domingo, 23 de setembro de 2007

Miala é jóio ou trigo? (III)












Sim, Angola melhorou muito. A intolerância política diminuiu. A economia está crescendo. Melhorou, principalmente depois do "caso Miala", porque as pessoas passaram a ser mais céticas, a opinar mais, não acreditarem em tudo que é vomitado pelas fontes oficiais. Importante, não vivemos mais aquela época, mas sejamos sinceros, não estamos conseguindo engatar a segunda marcha. O motor está prestes a fundir.
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Assim, amigos leitores, pela terceira vez, volto a falar do instigante “caso Miala”. O que aprendemos com esse caso? Com ele aprendemos lições importantes como, por exemplo: a justiça não tarda, mas falha; os números não mentem, mas os mentirosos fabricam números, ainda temos cabeças pensantes e, chegou o momento de mudarmos as estruturas apodrecidas que muitos defendem e acariciam.

Eu, de coração, gostaria muito falar bem do nosso país. Falar das maravilhas naturais, do lindo povo que temos, da nossa música, de nossas bebidas, danças, rios, do calulú etc. É vergonhoso expor as nossas mazelas para o mundo. Todos os países têm seus problemas, só que lá, eles se entendem. Ninguém enfrenta a arrogância dos donos do poder. Não há banditismo político. Partido no poder não enfraquece partidos da oposição. Lá, ninguém é desprezado. Ninguém se considera mais dono do país. Não há casta dos eleitos, que se considera possuir uma procuração divina para fazer do país aquilo que bem entenderem. Ninguém está acima da lei. Não se puxa, alguns até puxam, com provas, mas não de forma escandalosa, os tapetes dos outros. Ninguém é enviado, para ser embaixador, como forma de punição.
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Começo dizendo que viva Miala e morra a dita(linha)dura. Quando digo isso, parece existir uma aparente contradição, mas preciso posicionar-me, como já o fiz anteriormente. O que estamos fazendo é evitar que as injustiças dos homens causem amargura em muitas famílias. Ontem, o povo; hoje, Miala e amanhã pode ser você. Aliás, devemos aproveitar essa rara oportunidade para discutirmos o lado cruel de um sistema que consome o povo como se fosse vela. Daquela maioria da população que ainda utiliza a lenha como principal fonte de energia, cujos filhos ainda não são mutantes.

Antes, gostaria fazer algumas considerações: eu não sou Doutor, como muitos pensam. Se eu continuar a aceitar isso, corro risco de ser condenado a quatro anos de detecção por insubordinação (prisão domiciliar). A verdade seja dita: o meu título é do século XXI e, portanto, possui restrições. Ele é diferenciado dos demais. Só pode ser usado em artigos científicos ou no meio acadêmico. Se alguém não se sentir à vontade em chamar-me pelo nome (que é mais lindo assim e não quando anteposto um “Dr”), que anteponha, então, o honroso "professor" ou então “Kota” como muitos já o fazem. Eu agradeço.

Em segundo lugar, neste momento, encontro-me deprimido. Deprimido mesmo. É verdade. Para além de estar passando por momento de reavaliação da minha carreira, acho também que o nosso país está de cabeça para baixo e patas para o ar. Muitas coisas estão erradas. Sem lógica. Parece que vivemos em tempos medievais. O imobilismo impede o desenvolvimento da máquina. Não é possível, só “progridem” aqueles que botam a culpa nos outros, os puxa-sacos, os puxa-tapetes dos outros, os intrigueiro e pessoas que desviam dinheiro do povo!

Já notaram que as pessoas, em nossos dias, tornaram-se imediatistas? Fascinadas pelo dinheiro que nem lhes traz felicidade, graças a Deus. Isso é tão verdade que muitos buscam, buscam e são visivelmente infelizes, além de só presentearem às suas famílias vergonha e dor e deixarem um legado vergonhoso aos seus filhos. "- meu pai foi corrupto". Tudo em nome da desenvolvimentira. Dinheiro roubado não é dinheiro, mesmo que seja da China ou mesmo que depois se refugie em alguma embaixada. Compensa ser corrupto? O homem deve comer do seu suor.

Uma coisa que também me incomoda é ver aqueles que nos governam a administrarem, somente, para aqueles que, do ponto de vista deles, merecem. Há tantas injustiças e erros e ninguém os assume. Humildemente, ninguém aparece, em público, como gostariam que Miala fizesse, para pedir desculpas. São malas sem alça. Está difícil manter esse sistema que nos foi imposto pelo MPLA, que é de alguns angolanos. A nossa sociedade tornou-se, demasiadamente, materialista, consumista, individualista e muitos "istas". Pior, nós somos incapazes de nos mobilizar para mudarmos a estruturas apodrecidas. Será que precisamos ter mil monges cristãos como está acontecendo em Mianmar?

A minha depressão aumenta ainda mais quando vejo algumas pessoas que se limitam a repercutir pensamentos de outros sujeitos que consideram guias, líderes e repetem fervorosamente, como se fossem carneirinhos.

Falando em carneirinhos, há poucos dias, eu tive a oportunidade de visitar um amigo que é criador de ovelhas. Eu precisava descansar um pouco. Lá, ele mostrou-se uma cena digna de registro. Pela manhã, bem cedo, ele levou-me até o curral. Abriu a porteira. Colocou uma vara atravessada na porta. A primeira ovelha pulou. Ele, então, a retirou (a vara). O curioso é que todas as ovelhas seguiram pulando uma vara imaginária. Tudo automático. Incrível. Nenhuma ovelha procurou saber por que tinha que pular (lei do menor esforço)...

Preocupo-me muito com opiniões gratuitas. Aquelas opiniões que mais atendem à natureza política ou à intenção do partido ou satisfazer o ego de alguém. Publicamente o indivíduo dá uma opinião, mas no íntimo, o coração diz outra coisa, se furta assim ao trabalho de reflexão. Muitas vezes vemos os puxadores de samba a ditarem os salmos a serem memorizados e repetidos com fervor: “obreiro da paz”; aí pronto vira um refrão das massas ou uma febre; “insubstituível”, muitos ecoam com fervor. A última foi “insubordinado” (e data de eleição? Isso é segredo de estado?)

Mas, no caso Miala, algumas coisas mudaram. Vi mais críticas que elogios ao comportamento do tribunal e da máquina secreta (que não é do povo angolano). Tem que ser assim. Muitos malharam o meu artigo anterior. Como fiquei feliz. A idéia é essa. Neste mundo ninguém é dono da verdade. Ninguém é melhor que ninguém. A verdade é um processo de construção. Cada um a vê de forma diferente. Entretanto, há sempre uma região comum. Ter cabelo branco ou experiência isso não acrescenta nada à verdade nem virtude. Ter experiência de fabricar bem as máquinas de datilografia, frente à nova realidade, é inútil. Também pode-se ter experiência de algo ruim. Ser doutor nem sempre significa saber tudo ou ser dono da verdade, mas de uma verdade profissional que no ano seguinte já se torna uma mentira. O mundo está em movimento. Ninguém deve pensar a vida toda da mesma maneira. Se ontem Romário foi o melhor jogador do mundo, hoje já é outro e amanhã será também outro atleta. Eu sempre prefiro pessoas relativizam: o fulano é bom. Agora, afirmar que o fulano é o único, é insubstituível, assim por diante, no mundo globalizado,hum...cheira ideologia da classe dominante.

Com o "caso Miala", vi inúmeras pessoas que fizeram a transposição do saber. Deixaram o piloto automático de lado. Muitos deixaram de ler as notícias superficialmente. Por exemplo, os comentários do dia seguinte, muitos repetiram que ele mereceu a pena porque não compareceu a duas (não três porque uma delas ele teve problemas familiares) cerimônias de despromoção. É muita pequenez pensar assim. Isso é agir nos efeitos. Mas, depois, muitos analisaram as causas, foram mais a fundo. Miala foi demitido pela insubordinação ou porque foi acusado de escutas irregulares, tentativas de golpe (as provas não foram apresentadas, agora cale-se para sempre), furtos e roubos? O país parou para o julgamento considerado do ano de um cidadão que teve a reforma compulsiva (o porquê?) ou por ser insubordinado? Acareação por ser insubordinado? Vi que muitos deram importatíssimas contribuições para tentar esclarecer esse imbróglio.

O "caso Miala” ainda é deslumbrante porque parece o fim de uma novela (diga-se de passagem, eu não assisto novela, mas no fim de semana que passou terminou uma e vi pessoas fazendo apostas para descobrirem quem matou alguém), ou de uma era prolongada com raízes profundas, da qual ninguém consegue explicar, exatamente, a grande razão da demissão do ex-chefe da “secreta”. Esse é assunto que, com certeza, gerará dissertações de Mestrado e teses de doutorado.

Outro aspecto positivo, muitos experimentaram a sensação de opinar. Descobriram que posicionar-se não é crime. Nos países onde não há “nhenhenhe”, os cidadãos se posicionam sobre todos os embates que aparecem no jornadear. Não ficam encima do muro. Isso exige que pessoas estejam abertas às opiniões diferentes.

Quando, por exemplo, no congresso da UNITA, alguns articulistas do MPLA se posicionaram em favor da eleição do deputado Abel Chivukuvuku, eles não estavam querendo dizer, com isso, que apoiavam a UNITA. Eles precisavam se posicionar para que ninguém, moralmente, viesse convidar-lhes, em público, para intervenção deles ou suplicar suas intercessões ou opiniões.

Lembro-me que quando eu fui mais moço, não tinha nenhuma simpatia pelas equipes do Inter de Luanda (do Ministério do Interior – Polícia) nem do 1o de Agosto (Ministério da Defesa – militar) mas, no confronto delas, a minha maior alegria era ver a vitória do Inter.

O caso Miala, por outro lado, é tragicômico porque as pessoas que deveriam mesmo dar alguma satisfação se esconderam atrás dos panos. Começando pelo presidente, eleito democraticamente na eleição de 1992, faltando a realização do segundo turno e o Supremo não reconheceu esse tempo como válido para lhe ser imputado como tempo de permanência no exercício da presidência para que concorresse a mais um mandato e que ainda representa o povo angolano, fugiu da raia. Não disse nada. Não está sozinho. Muitos se esconderam e agora estão a ser intimado a se posicionarem. O tempo também não vai bem para outros.

Tirando isso, um outro aspecto positivo desse caso é que colocou angolanos na mesa do debate. O único caso que me vem à memória que conseguiu botar angolanos na mesma roda da discussão foi o “caso Kiala”. Isso aconteceu no início dos anos 80, quando o 1o de Maio foi acusado de inscrever o jogador Kiala irregularmente. Na época os “proletários”, equipe da província de Benguela, lideravam o campeonato Nacional da primeira divisão deixando na poeira equipes, da capital, até então temidas, como o 1o de Agosto de Alves, Ndongala, Napoleão, Petro de Jesus, Desportivo da TAAG de Eduardo Machado, Progresso do Vata, Inter do Quinito etc. O Jornal de Angola, programa Desportivo da Rádio Nacional de Angola (que ia ao ar depois do Jornal das 13:00 horas), o “JDM – Jornal Desportivo Militar” ficaram a semana toda cantando que a equipe do Sarmento, Maluka, André, Fusso e outros perderia todos os pontos e iria para a última posição. No domingo seguinte, os proletários escalaram o Kiala, insubordinadamente.

Se a equipe em questão fosse 1o de Agosto, de Vanduném, de Luanda, talvez a imprensa oficial ficasse caladinha. Mesmo não sabendo exatamente o que Miala fez, diz o velho ditado, "na briga de comadres alguma verdades vêm à tona” e quanta verdade...

Depois de tudo, nós deveríamos parar tudo. Deveríamos zerar tudo. Começar tudo de novo. Construir um novo país. Passar os corruptos para a reforma compulsória por quatro anos para que aproveitem bem o dinheiro que desfalcaram dos cofres públicos. A nova geração deveria elaborar uma nova constituição por meio de Assembléia convocada para essa finalidade, construção de nova capital em local neutro, novo hino nacional, nova bandeira (BSantos), novas políticas de Estado, criar políticas que respeitem a pluralidade lingüística e étnica do povo angolano. Por exemplo, se o presidente for Kimbundo, o primeiro Ministro, um Cabinda; o presidente da Assembléia um Ovimbundo; o presidente do supremo um Thokwe. Isso também exigiria mandatos curtos do presidente do Tribunal Supremo. Nesses cargos também dever-se-ia levar em consideração questões religiosas, raciais, de sexo, enfim, mesmo que sejam do mesmo partido. O sistema que temos está muito viciado e, pior, apodrecido. Mudar é questão de justiça social. É progresso. É acabar com a exploração do homem pelo homem. Exploração é uma mala sem alças. Há, porém, malas que vão para Belém e o caso Miala é uma delas. Angola avante, pátria unida e liberdade para Miala.

Publicado no Portal Club-k.net
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Miala é jóio ou trigo? (II)
Miala é jóio ou trigo? (I)


Vídeos de Miala

  1. Vídeo do General Fernando Garcia Miala e o projeto Criança Futuro
  2. (Mialismo) Myspace.com
  3. Hi5 - Miala
  4. General Miala (Myspace.com)
  5. Site official du Géneral Miala

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Miala é jóio ou trigo? (II)

Finalmente, a sentença saiu. Eu prometi, na primeira parte, que iria discutir as acusações que pesavam sobre Miala. Infelizmente, não foi possível. Andei muito ocupado. Precisei terminar um trabalho que era mais importante. Mas também o processo não deu em nada... Eu já sabia disso. Fez-se tanta lambança, mobilizaram um exército, tanta tempestade num tubinho de canudo que até um simples mosquito conseguiria sobreviver. A isso, Sérgio Mota, com toda propriedade, chamou de “masturbação sociológica”.

É impressionante os labirintos do processo. Labirintos cheios de baratas. Da acusação da tentativa de golpe de Estado, com a morte do presidente, passou por furtos e roubos (dos quais misteriosamente foram absolvidos) e foi parar na “insubordinação”. Se o processo de prolongasse mais, talvez fosse condenado por ser angolano. Prender alguém que não representa perigo para a sociedade, que possui residência fixa, que prestou grandes serviços para o sistema, que deu lição de como gerir os fundos públicos, e poucos aprenderam... Ele foi uma laranja. Depois de sugarem aquilo que precisavam, foi jogado à sua sorte. O sistema que temos não demite incompetentes, nem são maltratados, muito menos convocados para a exoneração pública. É um sistema muito ingrato, muito cruel. Não sei se a idéia é passar ao mundo que a justiça angolana agora começou a funcionar, ou que o país agora pune os corruptos (que não seria o caso), se for, começou de maneira e pelo lado errado.

Aliás, chego a pensar: se todo cidadão fosse condenado a quatro anos, por insubordinação, se isso fosse levado a sério, não haveria presídios, no país, para acolher a tantos insubordinados. Insubordinação contra a democracia ao persistirem no adiamento da data das eleições por três vezes: quatro anos. Já são trinta insubordinações pela não aceitação de transparência das contas de petróleo: 40 anos. Insubordinação da imprensa estatal por insistir em não transmitir eventos da oposição: quatros anos. Insubordinação por não investirem na educação, habitação, saúde, transporte: 400 anos; insubordinação por serem avessos às mudanças; são sempre as mesmas caras no governo, mesmo que as estrelas e aviões caiam ou que se viva numa época em que as cobras fumem; insubordinação da Televisão em insistir na exibição de programas como telenovela, que é responsável pela catastrófica degradação moral da população, enfim.

Para mim, quatro anos é muito pouco para aquele que cometeu tantos crimes, conforme previa a acusação, e é muito para o cidadão que, depois de tanta humilhação, preferiu ficar no conforto do lar a enfrentar um transito infernal. Nesse processo, deveriam aplicar a lei dos Simpsons: ou ser o primeiro ou ser o último, porque ser o segundo ou último é tudo mesma coisa.

Hoje quero falar mesmo é do Direito. Não adianta mais analisar esta ou aquela acusação, porque poderíamos descobrir, por exemplo, que quando o presidente se ausenta do país é prenúncio da explosão de uma bomba. Não mais adianta saber se Miala fez parte do sistema ou não, se contribuiu para a miséria que aí está ou não, se é bakongo ou não, se é angolano genuíno ou não.

Se olharmos para o passado, podemos encontrar vários casos de pessoas que sofreram com anuência de estados legitimados pelo Direito. Estados de Direito que eram governados por representantes legitimados pelo voto, mas que não eram democráticos. É lamentável que no alvorecer do século XXI ainda precisemos abordar as conseqüências da não observação dos princípios garantidores da cidadania. Marx já dizia “a história se repete como farsa”. Fica evidente aqui o grau de civilidade e o preço que é pago quando falta a cultura democrática; quando, por exemplo, o anúncio da data de eleição é um troféu de estimação que precisa ser guardado às sete chaves.

A democracia, que tanto pregamos, traz mudanças também na ordem jurídica, no que se refere à igualdade, que deixa de ser formal e passa a significar o direito da real igualdade de oportunidades, à participação e à liberdade. A sociedade regida pelo estado democrático de direito proporciona aos seus cidadãos uma idéia mais clara de seus direitos. Lamento afirmar que, ainda, precisaremos caminhar muito.

Precisamos construir a credibilidade da justiça. Se Angola quiser se firmar como uma grande nação, os operadores do direito devem abandonar o sistema do ponto de vista dos produtores do serviço processual, deslocar o ponto de vista, passando a ver o processo a partir de um ângulo externo, ou seja, examiná-lo nos seus resultados práticos sem descuidar da observância de garantias jurídicas mínimas. Precisamos uma nova postura e mentalidade voltada aos novos valores da dinâmica social. A justiça não deve ser “secreta” nem se ajuelhar, para pedir bençãos ou o "jabaculé" a nenhum poder. Deve parar de “remar contra a maré”. Precisamos nos preocupar cada vez mais com uma justiça para todos.

Desse processo, é incontestável que Miala e o povo amante da democracia saíram fortalecidos. O portal club-k.net deu um banho de cobertura nos concorrentes. Os pilotos desse processo não devem mais repetir a história. Que seja indenizado todo aquele que sofreu dano de ordem material ou imateral. Se Miala, em algum momento de sua vida cometeu alguns equívocos que seja perdoado (que santos atirem a primeira pedra). Se aconteceu, isso, muitas vezes, pode ser à obediência aos efeitos das correntezas do “el ninõ”. Se confirmaria, nesse caso, a máxima: “diga-me em que partido andas e eu te direi quem és”. Não é fácil ser trigo no meio do jóio. Jogo desempatado. Por favor, Ziu, patrono da justiça, inspire os pilotos do processo para que crucifiquem baratas e soltem Miala. (Miala, amigo, o povo está contigo; É o que mosta a enquete que está sendo realizada pelo club-k.net).

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Miala é jóio ou trigo? (I)
Segunda-feira, Julho 23, 2007
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Vídeos de Miala

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Que lição podemos tirar do Pululu?


“Pululu está a trabalhar em prol do povo”

Sempre que eu acordo, a primeira coisa que faço é ligar o computador e dar um giro nos principais portais, começando, é claro, pelo club-k.net que trabalha afincadamente para levar a informação verdadeira aos seus leitores. Isso vai ao encontro dos ideais do grande poeta. Neto, considerado pai da nação angolana, já dizia “fazer a revolução é informar com a verdade”. Informar com a verdade, por seu lado, é trabalhar em prol do povo.

Essencialmente, nenhum orgulhoso, por exemplo, pode trabalhar em prol do povo. Nenhum invejoso pode também trabalhar em prol do povo. Aqui poderíamos citar inúmeros defeitos que não caminham ao lado de quem trabalha em prol do povo: hipocrisia, corrupção, espírito do “deixa andar”, egoísmo, preconceito, falsidade, desonestidade, faltar com a verdade, desconfiança, puxar a brasa só para a própria sardinha, assim por diante.

Para se trabalhar em prol do povo, não há tempo ruim. Hoje, no entanto as coisas mudaram. Conta a história que, certo dia um jovem ligou para sua namorada. Fez juras de amor. Por ela, ele disse que seria capaz de roubar a lua, seria capaz qualquer sacrifício. Um pouco antes de finalizar a conversa a namorada perguntou-lhe se no dia seguinte ele iria vê-la. Ele respondeu que dependeria das condições climatéricas. Se chovesse, portanto, não iria.

Muitas vezes, o verdadeiro amor “custa muito suor” para que passe pelo altar e culmine em “até a morte nos separe”. Daí a necessidade de cuidar bem a “cara metade” quando é encontrada, procurá-la com afinco e respeito, para aquele que não a possui. Não há amor com base nos discursos. O pensamento bíblico é mais claro nesse sentido quando afirma: “pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.” (Mateus 7:16-18 )”.

Assim, para se trabalhar em prol do povo é necessário que se elimine, com urgência, as extremas desigualdades sociais e econômicas. Os frutos de um trabalho sério aparecem, mesmo que executado solitariamente entre 90 milhões de pessoas. E foi isso que aconteceu, recentemente, com o Pululu.

Pululu ganhou a medalha de ouro na olimpíada de informar com a verdade. É um reconhecimento de quem luta para que o mundo viva em paz, com decência e bem informado. Nesta segunda-feira, “the day after”, 17 de setembro, que por coincidência é o dia do Herói Nacional, a estrela do Pululu tremulou nos mais variados blogs desse imenso mundo, apesar das turbulências climatéricas econômicas que o mundo atravessa.

Pululu ensinou-nos muito. A trabalhar verdadeiramente pela humanidade. Ensinou-nos que se cada um fizer a sua parte, podemos ir mais além. Ainda, ensinou-nos a andarmos para frente e não a passos de caranguejos; sem discursos vazios e a não perdermos a esperança.

Agora resta abençoar Pululu. Pululu, incorruptível, incansável obreiro do progresso, para que os homens vivam em paz e com dignidade, você que está transitando por meios nunca dantes transitados para anunciar, com espírito patriótico, o estandarte da nossa terra, fazendo-nos sentir orgulhosos do país que teremos, guerreiro que não tem medo de eleição, foste eleito, siga sempre em frente trabalhando em prol da humanidade. Continue dando alento aos povos. Marque logo a data do seu regresso, eleito dos eleitos, você que não falta com a verdade.







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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Graças a Deus – e não a Darwin


Aulas diárias de religião na pré-escola: antes de aprender a ler, as crianças já sabem de cor as histórias do Velho Testamento








As escolas adventistas aparecem entre as melhores do país (Brasil), mas ainda sobrepõem o criacionismo à teoria da evolução.

"Graças a Deus – e não a Darwin"

Artigo de Marcos Todeschini
http://veja.abril.com.br/120907/p_116.shtml
(leia o original)

O ensino religioso remonta aos primórdios do Brasil colonial. Foram os padres jesuítas, patrocinados pela coroa portuguesa, os fundadores de algumas das primeiras escolas brasileiras no século XVI. A educação, no Brasil de então, se prestava basicamente a disseminar o catolicismo e arrebanhar fiéis. Nos séculos seguintes, outras ordens religiosas vieram movidas pelo mesmo propósito: elas esparramaram tantas escolas pelo país que, juntas, chegaram a concentrar 80% das matrículas do ensino médio nos colégios particulares, como revela um censo do início do século XX. Reinaram sem concorrência na elite do ensino até a década de 60, quando uma leva de escolas privadas começou a lhes roubar espaço, e elas tiveram de se reformular pela primeira vez para sobreviver aos novos tempos. Foi aí que os colégios confessionais se aproximaram dos laicos, ao se tornar menos doutrinários e desobrigar os estudantes de velhos hábitos, como ir à missa ou comungar. A segunda mudança nessas escolas é recente, e está sendo impulsionada por outro fenômeno de mercado: o surgimento de grupos privados de ensino, mais profissionais na gestão e tão ou mais eficientes nos resultados acadêmicos. Resume o especialista Claudio de Moura Castro: "Ninguém mais matricula o filho numa escola só porque ela ensina religião, como ocorria antes, mas, sim, por oferecer um conjunto de bons serviços".

É justamente nesse quesito que muitas das escolas confessionais têm falhado, segundo mostra uma nova pesquisa sobre o assunto. De acordo com os dados do Ministério da Educação (MEC), as matrículas nos colégios católicos chegaram a cair 20% ao longo da última década. Estabilizaram-se, mas hoje não saem do lugar. O trabalho revela que, no mesmo período, crescia a um ritmo surpreendente um outro tipo de escola religiosa: os colégios comandados pelos adventistas, egressos de um ramo protestante dos mais tradicionais da igreja evangélica. O fato chamou a atenção dos especialistas. Já são 318 dessas escolas no país, com 37% mais alunos do que dez anos atrás. Elas sobressaem em meio a milhares de outras não só porque proliferam rapidamente, mas também por seu bom nível acadêmico, aferido por medidores objetivos: algumas das escolas adventistas já aparecem entre as melhores do país nos rankings de ensino do MEC.

Os especialistas são unânimes em afirmar que um dos fatores que impulsionam essas e as outras escolas religiosas que dão certo no Brasil são valores que os pais acreditam ver nelas reunidos. É algo difícil de mensurar, mas foi bem mapeado por uma nova pesquisa que ouviu 15 000 pais de estudantes brasileiros de colégios religiosos. Ao justificarem sua escolha por uma escola confessional, eles foram específicos: acham que esses colégios são mais capazes de difundir valores "éticos", "morais" e "cristãos" (mesmo que eles próprios não sejam seguidores de nenhum credo). Um exemplo concreto do que agrada aos familiares, no caso das escolas adventistas: o incentivo local ao convívio das crianças com a natureza. Em vários dos colégios, cachorros transitam livremente pelas salas de aula e, num deles, o contato estende-se ao Pequeno Éden, um pátio por onde perambulam pôneis e galinhas. Em Embu das Artes, cidade de São Paulo onde fica a escola que sedia o tal "Éden", a diretora explica que a idéia é reproduzir o "clima do paraíso". O que também agrada a pais de todos os credos são as regras conservadoras ali aplicadas, entre elas a proibição de brincos e colares, para as meninas, e cabelo comprido, para os meninos. "Quero minha filha num ambiente onde se cultivem a disciplina e os bons hábitos", resume a secretária Vanda Balestra, mãe de Ludmila, de 16 anos. A jovem é católica e compõe o grupo dos 70% de estudantes matriculados em escolas adventistas que não seguem a religião.

Em sala de aula, onde se acompanha o currículo do MEC, são basicamente dois os momentos em que essas escolas se diferenciam das demais. O primeiro é nas classes de religião, muitas vezes diárias, durante as quais são entoados, com vigor fora do comum, cantos bíblicos como "A Bíblia é palavra de vida / Um canto de amor que Deus escreveu para mim" e crianças de 4 anos, como a pequena Larissa Conrado, manuseiam a versão infantil do Velho Testamento. Outra diferença aparece nas aulas de ciências, nas quais os estudantes são apresentados, sem nenhuma espécie de visão crítica, à explicação criacionista do mundo, segundo a qual homens e animais foram criados por Deus, tal como está na Bíblia. Esse, sim, é um evidente atraso. Historicamente, o criacionismo vigorou no meio acadêmico até o século XIX, quando foi superado pela teoria da evolução de Charles Darwin, que pela primeira vez esclareceu a origem dos seres vivos com base em evidências científicas. Em escolas de estados mais conservadores nos Estados Unidos, ainda hoje o criacionismo predomina – e Darwin é banido do currículo. No caso dos colégios adventistas brasileiros, as crianças aprendem as duas versões. A diretora de uma das escolas, Ivany Queiroga da Silva, explica como a coisa funciona: "Deixamos claro nosso ponto de vista, criacionista, mas damos a chance de os alunos conhecerem os dois lados". Por quê? "Respeitamos todos os nossos clientes. Além disso, eles precisam conhecer Darwin para passar no vestibular."

Esse pragmatismo dos adventistas é outro fator que ajuda a explicar o sucesso de suas escolas. Enquanto muitos dos colégios católicos ainda são administrados de modo mais antiquado, tal qual um século atrás, os adventistas implantaram um novo conjunto de medidas para profissionalizar a gestão. Do primeiro colégio, inaugurado em 1896 na cidade de Curitiba, foi-se das aulas dadas por pastores no quintal da igreja às atuais unidades, nas quais diretores freqüentam cursos superiores de administração escolar e os melhores professores recebem bônus no salário. Reconhecidos pelo mérito, eles rendem mais em sala de aula – algo básico, mas ainda raro no Brasil. Para traçarem seu plano de expansão, os adventistas, que já são donos de seis universidades e uma editora de livros didáticos, também não hesitaram ao contratar consultores para definir "as demandas do mercado". Foi decisivo para saber onde abrir novas unidades. Em 2008, eles pretendem inaugurar uma universidade e mais vinte escolas. Conclui o professor Orlando Mário Ritter, um dos diretores da rede adventista: "Para nós, encarar a educação como negócio não é sacrilégio. Estamos, afinal, no século XXI". Falta ainda a essas escolas, no entanto, entender que o criacionismo foi superado pela ciência há mais de um século.



Artigo de Marcos Todeschini
http://veja.abril.com.br/120907/p_116.shtml





Cartas para Revista Veja, Comentando a Reportagem:

Graças a Deus – e não a Darwin

Escolas adventistas

Eu e minha esposa estamos muito satisfeitos com a educação que nossos filhos têm recebido por mais de uma década em escolas adventistas. Sobre a controvérsia entre criacionismo e evolucionismo, por se tratarem ambos somente de modelos teóricos explicativos, e não de fatos científicos comprovados, achamos que todas as escolas, e não só as adventistas, deveriam abordar as duas explicações ("Graças a Deus – e não a Darwin", 12 de setembro).
Almir Augusto de Oliveira São Paulo, SP

Fui menino de rua abandonado pela mãe, não tinha nenhuma estrutura familiar. Tive o maior prazer em estudar em escola adventista. Aprendi princípios valiosos para a minha formação. Muito mais que um desenvolvimento acadêmico, recebi uma formação que me fez cidadão útil e realizado. Aprendi a desenvolver as colunas do caráter para amar a vida. Parabéns pela linda reportagem. Lauro Crescêncio Apucarana, PR

Se a evolução realmente houvesse superado o criacionismo pela ciência por meio de evidências indiscutíveis, ela não seria ainda apenas uma teoria, e sim uma lei. Talvez haja certa prepotência de grande parte dos cientistas em colocá-la como uma verdade fundamental.
Bruno de Azevedo Lourenço Wakefield, MA, EUA

É salutar que em nossos dias tenhamos a segurança de que nossos filhos estejam em ambientes educacionais que priorizem valores éticos, morais e cristãos, independentemente do credo religioso que professemos. O Brasil e o mundo nunca precisaram tanto de homens e mulheres que não se vendam, que permaneçam firmes, leais. Homens e mulheres fiéis a sólidos princípios, assim como a bússola o é ao pólo. Certamente colheremos os frutos de uma educação melhor e, conseqüentemente, de um país com oportunidades mais igualitárias.
Cláudia Marchesin Pedagoga e especialista em educação infantil Itabuna, BA

Como pai de dois alunos da educação adventista, sinto-me no compromisso de manifestar meu apreço pela matéria da revista VEJA. Acredito que todo pai que deseja a melhor educação para os filhos verá que não dar ênfase às teorias de Darwin não desmerece em nada o processo educacional com que a rede adventista tem trabalhado nos 110 anos de sua existência. A cada dia que chego em casa e converso com meus filhos, tenho a certeza da escolha acertada que fiz pela escola adventista. Vejo meninos responsáveis por seu uniforme e por suas tarefas, preocupados com o desempenho escolar, animados com a programação diversificada que a escola oferece e com o trabalho de seus professores. Vejo que essas pequenas coisas farão deles no futuro homens capazes de escolhas acertadas e profissionais responsáveis e proativos. Parabéns, VEJA; parabéns, educação adventista
Giovani Pacheco Costa Curitiba, PR

Estudei a vida inteira no Colégio Adventista, que, embora tenha todo um enfoque religioso, em nenhum momento o impõe aos alunos. Em outras épocas (e colégios), a teoria criacionista seria imposta. O Colégio Adventista nos mostra suas convicções sem deixar de abordar o outro lado. Fora isso, a instituição se destaca pelo trato com os alunos e com os pais. Os funcionários nunca perdem a gentileza, a cordialidade. Estão sempre dispostos a ouvir quem os procura. E o exemplo deles serve para moldar o caráter das crianças deixadas sob sua guarda.
Danielle Gazapina Florianópolis, SC

Eu e minha esposa estudamos em escolas adventistas. Ambos passamos no vestibular na primeira tentativa, sem cursinho, e nos formamos com louvor, sem atrasos. Nossa filha, estudante de escola adventista desde a infância, cursa engenharia na UFRJ, onde também passou na primeira tentativa, sem cursinho. Isso revela uma verdade explícita e outra implícita na reportagem de VEJA: primeiro, o ensino adventista é, de fato, de alta qualidade; segundo, os altos índices de aprovação de seus alunos em vestibulares comprovam que eles aprendem suficientemente as idéias evolucionistas. Roberto de Oliveira Souza Rio de Janeiro, RJ

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como constructos humanos de representação aproximada da realidade, que essas teorias estão sujeitas a revisões e até a descarte e que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico. Fui professor de história num colégio adventista em Florianópolis e hoje sou editor na Casa Publicadora Brasileira (editora adventista), por isso posso garantir que tanto nas aulas quanto em nossos livros didáticos cumprimos o que recomenda a LDB, uma vez que estimulamos o pensamento crítico dos alunos ao apresentar-lhes os dois modelos das origens e permitir que façam comparações e identifiquem as insuficiências epistêmicas do darwinismo.
Michelson Borges Jornalista e editor na Casa Publicadora Brasileira



Vaja mais do “Educadventista.org.br”



Reportagem de Veja é tendenciosa ao afirmar que o criacionismo é um atraso Por Michelson Borges



A Revista Veja na edição de 12/09/07, publicou a reportagem: “Graças a Deus – e não a Darwin”, de autoria de Marcos Todeschini e Camila Antunes. Mesmo citando o destaque do crescimento da Rede de Escolas Adventistas no Brasil, ainda assim a matéria declara ser o criacionismo um retrogado.

Leia a seguir o artigo do jornalista Michelson Borges, que explica o método de ensino adotado pelas Escolas Adventistas no que se refere a criacionismo e evolucionismo. A partir desse texto, o leitor perceberá como a reportagem de Veja foi tendenciosa.
Boa escola, "mas" criacionista

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como construtos humanos de representação aproximada da realidade, e que essas teorias estão sujeitas a revisões e até descarte, e que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico.

Fui professor de História num colégio adventista em Florianópolis e hoje sou editor na Casa Publicadora Brasileira (editora adventista), e posso garantir que tanto nas aulas quanto em nossos livros didáticos cumprimos o que recomenda a LDB, uma vez que estimulamos o pensamento crítico dos alunos ao apresentar-lhes os dois modelos das origens e permitir que façam comparações e identifiquem as insuficiências epistêmicas do darwinismo. A rede educacional adventista cultiva altos índices de aprovação de seus alunos em vestibulares, o que significa que esses estudantes conhecem suficientemente as idéias evolucionistas.

Segundo a Dra. Marcia Oliveira de Paula, professora de Biologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), “a teoria da evolução deve ser ensinada nas escolas, já que essa teoria é aceita pela comunidade científica atualmente para explicar as origens. Porém, o aluno deve ser esclarecido sobre as bases da teoria e sobre suas limitações. O estudante deve conhecer a teoria da evolução, mesmo que decida não se posicionar a favor dela”.

As escolas adventistas fazem isso. Mas a revista Veja, em sua reportagem “Graças a Deus – e não a Darwin”, de Marcos Todeschini e Camila Antunes (edição de 12/09/07), apesar de reconhecer que “algumas das escolas adventistas já aparecem entre as melhores do país nos rankings de ensino do MEC”, sugere que há certo obscurantismo por parte do sistema educacional adventista, pelo simples fato de ali se ensinar de acordo com a LDB!

A Dra. Marcia garante que seus alunos aprendem todo o conteúdo de evolução como em qualquer outra universidade. "Nas aulas de Evolução eu não ensino criacionismo. Ensino evolução de forma crítica. Ou seja, discutimos os pontos fortes e fracos da teoria. Os alunos do Curso de Ciências Biológicas do Unasp têm, além da disciplina Evolução, duas disciplinas denominadas Ciência e Religião e Ciência das Origens (2h semanais cada). Nessas disciplinas se discute a interação entre ciência e religião, sendo feita uma comparação crítica entre as especulações da ciência sobre as origens com as idéias da visão de mundo teísta cristã.” Ela diz ainda que “temos questionamento de ambas as partes, tanto de alunos que se consideram criacionistas como dos que se consideram evolucionistas. Por outro lado, há espaço nas aulas de Ciências das Origens para que eles possam também questionar o criacionismo”.

Mesmo assim, numa evidente demonstração de desconhecimento de causa, os autores do texto da Veja afirmam que “os estudantes são apresentados, sem nenhuma espécie de visão crítica, à explicação criacionista do mundo, segundo a qual homens e animais foram criados por Deus, tal como está na Bíblia”. E sentenciam: “Esse, sim, é um evidente atraso.”

Veja reconhece também que "são 318 dessas escolas [adventistas] no país, com 37% mais alunos do que dez anos atrás [em contraste com a estagnação da rede educacional católica]. Elas sobressaem em meio a milhares de outras não só porque proliferam rapidamente, mas também por seu bom nível acadêmico". Segundo especialistas consultados pela revista, "um dos fatores que impulsionam essas e as outras escolas religiosas que dão certo no Brasil são valores que os pais acreditam ver nelas reunidos. É algo difícil de mensurar, mas foi bem mapeado por uma nova pesquisa que ouviu 15.000 pais de estudantes brasileiros de colégios religiosos. Ao justificarem sua escolha por uma escola confessional, eles foram específicos: acham que esses colégios são mais capazes de difundir valores 'éticos', 'morais' e 'cristãos' (mesmo que eles próprios não sejam seguidores de nenhum credo)". Tanto é que, segundo a reportagem, 70% dos estudantes matriculados em escolas adventistas não seguem a religião.

Veja não perde a chance de incensar Darwin, ao afirmar que "historicamente, o criacionismo vigorou no meio acadêmico até o século XIX, quando foi superado pela teoria da evolução de Charles Darwin, que pela primeira vez esclareceu a origem dos seres vivos com base em evidências científicas".

A afirmação é exageradamente triunfalista e, em seu blog Desafiando a Nomenklatura Científica, o coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente, Enézio de Almeida Filho, tece o seguinte comentário:

"Apesar de a teoria da evolução de Darwin ser aceita a priori entre os cientistas para explicação da origem e evolução da vida, ela não é assim uma 'Brastemp' cientificamente. Darwin não esclareceu a contento 'a origem dos seres vivos com base em evidências científicas', tanto é que discutimos desde 1859 até hoje a vera causa do mecanismo evolutivo. [Dizem que a evolução é um fato], mas não sabemos até hoje o que provoca esse processo evolutivo.

"Todeschini e Antunes nunca leram o Origem das Espécies. Se tivessem lido, saberiam que Darwin com as suas múltiplas especulações transformistas lidou mais com variações, tanto que o livro mereceria melhor o título de Origem das Variações. Segundo Ernst Mayr, o último papa evolucionista, o livro é muito confuso e não explica o que se propôs: a origem das espécies."

A matéria de Veja também diz que "em escolas de estados mais conservadores nos Estados Unidos, ainda hoje o criacionismo predomina – e Darwin é banido do currículo". Mas Enézio, que é mestrando em História da Ciência pela PUC e também fez pós-graduação nos Estados Unidos, contesta: "Todeschini e Antunes generalizaram demais, e não identificaram as escolas e nem tampouco os 'estados conservadores'. Darwin continua sendo ensinado nas escolas americanas até nesses estados 'mais conservadores' por força de decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos no fim da década de 1980."

Veja perdeu a chance de publicar uma reportagem neutra e puramente informativa, nos moldes do bom jornalismo. Então, fica pra próxima.

Michelson BorgesJornalista e Editor na Casa Publicadora Brasileira

domingo, 16 de setembro de 2007

Blog angolano "Pululu" entre os 50 melhores



















Agora nós, os angolanos, temos um motivo para sorrirmos. Não porque foi marcada a data das eleições para o próximo ano. É que um produto genuinamente nacional se destacou entre os 50 melhores do mundo. Isso era inimaginável, até pouco tempo atrás. Tudo porque estamos acostumados a ficar na cauda de tudo que não presta; já nos acostumamos só a vermos, respirarmos e comermos poeira levantada pelos outros países que já nos parecia normal essa situação.

Desta vez aconteceu uma coisa rara. Houve uma boa notícia. É incrível, mas é verdade. Um talento angolano a brilhar; não na lista dos maiores corruptos ou incompetentes do mundo. Antes pelo contrário. O blog
angolano Pululu (se era pessoal agora é patrimônio nacional) brilha entre os 50 blogs que servem de referência para a vida política e cultural de mais de 30 países.

É isso que revelou a matér
ia, de uma página inteira de jornal, publicada no Jornal de grande circulação e influência “Gazeta do Povo” (Brasil), Mundo, pág. 2, na sua edição de hoje (16/09/2007) - Domingo, intitulada: " INTERNET: 50 blogs para entender o mundo" (Páginas pessoais falam da vida política e cultural de cada país sob a perspectiva local), assinado por Breno Baldrati, especialista no assunto.

Não é fácil figurar nessa lista. Só para termos uma idéia, atualmente, estima-se que, no mundo, existam cerca de 90 milhões de blogs e mais de 70 mil são criados diariamente. Nessa conjuntura aparecer na “lista dos 50” é motivo de orgulho. Por isso, precisamos comemorar esse feito. Vale ressaltar que não se chega lá por meio de bajulação ou dando uma propina ao investigador ou então fazer uma barganha. Não! É questão de competência. Como essa novidade é verdadeira demais para ser boa, eu procurei a redação do jornal para obter mais informações.

Felizmente, é competência mesmo. Para figurar nessa lista não basta aprender os procedimentos, mas os princípios de funcionamento de blogs. Há muitos quesitos que são observados. Não necessariamente a aparência.

Os itens que são levados em consideração nessa classificação são complexos, mas destacam-se: número crescente de acessos, blog que não apague artigos publicados, regularidade na atualização, blog que exponha aos leitores e jornalistas as opiniões que normalmente são deixadas de lado na cobertura noticiosa (mostrar o outro lado da notícia), diversidade da origem dos visitantes (país, site ou página), a fonte do material se é de qualidade ou não, se possui links para outros sites ou blogs do mesmo gênero (blogroll) que são lidos ou admirados pelo autor, se o blog é de fácil acesso (não utiliza caracteres), se respeita os direitos autorais, se os artigos são precisos e concisos, se o blog não faz apologia à pedofilia, enfim.

Pululu, espaço “onde a cultura, a política, a opinião, têm um lugar de acolhimento” é definido pelo seu autor como um ambiente “político-social, onde [ele] diz tudo o que lhe vai na alma”. Pululu, na verdade é um espaço “límpido”, um oásis que mata a sede não só de angolanos, mas de portugueses e de leitores de outras nacionalidades. Vale destacar que, Pululu é hoje, o orgulho nacional com a melhor colocação no ranking do Technorati (ferramenta de busca especializada em listar blogs).

Ainda é de salientar que, segundo a classificação de Beldrati, do continente africano apenas cinco (África do Sul, Angola, Moçambique, Sudão e Zimbábwe) figuram desse seleto grupo e sete de língua portuguesa.

O currículo do autor do Pululu (que em Umbundu quer dizer: transparente) é invejável, é insubstituível. É dirigido pelo professor Eugénio Luís da Costa Almeida, natural da cidade portuária do Lobito, província de Benguela (Angola), mas viveu também em Luanda, possui Licenciatura e Mestrado em Relações Internacionais e, atualmente, é doutorando em Ciências Sociais. É autor de inúmeras publicações. Em muitos artigos, os assina com o pseudônimo de Lobitino Almeida N’gola; colabora ou colaborou em diversos Jornais e Portais como: Notícias Lusófonas (colunista), no semanário regional português
emFrenteOeste, Terras angolanas, Jornal de Notícias, Semanário Angolense, semanário Correio da Semana (São Tomé e Princípe), Diário moçambicano, Africamente, AngoNotícias, Jornal Lusófono Semanário África (e as revistas África-Hoje e África-Today), Valor Acrescentado, Eusou.com, entre outros.

Esse resultado mostra que, se investirmos, seriamente, no ser humano, em pouco tempo, poderemos ser tão eficientes quanto os outros, em todos os domínios, por exemplo, para realizarmos uma simples eleição que já andava à cavalo e agora está atolada num vergonhoso mar de lama.

Uma pergunta que fica no ar é saber a quem o professor Eugénio Luís da Costa Almeida dedicará este Título...

Informações adicionais

Blogs do continente africano
Pululu (Angola), Diário de um sociológo (Moçambique), “The Fishbowl” (em Inglês), The Sudanese Thinker (Sudão, em inglês), This is Zimbabwe (Zimbábwe em inglês)

Blogs em português

Pululu (Angola), Timor Lorosae Nação, Diário de um sociológo (Moçambique), Blasfémias, Blog do Bean, Blog do Sérgio Dávila, Sopa Brasiguaia, À Francesa

Coletivos
Global Voices Online (Várias línguas incluindo o português), blogs-ist (Várias línguas incluindo o português), Metroblogging (Várias línguas incluindo o português).

Veja os demais blogs
http://portal.rpc.com.br/apps/tadmidia.phtml?id=108650


Quero agradecer ao professor Eugénio Costa Almeida por me ter saudado
publicamente, duas vezes, pela aprovação da minha Tese de Doutorado.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Graças a Deus, até que enfim

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Defendi hoje, 03 de Setembro de 2007, junto ao Programa de Pós-graduação em Engenharia – PIPE, da Universidade Federal do Paraná (Brasil) a Tese, de Doutorado, intitulada: Permeabilidade do carbono em revestimentos de níquel reforçados por intermetálicos.

Num bom português, o trabalho desenvolveu um revestimento para tubos dos fornos de pirólise, trocadores de calor (fornos tubulares), equipamentos de tratamento térmico, particularmente em fornos de retorta e componentes de queimadores para a pirólise da indústria petroquímica, sujeitos à deposição de coque.


O coque é responsável pelo surgimento de fenômenos de deterioração de materiais conhecidos como i) “carburização” que consiste na precipitação, absorção e difusão do carbono para o interior da liga metálica; a carburização gera tensões, fragiliza e gera trincas internas, que pode levar à falha do material estrutural e ii) “metal dusting” ou “carburização catastrófica” que leva à desintegração do metal e ligas à base de ferro (aços), níquel ou cobalto. O produto típico da “erosão metálica” consiste em uma fina poeira de partículas metálicas e de carbono (coque), carbonetos e óxidos que é arrastada pelo fluxo de gás. A desintegração pode ser localizada, sob forma de pites e/ou generalizada.

A carburização e "metal dusting" levam, portanto, à falha de materiais além de eventos acidentais. Considerando-se o caso específico de unidades petroquímicas, o principal evento acidental, que pode se transformar em emergências maiores, é a liberação de gases inflamáveis e/ou explosivos para a atmosfera, em conseqüência de furos ou rupturas nas
tubulações. Além da perda do produto, os furos nas tubulações podem trazer sérias conseqüências ao meio ambiente e, dependendo da sua extensão, muito provavelmente podem envolver perdas catastróficas, inclusive de vidas humanas. Cálculos mostram que a falha de materiais estruturais é responsável pela perda de US$ 20 bilhões ao ano só nas indústrias petroquímicas.

O desenvolvimento de revestimentos que barram a difusão do carbono, segundo muitos autores, podem causar um aumento considerável na eficiência térmica de craqueamento de hidrocarbonetos. Os cálculos realizados em fornos de etano típico, supondo a utilização de revestimentos com as características citadas anteriormente, indicam um aumento na produção de eteno entre 5 a 21%, o que corresponde a um acréscimo no lucro total de 1,5 a 3 milhões de dólares ao ano.

O revestimento em questão protege as tubulações desses fenômenos. O trabalho desenvolveu revestimento economicamente viável, não só em termos financeiros, mas também em termos de melhoria de qualidade do produto final. Além disso, esses revestimentos trarão o aumento da resistência e da durabilidade de componentes expostos em meios agressivos devido à formação de intermetálicos (Ni/Al) e de camadas de óxido de alumínio e de cromo.

O resultado tecnológico é disponibilizar uma liga cujas principais propriedades de superfície: i) a resistência à difusão do carbono e, ii) tornar disponível procedimentos sistematizados que forneçam subsídios ao projeto de novas ligas resistentes à carburização. Dessa forma, contribui-se para os avanços na especificação de materiais mais adequados para aplicações industriais específicas.

Os resultados sociais e econômicos consistem no melhoramento da qualidade dos componentes revestidos, aumento de intervalos de paradas para a manutenção, diminuição de custos ambientais, de sucatas industriais, acidentes que contaminam o meio ambiente decorrente de falhas prematuras e diminuição dos custos energéticos e de manutenção.

A contribuição científica consiste: i) desenvolvimento de liga metálica resistente à carburização, estável a alta temperatura e de boa soldabilidade e, ii) entender e identificar os mecanismos responsáveis pela melhoria das propriedades da liga desenvolvida pela técnica do Plasma com Arco Transferido.

A banca examinadora, que aprovou a Tese por unanimidade e com uma menção de louvor, foi composta pelos seguintes membros: Professor Doutor Jorge Tenório (Universidade de São Paulo – USP), Professor Doutor Cláudio Schön (Universidade de São Paulo – USP), Professor Doutor Haroldo Ponte (Universidade Federal do Paraná), Professor Doutor Kleber Portella (Lactec) e a Professora Doutora Ana Sofia C. M. D´Oliveira (Portuguesa) - Orientadora (Universidade Federal do Paraná).

Numa formulação de síntese, o curso de doutorado foi muito importante para mim porque elevou-me até um ponto tão alto que visualizei melhor a imensidão da minha ignorância. Por isso, cheguei à conclusão de que eu não mereço ser chamado de “Doutor”.

Por ter descoberto isso, agradeço a todos que me incentivaram a persitir nessa luta, sobretudo agradeço a Deus soberano, o insubstituível, Santo dos santos, causa primeira de todas as coisas. Como o salmista bíblico, acrescento: “bendize ó minh’alma ao senhor e não te esqueça de nenhum só de Seus benefícios” (Salmo 103.2).

O título é nosso. Como eu não sou jogador de futebol, dedico o Título à minha família que tanto me apoiou, a todo angolano que faz parte do grupo dos oprimidos, ao povo brasileiro pela bolsa de estudos que recebi da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e aos portais de notícia e blogs que lançaram meu nome ao mundo, nomeadamente: club-k.net, angonotícias.com, Unitaeuro.com, Uma Angola para todos blog, angolanistas.org, Angoterra, Por educar blog, Gingaocultural.org, Terras Angolanas, Mazungue.com, Motor de pesquisa para Engenheiros, a você leitor e a todos combatentes pela liberdade. "Foi dado um pequeno passo, não chegou até a lua, mas um salto gigantesco para o desenvolvimento de ligas contra carburização".



A Tese estará disponível em:
http://demec.ufpr.br/pesquisas/superficie/thesis.htm
ou http://demec.ufpr.br/pesquisas/superficie/teses/CangueTese.pdf
ou http://www.pipe.ufpr.br/defesas/teses_e_dissertacoes.htm


Autores das Figuras: [(2 e 3) GRABKE, 2002]; JACOBI (2004) e ALBERTSEN (2007)

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