Depois de merecidas férias, voltei. Estou separando uma hora para elogiar. É isso mesmo. Elogiar! Num país onde muitos acham que a solução de todos os problemas é o controle do Estado, onde os comunas só pensam no poder pelo poder, sonham em ficar no poder durante os próximos sessenta anos e para tal fazem de tudo para manobrar a máquina, no país onde as forças do atraso se organizam para impedir o progresso de Angola, temos que elogiar todas as iniciativas que quebrem esses paradigmas.
Desculpem a ousadia, mas o meu elogio dirige-se ao Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que recentemente falou para a Voz da América, lá em Washington onde participou da Conferência Mundial das Organizações Eleitorais. Eu já falei tanto da CNE, Comissão Intersetorial, Comissão Interministerial para o processo eleitoral, etc. Eu não tenho nada contra eles. Não. O Juiz Caetano de Souza não leu nenhum discurso. Não. Ele simplesmente afirmou o óbvio. Ele disse a verdade: “Se tivéssemos uma data indicativa, teríamos que tirar a gente de Luanda para prestar serviço nas províncias onde tivemos dificuldades”. Ele vai mais além: “em 1992 tínhamos os prazos definidos, e por isso estávamos em posição de criarmos as condições”.
Há um ano eu escrevi isso. Quase fui imolado. Chamaram-me de Taliban cultural e muitos outros nomes feios. Releiam um dos trechos que escrevi inspirado em Max Gehringer: “...Os engenheiros e administradores conhecemos bem a lei do Engenheiro Cyril Northcote Parkinson (1909-1993) que afirma: “Todo trabalho se expande até preencher o tempo disponível para a sua realização”. A aplicação prática dessa lei pode ser vista todos os dias em todo lugar. Qualquer pessoa provavelmente já percebeu que caso tenha dez minutos para escrever um relatório, levará dez minutos para fazê-lo. E, se tiver uma semana, levará uma semana para fazer a mesma coisa.
Um outro exemplo que pode ser visto é quando damos uma tarefa simples a um funcionário com bastante tempo livre. O funcionário começará mandando e-mails, em seguida irá convocar reuniões e envolver outras áreas em seu trabalho. Depois começará a participar de cursos, e como terá que viajar e escrever o relatório irá requisitar um assistente, uma secretária, um revisor de textos e uma viatura para aumentar atrapalhar mais o trânsito (de Luanda). Se o processo não for interrompido em pouco tempo, uma tarefa simples pode se transformar em um departamento inteiro, cheio de gente querendo expandir o seu trabalho, delegando responsabilidades, até preencher o tempo disponível. No nosso caso de Angola se, por exemplo, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não determinar um prazo para que os gabinetes provinciais, municipais e comunais sejam instalados, isso dificilmente irá ocorrer, congestionando assim todo processo eleitoral gerando assim ansiedade e tensões de natureza política em diversas partes do país...”, assim por diante.
Desculpem a ousadia, mas o meu elogio dirige-se ao Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que recentemente falou para a Voz da América, lá em Washington onde participou da Conferência Mundial das Organizações Eleitorais. Eu já falei tanto da CNE, Comissão Intersetorial, Comissão Interministerial para o processo eleitoral, etc. Eu não tenho nada contra eles. Não. O Juiz Caetano de Souza não leu nenhum discurso. Não. Ele simplesmente afirmou o óbvio. Ele disse a verdade: “Se tivéssemos uma data indicativa, teríamos que tirar a gente de Luanda para prestar serviço nas províncias onde tivemos dificuldades”. Ele vai mais além: “em 1992 tínhamos os prazos definidos, e por isso estávamos em posição de criarmos as condições”.
Há um ano eu escrevi isso. Quase fui imolado. Chamaram-me de Taliban cultural e muitos outros nomes feios. Releiam um dos trechos que escrevi inspirado em Max Gehringer: “...Os engenheiros e administradores conhecemos bem a lei do Engenheiro Cyril Northcote Parkinson (1909-1993) que afirma: “Todo trabalho se expande até preencher o tempo disponível para a sua realização”. A aplicação prática dessa lei pode ser vista todos os dias em todo lugar. Qualquer pessoa provavelmente já percebeu que caso tenha dez minutos para escrever um relatório, levará dez minutos para fazê-lo. E, se tiver uma semana, levará uma semana para fazer a mesma coisa.
Um outro exemplo que pode ser visto é quando damos uma tarefa simples a um funcionário com bastante tempo livre. O funcionário começará mandando e-mails, em seguida irá convocar reuniões e envolver outras áreas em seu trabalho. Depois começará a participar de cursos, e como terá que viajar e escrever o relatório irá requisitar um assistente, uma secretária, um revisor de textos e uma viatura para aumentar atrapalhar mais o trânsito (de Luanda). Se o processo não for interrompido em pouco tempo, uma tarefa simples pode se transformar em um departamento inteiro, cheio de gente querendo expandir o seu trabalho, delegando responsabilidades, até preencher o tempo disponível. No nosso caso de Angola se, por exemplo, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não determinar um prazo para que os gabinetes provinciais, municipais e comunais sejam instalados, isso dificilmente irá ocorrer, congestionando assim todo processo eleitoral gerando assim ansiedade e tensões de natureza política em diversas partes do país...”, assim por diante.
Num bom português (o português popular), o presidente da Comissão Nacional Eleitoral e ao mesmo tempo Juiz do Supremo (!) disse que se dependesse deles e se alguma data fosse marcada, eles não teriam problemas em cumprir tais prazos. Isso é verdade. Dessa forma, nós podemos generalizar essa fala.
Assim, surgem as primeiras indagações: por que não marcar então a data das tais eleições? Por que de tanto suspense, se já sabemos que a copa do mundo de futebol de 2010 será na África do Sul? Por que angolanos na diáspora não poderão votar, nos nivelando assim com Timor Leste que se tornou independente ontem?
Assim, surgem as primeiras indagações: por que não marcar então a data das tais eleições? Por que de tanto suspense, se já sabemos que a copa do mundo de futebol de 2010 será na África do Sul? Por que angolanos na diáspora não poderão votar, nos nivelando assim com Timor Leste que se tornou independente ontem?
A banda podre do MPLA não tem interesse em marcar a data de eleições porque o partido está em crise. A crise de identidade. Ninguém deve se preocupar com isso. Qualquer empresa, casamento etc. passa por essa fase. Algumas empresas conseguem superar essa fase e conseguem seguir adiante ou surgem as rupturas. Para encobrir isso estão tentando provocar a todos e a tudo, principalmente o enfraquecimento de outros partidos.
É fácil constatar isso. O MPLA começou com 30 mil filiados, nos anos 70, e hoje, acreditam possuir 2 milhões (?). Só que esse crescimento não foi sustentável. O sistema que se criou é concentrador e não distribui renda. Quantos filhos desses 2 milhões podem ter os Jeeps de gama? O resultado está aí: muitas pessoas andam se prevenindo contra captura internacional. Além disso, os sinais de ruptura e insubordinação já são visíveis. Há poucos dias um deputado, do MPLA, do bem, daquele saudoso MPLA que pregava que a exploração do homem pelo homem acabaria em Angola, que combatia a pequena burguesia e a corrupção, lembram? Pois é. O deputado perdeu paciência e começou a cobrar eleições. É isso mesmo.
– Todos os países da nossa região realizam eleições periodicamente inclusive a RDC (República Democrática do Congo) e nós não...
Ele descobriu que o atual governo e os deputados estão na grande área em posição de impedimento, de “fora de jogo”. Todos sabem que fazer golo nessa posição é ilegal.
Além disso, só agora que descobriram que o povão angolano é áulico. Como ir para eleições com essa situação? Aliás, não somente esse povo sofrido. Os grandes quando não são delegados ou eleitos para alguns cargos renunciam a tudo. Recentemente, depois que se anunciou que angolanos na diáspora não mais votariam, foi noticiado que secretários passaram a se ajoelhar para que associados comparecessem às reuniões. Os mais criativos têm promovido almoços, lanches etc. Temos até uma cena patética em que um governador que não é recebido no palácio presidencial (como foi noticiado e não desmentido) e nem é demitido.
O MPLA se vangloria de ser o único partido que possui quadros preparados tanto em qualidade quanto em quantidade. Na conjuntura em que vivemos é provável que seja verdade. Mas afinal de contas onde andam esses quadros? O país precisa desses quadros.
Já dizia Marinetti , tudo que é sólido se desmancha no ar. Há trinta anos que o MPLA mantém no poder os comunas, que não gostam de estudar, que foram preparados para serem guerrilheiros ou revolucionários. Eles odeiam administrar bem. Nunca geriram um carrinho de cachorro quente. Temos estruturas administrativas desorganizadas. Ninguém combate a corrupção! Temos um grupo que não dialoga, não há sinergia, só intrigas. Eles estão mais preocupados com a neo-conferência de Berlim: a divisão de Angola em capitanias hereditárias. Por isso só gostam de reuniões.
O que seria de nós de se não houvesse antes o governo de Agostinho Neto que, com todas as dificuldades daquela época, foi capaz de montar uma equipe que ainda está ai? Infelizmente, os tempos mudam e os problemas surgem a cada dia. Na época do Neto não havia Internet, telefone celular, não havia FAX, não havia computador, era mesmo na máquina de datilografar. Os comunas ainda conseguiam dar conta. No entanto, eles não se atualizaram e agora o “xeque” foi dado.
O resultado concreto está ai: governo não consegue governar, frente às complexidades de nossos dias. Estão instalando o salazarismo disfarçado e a platéia de desinformados, a população de pobres ignorantes crê em tudo que a máquina produz e todos ficam repetindo fervorosamente: candidato natural. Ninguém ousa uma justificativa criativa, como: candidato experiente, mais velho, mais bonito, mais rico, etc. Depois de 30 anos nenhum comuna se apresenta como alternativa em substituir o Homem? Ninguém aprendeu nada? Como podem ocupar cargos importantes por tanto tempo? Nesse cenário, dá vontade de se jogar no buraco.
As consequências estão ai. Em qualquer jornal só lemos: Luanda controla excessivamente processo eleitoral, as armadilhas do nosso processo eleitoral (está tudo armadilhado), a democracia em Angola! mito ou realidade (é mito), Angola: o pecado da cumplicidade, por ser da UNITA despejaram-lhe petróleo, resenhas e mais resenhas sobre atos de intolerância política etc.
Por isso que hoje resolvi elogiar. O Juiz, por outras palavras, disse que ele não tem nada com isso. Se eles marcarem a bendita data, as comissões estão preparadas, nem que se faça das tripas o coração. (Eu concordo 100 por cento). Ele deixou-nos uma palavra de conforto: em 2008, haveremos de voltar, a votar, pelo menos os que estiverem em Angola. Até que enfim uma boa notícia.
(Ah, esqueci uma coisa: sempre que elogio alguém, não demora muito para ser demitido, mas tenho certeza que isso não acontecerá).
Por isso que hoje resolvi elogiar. O Juiz, por outras palavras, disse que ele não tem nada com isso. Se eles marcarem a bendita data, as comissões estão preparadas, nem que se faça das tripas o coração. (Eu concordo 100 por cento). Ele deixou-nos uma palavra de conforto: em 2008, haveremos de voltar, a votar, pelo menos os que estiverem em Angola. Até que enfim uma boa notícia.
(Ah, esqueci uma coisa: sempre que elogio alguém, não demora muito para ser demitido, mas tenho certeza que isso não acontecerá).
Publicado:
Portal de Informações " Club-k.net" em 10 de Abril de 2007 - 05:00
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