quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Movimento marca ato para tentar derrubar presidente de Angola



O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, está há 32 anos no poder e sofre críticas pelos altos índices de corrupção em seu governo

23 de fevereiro de 2011
EFE


Por Claudio Leal

Terra Magazine (Terra - Brasil)

As rebeliões populares no Oriente Médio estimularam a articulação de um movimento, em Angola, para derrubar o presidente José Eduardo dos Santos, há 32 anos no poder. Sucessor de Agostinho Neto, um dos ícones da luta pela Independência, Santos assumiu em 1979 a presidência do País e do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Em 1992, passou por um tumultuado pleito, o qual reacendeu a guerra civil. Com a nova Constituição, a próxima eleição presidencial está prevista para 2012.

O manifesto "A Nova Revolução do Povo Angolano" se espalha nas redes sociais, repercute em jornais online dos países de língua portuguesa e foi amplificado por uma nota da Agência France-Presse. "Em toda Angola, vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du, seus ministros e companheiros corruptos", anunciam. O ato central está marcado para o Largo da Independência, em Luanda, no dia 7 de março.

A combustão pode vingar, mas existe no povo angolano um sentimento de cansaço, depois de uma longa e devastadora guerra civil, encerrada somente em 2002. Terra Magazine procurou ouvir os líderes do movimento e trocou e-mails com "Agostinho Jonas Roberto dos Santos", que se apresenta como principal organizador dos protestos. Ele usa um pseudônimo que agrega os nomes de personagens da história contemporânea de Angola: Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto e o próprio José Eduardo dos Santos. Preferiu não se identificar e afirma que não há outros manifestantes por trás do nome. "Eles vão matar alguns de nós, mas no fim não vão conseguir matar-nos todos", diz.

- Entendemos que a mídia e algumas pessoas dentre o povo angolano estão preocupados com a minha cara e eu garanto-lhe que darei a cara no momento propício porque ainda estamos na fase de mobilização das massas.

Assinada por Sergio Ngueve dos Santos, uma carta foi dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com o pedido de "ajuda e observação". Há divisão entre os opositores angolanos. Em entrevista a uma rádio, o jornalista e ativista Rafael Marques, que mantém um site anti-corrupção, criticou o manifesto e disse que teme "um banho de sangue", pois "os angolanos são profundos praticantes e conhecedores da violência". "É preciso estruturar a sociedade no sentido de se preparar para o pós-Eduardo dos Santos", defendeu Marques.

O líder anônimo, que não se assume como Sergio Ngueve dos Santos, garante que o movimento é composto por membros de todos os partidos políticos do País, mas não possui um caráter político-partidário. No centro das exigências, a realização de eleições periódicas e o fim da era "Zé Du".

- Estamos cansados desta ditadura de quase 32 anos e queremos ser liderados por vários líderes em cada 5 ou 10 anos, o que acreditamos será uma verdadeira democracia, visto que o país será dirigido por diferentes pessoas com visões diferentes para o bem do povo angolano.

O MPLA já se pronunciou contra o movimento, o que sugere a expectativa de uma dura repressão aos anunciados protestos em Luanda e no resto de Angola. Criticado por causa de sua longevidade no poder, além dos casos de corrupção no governo, Santos tem o controle das Forças Armadas e conta com uma força simbólica sobre o País. Nesta entrevista, o líder reconhece o desejo de paz do povo angolano. Entretanto, argumenta que os jovens possuem outra mentalidade:

- Um jovem angolano disse, e com razão, que o povo de Angola já não é aquele povo de 20 anos atrás. Atualmente conhecemos a besta que vamos derrubar e não somos intimidados pelas ameaças mesquinhas do corrupto Dino Matross (secretário-geral do MPLA).

Confira a entrevista.

Terra Magazine - Agostinho Jonas Roberto dos Santos é um nome composto de lideranças políticas angolanas: Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto e Eduardo dos Santos. Quantas lideranças estão por trás do atual movimento? Por que a preferência pelo anonimato no manifesto "Nova Revolução Angolana"?
"Agostinho dos Santos" - O pseudônimo Agostinho Jonas Roberto dos Santos pertence a um só indivíduo que é o lider deste movimento. O movimento foi formado por jovens angolanos. A escolha do nome tem caráter simbólico, baseando-se na sequência de vida e morte dos protagonistas, sem querendo desejar a morte de José Eduardo dos Santos. O MRPLA não pertence a nenhum partido político angolano (lê 'about' em http://www.revolucaoangolana.webs.com/), mas representamos o conjunto do povo angolano pela nossa diversidade provincial, tribal, racial, cultural, e muito mais.

Entendemos que a mídia e algumas pessoas dentre o povo angolano estão preocupados com a minha cara e eu garanto-lhe que darei a cara no momento propício porque ainda estamos na fase de mobilização das massas e seria precoce e perigoso mostrar a cara.

Vocês acham que uma movimento pela substituição do presidente José Eduardo dos Santos, que está há 32 anos no poder, tem as mesmas chances de prosperar que os protestos no Egito, na Tunísia e na Líbia?
Acreditamos na mudança, principalmente porque estamos cansados das injustiças e da falta de interesse dos nossos governantes que para além de perpectuarem a exploração ao povo, perderam o sentido de criatividade e inovação. Estamos cansados desta ditadura de quase 32 anos e queremos ser liderados por vários líderes em cada 5 ou 10 anos, o que acreditamos será uma verdadeira democracia, visto que o país será dirigido por diferentes pessoas com visões diferentes para o bem do povo angolano.

Não existe um cansaço do povo angolano com confrontos políticos, depois de uma longa guerra civil? O desejo de paz não deve enfraquecer o movimento?
De princípio também pensamos assim, mas agora temos uma percepção diferente daquilo que é o nosso povo. Um jovem angolano disse, e com razão, que o povo de Angola já não é aquele povo de 20 anos atrás. Atualmente conhecemos a besta que vamos derrubar e não somos intimidados pelas ameaças mesquinhas do corrupto Dino Matross.

O manifesto do movimento tem sido espalhado, principalmente, pela internet. Mas a penetração da internet não é grande em Angola. Como tem sido feita a mobilização para o ato de 7 de março?
A mobilização em Angola está a ser feita em forma de passe-a-palavra (NR: boca a boca) e debates nos bairros, cidades em todo o pais. Estamos satisfeitos com a campanha que fizemos até agora porque não só no país mas os angolanos na diáspora (Alemanha, Brasil, EUA, Canadá, França, a associação da mulher angolana no Reino Unido (Omal), estão todos ao nosso lado. Os jovens no país são a nossa maior força nesta causa.

Também tenho de realçar que a Constituição que o próprio governo elaborou garante-nos o direito de manifestação em lugares públicos SEM NENHUM AVISO, eu cito "reuniões e manifestações em lugares públicos carecem de prévia comunicação à autoridade competente".

Leia mais: CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA DE ANGOLA Artigo 47.º (Liberdade de reunião e de manifestação) 1. É garantida a todos os cidadãos, a liberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorização e nos termos da lei. 2. As reuniões e manifestações em lugares públicos CARECEM de prévia comunicação à autoridade competente, nos termos e para os efeitos estabelecidos por lei.

Como o movimento avalia o governo de José Eduardo dos Santos?
Este governo gaba-se em ser sócio-democrático mas os seus atos, que foram uma experiência dolorosa para o povo angolano, define a verdadeira face do regime ditador de José Eduardo dos Santos. É um governo que não trouxe nada de melhor, repito, nada de melhor ao povo angolano.

Lideranças do MPLA já defenderam medidas duras contra a manifestação. Vocês temem uma repressão violenta do governo?
Uma repressão violenta é esperada pelo povo angolano, mas a nossa voz falará mais alto e os nossos atos irão remover o regime ditador de José Eduardo dos Santos. Eles vão matar alguns de nós, mas no fim não vão conseguir matar-nos todos. Viva o povo lutador de Angola.

Vocês integram algum agrupamento político-partidário?
Não nos integramos a nenhum agrupamento político-partidário, mas o nosso grupo está composto por angolanos de todos os partidos políticos angolanos. Este grupo não é político, mas sim um movimento de todo o povo de Angola que está a lutar na defesa genuína dos interesses do povo angolano. O movimento do povo apela a todos os militantes e partidos políticos de Angola, incluindo o MPLA, a se juntarem a esta revolução para o bem comum de todos os Angolanos.

Também apelamos aos nossos irmãos da Polícia Nacional e as Forças Armadas Angolanas a se juntarem ao povo porque acreditamos que eles também são vitimas deste regime ditador.

Terra Magazine

Leia esta notícia no original em:
Terra - Brasil
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4959156-EI6580,00.html

Reflexões sobre modelos de Educação em Angola. Por Mário Cumandala


Por Mário Cumandala (Economista)

O dueto entre economia e educação já esta tomando corpo em Angola. Esta realidade para não dizer novidade, galvanizou minha atenção para reflectir um pouco sobre este tema. Tudo isso porque a recente decisão da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto sobre não admitir alunos para uma segunda licenciatura, não passou para mim de uma medida miópica. Esta decisão demonstra o lado económico do sistema todo. Por consequente, o primeiro passo do sistema educacional ter sido mal estruturado.

E é sobre o apoio disponibilizado pela educação à sociedade capitalista globalizada, bem como os desafios que disso se depreendem, que tratarei a seguir.

Já dizia o grande educador e psicólogo Howard Gardener que “se você pensa que a educação é cara, tenta estimar o custo da ignorância”.

Olhando para os índices de analfabetismos em Angola, parece ser o mais correcto oferecer educação gratuita dos cinco anos ate ao ensino médio. E ensino superior, porque deve ser gratuito?

Em Angola temos o sistema público, agora espalhado por toda Angola oferecendo educação que pode ser considerada gratuita. Isto porque os estudantes que acedam ao sistema público, não precisam experimentar a dor de cabeça das propinas, que as universidades privadas cobram com penas severas em caso de atraso.

O valor da educação ou formação, se torna assim cada vez mais relevante na luta de hoje contra a recessão global. Portanto, intensificada está assim também a competição. Por causa disso, também os custos da educação estão a galopar como vimos nos últimos protestos no Reino Unido.

Uma coisa é verdade, “free education” ou educação gratuita em Angola, devem respeitar o valor intrínseco do conhecimento e das ideias, sem discriminar seu valor subjectivo no mercado de trabalho. Deve ser sobre a busca do conhecimento per si, que em contra partida, será para o enriquecimento do indivíduo e da sociedade.

Assim é que este princípio, se torna numa autêntica anti-tese da agenda neo-liberal, que vê educação universitária como uma fábrica de licenciados, para o benefício das grandes empresas, que por seu turno, buscam sempre reestruturar o currículo universitário para as prioridades dos “big business”.

A comercialização e a comodificação da educação, pode levar um pais a prioritisar sílabas e áreas de estudo que por sua natureza, apresentam mais valor acrescido as grandes empresas ou sectores, em detrimento de outras, não importando seu valor para a sociedade.

Por uma ilusão de ensino, os licenciados são muitas vezes equipados somente com certos “skills” e conhecimentos, que são mais procurados pelos empregadores, em detrimento do seu intelecto e desenvolvimento pessoal. Ate porque por causa disso, muitas vezes a distorção chega ate para áreas críticas como pesquisa médica e cientifica para conquistar o sector privado.

Falar de uma educação universitária gratuita, e falar de um sistema educacional democrático, onde os educandos e os docentes, podem ter algum controle significativo sobre as decisões afectando o ensino universitário. Isto mais é do que a democracia de migalhas, que muitas instituições educacional em Angola oferecem através das grémios dos estudantes “ Student Unions” .

Vivermos num mundo altamente globalizado, tornando-se imperativo criticamente postular, a partir do enfoque educacional e económico, como processo de aceitação, rejeição e adaptação dos sujeitos sociais no mundo globalizado acontecem. Tentarei também dar uma contextualização da relação da Economia com a Educação, em um breve corte histórico, tomando como base para esta reflexão o Taylorismo e o Fordismo e suas implicações sócio-educacionais para países em desenvolvimento como Angola.

Ao invés de situacionar o lugar e importância desta grande e nova teoria, gostaria de realmente responder a grande questão: O que na verdade globaliza o nosso mundo educacional?

A resposta pode não ser uniforme. Isto porque na sociedade contemporânea, capitalista e neoliberal, o que globaliza o mundo são as relações económicas e, muitas vezes de dominação, entre as nações ricas e pobres em recursos humanos como a nossa Angola.

Mas não qualquer relação económica e sim uma que conte, entre seus factores de maior relevância, com o suporte técnico-educacional a altura de suas necessidades. Assim, a educação está para o mundo globalizado como a obra ‘Investigações sobre a natureza e a causa das riquezas das nações’, de Adam Smith, está para a criação de um novo perfil de empresariado capitalista no século XVIII, ou seja, a Educação actua como uma das ferramentas mais úteis ao actual modelo capitalista de que Angola e parte. Esta é a verdade a que nosso sistema educacional precisa reflectir.

A opção que a mais de dois séculos, o ocidente fez, em fazer da educação uma das ferramentas do futuro, agora já no nosso presente alcunhada de economia de mercado ou capitalismo, esta muito forte. Esta, levou também ao actual desenvolvimento bélico e tecnológico para se manterem no poder e impor seu modo de vida (‘way of life’) ao mundo de hoje ou na aldeia global” como sendo o melhor dos modos.

A probabilidade de emprego para um jovem Angolano saído da Universidade Agostinho Neto, MIT, Harvard, Wharton, London Scholl of Economics, Oxford ou Cambridge e 100%. Por outro lado um jovem licenciado pela Universidade Independente de Angola pode ainda passar pelo deserto do desemprego. Não que esta instituição não tenham a seu dispor o brilho e relevância de um sistema de ensino superior de ponta, mas e uma questão de liga, localização e idade.

E quando nos impõem esse modo de educação e conhecimentos, o ocidente com seu sistema de ensino, impõe também o modelo educacional e cultural a ser seguido, mesmo que em alguns casos essa imposição seja indirecta. Vejamos que indirectamente preferimos o formado em Coimbra versus na Patrice Lumumba, a verdade que se diga.

Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) dizia que “nada se cria, mas sim tudo se transforma”. Essa máxima do século XVIII continua válida para a conjuntura global actual no que tange alguns daqueles que são aspectos vitais da sociedade desde o mais remoto estado das civilizações, quais sejam, a Educação e a Economia. Elas, depois de formuladas, simplesmente não se recriam, mas apenas se transformam em algo que, mesmo parecendo novo, traz em si muito do processo anterior à sua nova configuração, dando, aos mais atentos, a impressão de que nada novo há debaixo do sol.

Nós, economistas e admiradores de Adam Smith, o pai da economia moderna, sabemos que este viveu no XVII, mas suas teorias, como a da “mão invisível” ainda são tema de actualidade, sobretudo depois da última crise económica que o mundo viveu. O que seria suicídio profissional, se um engenheiro de informática por exemplo buscasse nas teorias de programação dos primeiro computadores da IBM para programar um computador hoje de ultima geração da Dell.

E neste aspecto que deve-se deduzir, que a educação esta a transformar-se cada vez mais em uma educação escolar que reproduz pura e simplesmente os interesses sociais da minoria dominante em detrimento da maioria dominada, e nisto, a Economia ganhou uma importância como em nenhum outro momento da história.

Certamente, assim como a revolução tecnológica do século XIX teve como base o Taylorismo e o Fordismo. Com essa revolução, o capitalismo passou por uma reestruturação de seu modelo produtivo, privilegiando princípios hierárquicos e piramidais de autoridade. Também ficou intensificada ainda mais, a divisão de trabalho entre os que pensam a produção e os que a executam na prática.

Nesse contexto, no campo da educação conforme pude compreender, ganha força a corrente tecnicista, que e a sistematização das ideias do Taylorismo para a educação, com a aptidão para a submissão sendo mais exaltada que os conteúdos culturais. Por isso a falta de originalidade em cadeiras que se ensinam em Angola pode criar uma classe de tecnocratas deficientes em termos de sua identidade cultural.

Conhecer todas as teorias económicas de Milton Friedman ou George Lucas, ambos economistas de renome e americanos, e não conhecer teorias económicas de Ghandi, é para um absurdo educacional que Angola pode evitar.

Para entender a conjuntura actual de transformações econômico-educacionais, é necessário ter uma visão macro-social, pois é numa intenção de abrangência não só dominante, mas também totalizante que trabalha o sistema capitalista. Corrobora com essa prática capitalista, posto que estão intimamente unidos, a revolução tecnológica acima citada que provoca um processo de aceitação/rejeição/adaptação dos sujeitos sociais ao modelo social e não o seu contrário.

Resistir e fútil. Assim e que se torna imperativo adaptar-se, e é isso mesmo adaptação urgente. Sobre esse processo de adaptação ou não dos seres ao meio em que vivem já nos falava Charles Robert Darwin (1809-1882) em seu livro ‘On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life’ (Sobre a origem das espécies através da selecção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida) ou simplesmente ‘A Origem das Espécies’, no qual ele propõe a teoria de que os organismos vivos evoluem gradualmente através da selecção natural, exactamente como prega o neoliberalismo em que o mundo não é de todos e para todos, mas apenas dos mais aptos ao pensamento e desenvolvimento mercadológico da vida.

Será que se pode dizer o mesmo sobre a educação em Angola? Estamos nos adaptando ou as diversas políticas educacionais estão criando resistência que no final vão prejudicar os futuros quadros desta jovem nação?

Hoje, lamentavelmente, em Angola, o educador e o estudante, são uma classe socialmente desprivilegiada. O professor era na era colonial, o Educador que retirava as pessoas das trevas e da ignorância. Hoje ele muitas vezes, não se vê motivado em fazê-lo.

Salário do educador, atrasa sempre, custos de transporte para o serviço sempre a subirem, alunos sem civismo, país ou encarregados trungungueiros, (há professores do ensino do primeiro ciclo que apanham dos encarregados de educação). Como se não bastasse, há alunos que vem a escola ou universidades com o ultimo carro e roupa da grife. Não há justiça social.

Contudo, é bom deixar clara que no campo econômico-educacional, mesmo o neoliberalismo que apregoa que o Estado deve ter uma interferência mínima (senão nula) na economia, isto não priva o mesmo de fortalecer o seu sistema educacional.

Portanto, devemos primar por um sistema educacional que defenda que a escola exista para uma formação social, entendida como educação crítica reflexiva, e não para uma formatação social, entendida como educação tecnicista submissiva.

Não e fácil escrever sobre um tema como educação e economia, tudo o que quis apresentar é uma forma panorâmica dos encontros e desencontros entre educação, política, economia e a nossa sociedade angolana que já é bastante dinâmica, mutante e impregnada com a nossa realidade.

Assim sendo, julgo ser necessário, passar do anúncio e denúncia de uma visão do mundo que privilegia o capitalismo neoliberal e exclusor para a legítima implementação filosófico-ideológica-governamental que já ocorrem em modelos (sociais, político e educacionais) como alternativos ao capitalismo.

Basta olhar na Venezuela de Hugo Chavez, Cuba, de Fidel Castro e na Bolívia de Evo Morales, isso para citar apenas exemplos latino-americanos e, assim, ajudar a romper com o pensamento eurocêntrico da história da educação e da economia.

O único investimento seguro que Angola pode oferecer aos nossos filhos, é a educação. Por isso chega de experimentos com a nossa juventude. Vamos construir um sistema nosso como alternativa ao capitalismo.

Luanda, 23/02/2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Os Palancas se classificam para a final do CHAN


A seleção angolana de Futebol está na final da taça CHAN do Sudão, 2011 - Campeonato Africano das Nações para jogadores que atuam nos respectivos países, ao vencer nas penalidades por 4x2 os anfitiões, após o empate a uma bola no tempo regulamentar. Vale lembrar que Angola contratou o técnico Lito Vidigal aproximadamente faltando um mês para início da competição.

"De vitória em vitória, de empate em empate, Angola chegou lá. Agora é possível sonhar com o título que será disputado com a Tunísia na sexta-feira dia 25 de Fevereiro, às 18h30 de Luanda.

O futebol tem contribuido para a unidade do povo angolano. Força Palancas Negras.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

E depois da ditadura I? - Mário Cumandala


Por Mário Cumandala (economista)


Para os milhares de crentes, como eu, neste lindo e colorido planeta terra, as estrofes do hino abaixo, falam do regresso do Rei. O hino diz que “a manhã gloriosa já vem raiando, logo o Rei virá, E Seu povo então para o lar eterno Ele levará.

A manhã gloriosa já vem raiando, breve surgirá a luz! A manhã gloriosa já vem raiando, eis que vem Jesus”! E para os sedentos pela DEMOCRACIA, cansados com as ditaduras, como os povos do Norte de África e do Oriente Médio, para não dizer toda África? Que bom que a manhã gloriosa já raiou na Tunísia, Egipto e quem sabe proximamente a Líbia, Baharain, Yemen, Jordão, Irão, Argélia, etc. Estes, também podem e devem experimentar este fenómeno ainda estranho, mas aqui para ficar.

Que rei virá para muitas dessas nações, quando a manhã gloriosa e triunfante da revolução tecnológica e sem violência chegar? As últimas semanas da última década, viram a consumação das aspirações mais nobres de muitos povos do planeta, nossa casa comum.

Quando nasceu a manhã gloriosa no inicio deste ano, para muitas gerações do Magreb, que nada ou nuca exerceram o famoso legado do Jardim do Éden, berço da humanidade, --o legado divino -- chamado teológica e dogmaticamente – Livre Arbítrio--, com pés no chão, viram o melhor da vida a começar.

Esta expressão, talvez desconhecida por muitos ditadores, no seu sentido mais lato ou exegético, significa, o direito que cada ser humano detém em poder escolher o seu caminhar na terra. Pois o que adiantaria a Deus se por força maior fizesse que todos o servissem e não por amor-próprio de cada ser humano?

O livre arbítrio é para mim, a maior prova de amor que Deus deixou ou seja, saber verdadeiramente quem deseja servir a Deus e não ao mundo.

Podem os ditadores desta África, onde quer que se encontrem, invocar esta verdade, verdadeira fundação da democracia moderna? Alguma vez, os povos tiveram a liberdade de escolha numa ditadura política e ate a s vezes democrática?

Ditadores sempre encontraram o seu fim quando menos esperavam. Que tipos de ditadores foram eles, muitos perguntam. Um ditador pode (dia) ter sido benevolente, isto é, aquele que exerceu o seu poder absoluto para o bem de seu povo ou seus amigos e associados. Este termo, ditador é portando subjectivo.

Por exemplo os apoiantes de Napoleão, o consideravam ditador benevolente, assim como os apoiantes de Fidel Castro. Mas no entanto, aqueles que sofreram nas mãos destes regimes discordariam completamente.

Como acontece então o fim desta classe de seres humanos, chamados ditadores? A algum tempo não muito distante daqui, eu mesmo pensava que a natureza era a única capaz de tomar conta deles. Mas agora, já sabemos que uma rebelião não violenta, também pode leva-los para o exílio. Ate porque, muitas ditaduras, chegam mesmo ao fim, quando o ditador se torna muito fraco ou doente para continuar. Melhor ainda quando este morre repentinamente.

Vladmir Lenin sofreu uma seria de AVCs e se tornou pouco relevante para o seu governo antes de sua morte. Josef Stalin, também teve um AVC e morreu logo em seguida. Já em 2008, o mundo contemplou Fidel Castro a deixar a cadeira do líder da revolução Cubana, passando-a para seu irmão Raul Castro, isto depois de muitos anos de deterioração de sua saúde. Mas na maioria dos casos, os ditadores ficam no poder por muito e muito tempo mesmo. No fim, ou são derrubados e depois substituídos por outros ditadores. A verdade que se aprende na classe de Politica 101, é que leva muito tempo para substituir a estrutura governamental na sua plenitude ou inteireza. As vezes, têm que mesmo haver cumplicidade das Nações Unidas e do Ocidente. Este sendo um mal necessário.

Actualmente mais de 70 nações, menos duas, (Tunísia e Egipto), são governadas por ditadores. Muitos desses ditadores são culpados de atrocidades contra o seu próprio povo. Organizações não governamentais, tais com a Human Rights Watch, publicam essas violações dos direitos humanos e aplicam pressão a esses governos para melhorarem e trazerem reformas democráticas.

Caro leitor, os ditadores também são humanos. As vezes eles permitem algo semelhante a eleições a acontecerem nos seus países, talvez não na dimensão que você e eu esperamos o conhecemos.

Por exemplo o rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud, depois de muita pressão do Ocidente, permitiu eleições municipais em 2005, como as primeiras desde 1960.Estas eleições permitiram aos cidadãos elegerem seus representantes locais. Mas elas não foram nada democráticas, porque as mulheres não puderam votar.

As ditaduras, importa realçar, por norma e sua natureza, chegam violentamente ao fim como elas nasceram. Adolfo Hitler, suicidou-se logo que as tropas aliadas derrotaram as forças Alemães. O fascista e ditador Italiano Benito Mussolini foi morto por um camponês comunista e seu corpo foi apedrejado pela população local. Saddam Hussein foi derrubado depois que as forcas coligadas tomaram controlo do Iraque e foi capturado em Tikrit, sua terra natal, escondido num buraco como serpente.

Assim caem e continua a cair os gloriosos ditadores de ontem e de hoje. Se eu fosse um ditador, Angolano, com os ventos do Norte de África, todos soprando bem alto, eu tornar-me-ia numa espécie moderna (no mínimo eu como ditador angolano, pais rico, teria roubado mil de milhares de dólares e morto algumas dezenas de meu povo) do Ladrão da Cruz –. Isto porque nunca e tarde para pedir perdão ou seu próprio povo --. Agora, perdão ate podia alcançar, os Angolanos, pelo que conheço, são todos SANTOS, mas duvido que a “maka angolana” dos anos de ditadura, só com perdão anulasse assim a punição.

Quando escrevia estas poucas linhas, pensei logo no coitado do grande Faraó Moisés. Este Africano da gema, antepassado de Mubarak, primeiro escritor dos primeiros cinco livros da bíblia, Líder escolhido por Deus. Único ser humano que já viu as costas de Deus, foi perdoado por ter batido na rocha duas vezes, ( e que assim ele acabou destruindo a grande lição de Deus, -- que Jesus morreria uma so vez –). Perdoado, mas também punido, não entrou na terra prometida. A manha gloriosa coube a Calebe e Josué.
Há perigos que advêm com o fim das ditaduras?

Voltemos para a terra dos Faraós. Vocês com os egípcios podem celebrar que o tirano caiu. Digamos e com sinceridade que Mubarak foi o homem de Israel, o homem do imperialismo, o homem dos Estados Unidos, o homem do Banco Mundial. Foi deposto, e varrido por um dos maiores movimentos de massa na história. Este homem forte e que muitos governos ocidentais chamavam de moderado e tão querido pelo imperialismo, liderava um regime de nepotismo, crueldade e corrupção. Esta e a verdade concernente a todos os ditadores vivos ou mortos.

Ele foi muito além de silenciar a democracia. Suas acções, afectavam todos os egípcios e o mundo árabe. E agora, os interesses do imperialismo, de Israel e das ditaduras e reinos construídos à base de petróleo estão gravemente ameaçados.

Se analisarmos os famosos Acordos de Camp David que o Egipto assinou com Israel, podemos constatar que estes em parte permitiram ao exército israelense, lançar sua invasão mortal do Líbano, em 1982. Mubarak ficou em silêncio, ate mesmo quando a invasão terminou com o massacre de palestinos em Sabra e Chatila.

Para o regime de Mubarak, foi conivente a longa ocupação de Israel do sul do Líbano. Liderou os regimes árabes na manobra de isolamento do Hizbollah e a resistência libanesa durante a guerra de 2006, e ajudou a financiar as acções dos Estados Unidos no Líbano. Mubarak usou todo o seu peso político para esmagar a intifada palestina de 1987, obrigando os jornalistas egípcios a descrever a resistência palestina como "terrorista". Somente com a sua ajuda Israel pôde manter seu domínio sobre os palestinos em Gaza.

Ele era um homem com quem os Estados Unidos podiam fazer negócios. Enviou tropas para lutar junto com os Estados Unidos na Guerra do Golfo, em 1990. Abriu o Canal de Suez para os navios de guerra americanos a caminho do Afeganistão, em 2001, e a invasão do Iraque, em 2003. Transformou o Egipto em uma prisão gigante e emprestou suas câmaras de tortura para "entregas especiais" durante a "guerra ao terror" contra os povos árabes e africanos.

Como se não bastasse, Mubarak promoveu os piores estragos do neoliberalismo económico em seu país. Impôs a privatização das indústrias e incentivou o retorno dos proprietários que foram depostos em 1950 para reaverem suas propriedades. Seu sonho de transformar o país em um "Tigre no Nilo" condenou uma grande parte da população à pobreza. O salário dos trabalhadores egípcios, alguns de apenas 30 reais por mês, mantiveram-se inalterados desde 1984, enquanto a inflação disparou. Constatei este facto durante as duas semanas que em 2005 passei em Cairo em serviço da BP Angola.

Os sindicatos foram proibidos, os ativistas presos e torturados. As fábricas foram entregues aos seus protegidos ou a empresas internacionais. Mubarak e seus amigos corruptos, conhecidos como as "mil famílias", acumularam uma enorme fortuna, e a dele já passa do grande empresário da Microsoft Bill Gates. Mubarak com uma fortuna de cerca de 70 biliões, isto não e dinheiro para mortais como você e eu. Ele governou o país como se fosse seu feudo, manipulando eleições e prendendo adversários. Isto foi ontem. E agora depois da ditadura?

E finalmente quando chegou a Sexta Feira, 11 de Fevereiro, o dia da queda de Mubarak, parecia que o tempo parou no espaço sideral. Com sua queda, Israel isolou-se e todos os regimes do mundo árabe e ditaduras sem excepção, estão em perigo. O clima de fatalismos que haviam dominado o mundo árabe há décadas se evaporou.

Não advogo violência nem mesmo contra” mosquitos” de Cabinda ao Cunene. Não acredito numa vida descartável, pois que a vida e sagrada. Mas homem como Mubarak, bem pensado, pode ser justificado ate mesmo o uso cruel do aborto, se tão-somente alguém soubesse o que ele faria ao seu próprio povo por mais de 30 anos.

Neste preciso momento outro homem forte, -- assim ele pensa-- Gadhafi, que tem governado a Líbia por mais de 40 anos, esta sendo fustigado pelos ventos da amanhã gloriosa. A verdade e que ele não será o próximo rei. Seu reino a semelhança de muitos africanos, nunca foi oposto ate que aquela pequena cidade semelhante as Lundas e Huambo, chamada Benghazi a segunda grande cidade deste pais pegou a moda da rebelião.

O espírito de Tahirir Square que o papa Hosni chamava de “joke” ate quando teve que arrumar no meio da noite e partir para férias sem retorno.

Mas a verdade é que a juventude esteve por detrás disso tudo, já não querem mais ser uma geração sem asas para voar. Assim eles derrotaram este Golias. Existe um mito, e ate entre nos em Angola, o mito de que a África esta assim subdesenvolvida por causa dos anos da colonização europeia. Que eu saiba, existem países na Ásia que também foram colonizados e tornaram-se independentes a meio século atrás como muitos países da África, mais estão muito avançados em termos de desenvolvimento. Nosso problema é nos mesmos. Falta de originalidade.

E o ano era 1976 no Huambo, Angola acabava de ser independente a mais de um ano. Uma das canções revolucionarias que marcaram minha infância naquela época era – com a luta do povo angolano, o colonialismo caiu na lama --,. Meu pai, um grande verdugo, dizia, filho pode ser que nos é que estamos a cair na lama. Será que velho tinha razão?

Por isso não me surpreendera nada, se com a vinda das manhas gloriosas, ate fala-se dela no nosso pais, todos estes povos caírem nas lamas da transição. Foi duro o que nos vivemos depois de 1975 e a guerra dos 30 anos. Será que em Angola ainda queremos outra manhã gloriosa?

Já o escritor e compositor Guilherme Arantes no seu famoso poema “ O melhor Vira” dizia e com sabedoria, “Eu quero o sol ao despertar, brincando com a brisa por entre as plantas da varanda em nossa casa, eu quero amar é lógico que o mundo não me odeia. Hoje eu sou mais romântico que a lua cheia. Você mostrou pra mim, onde encontrar assim mais de um milhão de motivos pra sonhar, enfim e é tão gostoso ter os pés no chão e ver que o melhor da vida vai começar”.

Viva a esperança do dia glorioso que pode raiar a qualquer momento e começar um novo dia, uma nova vida pelo menos para os nossos filhos. E então o REI terá vindo já nesta vida.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Luanda, mrekullia e Angolës


Nga Express me 09 shkurt 2011 ne ora 1150

Pas një lufte 30-vjeçare, sot Angola po njeh rritje të madhe ekonomike: me më pak të varfër dhe më shumë miliarderë. Kryeqyteti nuk po ndalet më. Universitetet dhe kampuset duken si ato amerikane. E gjitha për të luftuar armiqtë e vjetër: varfërinë dhe korrupsionin.

Në orën shtatë të mëngjesit, punëtorët kinezë në kantieret që rrethojnë Fakultetin e Drejtësisë në Universitetin “Agostinho Neto” janë në punë prej kohësh. Dielli ka filluar të ngrohë qiellin e Luandës, kryeqytetit të vendit. Por kur violinat nisin të luajnë një pjesë nga simfonitë e Bethovenit, të gjithë njerëzit rreth e rrotull ndalin hapin.

Në kopshtin e universitetit po festohet ceremonia e dorëzimit të diplomave për 250 të diplomuarit e rinj. Klasa e ardhshme drejtuese e Angolës, e veshur në mënyrë elegante, bën foto dhe shkëmben buzëqeshje. Ata presin në të ardhmen që të marrin në dorë frenat e vendit me 12 milionë banorë dhe një sipërfaqe 1,246,700 kilometra katrorë me resurse të shumta (Angola është prodhuesi i katërt në botë i diamanteve dhe bashkë me Nigerinë, prodhuesi i parë afrikan i naftës), i cili ka treguesin më të lartë të zhvillimit për të gjithë Afrikën (më shumë se 13 për qind e GDP në 2009-n).

Pas skenës, Adelino Costa, 30 vjeç, përfaqësues i studentëve, pi pak ujë para se të nisë diskutimin e tij. E ka fytin të tharë nga emocionet. Duhet të flasë përpara një plateje me profesorë, gjeneralësh dhe ministrash apo edhe prindërve. Duhet t’i bindë të gjithë se kjo është koha e Angolës së re, koha e një vendi të dalë nga luftërat e zhvilluara aty për më shumë se 30 vjet, ku në më pak se një dhjetëvjeçar paqeje, numri i studentëve universitarë është rritur nga 9 mijë në 60 mijë.

Angola është bërë sot vendi ku qeveria (bashkë me Kinën dhe Portugalinë ka investuar qindra milionë dollarë për të ndërtuar kampusin më të madh të kontinentit afrikan: 25 mijë hektarë tokë në periferinë e kryeqytetit, ku është ngritur një strukturë që përfshin një rezidencë me 17.500 shtretër, auditorë, impiante sportive dhe biblioteka ku vitin tjetër do të transferohen studentët e “Agostinho Neto”. Në vend tani gjithçka duket e mundur. Kur Adelino mbërrin në fund të fjalimit, dëgjon fjalinë “e ardhmja i përket atyre që besojnë tek ëndrrat”. Luanda tashmë merr frymë e qetë.

Qyteti më i shtrenjtë në botë për turistët (shtëpitë shiten 12 mijë dollarë për metër katror, ndërsa një sandwich në një “fast food” kushton rreth 20 dollarë) nuk ka më kohë për të humbur, nëse dëshiron të ecë drejt progresit. Duhet ende shumë punë për të zgjeruar më tej zonën urbane dhe për të ndërtuar shtëpi të reja për më shumë se 5 milionë banorët e saj. Punimet kanë filluar përgjatë bregdetit për të ndërtuar autostradën e re me tetë korsi.

Në perëndim të qytetit po ndërtohen hotelet e para me pesë yje, për të mirëpritur amerikanët, kinezët, brazilianët, portugezët, të cilët vijnë në këto anë për të bërë tregti. Luanda po tregon se paratë e naftës mund ta bëjnë vendin të ndriçojë. “Ky është brezi i bollëkut, që kërkon gjithçka dhe konsumon gjithçka”, thotë Simao Soindoula, një profesor 67-vjeçar, i cili sot punon si këshilltar shkencor për UNESCO-n. “Ne jemi rritur mes plumbave, ndërsa të rinjtë sot kanë mundësi të dalin nga shtëpia dhe ta kenë ‘botën’ në dorën e tyre. Nuk e kthejnë më kokën pas. Për këtë arsye, Angola beson se e ardhmja e saj varet te të rinjtë që ndjekin universitetin.

Na duhet të transmetojmë vlerat për të cilat brezi im ka luftuar. Duhet të nxjerrim mjekë, avokatë, inxhinierë, por mbi të gjitha duhet të formojmë njerëz të ndershëm: përndryshe ky do të jetë gjithmonë një vend i korruptuar”. Kështu mendon edhe Feliciano Cangue, që ka një prej blogjeve më të ndjekur në vend. Ai është njëkohësisht një nga kritikuesit më të ashpër të Presidentit Dos Santos në pushtet, që prej vitit 1979.

Sipas ndryshimeve të fundit kushtetuese, ai mund të qëndrojë në pushtet deri në vitin 2022. Nga blogu i tij “Hukalilie”, Cangue ka përgëzuar investimin e qeverisë për arsimin e të rinjve. “Është një nga ngjarjet më domethënëse të viteve të fundit, që besoj se do të mbjellë kulturën e ndryshimit. Nëse të rinjtë do të zëvendësojnë të vjetrit e korruptuar, era e ndryshimit do të ndihet për të gjithë”, shkruan ai. Gjithsesi vendi, për sa i përket korrupsionit, sipas “Transparency International”, renditet në vendet e para. Edhe pse pragu i angolezëve që jetojnë në pragun e varfërisë është thuajse përgjysmuar në dhjetë vitet e fundit, janë të shumtë ata që jetojnë me më pak se 2 dollarë në ditë (rreth 38 për qind e popullsisë).

Edhe hapësira për shtresën e mesme është shumë e vogël. Kjo hapësirë është problemi për të rinjtë që dalin nga universiteti: nëse qiraja e një shtëpie të vogël në periferi i kalon 800 dollarë në muaj dhe rroga mesatare është 500 dollarë, për shumë njerëz zgjidhja e vetme është të qëndrojnë në shtëpi me prindërit. Yannick Afroman është një nga reperat, albumi i të cilit është më i shituri në historinë e vendit. “Nëse vendi ndryshon, edhe mentaliteti duhet të ndryshojë”, thotë Yannick. Natën muzika e tij mban zgjuar qytetin, duke i bërë të rinjtë të kërcejnë nëpër lokale, duke përzier pije të ndryshme energjike që të qëndrojnë në këmbë deri në agim.

Vajzat e veshura bukur e në majë të takave duket që janë në kërkim të njerëzve të pasur. Në tavolina takon njerëz si Wilson, 33 vjeç, një nga mëshirimet e shpirtit të këtij qyteti të paepur: i diplomuar në inxhinieri elektronike, ditën punon si menaxher në një rrjet dyqanesh me lodra për fëmijë, ndërsa mbrëmjeve ndryshon veshje dhe frekuenton lokale luksoze. Në fundjavat e nxehta të shooping-ut dyqanet e tij nxjerrin fitime deri në 50 mijë dollarë në ditë.

Ndoshta kjo është arsyeja që atij i pëlqen t’i lërë bakshishe të majme kamerierëve e t’i qerasë të gjithë. “Këtu je ajo çka ke. E rëndësishme është që të tjerët të shohin se sa i pasur je, vetëm në këtë mënyrë të respektojnë”. Në krah qëndron e fejuara e tij, Jin, 26 vjeçe, e cila ka ardhur nga Koreja e Jugut për të punuar në një nga shoqëritë e shumta imobiliare me kapital të huaj dhe miku i tij Ecumbi, producent kinematografik.

Wilson ka dëshirë të zhvendoset në Jins sepse sipas tij “Seuli nuk ndalet më, ecën më shpejt se Luana”. Ndryshe nga ai, Ecumbi, nuk ka ndërmend të largohet. “Ndihem në borxh. Kemi qenë në burg për 30 vjet. Tani që nisi të ndërtohet qyteti, nuk mund të largohemi”. Kur konsumohet edhe gllënjka e fundit e alkoolit, DJ. njofton se është ora për t’u kthyer në shtëpi. Ora shënon gjashtë e mëngjesit. “Shiko sa i bukur është qyteti tani. Do të doja ta shihja gjithmonë kështu, plot dritë. Këtu ka ende shumë për të bërë, por tashmë Angola e re po rritet nga dita në ditë”.

(Gazeta Shqip)
http://www.gazetaexpress.com/index.php/artikujt/rubrika/C112/C6/?cid=1,94,47190

http://lajme.buzqeshu.com/luanda-mrekullia-e-angoles.html
http://lajme.shqiperia.com/lajme/artikull/iden/1046993166/titulli/Luanda-mrekullia-e-Angoles
http://www.tiranachat.net/shqip/2011/02/lajme/kuriozitete/luanda-mrekullia-e-angoles/

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Nossa terra, nossa fortuna? Por Mário Cumandala

O Economista Mário Cumandala tem publicado neste blog importantes artigos, muitos dos quais tiveram grande repercussão em nosso país e outros reproduzidos em importantes meios de comunicação social.

Na sua primeira participação neste ano de 2011 o Dr. Kumandala traz-nos importantes reflexões que nos permitem entender os problemas vividos em nosso país (Angola), bem como Zimbabwe e Haiti.

É interessante descobrir a génese da “desgraça de todos os angolanos”. A forma truculenta como isso se deu levou ao nosso Economista e também teólogo Mário Cumandala a concluir que “Deus não é branco". Logo, sugere, é fundamental que "se enfeite as casas com quadro da última ceia com um Jesus Negro e ver livros com a imagem de um diabo de olhos azuis e cabelos louros".

Mário Cumandala deixa a fórmula que considera segura para a criação de riquezas duradouras aos angolanos: “O direito a um título de propriedade para todos”.


NOSSA TERRA, NOSSA FORTUNA?

Por Mário Cumandala (Economista)

Um dos primeiros princípios económicos que aprendi na universidade em Londres, é que em economia, Recursos ou Fatores de Produção são os elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços. Esta é uma das colunas vertebarais que definiu a Escola Clássica dos Economistas dos séculos XVIII e XIX.

Assim para melhor esclarecer o tema acima, apelo para a primeira escola científica da Economia, conhecida por Fisiocratas. Esta, elegeu a Terra como o único recurso responsável pela geração de riquezas. Adam Smith um dos meus idolos inspirou-se nesses estudos e buscou aperfeiçoá-los.

Depois de muitas buscas, eis o resultado final:

* Terra – indica não só as terras cultiváveis e urbanas, mas também os recursos naturais.

* Trabalho – refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que intervêm no processo produtivo.

* Capital – compreende as edificações, as fábricas, a maquinaria e os equipamentos.

Importa rematar que em Angola, nos primórdios da colonização, o comércio com as colónias, após a expansão marítima, permitiu uma acumulação de capital numa proporção nunca até atingida. Isto foi graças à imposição de termos desiguais ao nível do comércio.

Não se pode deixar de referir o comércio de escravos em nossa terra, e a intensa exploração do seu trabalho nas grandes plantações de produtos agrícolas únicos, as actividades mineiras e industriais. As colónias asseguravam um mercado de escoamento às manufacturas em crescimento e, pelo monopólio do mercado, uma acumulação potencial. A acumulação de metais preciosos já naquela época, era uma fonte de riqueza, que só se tornou em acumulação de capital mediante um investimento adequado. O tesouro capturado afluiu aos países da Europa Ocidental e transformou-se aí em capital. Contrário a uma das grandes premissas da cadeira de Economia Internacional; depois da Segunda Guerra mundial, que defende que o dólar americanos reconstruíram a Europa, na verdade foi sim as matérias primas da África que construíram e reconstruíram o mundo ocidental de hoje.

Gosto de pensar que metade do palácio de 1000 janelas da Rainha Elizabeth II pertence a África.

Postula-se e com conhecimento histórico, que um ponto nevrálgico da política seguida durante a ocupação colonial de Angola, foi sem duvidas a venda ou distribuição da terra entre os colonos que chegavam. As concessões fundiárias eram feitas em lotes pequenos a um preço nominal. Tornou-se claro para os Portugueses em Angola, que desejavam reproduzir nas colónias as relações capitalistas de produção, a pedra fundamental dos seus esforços que devia ser a restrição da propriedade da terra a uma minoria de grandes latifundiários.

Aqui começou a desgraças de todos os Angolanos. Enquanto as leis injustas herdades desta fase funesta de nossa história não forem repelidas, será quase que impossível considerar a terra como riqueza.

Senão vejamos, o imperialismo ocidental, após 1870, fez da África um palco das disputas internacionais. Nos países já independentes, como Egipto e Tunísia, a soberania desaparecia ante a intervenção das finanças estrangeiras, mudando-se a estrutura socio-econômica em benefício dos interesses estrangeiros. Os países e companhias dominadoras, investiram grandes somas na "explorarão dos recursos naturais africanos, nos sectores da engenharia, indústria e agricultura. O nativo, dominado por uma pequena minoria branca, trabalhou nessa empresa, mas teve pouquíssima participação nas riquezas criadas.

Uma realidade não muito longe da nossa começou a deslumbrar-se na vizinha África do Sul. E que a terra é hoje neste pais uma das mais definidoras das questões políticas e desenvolvimentistas. Mas talvez a mais intratável. Isto porque a persistente concentração fundiária baseada na segregação racial só será resolvida por uma reestruturação total do programa de reforma agrária ou por uma transformação radical nas relações de propriedade pelo próprio povo.

Os rumos do país dependem, em larga escala, da imediata e urgente resposta do governo às necessidades e demandas de 19 milhões de pobres e sem terra. Nos últimos anos, há indícios perturbadores das intenções do governo a esse respeito: o estreitamento do programa de redistribuição de terras, para reverter a estrutura distorcida herdada do apartheid; a promoção de uma elite comercial rural negra, em detrimento da grande população de trabalhadores sem terra; a atitude laissez-faire face às crescentes reivindicações da sociedade civil para resolver a crise agrária no país.

Alguma semelhança com a nossa realidade? E o Zimbabwe, será que a situação deles lá é diferente da nossa? Que diferenças existem em muitos casos entre os colonos e os governos que ainda não se aperceberam da herança do sistema legal envenenado que herdaram dos colonizadores?

A reforma agrária é essencial no continente todo, não apenas em termos de uma reparação histórica aos séculos de dominação colonial, mas também para o processo de construção democrática das nações Africanas.

Nisto tudo, a historia de Angola e sua realidade em 2011, não e imune a um passado em que as forças colonial foram ocupando amplas propriedades pela força, pelo uso de privilégios jurídicos ou pela simples pilhagem. Minha família no Huambo, foi vítima disso. O sistema colonial português foi uma poderosa alavanca da concentração de terras que deram origem ao capital que ainda hoje não reflecte equidade ou justiça social.

Por isso, já é de comum acordo que a história de África e Angola em particular, nos passados 500 anos, tem sido sobre a luta pela terra. Esta luta, ainda continua até hoje. O exemplo disso, é o Zimbabwe, África do Sul e o Haiti que estão pagando por terem mostrado ou descoberto o valor de se apropriar das terras.

Falar da terra, é falar de algo que ainda em nossos dias, levanta ánimos. Porque para um observador atento,Terra ou Land é mais do que a soma de todos os seus beneficios económicos. Tem um grande significado emocional e cultural. Nos, Africanos no geral, reconhecemos a terra como sagrada e depositaria da nossa história. E uma fonte de alegria e dor, metade dela é venerada. Assim, a terra, pode ser sinónima da sociedade humana. Até porque para provar isso, nos estamos sempre dispostos a ir para guerra, e morrer por ela em sua defesa se for necessário.

Revoluções desde os séculos XVII, estão marcadas por razões nada mais do que a luta pela terra. Vejamos o Haiti. Já em 1801 o Imperador Napoleão Bonaparte da França informava o governo Britânico sobre sobre sua estrateja no Haiti. “Minha decisão de destruir a autoridade dos Negros no Haiti não é simplesmente baseada nas considerações comerciais e monetárias, mas sim na necessidade de bloquear para sempre a marcha dos negros em todo mundo”.

Qual foi o crime do governo de Jean-Jacques Dessalines, que levou o Imperador Napoleão a declarar guerra a todos os negros do mundo? A resposta é simples. Durante aquele tempo, o Haiti gerava um quarto dos lucros globais da França. O exército dos escravos livres, havia nesta altura histórica, derrotoado o exército Espanhol, Britânico e Francês. Aqui vemos a aliança de valores, derrotados no Haiti.

E esta aliança entre a França, a Grã-Bretanhã, a Holanda, Portugueses e os Americanos, ainda perdura até hoje. Ela é muito mais propenssa para destruir a marcha dos negros. Assim como no Haiti em 1791, quando o pais instituiu uma revolução que ameacava os interesses desta raça nórdica superior, como eles gostam de pensar, hoje numa irmandade racial eles fazem o mesmo.

Um ponto louvável que se encontra no artigo 44, da constituição da Independência do Haiti em 1805, e que declarava que todo negro que escapasse para a costa deste país, seria imediatamente declarado livre, e cidadão da nova república. Portando esta provisão, na constituição do Haiti prejudicava sem duvidas a viabilidade económica dos estados senhores dos escravos na região, que eram os Estados Unidos, França, Holanda, Portugal, Inglaterra e Espanha.

Como consequência desta insolência, o Haiti, foi isolado, ostracizado. O acesso ao comércio e finanças, foi bloqueido. A França, país da Fraternidade, Liberdade e Igualdade *hipocrisia diabólica*, negou-se a reconhecer o novo governo. Os Estados Unidos da América seguiram os mesmos passos.

Também lembra-nos a história, que nesta época, a Inglaterra estava a a negociar a obtenção dos títulos de propriedade do Haiti com a França, para mim, um absurdo total. Em solidariedade, a Inglaterra também deixou de reconhecer a nova nação.

Por volta de 1825, a economia Haitiana estava a viver uma crise económica sem precedentes. A sua classe política estava bem isolada. Com esta crise, os lideres Hatianos fizeram o óbvio: Convidaram os representantes do governo Francês para o Haiti. Em questão, pedir que a França reconhecesse o governo Hatiano. Por sua vez a França de ontem, que não é diferente com a de hoje, argumentou: a França reconheceria o Haiti como nação soberana, mas esta teria que pagar compensação e reparações em troca.

Que dilema. Mais o governo com a cauda na parede concordou. O que se seguiu, e algo que destruiu aquela e as presentes gerações deste país irmão. A França mandou um team de actualistas, contabilista e auditores para o Haiti. Missão, colocar valor a todo património físico do Haiti, os 500.000 cidadãos que foram escravos e agora livres, animais, e todos outros serviços comerciais e terras. Este team, após um trabalho minucioso, checou a avaliação final do património. Valor total: 150 milhões de ouro Francês, moeda do tempo. Este era o preço a pagar se o Haiti quisesse reconhecimento.

Só para dizer que a última prestação desta dívida foi paga 120 anos depois. Setenta por cento (70%) de todos ingressos do Haiti no século 19 foram para pagar a França que em 1947 com alegria recebeu o ultimo pagamento. Valor equivalente ao dólar americano hoje em 2011: USD 22 mil milhðes.

Para além do mais, já em 2004 o não refugiado na África do Sul ex-Presidente Jean-Bertand Aristide, inspirado pelo jubileu theologico, tentou o impossível. Fez a demanda ao governo Francês para restituir estes USD 22 bilhões. Desfecho final, soldados Franceses, com ajuda militar dos Estados Unidos e Canadá, derrubaram o governa de Aristide. Espero que vossa memória não vos falhe, porque isto e história de nossos dia.

Aqui esta o paralerismo na introdução deste artigo, com o Zimbabwe. Assim como o Haiti em 1804 o Zimbawe hoje governado por aqueles que também foram oprimidos pelos brancos, reclamou pelo direito a terra. Ao tentar evitar que o ocidente controlasse seus recursos e desta forma inspirando outras nações Africanas a seguirem a mesma senda o cruz que este país chamou sobre si foi e continua muito pesada.

Em 2008 estes mesmo grupo ocidental, como foi no Haiti e hoje passam pelo nome de International Community, através das Nações Unidas, tentaram o mesma aventura. Liderados pelos Estados Unidos da América e a Grã-Bretanha, foram para o Conselho de Segurança e sanções severas foram impostas ao Zimbabwe. Denominadas “Zimbabwe Democracy and Economic Recovery Act”. Ironia Napoleônica ou democracia só é democracia quando esta favorece os interesses do Ocidente?

Em 2009, como se não bastasse, os EUA, Reino Unido (UK), Austrália e Canadá juntos, decidiram que os diamantes do Zimbabwe, não deviam ser vendidos no mercado internacional. Será que isto foi motivado pela facto de que as mais recentes descobertas dos diamantes no Zimbabwe, constituem 25% das reservas mundiais e podem gerar cerca de USD 500 milhoes por mês para os cofres do estado? O que seria muito bom para acabar com a dependencia economica deste pais? Voce decide.

Graças a Deus, sem paralelos a 1804 quando o ocidente triunfou contra a o povo do Haiti, desta vez o Zimbabwe não estava só. A União Africana, liderados pela Africa do Sul a a Líbia com apoio da China e Rússia votaram contra este bloqueio. A seguir, os 72 membros do Projecto Kimberley votaram contra o bloqueio, sendo Angola um dos países que tomou liderança.

Se esta resolução das Nações Unidas tivesse passado, o Zimbabwe veria seu direito negado de vender seus diamantes no mercado internacional. Consequentemente, incapaz de financiar programas de saúde, saneamento básico, educação, etc.

Emoções a parte, isto é diabólico. Por isso já é tempo para os Africanos começcarem a enfeitar suas casas com quadros da ultima ceia com um Jesus Negro e ver livros com a imagem de um diabo de olhos azuis e cabelos louros. Deus não pode ser branco. Desde os dias de Moisés com suas leis baseadas no Código de Hamurabi até ao jubileu do novo testamento, existe sim uma raça que não esta de acordado com esta legislação, esta raça e a dos exploradores europeus.

Felizmente, hoje a Tanzânia já esta promovendo uma campanha de prover a grande maioria dos proprietários das terras neste pais vizinho, com título de propriedade. Que exemplo a ser seguido. Não vejo porque em Angola este tópico é ainda tabu. Será que a mentalidade dos exploradores portugueses ainda continua suas sequelas vivas na visão dos homens ou deputados e ministros capazes de promover reformas agrárias? Não sei, mais alguém sabe.

E assim minha geração em Angola e em África, bem podia ver as as terras cultiváveis e urbanas, os recursos naturais, às faculdades físicas e intelectuais a serem igual a rigueza. Ainda mais, todos seres humanos que intervêm no processo produtivo, teriam como visão a longo prazo, edificações, fábricas, maquinarias e os equipamentos como patrimonios geradores de riquezas para eles e seus filhos. Isto é um dever inalianavel, sagrado e que devia estar consagrado nos sistemas legais de paises que tem visão e amor.

Se queremos um ponto central na luta democrática-nacional, para transformar as formações coloniais de classes, que combinam desenvolvimento capitalista com opressão social, então uma reforma agrária deve ser a ultima fronteira. O governo tem que melhorar suas iniciativas legislativas neste aspecto.

Finalmente, permitam-me argumentar que somente com uma reforma agrária seria em Angola e em todo continente, poderemos ver modificadas as relações sociais e económicas nas áreas rurais e até certo pontos urbanas.

Este é um desafio real do nosso governo e um paradigma do continente. A marcha dos Angolanos e Africanos no seculo XXI , não pode ser ditada pelo ocidente. O direito a um título de propriedade para todos, em Angola e no continente são a única fórmula segura para crianção de riquezas duradouras.

Luanda, 05 de Fevereiro de 2011