Fidel Castro e seus companheiros pela cidade de Havana, hoje, tornaram-se os políticos da ocasião

Todos nós éramos miseráveis. Como prova disso, segundo uma entrevista publicada no portal club-k.net (10/01/2008), Maria Eugênia Neto, esposa do primeiro presidente angolano, que é militante acérrima, mas nunca se inscreveu no MPLA (por que será, hein?), conta as dificuldades que o médico Neto, que não deixou patrimônio aos filhos, passou.
O malogrado Agostinho Neto montou um simples consultório em Luanda. Ela, que não quer ter problemas se afirmar que o presidente em exercício José Eduardo dos Santos está muito tempo no poder prefere, portanto, ficar calada (o que diz muito), trabalhou como assistente do Manguxi. Viveram em casa de um cunhado até que arranjaram a deles. Notem as nossas origens. Quem foi maior que o Neto? Ninguém fica rico com salário oficial e muito menos de um dia para outro. O próprio Presidente do MPLA e da República em exercício certo dia reconheceu isso, quando afirmou “ninguém vive do salário”.

Num de seus artigos, Nelo de Carvalho tentou provar que o patrimônio do Presidente do MPLA pode ter provindo de economias do salário que ele percebeu durante três décadas. Vale lembrar que essa suposição considera que o presidente não gastou nada do seu bolso, ou seja, todos os seus gastos pessoais e da família saem do erário. (Se Lula ouvir isso, poderá sair candidato às eleições em Angola). O argumento até poderia convencer, se tivéssemos só um milionário.

Porém, (há sempre um porém) a prática mostra que, as pessoas mudam rapidamente de “status” tão logo são promovidas a cargos importantes. Eles não sabem nem ser discretos, mas também o indivíduo não se preparou para tal. no abir e fechar de olhos, eles o
btêm muitos carros de última geração. As esposas passam a fazer cabelos fora do país. Os seus filhos passam a estudar fora do país e, em muitos casos, com despesas pagas por grandes empresas. Empresas amigas. (Como essa empresa pode perder uma concorrência?). Muitos, de um dia para o outro, transformam-se em “empresários”. Outros, donos de poços de petróleos ou de bancos. Em poucos anos, aparecem nas listas de pessoas mais ricas da África ou do mundo. E depois eles dizem estão certos e os outros não sabem administrar o país ou representam uma ameaça!.

Por que esse “sucesso” só acontece com políticos? Há professores universitários ou até economistas, que trabalham, honestamente, a vida toda. No entanto, para conseguirem comprar uma viatura o fazem em prestações de até 5 anos, com enormes sacrifícios. A lei da prosperidade é semelhante à da gravaidade, é universal. Não sou contra o enriquecimento de pobres, mas há uma coincidência estranha.

Por que um honesto, com elevada escolaridade enriquece-se à custa de muitos esforços e por longo tempo, de árduo trabalho, enquanto os “analfabetos”, mas políticos, o fazem em tão pouco tempo? Se isso fosse regra, não precisaríamos mais estudar.

Há poucos anos um semanário apresentou a lista das 60 pessoas mais ricas de Angola. Dessa lista, quase 99 por cento são políticos e um ou dois empresários. Pode? Há “marcutaia” nisso, diria o presidente Lula.

Deixemos isso pra lá. Hoje estou escrevendo é para comentar o artigo que encontrei perdido na internet que propõe o perdão de todos os políticos corruptos, mas com algumas condições.

Angola se prepara para as segundas eleições, depois de fracassadas as primeiras de 1992. Para evitar o fracasso das segundas, chegou o momento de colocarmos tudo em pratos limpos. As igrejas chamariam isso de “cerimônia de santa ceia”. Um lava o pé do outro e depois se abraçam. Esquecer o passado e começar uma nova vida. Outros países chamariam de “pacto de governança”. Se isso não for feito poderemos ter problemas sérios.

Primeiro, quem estiver no poder, que se enriqueceu ilicitamente, fará tudo para se perpetuar no poder, com medo de que o seu sucessor lhe venha fazer vida cara. Nesse caso, não teria escrúpulo de fraudar as eleições, caluniar a oposição, ameaçar eleitores, criar instabilidade política, se for o caso, prometer roubar a lua só para iluminar o nosso país ou fazer o uso da máquina administrativa. Isso se daria com inaugurações maciça de obras, arrumar empregos para todo mundo, só para inchar a máquina administrativa, doar dinheiro às igrejas, aos sobas, distribuição de bolsas de estudos; doar pano e roupas em troca de votos. Seriam verdadeiros cordeiros de um dia para outro, um comboio de alegria. Para um povo tão carente e com baixa escolaridade, até um chup-chup seria suficiente. Talvez isso não acontecesse em Luanda.

Em seu artigo intitulado “A dinâmica das causas da expropriação do capital estatal, como condição indispensável para um perdão económico e financeiro em Angola” publicado no jornal “Folha de Angola”
(
http://www.folhadeangola.com/noticia.php?id=228), António Marcelo Domingos propõe o perdão econômico e financeiro, como parte indispensável do processo de paz e reconciliação, da mesma forma que ocorreu o perdão político e militar. Caso contrário, “os atuais dirigentes estarão sempre acorrentados, eternamente, na busca do poder a todo o custo à procura de imunidades que lhe permitam salvaguardarem os seus interesses pessoais, mesmo contra a sua própria vontade, o que é pior que a própria prisão”.

O engenheiro mineiro, economista e Mestre em Ciências Econômicas acredita que o desvio dos fundos públicos foi uma medida imposta. Dessa maneira, se não ocorrer o perdão, ficarão mutiladas as bases para uma verdadeira democracia, justiça e dignidade para os angolanos. Além disso – afirma ele - poderemos adiar o surgimento de uma nova mentalidade na gestão dos bens públicos e, consequentemente, adiar os índices de desenvolvimentos sociais e econômicos.

Voltando na questão de “provas da corrupção”, para mostrar como isso é difícil acontecer, o professor da Universidade Agostinho Neto afirma que, os meios mais comuns de desvios são: “dividir o petróleo no mar”. Isso consiste em dar outro destino dos recursos antes mesmo de serem contabilizados, ou seja, sem que cheguem aos cofres do Estado. Como apresentar provas disso? Os valores (o dinheiro) - continua o iluminado - são então repartidos entre os componentes da máfia. Isso é coisa de peixe grande. E o povo tem ficar engolindo a “mal-criadez” dos filhinhos de papai, que se exibindo de um lado para o outro, como se seus pais fossem super-heróis.

A proposta do perdão, segundo o professor António Domingos é também para tranqüilizar esses infelizes filhos porque senão “os herdeiros destes valores nunca terão paz espiritual, o pesadelo dos erros dos seus antecessores lhes perseguirá de geração à geração”

Ainda sobre a corrupção, outros meios também apontados são saídas fantasmas, maquiar as contas só para confundir a fiscalização. Há também dirigentes que criam empresas de fachadas, muitas vezes utilizando trabalhadores assalariados pelo Estado, doações internacionais que são desviadas para benefícios próprios, enfim. Essa situação tornou-se crítica com a mudança do sistema socialista para a “capitalista”. Isso desencadeou uma corrida, sem critérios, a tudo que durante muito tempo se combateu: ser burguês, empresário, exploração do homem pelo homem, enfim.

Em sua opinião, o mestre da Escola Superior de Ciências e Tecnologia da Lunda Sul, acredita que as grandes potências globais nunca se contentaram com o direito à livre escolha do povo angolano. A guerra teve uma grande contribuição na massificação dos desvios dos fundos públicos.

Senão vejamos. Imaginemos que uma cidade está à beira de ser ocupada, militarmente. O administrador, naturalmente, antes de sair em busca de segurança pessoal ou coletiva, se apropriava de uma soma possível, até para recomeçar a vida para o novo local. Os efeitos disso ainda permanecem até os nossos dias e, de diversas maneiras, mesmo já termos muitos quadros formados. Aliás, as "oportunidades de emprego são mais reais àqueles que aceitam as regras do jogo imposto, mesmo que isso signifique abdicar de valores éticos, morais, religiosos" etc.

Para pararmos com essa bola de neve, o professor entre as propostas que apresenta, com variantes, destaco: a devolução voluntária, consciente e honesta dos valores estatais em sua posse em troca de 10% do valor”. E se for um Anania e só devolver uma parte? Importante é que o todo dinheiro fosse investido no país, pelo menos. Isso movimentaria a economia e geraria novos e muitos postos de trabalho. A nova geração será capaz de colocar o país no trilho do desenvolvimento. Essa seria uma maneira de se recuperar o “zelo pela propriedade coletiva”. Dessa forma, “eles ganhariam respeito e a dignidade e transformar-se-á numa espécie de herói ao compartilhar a dor e o sofrimento de seu próximo de uma forma mais justa”.

Tudo porque em “cada milésimo de um centavo do capital estatal expropriado, não só carrega consigo a dor, o sofrimento, e o sangue de milhões de angolanos sacrificados, mas também ameaça crucificar outros a eterna miséria”.

Esse pequeno mas grande angolano nos convida a refletirmos um pouco. “Os nossos (deles) chuveiros e luxuosos carros, as nossas jóias a fragrância dos nossos perfumes, as nossas (deles) volumosas contas bancárias carregam consigo em cada pedaço, em cada centavo, uma lágrima de nudez, fome e a cumplicidade da negação, na falta de coragem de mudarmos, para criarmos honestamente um futuro melhor para os nossos concidadãos. E ninguém tem o direito de sentir-se dono de Angola”. A matéria desse ser humano em extinção
é enorme
. Recomendo o artigo com calma.

A maca é muito grande. Todo início é sempre difícil. É cheio de entropia, de confusão. É uma babilônia. Todos que sobreviveram até hoje precisam ser protegidos. Vamos nos perdoar e comecemos uma vida nova. Eu sou a favor de que Angola abra essa caixa preta e discuta, abertamente, o problema. Vamos fazer pactos. Somos todos irmãos. Vamos deixar tudo bem claro para que ninguém se sinta ameaçado. “O combinado não custa caro”. Caso contrário, ficaremos sempre na mesma mer.... merocele.

«Assinado por Feliciano J.R. Cangüe»

Na Foto acima, o professor M.Sc. António Marcelo Domingos
Publicado no Club-k.net (30/01/2008)

Em favor da biblioteca e da educação

No contexto geral da educação angolana, a biblioteca nunca mostrou ser imprescindível à concretização do acto de aprender. Para se ter uma idéia, eu fui aluno de várias escolas, em três províncias, durante a minha vida escolar. Em todas essas instituições de educação básica nenhuma possuía biblioteca.

Isso também não aconteceu nem mesmo quando estudei no saudoso Instituto Médio de Petróleo (IMP), no Sumbe (naturalmente, com tanto petróleo, a essa altura o IMP deve ter a melhor biblioteca da África)

Muitos atribuem essa situação à guerra que o país viveu. A falta de bibliotecas não é um problema recente. Quando cursei as classes iniciais ainda no regime colonial isso já ocorria. Não interessa aqui aprofundar a questão nem discutir se essa justificativa é adequada ou não.

No Brasil eu tive uma experiência inesquecível, para mostrar como o esse país, também em desenvolvimento, leva a sério a questão de bibliotecas. Durante dois anos participei da execução de um projeto de instalação do sistema Estadual de Informação Científica e Tecnológica do Estado de Minas Gerais. Eu visitei mais de 100 instituições. Uma coisa que me chamou atenção nessas visitas é a presença de bibliotecas em todas as instituições sejam elas escolas da educação básica ou empresas.

Nessa época, conheci empresas que dispensavam a seus funcionários o tempo, até 20 minutos, para a leitura durante o horário normal de expediente, mesmo que fosse para ler um simples jornal. Se é eficaz, ou não, eu não sei, mas, pelo menos, isso mostra a preocupação de certas instituições em relação à importância da leitura e de ter uma biblioteca.

A ausência de bibliotecas escolares no nosso país, 30 anos depois da nossa independência, principalmente em classes iniciais, retrata um sistema educacional que não se preocupa em criar no estudante uma mentalidade independente, que lhe possibilite atingir um amadurecimento intelectual enquanto leitor.

É triste ver, por exemplo, uma educação baseada somente em um livro indicado exclusivamente pelo professor, muitas vezes só ele possui o único exemplar, quem sabe editado há mais de 10 anos, ou pior ainda, baseado em anotações dele, muitas vezes mal feitas. Há poucos meses li uma notícia sobre os valorosos estudantes do curso de Engenharia de uma Universidade de Luanda que, literalmente, “correram” com o professor que exigia respostas, nas avaliações, conforme as suas anotações.

Nas escolas brasileiras, pelo menos por onde passei, o procedimento normal é o professor selecionar livros e textos adequados ao aprendizado do assunto e os indica como referência bibliográfica. Os alunos então desenvolvem a partir dessas referências as pesquisas. Eles se dirigem, essencialmente, à biblioteca. É lindo ver as bibliotecas cheias de alunos. Eu demorei muito para me acostumar com a idéia de freqüentá-las. Eu era um estudante que nunca foi motivado a ler nem freqüentá-las. A leitura não era, portanto, meu hábito. Eu só ia para lá quando o professor exigisse a elaboração de um trabalho escolar ou para estudar às vésperas de provas.

Em muitas delas, os bibliotecários trabalham em conjunto com os professores no sentido de exercer uma colaboração que venha gerar bons resultados no processo de ensino/aprendizagem escolar. Isso é uma forma de explorar toda a potencialidade da biblioteca.

É lá que encontramos os livros originais dos quais os professores fazem aqueles seus resumos ou anotações de sua época de estudante. (Digo isso porque há poucos dias um meu colega, que é professor universitário, enviou-me uma lista de livros que gostaria adquirir. Causou-me espanto encontrar referências de livros publicados1977. A princípio cheguei a pensar que ele fosse colecionador de livros antigos).

Depois que eu conheci a biblioteca, só passei a assistir as primeiras aulas para receber o programa do curso, referências bibliográficas, bibliografia recomendada, data de provas, conhecer a didática do professor e, principalmente, saber se ele reprova o aluno por faltas ou não. Em caso negativo, em vez de ficar vendo o professor lendo aqueles resumos, eu ficava fechado na biblioteca lendo os originais. Como resultado, as melhores notas que tive, até hoje, são de disciplinas que não assisti às aulas. Isso mostra que muitos professores não fazem tanta falta assim.

Aliás, descobri que as bibliotecas são mais democráticas. Além disso, descobri também que o profissional do nosso século precisa ser autodidata. Por outro lado, os livros também devem se “sentir bem” quando são consultados.

Até o meu ingresso na universidade, praticamente, eu desconhecia os recursos que a biblioteca oferecia, bem como as formas pelas quais esses recursos podiam me ajudar no processo de aprendizagem.

Em nossos dias, mesmo com os avanços tecnológicos, como por exemplo, a internet, ainda a escola se utiliza quase que exclusivamente do livro. A pesquisa na internet está longe de superar a biblioteca principalmente em termos de confiabilidade de fontes.

Atualmente vou lá mais para consultar textos de português e literatura. Não que eu trabalhe na Televisão Pública de Angola, que recentemente decidiu aplicar provas de português a seus funcionários. (Mesmo que eu trabalhasse lá dificilmente faria tais provas porque eu não chefiaria nenhum departamento e muitos sabem por quê (novelas).

No entanto é louvável essa iniciativa, embora, é sabido, que poucos gostam de ser avaliados. Basta ver os malabarismos que os nossos políticos estão a fazer para adiar as eleições. Agora já estão a falar em 2008!)

Antes de terminar, não quero ser injusto contra os meus colegas professores. Muitos deles fazem o seu melhor. É louvável os malabarismos que muitos fazem para que o saber nos chegue mesmo com certas limitações como por exemplo a ausência de bibliotecas.

Ainda sobre a leitura, encontramos várias teorias. Muitos defendem que quem lê mais, escreve melhor; quem lê mais é melhor, vive melhor; a leitura liberta; a leitura conscientiza; no mundo “civilizado” se lê muito; ler é bom; ler engrandece a alma; ler exercita o cérebro ou ler é o caminho para a língua culta. Eu não sei avaliar qual dessas teorias é a mais certa. A única coisa que descobri é que ler é muito bom e ler literatura é ideal.

Termino adaptando as palavras de Brunetti: o desenvolvimento do ensino em “Angola” deve fundamentar-se no pleno acesso ao conhecimento através das fontes de informação. Kanitz é mais enfático: “leia sempre o original”.



«Em favor da biblioteca e da educação»
por Feliciano José Ricardo Cangue
em 11 de Setembro de 2006 - 07:23
Fonte:
Club-k.net

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Telenovela é o "Crack" da nossa sociedade (I)

Se eu fosse chamado a dirigir uma televisão estatal, por não ser comercial, começaria por dispensar as telenovelas. Se soubéssemos o efeito negativo que o esse programa liquidificador cultural traz sobre a nossa cultura e nossa vida, a maioria de nós teria uma atitude menos tolerante contra esse visitante inconveniente das famílias.

Vários estudiosos no assunto apontam que esse gênero de dramaturgia está mais vinculado aos interesses do capital, vende ilusões, escraviza, estimula consumo, reforça estereótipos associados à raça e classe social. Além disso, difunde ideologias e modelos de procedimentos relacionados ao comportamento sexual desviante, responsáveis pela infelicidade de muitos lares e pelo insucesso na educação de muitos jovens, e, por fim, promove a malhação de todos valores morais, estéticos e espirituais da nossa sociedade. Por isso que nenhuma televisão estatal de um país sério deixa passar isso.

Há mais de 20 anos que trabalho com a educação básica e superior. Durante esse tempo tenho percebido reações estranhas de educandos pela exposição excessiva a esse programa subversivo da televisão. As mudanças são sutis e gradativas, acontecem tão devagar que, aos nossos olhares, parecem não ocorrer. Para entender o fenômeno, tive que participar de muitos cursos. Além disso, freqüentei a biblioteca pública e tive que ler e me balizar em diversas celebridades como: Freud, Nietzsche, Kant, Saussure, Marx, Darwin, Frye, Swift, Baktin, Humberto Eco, Paulo Freire, Piaget, Assis Chateaubriand, Arlindo Mendes, Abreu Praxe, Marks, Karol Wojtyła, Joseph Ratzinger, Alejandro Bullón e especialistas em telenovelas como Campedelli, Heloisa Almeida, Elisa Rocha, entre outros.

Purismo à parte, a telenovela pode até ser bom programa de diversão. Reúne as pessoas em laços de família. Assistir a um capítulo com filhos é entrada ideal para se discutir certos temas de relevância formativa como sexualidade, deficiências físicas, doenças, mortes, desemprego, separação conjugal, emancipação da mulher, igualdade entre os sexos etc. Ela faz relaxar e esquecer muitos problemas, propicia emoções e experiências que vulgarmente o telespectador não têm. Alguns noveleiros, frente à dura realidade da existência humana, esperam “aprender” alguma coisa e outros se sentem bem na sua companhia. E, por fim, veicula informações e imagens de diversos lugares, épocas, músicas, autores, atores e gera vários postos de trabalho direta e indiretamente.

No entanto, esse programa poderoso de aculturação da sociedade moderna, que invade a privacidade pessoal e dos nossos lares a níveis altíssimos, não respeita valores familiares, cria fantasias, transgride as leis gerais de educação, e ainda violenta o ensino que se dá aos filhos no lar, traz também muito lixo, infelizmente. Vale tudo. Lixo no sentido moral, de nos fazer perder tempo, nos enganar, de procurar tirar proveito da honestidade da população e nos alienar. Esse lixo tem por trás a belíssima indústria, que nada mais deseja senão arrancar o dinheiro das pessoas.

Em termos práticos, o telenovelo leva as pessoas para a vida de mediocridade. Nesse programa de fábrica de sonhos de consumo generalizado a verdade e a mentira se misturam. Estudos mostram que muitos noveleiros pensam que ela é modelo de vida, regra de certeza e verdade absoluta. Ela faz apologia ao sexo com a exibição exaustiva do corpo feminino e da sexualidade levando muitos imitadores inconseqüentes, haja vista a proliferação da SIDA, por exemplo. Expõe os espectadores a mundos e situações por vezes muito distintas que eles vivem os afastando, assim, dos seus. Difunde padrões sofisticados de comportamento social enquanto a população é privada de benefícios sociais. Durante sua exibição o aparelho de TV torna-se o ponto central da casa. As famílias não conversam, acabando com a comunicação familiar e, pior ainda, pessoas param de pensar, levando ao embrutecimento de muitas mentes brilhantes, como mostram estudos recentes da neurolinguística.

Além disso, devido ao elevado grau de analfabetismo e ignorância das massas de países cujos dirigentes não sabem administrar seus recursos naturais, ela serve como um instrumento de manipulação para desviar a atenção de problemas vitais. Em Cuba, por exemplo, comandante Fidel Castro, segundo governante que está mais tempo no poder no ocidente, mandou cancelar o racionamento de energia para que as pessoas pudessem assistir a Escrava Isaura. É fácil perceber que países membros da organização dos países importadores de telenovelas – aqueles que as exibem exageradamente e sistematicamente -, via de regra, são aqueles que estão em crise moral, falta de ética na política e com corrupção generalizada. E, parece que quanto mais ela aliena, mais aumenta o número de seus adeptos. Quantas crianças já não foram batizadas com nomes de personagens como Porcina, como aconteceu em Portugal? E não precisamos ir longe. Que tal falarmos da Praça Roque Santeiro na nossa capital, por sinal a última telenovela que tive a oportunidade de acompanhar.

O que está por trás desse lobo travestido de ovelha? Historicamente a telenovela se desenvolveu a partir dos anos 50. Os primeiros capítulos possuíam em torno de 15 capítulos e eram apresentados ao vivo. A um determinado momento percebeu-se que elas começaram a atingir um público cada vez maior. A partir daí, exigiu grandes cifras na sua produção. Hoje, esse rolo se desenrola em mais de 100 e menos de 200 capítulos, considerando a exibição de sessenta minutos, sendo 45 minutos de ficção. Normalmente a partir do capítulo número 60 o autor não sabe mais o que contar. Tudo fica por conta de subtramas e ficção, ou seja, “qualquer semelhança com uma história real é mera coincidência”. O incômodo da ficção é que ela faz mais sentido que a realidade.

Esse programa intrigante é, na verdade, o resultado do trabalho de 250 a 300 pessoas: produtores (que fazem a locação, apoio logístico, transporte, alimentação etc.), figurinistas, costureiros, aderecistas, cabeleireiros, manicures, maquiladores e cenógrafos, marceneiros, carpinteiros, contra-regras, continuístas, pesquisadores de arte, usos, costumes e épocas, técnicos de luz, som e cor, câmaras, eletricistas, montadores, diretores etc. Assim, o custo para produzir somente um capítulo de novela varia entre 15 mil a 100 mil dólares.

A princípio ninguém paga ingresso para assistir a uma novela. No entanto, os custos da produção têm de ser cobertas por entidades públicas ou privadas. Para que essas entidades garantam esses custos, alguém tem que consumir seus produtos ou ideologias. Dessa forma, as telenovelas são intencionalmente dirigidas para apreenderem a atenção das diversas camadas da população que, por sua vez, devem dar resposta efetiva à publicidade veiculada através do aumento do consumo. Assim, a novela ensina a consumir e formar consumidores, num processo civilizador, direcionado para o desejo e a necessidade de ter bens, de se modernizar, de adaptar a vida cotidiana ao uso de novos produtos. Também se espera a aceitação passiva dos conteúdos ideológicos transmitidos. É por isso que as novelas não têm como objetivo educar nem se compromete com qualquer movimento de transformação social.

Por que então as telenovelas atraem cada vez mais um grande número de pessoas? Um dos elementos importantes de estórias parceladas (teledramaturgia horizontal) é a existência obrigatória de uma trama principal e muitas subtramas que correrão ao lado da principal. A cada vinte capítulos ela introduz novos conflitos, tramas e personagens supervenientes. Participam da novela diretamente 30 a 40 personagens, dos quais seis a dez são os protagonistas (as estrelas). O programa hipnotizante tem estrutura narrativa repetitiva que facilita a compreensão do espectador, com momentos de maior tensão no fim da novela. Isso permite que a história seja entendida pela parcela da população com menor escolaridade ou menor tempo de envolvimento na linguagem televisiva. As pessoas recebem a história em casa, em doses paulatinas, como uma onda, em suave veneno, e o telespectador cria uma dependência mais atuante que o ópio.

Por outro lado, a repetição de cenas, faz durar mais tempo a novela, baixar custos de produção e acordar aos distraídos. Outro objetivo é para que essas mensagens (ideologias) fiquem gravadas na memória de sua e próxima vítima e isso gera um prazer ao telespectador. A felicidade que a novela proporciona é uma manifestação individual, portanto difícil de análise. No entanto, a influência, a semelhança da língua, pode ser considerada como um sistema compostos por “signos, os quais se relacionam de maneira negativa e diferencial”.

Na sua concepção esse produto industrial é dirigido para o público feminino, que é mais detalhista, (não para homens) de todas as classes porque é mais facilmente tê-las como um público garantido e, principalmente, à relação existente entre elas e o consumo. Para tal a telenovela promove um mecanismo fundamental de educação de sentimentos. Assim, a telenovela bajula as mulheres mais do que estamos acostumados a ver por aí.

Por exemplo, conta estórias de mulheres feias, com sobrancelhas não tratadas e no fim viram estrelas, tornam-se poderosas, como por exemplo, Betty, a feia; a questão do trabalho feminino, independência financeira, métodos contraceptivos, planejamento familiar, disputa por cargos, competição, igualdade de sexos, é ressaltada como positiva. Em contra-partida focaliza no seu enredo a vida de classe média e todo discurso centraliza-se no encorajamento de um estilo de vida consumista, em demasia, de bens inantigíveis para a maioria das pessoas. Por outro lado, as formas de conduta de vida de certos personagens não condizem, por exemplo, com os valores angolanos. Para tal todos os recursos são dirigidos para educar os pensamentos, sentimentos e inconsciente delas. Assim a mulher tem que comprar tudo e rápido porque logo sai da moda. É um carrossel.

Dessa maneira a “novela faz os desejos de mulher, e a mulher faz a novela”. O resultado dessa maratona está a ser desastroso. Hoje encontramos pelotões de mulheres de vários tipos: de quina pra lua, top model, mulheres de areia, mulheres apaixonadas, da cor do pecado, senhoras do destino, almas de pedra, selva de pedra, feras feridas, almas gêmeas, as belíssimas, as esplendorosas, as sucessoras, as usurpadoras, as indomadas, prisioneiras do amor, com hipertensão, explode coração etc.

«Telenovelas é o "crack da nossa sociedade (I)»
por Feliciano J.R. Cangue
em 03 de Agosto de 2006 - 01:00
Fonte: Club-k.net
Parte II

As fotos da obra heróica

“Eles são angolanos com muito orgulho com muito amor”







Acabei de ver a reportagem fotográfica das manifestação angolana em Paris. Como habitualmente faço, passei à leitura dos comentários. A Comentarista Rosa Simões acredita que as fotos foram feitas de mesmas pessoas que, simplesmente, ficaram mudando de lugar. João Preto acha que foi um fracasso.

Já o grande Domingos Laurino acredita que, ainda que fosse um a participar da manifestação, o mais importante é a mensagem passada. O iluminado Osvaldo Rodrigues considera de “heróis” os manifestantes. Os comentários prosseguem. Neste momento são 29 comentários.

A primeira coisa que me veio à mente foi o Pareto (1848-1923), um economista italiano que formulou uma lei que ficou famosa e hoje leva o seu nome. Segundo a Lei de Pareto, 20% das pessoas de um país, concentram 80% das riquezas (Em Angola não se aplica essa lei). Ainda segundo essa lei, 20% dos funcionários são responsáveis por 80% da produção de uma empresa. Um bom empresário atento facilmente pode constatar que 80% do faturamento de sua empresa provem de 20% de seus clientes.

Dessa forma, a pátria angolana deve cantar o feito heróico de “20%” de seus valorosos filhos que, no dia 19 de maio de 2007, sabiamente organizados em torno de sua vanguarda o “Colectivo Angolano de França”, na Praça dos Direitos Humanos, despidos de cores partidárias, mesmo em perigo, mas sem temor, ousados e com coragem, marcharam, pelejaram, gritaram, cantaram, dançaram (vi os batuques na foto) e empunharam bem alto os cartazes e fizeram brilhar nos céus das terras do velho continente os ideais de Ekuikui, Nzinga-Mbandi, Mandume, Mutuyakevela, Ngola Kanini, Hamavoko, Nzinga Akuvu, Muantiava e outros.

Os nossos avôs tomaram suas foices como armas, resistiram heroicamente contra a dominação portuguesa, para que nós vivêssemos num país livre, justo, democrático, com melhor distribuição das riquezas nacionais, próspero e, onde se respeita ao cidadão.

Os nossos heróis também honraram e foram leais à memória de nossos incansáveis pais, da geração 50, que aqui os represento na figura de Mário Coelho Pinto de Andrade. Além disso, também honraram os ideais daqueles que, em 1961, pegaram nas catanas quebraram as algemas e, posteriormente, pegaram em armas para acabar com a exploração do homem pelo homem e com as cabritagens (comer no pau em que está amarrado).

Os angolanos de bem devem se orgulhar e regozijar desses odisséus. Eles enfrentaram, com ardor e sem timidez, grandes distâncias para lá estar. Ninguém se mostrou de coração fraco. Eles nos fizeram acreditar que ainda há esperança de uma Angola melhor. Eles deram um grito que se fez ouvir em todos os cantos da terra e nos fizeram despertar do sono. Ninguém estava lá para pedir esmola, para que pareça impossível arrumar recursos para tal, (vendo as fotos, nem esmolas eles precisam) mas contra a política do apartheid, esse velho costume de classificar pessoas.

Dessa forma, os nossos campeões, humildemente, se apresentaram para o jogo. Enfrentar os poderosos não é fácil. É uma luta renhida e muito desigual. Do outro lado há Petrodólares e indivíduos mergulhados na corrupção e politicagem, que primam pela postura autoritária, antidemocrática.

É lamentável que precisemos gritar para que sejamos reconhecidos como angolanos. A minha experiência mostra que não há prova maior de amor que este de, mesmo estarmos fora, muitas vezes com o nível de vida que muito dificilmente levaríamos no nosso próprio país, estarmos dispostos a fazer o nosso melhor por esta terra chamada Angola. Angola é de todos nós. Cada um de nós tem uma contribuição a dar para a prosperidade do nosso país. Não há necessidade de selecionar quem é mais angolano ou não para votar.

Os nossos irmãos escreveram uma página heróica que o tempo não será capaz de apagar. Os “20%” que lá estiveram, pode parecer que foram poucos, foram a bordo do cavalo de tróia. Eles foram valentes e lutaram por todos nós.

A luta deles é a mesma dos 20% dos destemidos operários da empresa “xx”. Eu trabalhava nessa empresa. Certo dia, em assembléia, os funcionários resolveram fazer greve. No dia marcado para greve só apareceram cerca de 20% dos funcionários. A empresa foi cruel com eles. Fotografou os grevistas e demitiu quase todos. Os que não foram demitidos, em solidariedade dos demitidos, também pediram demissão. A empresa ficou sem saída. Acabou readmitindo a todos e aumentou o salário (Note que a empresa aumentou o salário antes negado).

O problema maior é que ninguém daqueles que se recusaram fazer a greve, mas ninguém, teve a humildade de ir ao setor de contabilidade recusar o aumento. Os outros arriscaram, enquanto isso os 80% ficaram criticando aos grevistas: essa greve é um fracasso, até o fulano fazer greve? São menos de 20 apoiantes fazendo greve, assim por diante. Os críticos ficaram no ar condicionado a rir dos outros. Depois do aumento, eu gostaria muito ver um, (estou dizendo um) daqueles “espertos” chegar no financeiro e dizer (vou repetir): eu não fiz greve porque fiquei com medo de ser demitido, ou dizer que concordava com o salário, ou dizer que é vergonhoso uma pessoa de seu “status” fazer greve, no Trocadero, no Parvis des Droits de L'Homme (Praça dos direitos do Homem)? etc. Os “espertos” ficaram calados até mesmo quando houve aumento do salário.

Assim, eu não me preocupo com os 80% dessa gente que só quer levar vantagens do trabalho dos 20%. Eu tenho a certeza de que agora estamos em condições de escrevermos a “odisséia angolana”. O que vi, são fotos da dignidade, de pessoas que não trocam a honradez pela honraria. Vi cartazes com escrituras: “não à insegurança pública em Angola; as escolas e hospitais para os nossos filhos; Angola unida, Angola para todos; Eleições livres e democráticas em Angola; luta conta a miséria, opá, apareceu um pastor? não. Olha aí, o Martin Luther King está vivo. Há muito que não me arrepio como ter visto essas fotos. Por isso que que digo: eu, esses manifestantes e você leitor que acompanha o club-k, somos angolanos como muito orgulho, com muito amor. Chega de ficarmos a repetir a canção do exílio de Gonçalves Dias “minha terra tem palmeiras, onde canta o sabia, não permita Deus que eu morra na terra dos outros” ou por que não falar de Neto: “havemos de votar”. God bless you.






















































































































































































«As fotos da obra heróica»
por Feliciano José Ricardo Cangue
em 23 de Maio de 2007 - 12:15
Fonte:
Club-k.net

Fonte das fotos: club-k.net

O Mundo vai de mal a pior

Não é difícil entender as razões que levam certos países a se revezarem na lanterninha na corrida global pelo progresso.

É alarmente o fato de vermos países ricos, produtores de petróleo, por exemplo, a fraquejar diante de um Japão, formado por arquipélago de mais de 3.000 ilhas, com área de 377.835 km2 (área equivalente a de Moxico e Kuando Kubango) de terrenos acidentados e sem recursos naturais, que ainda vira e mexe sofre aqueles terríveis terremotos, como o que ocorreu ontem (15/07), na cidade de Kashiwazaki, de 6,8 graus na escala Richter .

Na tentativa de explicar essa situação, eu já ouvi várias desculpas esfarrapadas, para anestesiar os cérebros, de que há, nos países mancos, escassez de recursos humanos ou recursos materiais inadequados e insuficientes, grandes distâncias entre o centro urbano e cidades do interior, acentuado êxodo rural etc.

Ao analisar um pouco a história do Japão, por exemplo, facilmente se descobre que, o que fez a grandeza daquela nação, foi o sonho de seus avôs de amadurecer suas instituições. A busca da consolidação institucional tem como conseqüência o desenvolvimento cultural, social, econômico, político etc. Isso foi possível porque eles aproveitam a força criativa de seus filhos. E uma das conseqüências disso é o rigor e respeito que as autoridades têm no trato de coisas públicas. E lá chega a assustar. Por exemplo, se um jornalista denunciar que um ministro comprou 5 litros de água mineral usando o dinheiro público de forma irregular, no dia seguinte ele, sem precisar recorrer no subterfúgio “apresentem as provas”, renuncia e pede desculpas à nação e nenhum subordinado vai pedí-lo para permanecer no cargo com temor de ficar “órfão”.

No entanto, nos países de dirigentes orgulhos e cínicos, os sonhos são outros. Há um contínuo retrocesso institucional. Alguns estão muito além do absurdo. Na semana passada, o jornal “Gazeta do povo”, na sua edição de domingo (08/072007) apresentou a entrevista de um jornalista nigeriano que fugiu da morte por ter feito uma reportagem abordando a corrupção no país dele. Três de seus colegas tiveram morte misteriosa.

Se esse comportamento se limitasse à turma do “velho do Restelo”, não seria tão preocupante assim, porque o tempo cuidaria de resolver o problema. Na semana passada tive a oportunidade de conversar com um jovem universitário de um dos países africanos. Perguntei-lhe o que iria fazer assim que terminasse o seu curso. A resposta foi rápida: ser político. Eu perguntei-lhe por quê? A resposta foi curta e grossa:
- “para eu pegar o meu”.
– e o que fará com o seu?
Aí veio a pior parte:
– para eu conseguir umas 5 mulheres.
– O quê? você é mulçumano?
– não, graças a Jesus Cristo. Eu sou muito cristão.
– você acha que alguma mulher hoje aceitaria ser a quinta?
– é só dar uma casa e um carro que ela larga o namorado, marido, seja lá quem for. Se precisar até a família.
– uhmm....

O ser humano precisa sonhar. É bom que persiga um sonho. Todos precisamos viver motivados por um alvo. Precisamos persistir, insistir e nunca desanimarmos, embora, muitas vezes, isso exige que passemos em caminhos dolorosos. Quem não sonha, vegeta. Só respira. Todavia, trata-se de sonhos sadios: estudar para ter um diploma universitário, para o exercício pleno de cidadania, ser útil à humanidade e quem sabe, ter uma boa colocação profissional, trabalhar para oferecer um conforto para a família, por exemplo. Ainda, o século 20 nos ensinou também a sonharmos em grupo como forma de defesa e de sobrevivência.

Mas, foram as inefáveis forças do mal se apressaram e perceberam que é desnecessário o esforço solitário. Eles se associaram em bandos. Essas quadrilhas deram origem em organizações grandiosas e sofisticadas, em muitos lugares tomaram o poder, tornando-se num desafio para os ordenamentos modernos.

É um desafio porque eles agem de acordo com as leis. Só que são leis instrumentalizadas. Eles mudam as leis para atender interesses particulares. Uma característica mais relevante do grupo, segundo um trabalho de Andreza de Oliveira (2004) é a acumulação de riquezas indevida. Para que prevaleçam, impõem alto poder de intimidação, empresas de fachada e uma disciplina rígida aos subalternos que fazem o chamado “trabalho sujo”.

Estudos mostram que os dirigentes de países da poeira, são chefes sem noção daquilo que dirigem. Têm sim é o gosto de mandar. Adoram reuniões. Têm muita paciência de ficarem horas escutando abobrinhas. As decisões que tomam dependem de um coitado assistente. Pior que isso é que eles não mais respeitam nada nem a mentira. Praticam mentiras corrosivas.

Por isso, falar em honestidade está ficando meio fora de moda nesses países. Para breve, a honestidade poderá se transformar numa raridade, numa notícia de primeira página. Essa situação cria enormes dificuldades para pessoas honestas e humildes. Cria uma confusão na identidade de um povo. Como explicar, por exemplo, que uma pessoa venda sua honra por um prato de couves? Hoje, infelizmente, vemos muitas pessoas do bem com baixa auto-estima, se rastejando, que se conformam em ser cauda, enfim.

Em muitos países, a mentira se assenta nas instituições. Diferentemente do Japão, se lá descobrirem uma mentira de um “velho do Restelo”, ele se mata de vergonha. A corrupção noutros países é tão grande, que se um velho desse fosse condenado à morte, ele daria um jeito de molhar a mão do carrasco com uma “gasosa” e tudo acabaria num silencio. O interesse nesses países é a ocultação. No Japão nunca se pede a demissão de ninguém. Isso é desmoralizar a democracia deles. Enquanto isso, noutros países, os políticos praticam crimes na cara do povo, sem nenhum temor de punição nem remorso. Ainda, acham ruim se alguém pedir demissão deles. (e nem adianta, porque ninguém é demitido, no máximo é removido). Esses levam a democracia deles a ficar anêmica.

Além disso, no Japão os chefes são seguros. Pressionam seus colaboradores por resultados; eles criticam e também os elogiam em público. Nos outros países, os chefes pressionam os seus subordinados para elogiá-los em público. E os subordinados, contudo, são apenas criticados ou desautorizados em público.

Por isso que as instituições são banalizadas e em cascata. A honestidade está sendo arrastada para a lama. Diversos bandos têm surgido por aí. Partidos políticos e empresas são criadas com essa finalidade. Quem diria, não respeitam mais nem Jesus Cristo? Cristo agora é uma marca comercial. Não se fala mais em valores morais. A cada dia, inúmeras crenças que criam confusão, surgem. São mais de 2000 denominações que reclamam terem a verdadeira a bandeira de Cristo. Antigamente o sonho de um cristão era a esperança de um mundo melhor. Hoje, é ganhar muito dinheiro. A teologia da prosperidade. As igrejas estão de plantão. Começam a pedir mais cedo o dinheiro. Hoje tudo é de Cristo: atletas de Cristo, Rock'n'Roll para Cristo, Associação de “bêbados de Cristo”. (Jesus, lá nos céus deve estar muito triste com a obra do Diabo). Uma oração poderosa precisa ser feita para expulsar esses demônios.

A confusão não pára por aí. A astrologia está em franca ascensão depois que vênus entrou na casa de Sagitarius. O exoterismo está a mandar mudar o nome de muitas pessoas. “ou você muda o nome ou não ficará rico”. Aumenta o número de pessoas que bem cedo se abraçam em árvores para fazer meditação. “essa árvore tem uma energia que me fará rico”. Nunca se publicou tanto livros sobre QI e Quociente emocional (QE) para se encontrar boas desculpas da situação que o mundo se encontra. Há pessoas que não saiem de casa sem consultar primeiro o horóscopo “se um gato preto cruzar o seu caminho, volte para casa porque um político cruzará seu caminho” . E por que não falar de auto ajuda? “ todos dias olhe-se no espelho e diga: eu ficarei rico. Se dentro de 30 dias não conseguir, troque o espelho”.

No passado o mundo foi protagonizado pelos homens gigantes, valentes, altruístas, homens de palavras, pessoas que sonharam com um mundo melhor e próspero. Pessoas que não confundiam felicidade com prazer. As crianças de hoje, infelizmente, já não sonham mais. Quando sonham.... uhmmm... O mundo realmente vai de mal a pior. Se alguma coisa não for feita, brevemente, muitos países serão governados por “minhocas”, o povo e as instituições a geléia e o país um arquipélago de cacos.

Dedico ao técnico Dunga, da seleção brasileira de futebol, que dedicou o título da copa América conquistado na Venezuela frente à seleção da Argentina pelo Brasil de Robinho às crianças angolanas, em vez de dedicá-lo ao Presidente Lula.


«O mundo vai de mal a pior»
Feliciano J. R. Cangüe
em 17 de Julho de 2007
Fonte: Club-k.net
Foto: NSP

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Que droga é essa?

Volta e meia nos deparamos com resultados de pesquisas diversas. É só impressão minha, ou está cada vez mais difícil encontrar pesquisas de coisas boas? As pessoas que, como eu, acompanham o AngoNotícias, alguns dias atrás, puderam ler o seguinte: “Mais de 40 por cento dos jovens em Luanda fazem uso de drogas”. Não restam dúvidas de que se trata de um fenômeno efetivamente alarmante, inserido como um problema social que deve preocupar famílias, instituições judiciárias, políticas, de educação e de saúde.

Essa pesquisa coloca a capital do nosso país em posição de alerta. Não sou especialista no assunto, portanto aceitem meus comentários com as devidas reservas. Escrevo na modesta tentativa de explicitar uma forma de trabalho que tem dado certo.

Os estudiosos em assuntos comportamentais concordam que os principais motivos que levam o jovem a mergulhar no mundo das drogas, essencialmente são: problemas físicos, sociais, psicológicos, miséria, falta de perspectivas, falta de estrutura familiar, sentimento de exclusão, insegurança, ausência do Estado, entre outros. Muitas vezes o jovem experimenta as drogas para transgredir normas, alimentar e justificar sua contestação. Quando menos espera é a droga que o consome, pois os custos são altos para se manter o vício. Dessa forma, os dependentes dão lugar ao surgimento de um novo grupo: os viciados-criminosos.

Historicamente, a prática do consumo de drogas pelos seres humanos é milenar e universal. Parece que nunca existiu e nunca existirá sociedade sem drogas. Entretanto, em nossa sociedade, estabelecemos com as drogas e com os problemas a ela associados uma coexistência, no mínimo, paradoxal. O uso de drogas ainda pode ser considerado algo comum quando se pensa que algumas pessoas bebem socialmente, outras fumam ou ainda fazem uso indiscriminado de medicamentos sem prescrição médica. Assim, vivemos no mundo com a chamada “cultura de droga”, parecendo ter integrado a droga em nossa realidade existencial.

No caso do adolescente, é importante lembrarmos que ele se encontra numa etapa de desenvolvimento humano naturalmente crítica, cercada de conturbações e conflitos. Trata-se de um período da vida marcado por forte reestruturação das dimensões físicas e psicológicas e por outras mudanças intensas. Nessa etapa o jovem adolescente carrega consigo a árdua tarefa de abandonar o mundo infantil e construir sua identidade adulta, fundamental objetivo neste momento da vida. Nessa fase a presença da família, o envolvimento físico e emocional dos pais é de suma importância.

O jovem moderno é fruto de algumas transformações pelas quais a sociedade passa. Nas últimas décadas percebe-se uma aceleração no que se refere à mudança de valores, alguns destes, até então nunca vivenciados. Meios de comunicação como a Televisão, por exemplo, trouxeram reformulações no conhecimento e na educação, interferindo no comportamento do jovem.

A Televisão pode educar e “deseducar”. Tudo depende do usuário. Via de regra, a televisão prepara o telespectador para o mundo de trabalho e instiga prazeres típicos de consumo. A verdadeira educação provem do ambiente familiar e deveria consistir na transmissão dos conhecimentos, objetivando o desenvolvimento intelectual, físico, moral e estético. O que vemos hoje é a televisão fazendo o papel de “educador” dos filhos. Fundamentalmente, não trás nenhum benefício para a criança assistir programas de TV feitos para adultos. Quando uma criança vê na TV uma cena erótica da novela e não entende, pode criar suas próprias teorias para compreender o assunto e tirar conclusões que não correspondem à realidade. Talvez explique as elevadas taxas de maternidade na adolescência. Uma educação sistemática, muito rigorosa ou omissa por parte dos pais pode fazer com que o jovem acabe por se tornar presa fácil da “tóxico-mania”.

Infelizmente, a juventude está sendo cada vez mais encurralada. (As vezes me pergunto: porque novelas para um país que já produziu “Luandino Vieira”, Pepetela, Jorge Macedo, Boaventura Cardoso, Óscar Ribas, António Jacinto, João de Melo, o ensaísta Mário Pinto de Andrade, Uanhenga Xitu, Arnaldo Santos, Ana Paula Tavares, Manuel Rui Alves, João Maimona, Aies Almeida Santos etc.? Que nome teria a novela estrelada por esses atores?). A humanidade no seu avanço assombroso nos campos da ciência e da técnica aumenta cada vez mais a distância entre os campos da moral e da espiritualidade. Novos padrões ou modelos estão a cada momento sendo criados.

Quando a ciência e a racionalidade tomam conta de vários espaços da vida do homem, deixa-se de viver no mundo místico (possibilidade de conhecimento e do controle tanto da natureza quanto da sociedade). Cria-se, assim, uma época constituída por um vazio de mitos, uma época onde não há princípios, ou melhor, os princípios, por estarem desvinculados de seus mitos, suas crenças, acabam não sendo princípios que regem o mundo, mas regras que regem a razão.

O resultado ai está: uma geração de consumistas arrastados pela correnteza da sexualidade exarcebada e prematura, a banalização do sexo, o desprezo pela dor alheia, o apego à esperteza, à ganância... Assim, o jovem diante das escolhas que foi enfrentando, optou por uma maneira ineficiente de aliviar sua angústia, acomodando suas frustrações no uso de drogas, muitas vezes, tendo consciência que pode pagar um preço alto por esta experiência.

Em suma, a solução tem sido a prevenção, para reduzir o quanto mais possível seus índices. Esse enfrentamento deve ser feito com inteligência. O trabalho preventivo moderno impõe a participação conjunta da Escola e da família, já que são os dois alicerces fundamentais para a formação da personalidade do jovem. Nesse contexto, recomendam-se algumas atitudes: aumento de conversas entre pais e filhos, verificação diária dos deveres de casa dos filhos, proporcionar momentos de lazer e descontração à família e atenção constante aos filhos. Isso seria o mínimo que se espera. Os pais devem ficar atentos aos programas a que seus filhos assistem e conversar com os eles sobre os assuntos que eles vêem e explicar-lhes o que é correto ou não. Assim, teremos jovens alfabetizados em mídia, telespectadores críticos. Pesquisadores da área costumam brincar que a melhor maneira de ter sucesso na vida é escolher cuidadosamente os pais.

O papel da Escola, nessa conjuntura, é desenvolver o potencial criativo do educando e constantemente dar palestras sobre esse assunto. Por outro lado, a escola precisa resgatar o papel que dela se espera: estimular o processo de leitura e da criatividade oferecendo uma formação ampla que possibilite ao aluno sair da passividade, tornando-o ativo e cooperativo. A escola também pode dividir com os pais a função de educar a partir da realidade mostrada na mídia, trabalhando determinados conteúdos da TV em sala de aula. Se trabalharem esses conteúdos em discussões e questionamentos, farão uso dos programas de uma forma educativa.

No adágio popular tem-se dito que “não se deve dar peixe ao homem, mas ensinar-lhe a pescar”. Qual a importância de ensinar a pescar se não lhe garantirmos que terá rios não poluídos onde pescar? Assim, do Estado, espera-se que este garanta pré-escolas públicas, que iniciam as crianças na socialização; vagas para todos os jovens em idade escolar com políticas afirmativas (merenda escolar, bolsas etc.); Estado comprometido com uma universidade que ofereça perspectivas e oportunidades educacionais para a juventude. Uma medida, ainda polêmica já que vivemos na era do “é proibido proibir”, adotar regulmentos rígidos quanto ao consumo de cigarro em locais públicos como bares, restaurantes, hospitais, bibliotecas, recintos de trabalho, salas de aulas, transportes públicos etc.; restringir propagandas associadas ao fumo e consumo de bebidas alcoólicas; vetar a aparição em meios públicos de imagens que associem o cigarro e a bebida aos desportos, ao bom desempenho físico, êxito ou à sexualidade das pessoas em meios de comunicação; proibir que os atletas façam propagandas comerciais desses produtos; fazer constantemente campanhas educativas com celebridades e garantir a existência de parques de diversões, jardins etc entre outras medidas.


«Que droga é essa?»

por Feliciano José Ricardo Cangue

2006, May 21, 14:55

Fonte: AngoNotícias

URL: http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=10026

Ide e espalhai-vos

“Se todos quisessem, faríamos deste país uma grande nação”. Essas palavras foram ditas pelo grande líder da inconfidência mineira, Dr. Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), mais conhecido como Tiradentes.

O médico-dentista não se conformava com a inércia de sua geração. Nessa época, o Brasil era governado por oligarquias cínicas e intolerantes, de intelectuais arrogantes que não respeitavam a opinião dos cidadãos. O malogrado Tiradentes percebeu que a auto-estima da nação estava em baixa e a arrogância dos donos do poder, em contrapartida, estava em alta. O iluminado alferes da companhia de Dragões da Capitania de Minas Gerais deixou um legado para a humanidade que pode ser resumido na seguinte frase: uma nação só se faz com a participação de todos.

Dessa mesma forma, o Senhor Nanizey Kindundi, Diretor do Centro Tecnológico Nacional, foi ao encontro com esse pensamento quando, há poucos dias, conclamou aos investigadores nacionais a trabalharem para a resolução dos problemas técnicos e industriais do país. Uma idéia iluminada. A nossa verdadeira independência, que nos dará a liberdade de exercermos nossa cidadania, será conquistada quando todos, de mãos dadas, participarmos ativamente da construção do nosso país. Dessa maneira, se alguém dá o primeiro passo, todos os outros o devem acompanhar.

A necessidade de escrever este artigo de opinião não surgiu por vocação literária, até mesmo porque minha formação foi voltada para as ciências exatas. A escola, ao invés de me ensinar a ler e a escrever, ensinou-me gramática. Infelizmente, hoje não sei nem gramática, nem ler, nem escrever. Portanto, ao lerem este artigo, façam como os lingüistas: encarar como não havendo erros. Aliás, o maior erro é não fazer por medo de errar. Uma coisa é certa: só se aprende a escrever escrevendo; ir à uma oficina mecânica não faz de ninguém mecânico, o exercício ou a prática é que o fazem. Assim, se tomamos esse exemplo como regra, a democracia só pode ser aperfeiçoada se for exercida. Eu sei que em Angola há diversos especialistas nesse assunto, mas eu posso contribuir à minha maneira.

O que muitas vezes impede o progresso de qualquer país é a presença das oligarquias. Para entendermos Tiradentes precisamos fazer antes uma pequena contextualização. Na época dele, as oligarquias eram basicamente compostas por criminosos expulsos de Portugal. Normalmente eram pessoas de baixa escolaridade e com paranóia patológica, ou seja, verdadeiros inquisitores.

Para não se sentirem diminuídos, faziam uso de um discurso autoritário procurando sempre falar com palavras difíceis e de modo redundante, fazendo uso de uma falsa retórica e que no final das contas não diziam nada que fosse consistente. Era um grupo unido no lema: “uma vez no poder, no poder até morrer”. Para tanto, mantinham o máximo controle sobre a educação. O acesso à escola era uma oportunidade oferecida apenas às pessoas economicamente mais favorecidas. Os filhos dessas pessoas concluíam os estudos em universidades européias, na grande maioria das vezes em Portugal. Eram pessoas injustas, más e pequenas de espírito, que no afã de subir na vida acabavam sendo infectadas pelo vírus da desonestidade.

Sobre esses, o advogado, jornalista, jurista, político, diplomata, ensaísta e orador Rui Barbosa, talvez o maior de todos os brasileiros, dotado de inteligência privilegiada e de grande capacidade de trabalho escreveu: “De tanto crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos de maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

As oligarquias impuseram um atraso assustador ao país. O Brasil levou muito tempo para sanar alguns de seus efeitos. Para se ter uma idéia, a primeira Universidade da América Latina, a de São Domingos, surgiu em 1530. Vieram depois, as universidades do México (1551-1574), do Peru (1551), da Colômbia (1573), do Chile (1738), de Cuba (1782) e do Equador (1791). A primeira universidade brasileira, e a última a surgir na América Latina nesse período, surgiu apenas em 1920 com a finalidade de conceder o título de Doutor Honoris Causa ao rei da Bélgica em visita ao país em 1922.

Hoje não vivemos mais na época de inquisição. O mundo mudou e as oligarquias também tiveram que mudar seus métodos de trabalho. Dizem “sim” para cima e “não” para baixo. Há poucos dias assisti a uma entrevista do sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Durante os oito longos anos que foi presidente da República, ele disse que sentiu falta de pessoas que tivessem coragem de lhe contrariar ou seja lhe só ouvia “sim” Presidente.

Nos nossos dias as oligarquias incrementaram o poder da sua linguagem, criando assim uma habilidade discursiva impressionante. Ainda assim, sempre se fazendo de inocentes. Todos os problemas que aparecem no país acabam terminando na formação de comissões que não conseguem resolver nada, ou seja, terminam em “pizza”. Somente entram no jogo quando têm certeza de vitória. Adestram as pessoas mais simples com doutrinas vazias. Hoje se sabe que há verdades ditas com convicção, mas que no fundo não são verdadeiras.

Em 1989, por exemplo, as oligarquias inocularam o vírus do terror entre a população contra então candidato à presidência da República Luis Inácio Lula da Silva que disputava as eleições com Fernando Collor de Mello. O representante dos poderosos foi à televisão para afirmar que caso Lula chegasse ao Palácio do Planalto, a economia brasileira quebraria porque os empresários fugiriam do país, uma vez que ele não possuía instrução nem experiência administrativa. Para esse porta-voz, apenas Collor poderia garantir a transição sem maiores problemas. Era de domínio público que Lula tinha somente instrução primária, que nunca havia administrado nenhuma cidade, nem sequer foi ministro. Isso não deixava de ser uma verdade dita com toda a convicção, contudo, em nossa realidade, a história mostrou que nada disso era verdadeiro. Não satisfeitos somente com a difamação, às vésperas das eleições, a direita exibiu um depoimento venenoso de uma ex-companheira de Lula. Nesse ano o medo venceu a esperança.

Atualmente, a “esperança venceu o medo” no Brasil. Agora que o corintiano Lula foi eleito presidente, percebe-se que ele está dando um verdadeiro “show de bola”. O povo percebeu que os poderosos são orgulhosos e não gostam de comparação. Os programas sociais que o ex-metalúrgico e sindicalista implementou no Brasil literalmente “alçaram vôo”. Os investimentos e programas na área da educação “dão um banho” em muitos outros feitos em governos anteriores. A democracia de Lula levou comida aos brasileiros. A alternância de poder encheu a barriga de muitos brasileiros. Segundo resultados recentes de opinião pública (01/06/2006) o “companheiro” Lula já está com a “mão na taça”, não da copa da Alemanha, mas praticamente garantiu mais um mandato. Em termos de ensino superior, por exemplo, os dados mostram que em 2004 o Brasil possuía 1.024 instituições de graduação, sendo 153 universidades, 85 faculdades integradas, 768 estabelecimentos isolados e 18 centros universitários.

Os escritores Pimenta & Torero, no livro “Os vermes”, afirmam que as oligarquias, pessoas por excelência bajuladoras que “se lambuzam em banquetes”, estão mais preocupadas com o manual de táticas e tramóias, quem é quem, em como parecer inteligente em entrevistas e debates, com truques e com segredos de contabilidade (2+6=3). É um verdadeiro câncer na sociedade, um “Topa tudo por dinheiro” e por cargos. Eles não gostam de mudanças, para eles tudo deve continuar do jeito que está. Se está bom assim (para eles), por que mudar? Eles são cegos devido ao doentio egoismo e desviam o seus olhares em problemas dos outros. Como se tudo isso não bastasse, ainda são anti-cheguevaristas: endurecem e perdem a ternura por qualquer coisa. No orgulho de sua existência não há lugar para a solidariedade.

O Dr. Tiradentes teve uma morte vergonhosa. O Médico-dentista foi enforcado pelos ladrões desdentados, homens cheios de ódio, cobiça e inveja. Não satisfeitos, segundo Cecíclia Meireles no livro “Romanceiro da inconfidência, O Alferes foi cortado em braços, pernas e cabeça. E partiram com sua carga na mais dolorosa inocência”. Alguns fragmentos desse livro: Essa escritora prossegue: Banquetes, (...) decretos, (...) Ouro! Ouro! Pedem mais ouro! Em largas mesas solenes, vão redigindo os ministros cartas, alvarás, decretos e fabricando delitos (p.76) Enquanto isso o povo “Ai, ouro negro, por ti trabalham os pobres: elefantíases, partos, sarna, torceduras (...) picadas de cobras, sarampo, feiticeiros, senzalas, chibata. Congos. Angolas. Benguelas. Ó imenso tumulto humano! O Cantor Cazuza não cansava de repetir: eles cheiram mal, talvez explique a necessidade do uso de perfumes caríssimos.

Nós, felizmente, não temos oligarquias em Angola, mas o fundador da nação angolana gostava de chamar atenção da presença de uma “pequena burguesia”. Nossos governantes foram eleitos democraticamente em 1992. Em 1792 Tiradentes morria na forca. Hoje, 21 de abril é um feriado nacional em homenagem ao jovem da fazenda do Pombal, na Vila de São José del Rei (atual Tiradentes). Enquanto o Brasil ainda sente alguns dos efeitos nefastos das oligarquias, nós sentimos esses efeitos decorrentes da guerra pela qual o país passou. Na época de Tiradentes, por exemplo, os governantes eram nomeados por Portugal. O sonho de Tiradentes tornou-se realidade quando realeza se mudou para o Brasil fugindo do “tsunami” Napoleão Bonaparte para habitar no seio do povo, sem precisar de aparatos de segurança.

Hoje, vivemos num mundo marcado pelas mudanças sociais, políticas e econômicas que é dominado pela tecnologia e pela competição entre os países. Nesse contexto, o conhecimento é fundamental para a sobrevivência da nação. A soberania do nosso país, portanto, dependerá entre outros fatores, da nossa capacidade de produção, desenvolvimento e incorporação de conhecimento em diversos setores, como o econômico, social e político.

A nossa sociedade possui uma cultura e uma história de vida. Sendo que essa deve se encarada como uma corrida de revezamento entre gerações, em que cada geração tem uma determinada missão. Numa corrida de revezamento como essa cada atleta tem que saber a hora certa de receber e passar o bastão.

A geração dos nossos iluminados bisavôs (Ekuikui, Nzinga-Mbandi, Mandume, Mutuyakevela, Ngola Kanini, Hamavoko, Nzinga Akuvu e Muantiava) resistiu heroicamente contra a colonização portuguesa. Eles souberam como preparar o terreno. Os nossos valorosos avôs tomaram suas foices como armas, combateram e levaram o país à independência. Os nossos incansáveis pais souberam como cuidar bem e garantir o crescimento dessa árvore, ao garantirem a integridade nacional. Mas agora nos damos conta que há pragas que estão atacando essa planta que foi com tanto esmero cultivada.

As mudanças do nosso mundo são fenomenais. Se pararmos para pensar, podemos fazer a seguinte comparação: nossos bisavôs andavam à pé; nossos avôs, de bicicletas, nossos pais, de Fusca; atualmente nossa velocidade é de Fórmula-1.

Assim, o aproveitamento de quadros deve ser tratado com prioridade máxima na agenda eleitoral do próximo ano, pois para que tenhamos uma educação de qualidade, parafraseando o Professor Cristovam Buarque, “será preciso mudar três imagens que integram uma única: a formação, a remuneração e a dedicação – a cabeça, o bolso e o coração”.

Os paises que investiram em larga escala em pesquisa e educação obtiveram resultados supreendentes. A Coreia do Sul, por exemplo, investe cerca de 2,5% e o Japão 3% do seu PIB em pesquisa. Entre 1997 e 2000, a Coréia do Sul registrou 3.472 patentes só nos EUA.

Já estava passando da hora do país ficar com pires estendido. Esmola não dá futuro. Os pesquisadores foram convocados e devem se apresentar para a corrida. Eles devem provar que dizem “coisa com coisa”. Onde estão os conhecimentos que com muito sacrifício foram conseguidos em universidades? Quanto maior a demora, maior será nosso tempo de atraso.

Aliás, em muitos assuntos já estamos “vendo poeira”. Vejamos: somos o segundo pior país para se nascer. Hoje, cerca de uma em cada quatro crianças morre com menos cinco anos de idade; muitas crianças morrem por serem acusadas de feitiçaria; ocupamos os últimos lugares na lista da transparência internacional; a questão dos direitos humanos está em discussão; surtos como o de cólera ainda provocam mais de 1450 mortos;

Ainda outras fatos podem ser destacados: os jovens perderam o rumo da esperança (basta ver os comentários no canal AngoNotícias). Até mesmo o dinheiro de pensões de antigos combatentes de guerra é desviado! As autoridades não sabem o que ocorre dentro do seu pelourinho! É possível encontrar dúzias de crianças que estão para ter seu futuro mutilado pelo fato de estarem fora do sistema escolar.

Fala-se tanto sobre tão pouco: rádio ecclésia, INABE, data das eleições, registro eleitoral, etc. Hoje se estima que o país precisa de 8.000 engenheiros para os próximos seis anos. Se compararmos com a China e a Índia, veremos que estamos levando “um banho”. A China forma 450.000 engenheiros e a Índia 250.000 por ano. As coisas estão muito concentradas em Luanda. Estrategicamente, não é nada aconselhável.

Por exemplo: dos cerca de 700 advogados registrados na Ordem dos Advogados, 650 concentram-se em Luanda e os 50 restantes estão espalhados por oito das dezoito províncias. Vou apenas citar mais dois exemplos do perigo que isso representa para o país. Caso ocorresse um tsunami na capital, o país poderia ficar paralisado por bom tempo. Outro problema: as viaturas de Luanda estão estimadas em 500 mil unidades. Isso equivale dizer que, em média, 5,6 toneladas de monóxido de carbono (poluição), são lançados diariamente sobre a cidade. Tal fenômeno combinado com o processo de industrialização implica, obviamente, em altos índices de poluição atmosférica urbana atingindo assim muitos dos nossos advogados. Enquanto esses gases estão espalhados não há maiores riscos, mas sua alta concentração provoca náuseas, dor de cabeça, irritação e outros sérios danos à saúde, podendo levar a óbito.

Além disso a fumaça, poeira e fuligem provenientes, sobretudo dos veículos e do desgaste de pneus e freios dos veículos em geral, deposita-se no pulmão e provoca o agravamento de quadros alérgicos do aparelho respiratório, causando, irritação nos olhos e garganta, reduzindo a resistência às infecções, causando arritmia cardíaca, câncer e morte súbita em idosos. Na Alemanha, segundo a Deutsche Welle, morrem anualmente aproximadamente 65.000 pessoas devido a esses problemas. Se medidas não forem tomadas, os óbitos serão transformados em coisas tão comuns a ponto de os funerais virem a se tornar verdadeiras passarelas de moda.

Dessa forma, precisamos de políticas bem delineadas e estratégias. Segundo Johan vaan Lengen: “Se planejamos para um ano, plantamos arroz, se planejamos para dez anos, plantamos árvores. Se planejamos para cem anos, preparamos pessoas”. Só a educação prepara verdadeiramente os cidadãos.

Os números mostram que não há desenvolvimento digno sem a democratização da educação. Países com uma população mais educada tendem a serem mais avançados tecnologicamente, menos desiguais, menos injustiças sociais, menor envolvimento com atividades criminosas, melhor saúde da população, têm um salário maior, enfim, uma vida melhor. Nesses países, normalmente, prioriza-se em todos os níveis, o aprimoramento do aluno como ser humano, a formação ética, o desenvolvimento autônomo intelectual e o pensamento crítico.

No nosso caso, em primeiro lugar, é imprescindível escolher bem os problemas a serem atacados. Devemos atacá-los pela raiz. Criticar sem apresentar soluções é muito fácil, a filosofia do momento é “IR E ESPALHAR” e não concentrar. As multinacionais de fé crescem porque não se concentram. A título de sugestão, aqui vai minha lista:

1) Trânsito caótico, violência, autoridades que andam com verdadeiros exércitos de segurança, são sinais de que alguma coisa não vai bem na capital. O Brasil resolveu isso com a construção de Brasília, capital política e administrativa, num lugar neutro. Temos em contrapartida disso, São Paulo que funciona como a capital econômica. Em Brasília as coisas são tranqüilas, a ponto do engenheiro Itamar Franco quando ocupava a presidência da República sair com a sua namorada para assistir um filme. Ao chegarem no cinema foram barrados devido a superlotação. Os dois retornaram ao palácio. Isso ilustra que investimentos de impactos devem ser feitos nas províncias, preferencialmente as mais afastadas de Luanda. Isso atrairá muitas pessoas para essas localidades (provavelmente parte do Roque Santeiro), desafogando um pouco mais nossa capital. Nesse contexto, pode-se amadurecer a idéia de redistribuir certas funções a outras cidades: uma capital administrativa e política, outra econômica, outra cultural e assim por diante. Além da melhoria da auto-estima dos habitantes dessas cidades, muitos investimentos seriam atraídos.

2) Criar e fortalecer escolas técnicas, oferecendo cursos profissionalizantes (turismo, administração de empresas, contabilidade, enfermagem, etc), que preparem o estudante para o mercado de trabalho através de uma formação mais rápida. Além de todas as capitais das províncias, outras cidades podem ser usadas tais como: Gabela, Wakukungo, Cubal, Ganda, Andulo, Cuito Canavale, Zau, Ukuma, Cacongo, Damba, Cuango, Cazombo, Cangamba, Cuito Canavale, Damba, Quimbele, Luquembo, Matala, Caconda, Cangamba, N´zeto, Quibala, Camaxilo, etc.

3) Investir maciçamente em educação em todos os níveis. Para tal, pode-se negociar com alguns credores o perdão da dívida externa e esse montante ser revertido para a educação. A idéia retrógrada de fortalecer primeiro os ensinos fundamental e médio para depois passar para o superior deve ser deixada de lado se lembramos que historicamente, criou-se o ensino superior para fortalecer o ensino médio.

4) Universidade para todos. Criar cursos superiores de curta duração, com foco no mercado, para tender i) profissionais diversos; ii) profissionais que desejam ingressar rapidamente no mercado de trabalho ou fazer reorientação profissional e iii) aos pobres que estão distantes da universidade. O acesso da população pobre ao ensino superior é um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento sustentável do país. Caberia aqui a abertura de universidades particulares e principalmente ligadas às Igrejas.

5) Universidade aberta. Aulas transmitidas pela televisão, rádio, internet, tornando desnecessário que os alunos estejam presentes nas salas de aula.

6) Universidades livres. Além das universidades regulares, o governo deve incentivar a criação de universidades livres, cujos diplomas não são reconhecidos pelo Estado. Quanto maior o número dessas universidades livres, melhor para a vida intelectual do país. Embora sem gerar a ilusão do diploma regular, é possível que alguns desses centros acabem por despertar respeito, graças aos méritos de seus profissionais (Tese do Professor Ex-ministro da Educação Cristovam Buarque).

7) Adoção do “sistema francês de ensino”, no qual são criadas faculdades isoladas em todas capitais das províncias e em outras cidades estratégicas. Para tal pode-se conceber uma universidade itinerante ou volante, ou seja, os professores periodicamente mudam de cidade para cidade. Cursos como Letras, Administração Pública e outros similares podem ser facilmente ministrados nesse regime. Em pouco tempo as dificuldades são superadas.

8) Criação e fortalecimento da extensão universitária que procura levar à comunidade os benefícios do trabalho desenvolvido na universidade, ao mesmo tempo que se aproveita o saber popular para trazê-lo para dentro da universidade.

9) Criar e fortalecer as editoras, televisões e rádios universitárias com o objetivo de promover diálogos com a sociedade por meio de amplo programa de divulgação científica; construção, de modo sistemático, de convênios, programas e redes comuns de comunicação com as instituições de ensino superior de outros países, estabelecendo consórcios que possam assegurar intercâmbio de professores, técnicos, estudantes, projetos comuns de pesquisa, publicações, etc.

10) Criar incentivos para que os “vazios demográficos” do território angolano sejam ocupados.

A idéia de “ir e ocupar espaços demográficos” não é minha, provém do livro “Fonte de Sabedoria”. Ontem, como de costume, durante o horário da telenovela, (quando tenho certeza que poucos ou ninguém vão me telefonar e, se eu o fizer ninguém terá paciência de conversar nesse horário), eu aproveitei para consultar esse livro que tanto me ensina, repreende, corrige e instrui em justiça e me deparei com uma história me chamou atenção: Depois do dilúvio, em vez dos homens se espalharem, disseram uns aos outros: “vinde, edifiquemos para nós uma cidade e duas torres gêmeas cujos cumes cheguem até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espelhados por toda terra”.

O sofrimento assolou aos moradores dos andares de baixo: a turma do piolho, os descamisados, aqueles que “há mil anos clamavam por justiça”, vivendo em ambiente que favorece diversas doenças como tuberculose, cegueira, etc. O todo poderoso desceu confundiu-os, e disse-lhes: “IDE, ESPALHAI-VOS”.

(Gostaria de deixar meus mais sinceros agradecimentos pelo incentivo: aos anônimos, Dr. Waldemar Essuvi Tadeu, Dr. Corujão, Carlos Mulato, Aeiou, Carmo Ferreira, Walter, Kalunga, Dario, Makieleka, Tchinó, Nkuwu-A-Ntynu, Nzila Nzila, Aiaia , Arnaldo, Seawolf, Fernando Macedo, Angola no Coração, Josena, Chiamba "Mingo", Quim Tamar Quino, Bumba, Voz do Sul, Atino, Ufmg, Peixe Frito. Ao Português Lusófono, Dacosta Zé, Sem Conflito. Ao Angolano, Kiamgombe, Ngasakilila. Ao meu pai que deixou-me parâmetros de vida a serem seguidos e a você leitor pela paciência. À AngoNotícias pelo espaço).

Artigo de opinião, assinado por
Feliciano José Ricardo Cangue
04 de Junho de 2006
Fonte: AngoNotícias
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=10203